Dosvox Implementado nos Laboratórios do ProInfo com o Linux Educacional: Uma Proposta de Abordagem Pedagógica 1



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Transcrição:

Dosvox Implementado nos Laboratórios do ProInfo com o Linux Educacional: Uma Proposta de Abordagem Pedagógica 1 Henderson Tavares de SOUZA 2 Luiz César MARTINI 3 Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação - Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP Resumo Este artigo apresenta a implementação do sistema Dosvox no Linux Educacional presente nos laboratórios do ProInfo em todo Brasil. Os procedimentos utilizados no processo da implementação serão descritos, possibilidades de ampliação do atendimento inclusivo nos laboratórios do ProInfo serão apresentados juntamente com uma abordagem pedagógica através da utilização do Letravox para a ampliação do vocabulário das crianças deficientes visuais no ensino fundamental. Palavras-chave: Dosvox; Linux educacional; ProInfo; intervenção pedagógica 1. Introdução No Brasil, segundo o IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), mais de 6,5 milhões de pessoas têm alguma deficiência visual, sendo desse total, 528.624 são cegos e 6.056.654 tem grandes dificuldades permanente de enxergar, baixa visão ou visão subnormal. Hoje as escolas ainda dependem muito de recursos visuais para o ensino, desta forma tornando mais uma barreira para a educação de crianças deficientes visuais, causando uma grande divergência aos avanços das tecnologias para o acesso dos deficientes, já que a integração entre ensino e sistemas de informação ainda está muito longe da ideal. A necessidade de intervenções por parte dos profissionais da educação nos primeiros anos de escolaridade de crianças cegas é crucial para que a evolução do 1 Trabalho apresentado no I Simpósio de Inovação Tecnológica na Educação, Campinas, SP. 2 Mestrando da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação/Unicamp. e-mail: henderson.tavares@gmail.com 3 Professor Doutor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação/Unicamp. e-mail: artini@decom.fee.unicamp.br

aprendizado seja aplicada, visando à inclusão destas crianças na sociedade através da inclusão digital e da comunicação escrita. (KOBAL GRUM; BOBINSKI, 2005). O objetivo deste trabalho é propor uma intervenção pedagógica com o auxilio do sistema Dosvox e do professor, onde a criança deficiente visual de forma intuitiva avance nas descobertas de novos vocabulários. Após algumas entrevistas com professores do ensino fundamental que trabalham com crianças deficientes visuais e observando a realidade estrutural tecnológica de algumas escolas públicas atendidas pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional, apresentaremos os procedimentos técnicos e de mediação do professor para propiciar as condições necessárias para a aprendizagem. As dificuldades enfrentadas para chegarmos à proposta de uma intervenção pedagógica mediada pela tecnologia partiram desde a compatibilidade do sistema operacional, presente nos laboratórios do ProInfo (Programa Nacional de Tecnologia Educacional), com o sistema Dosvox até as barreiras ideológicas impostas por parte dos professores inseridos na realidade escolar observada, contudo estudos foram feitos e mesmo com a incompatibilidade entre os sistemas disponíveis, foi possível implementar o sistema no laboratório do ProInfo, seus detalhes serão apresentados no item 3 deste artigo. Hoje temos pouca literatura para a inclusão de crianças deficientes visuais nas escolas públicas do Brasil, nossa revisão de literatura não obteve resultados que pudesse nos assegurar que a inclusão de crianças cegas e de baixa visão nas escolas públicas do Brasil fosse satisfatória e entendemos que hoje ela é quase nula. [...] Nos tempos atuais, a escola não pode se conformar com ensinar a seus educandos a ler e escrever, como único mecanismo de superação pessoal. Se o que queremos é formar nossos educandos para que tenham oportunidades na sociedade na qual lhes coube viver, devemos assumir o novo desafio da alfabetização da informática. (LLANO; ADRIÁN, 2006, p. 25). Este trabalho mostra-se relevante pelos números apresentados no item 2, os mais atuais disponíveis pelo ministério da educação sobre os laboratórios de informática na rede pública, asseguramos que os procedimentos técnicos que serão aqui apresentados são de fácil implementação, não necessitam de especialistas para sua execução e desta forma podem quebrar alguns paradigmas sobre as dificuldades de utilização do laboratório do ProInfo por crianças cegas e de baixa visão. O processo educativo, no interior do qual se deve pensar o computador, é aquele que prevê uma educação para todos, em todos os níveis: da educação básica às várias formas de educação compensatória, mesmo

2. ProInfo sabendo que a educação compensatória não se propõe resolver estruturalmente os problemas, pois não atinge suas causas. (ALMEIDA, 2012, p. 66). O Programa Nacional de Tecnologia Educacional tem como objetivo promover o uso pedagógico da informática na rede pública de ensino básico. Criado pela Portaria nº 522/MEC, de 9 de abril de 1997, para promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na rede pública de ensino fundamental e médio. Figura 1. Quantidade acumulada de laboratórios ProInfo instalados (BRASIL, 2010) O gráfico apresenta os números dos laboratórios instalados, os dados efetivos são: 80.623 laboratórios instalados até 2009 e uma previsão acumulada de 104.373 para o ano de 2010. Esses são os últimos dados oficiais, acreditamos que esses números, hoje são muito superiores. Cada laboratório possui 1 servidor de rede, 15 estações de trabalho, rede sem fio e todos os computadores tem o Sistema Operacional Linux Educacional instalado. Atualmente tendo como base os números oficiais do MEC, em todo Brasil temos aproximadamente 1.560.00 (Um milhão quinhentos e sessenta mil computadores) com o Sistema Operacional Linux Educacional instalado nas escolas públicas. 3. Instalando o Dosvox no Linux Educacional A instalação do Dosvox no Linux educacional é fácil e muito semelhante a instalação no sistema operacional Windows. Para que a instalação aconteça utilizamos o Wine, um software que realiza uma implementação livre das bibliotecas do Windows fazendo com que os programas sejam traduzidos para rotinas do UNIX, dessa forma

gerando resultados idênticos aos apresentados no Windows. O executável do Dosvox (dv41-setup.exe) deve ser colocado dentro da pasta do Wine(/home/nome_do_usuário/.wine/drive_c), nativamente instalado no Linux Educacional, como podemos observar na Figura 2. Figura 2. Pasta para instalação do sistema Dosvox Para que o Dosvox seja inicializado concomitante com os outros processos do sistema Linux Educacional possibilitando desta forma autonomia para usuário deficiente visual na utilização no laboratório do ProInfo, copiamos o atalho gerado na área de trabalho para a pasta /home/nome_do_usuário/.kde/autostart, desta forma assim que o sistema inicia, o Dosvox iniciará ao mesmo tempo. Esse procedimento para ativar a inicialização automática é necessário, já que o atalho de inicialização do Dosvox utilizado no Windows, CRTL + ALT + D, não funcionará no Linux Educacional (SOUZA; MARTINI, 2011). Figura 3. Dosvox inicializando com o sistema operacional

4. Uma Proposta de Abordagem Pedagógica O foco desta proposta é estimular o gênero da oralidade nas crianças deficientes visuais em fase de alfabetização, para isso utilizamos o jogo Letravox, disponível nas versões atuais do Dosvox. O jogo estimula a criança a construir o conhecimento das palavras que iniciam com as letras que ela vai digitando no teclado e com a adequada intervenção do professor os estímulos à oralidade e até mesmo a produção escrita passa a vigorar e se desenvolver naturalmente. [...] a informática quando adotada nas escolas deve se integrar ao ambiente e a realidade dos alunos, não só como ferramenta, mas como recurso interdisciplinar, constituindo-se também em alguma coisa a mais que o professor possa contar para bem realizar seu trabalho, desenvolvendo com os alunos atividades, projetos e questionamentos. (VEIGA, 2001, p. 1). A primeira ação é o reconhecimento do teclado, segundo Albernaz et al. (2011) deve-se tomar como referencia as teclas F e J com os dedos indicadores da mão esquerda e direta onde as teclas tem uma marca em relevo, a partir deste ponto apresentar todas as letras do alfabeto para a criança no teclado. As intervenções do professor devem ser contínuas e acrescidas de estímulos, para que a criança seja motivada a continuar suas atividades mesmo que inevitavelmente acometerá diversos erros durante o processo. A apresentação do alfabeto, após ser sequencial deve ser solicitada aleatoriamente indicando as iniciais do próprio nome da criança, do pai, da mãe e de seus familiares, trazendo maior estímulo e conforto para sua execução. Depois do reconhecimento das letras do alfabeto no teclado, as intervenções serão mediadas com o aplicativo Letravox, onde a criança é indagada a digitar uma letra para que uma caixa seja aberta, quando aberta é solicitado que a criança digite uma letra, onde o sistema irá fornecer um exemplo com sons e às vezes uma pequena descrição da palavra iniciada pela letra que a criança digitou. O professor intervém, após cada letra digitada, com perguntas para ampliar o vocabulário da criança e estimular sua oralidade, também solicita que a criança dê outros exemplos iniciados pela letra narrando suas utilidades, podendo ampliar o uso pedido para que a criança escreva no Edivox, editor de texto do Dosvox, as palavras e suas descrições. Alguns exemplos possíveis a serem explorados pelo professor; imaginamos que a criança digite a letra I, o sistema falará Eu sou I, índio... e emite um som característico de índio, com esse exemplo o professor pede para o aluno escrever a palavra índio,

questioná-lo sobre a vida dos índios e sua cultura, dar um breve histórico sobre a importância do índio na colonização do Brasil, como e onde os índios vivem nos dias atuais, falar das florestas e a importância de preservá-las enaltecendo a questão da preservação da natureza e da cultura dos índios. 5. Considerações Finais e Trabalhos Futuros Sabemos que ainda temos muitos desafios na educação inclusiva de crianças cegas nas escolas públicas do Brasil, e essa iniciativa de possibilitar que qualquer escola pública atendida pelo ProInfo possa proporcionar o acesso irrestrito às crianças deficientes visuais, nos faz entender que conseguimos avançar nas iniciativas para garantirmos mais vieses pedagógicos para a contínua construção da educação inclusiva de qualidade a toda criança deficiente visual usuária dos laboratórios do ProInfo. Contudo compreendemos que esse pequeno avanço depende de iniciativas regionais dos profissionais da educação, além de pró-atividade dos gestores escolares para a efetivação do estudo aqui apresentado. Trabalhos futuros: No andamento deste trabalho podemos observar que muita contribuição educacional inclusiva para crianças cegas pode-se agregar nas funcionalidades do Dosvox e nesse sentido pretendemos desenvolver novas aplicações lúdicas com cunho estritamente pedagógico adequado para a inclusão digital, auxílio na alfabetização e ensino de matemática destas crianças, com o intuito de ampliar o acesso aos recursos educacionais disponíveis digitalmente assegurando a igualdade de condições no aprendizado fundamental nas séries iniciais do ensino básico. Antes de qualquer aplicação computacional, estudos de intervenções pedagógicas auxiliadas por tecnologias assistivas computacionais dirigidas exclusivamente para as crianças cegas no início da sua vida escolar serão realizados e novas pesquisas surgirão propondo soluções para os problemas na inclusão dos deficientes visuais nas escolas públicas do Brasil. Referências ALBERNAZ, N. C.; ELIA, M. F.; BORGES, J. A. S. Digitavox: curso de digitação com acessibilidade para deficientes visuais. In XXII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO, 22., 2011, Aracajú. Anais do XXII SBIE XVII WIE. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Computação, 2011. p. 558-567. ALMEIDA, Fernando José de. Educação e informática: os computadores na escola. 5. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2012. 120 p. BRASIL. Ministério da Educação. ProInfo número de laboratórios adquiridos. [Brasília, DF], 2010. Disponível em: <http://gestao2010.mec.gov.br/indicadores/chart_39.php>. Acesso em: 08 set. 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Censo 2010. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/>. Acesso em: 09 jul. 2012. KOBAL GRUM, D.; BOBINSKI, M. Perspectives of inclusive education of pupils with visual impairments in Slovenia. International Congress Series, v. 1282, p. 864-868, Sept. 2005. LLANO, José Gregório de; ADRIÁN, Mariella. A informática educativa na escola. São Paulo: Edições Loyola, 2006. SOUZA, H. T. de; MARTINI, L. C. Implementação do DosVox no Linux Educacional 3.0 nos Laboratórios do ProInfo. In: PROJETO DOSVOX: textos técnicos sobre DOSVOX. [Rio de Janeiro]: NCE/UFRJ, 2002. 9 p. Disponível em: <http://intervox.nce.ufrj.br/dosvox/textos/dosvox_lab_proinfo.doc>. Acesso em: 30 set. 2012. VEIGA, Marise Schmidt. Computador e educação? uma ótima combinação. Petrópolis: Pedagogia em Foco, 2001. Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/inedu01.htm>. Acesso em: 10 set. 2012.