UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CURSO DE DIREITO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CURSO DE DIREITO APOSENTADORIA ESPECIAL FELIPPE PALUDO ITAJAÍ 2009

FELIPPE PALUDO APOSENTADORIA ESPECIAL Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientadora: MSc. Mareli Calza Hermann ITAJAÍ 2009

DEDICATÓRIA Dedico esta monografia aos meus pais e toda minha família, pelo apoio e pelo incentivo incessantes; aos meus amigos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento do trabalho.

AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de poder estar realizando esta monografia. A minha família pela colaboração, principalmente nos momentos mais difíceis. Aos professores, principalmente a Professora Mareli Calza Hermann, pela contribuição e pela dedicação durante a elaboração deste trabalho. E agradeço também aos meus colegas por toda ajuda durante todo o período em que estivemos juntos.

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. Itajaí (SC), novembro de 2009 FELIPPE PALUDO Graduando

PÁGINA DE APROVAÇÃO A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, elaborada pelo graduando FELIPPE PALUDO, sob o título APOSENTADORIA ESPECIAL, foi submetida em de novembro de 2009 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Mareli Calza Hermann (Orientadora e Presidente da Banca) e MSc. Ricardo Córdova Diniz (membro e examinador), e aprovada com a nota. Itajaí (SC), novembro de 2009. Mareli Calza Hermann Ricardo Córdova Diniz

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS IAPM IAPC IAPB IAPI IAPETC LOPS INPS SAT SINPAS IAPAS INSS OIT ONU CNIS RGPS PPP LTCAT EPI/EPC RPS DIB RMI PBPS Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes de Cargas Lei Orgânica da Previdência Social Instituto Nacional de Previdência Social Seguro de Acidentes de Trabalho Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social Instituto Nacional do Seguro Social Organização Internacional do Trabalho Organização das Nações Unidas Cadastro Nacional de Informações Sociais Regime Geral de Previdência Social Perfil Profissiográfico Previdenciário Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho Equipamentos de Proteção Individual ou Coletivo Regulamento da Previdência Social Data de Início do Benefício Renda Mensal Inicial Planos de Benefícios da Previdência Social

ROL DE CATEGORIAS Rol de categorias que o autor considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. Benefícios Previdenciários São prestações pecuniárias, devidas pelo Regime Geral de Previdência Social aos segurados, destinadas a prover-lhes a subsistência, nas eventualidades que os impossibilite de, por seu esforço, auferir recursos para isto, ou a reforçar-lhes os ganhos para enfrentar encargos de família, ou amparar, em caso de morte ou prisão, os que dele dependiam economicamente. 1 Carência Período de carência é o número de contribuições mensais mínimas que o segurado deve efetivar para ter o direito a benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências. 2 Qualidade de Segurado O reconhecimento da perda da qualidade de segurado no termo final dos prazos fixados no art. 13 ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término daqueles prazos. 3 Regime Geral de Previdência Social 1 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 11. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 121. 2 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 562. 3 Artigo 14 do Decreto nº 3.048 de 06 de maio de 1999.

Principal regime previdenciário na ordem interna, o RGPS abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: os trabalhadores que possuem relação de emprego regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (empregados urbanos, mesmos os que estejam prestando serviços a entidades paraestatais, os aprendizes e os temporários), pela Lei nº. 5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei nº. 5.859/72 (empregados domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários titulares de firmas individuais ou sócios de regimes de economia familiar; e outras categorias de trabalhadores como garimpeiros, empregados de organismo internacionais, sacerdotes, etc. 4 Seguridade Social A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. 5 4 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005 p.102. 5 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 11. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 1.

SUMÁRIO Resumo...11 Introdução...12 Capítulo I...13 1. Previdência Social...13 1.1 A Evolução da Previdência Social no Brasil...13 1.2 Evolução Mundial da Previdência Social...18 1.3 Do Tratado de Versalhes até o Término da II Guerra Mundial...21 1.4 Conceitos e Princípios da Previdência Social...21 Capítulo II...23 1. Prestações Previdenciárias...23 1.1 Período de Carência...23 1.2 Salário-de-benefício...24 1.3 Renda Mensal Inicial...25 1.4 Aposentadoria por Invalidez...26 1.5 Aposentadoria por Idade...30 1.6 Aposentadoria por Tempo de Contribuição...34 1.7Aposentadoria Especial...38 1.8 Auxílio-Doença...38 1.9 Salário-Família...41 1.10 Salário-Maternidade...43 1.11 Pensão por Morte...45 1.12 Auxílio-Reclusão...48 1.13 Auxílio-Acidente...50 Capítulo III...54 1. Aposentadoria Especial...54 1.1 Evolução Histórica...54 1.2 Carência...55 1.3 Comprovação da Exposição a Agentes Nocivos...55 1.4 Equipamentos de Proteção Individual ou Coletivo (EPI/EPC)...59 1.5 Comprovação por Similaridade...59 1.6 Convencimento Oblíquo...60 1.7 Concessão...60 1.8 Cooperado Autônomo e Contribuintes Individuais...61 1.9 Conversão de Tempo de Trabalho...62 1.10 Data de Início do Benefício (DIB), Renda Mensal Inicial (RMI) e Cessação...63 Considerações Finais...65 Referências...67

11 RESUMO A pesquisa tem por objeto o estudo sobre o estudo sobre a aposentadoria especial. A monografia está dividida em três capítulos, sendo que o primeiro iniciouse com a história e desenvolvimento da Previdência Social com análise de sua evolução. No segundo capítulo são tratadas as condições necessárias para o recebimento dos benefícios e das prestações previdenciárias dispostas na Lei 8.213 de 24 de julho de 1991 como: aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, auxílio doença, salário família, salário maternidade, pensão por morte, auxílio reclusão e auxílio acidente. O terceiro capítulo trata especificamente sobre o tema objeto do estudo: a aposentadoria especial, qual seja de analisar em quais situações o segurado poderá requerer o benefício. Analisa, as condições de trabalho que são consideradas nocivas ao trabalhador, os equipamentos de proteção que devem ser utilizados e, que ainda assim, podem acarretar prejuízos à saúde. E, por fim, aborda, acerca do direito ao recebimento do benefício de aposentadoria especial. As considerações finais encerram o trabalho.

12 INTRODUÇÃO A presente monografia tem como objeto o estudo da Aposentadoria Especial. O trabalho inicia discorrendo sobre algumas noções básicas da Previdência Social, bem como sua evolução histórica e as prestações previdenciárias. O trabalho foi dividido em três capítulos, onde: O primeiro capítulo destina-se ao estudo da Previdência Social e sua evolução no Brasil e no mundo. O segundo capítulo destaca os principais benefícios oferecidos pela Previdência Social, visando melhorar as condições de vida dos segurados filiados ao Regime Geral de Previdência Social RGPS. E o terceiro capítulo destina-se especificamente a Aposentadoria Especial, demonstrando quais segurados têm o direito a aposentação especial e como o segurado pode comprovar as atividades trabalhadas em condições prejudiciais a saúde ou a integridade física. Foram levantadas as seguintes hipóteses durante a realização do trabalho: I Qualquer segurado tem direito a aposentadoria especial. II Para a comprovação das atividades realizadas em condições prejudiciais a saúde ou a integridade física basta apresentar o Perfil Profissiográfico Previdenciário PPP. III O cooperado autônomo e os contribuintes individuais tem direito a aposentadoria especial. O presente trabalho se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a Aposentadoria Especial.

13 CAPÍTULO I 1. PREVIDÊNCIA SOCIAL 1.1 A Evolução da Previdência Social No Brasil No que se refere a Carta Magna, a Constituição Federal de 1824, foi a primeira que destacou a Previdência Social no Brasil, mencionando a garantia dos socorros públicos, em norma meramente pragmática, sendo reforçada nas Constituições seguintes: de 1891, 1937, 1946, 1967, até chegar na Constituição vigente, de 1988, onde ganhou status especial, sendo acolhida como uma das garantias fundamentais do cidadão. A história da Previdência Social no Brasil começa com o Decreto Legislativo nº. 4.682 de 24.01.1923, mais conhecido como Lei Eloy Chaves. Castro e Lazzari citam que: Em termos de legislação nacional, a doutrina majoritária considera como marco inicial da Previdência Social a publicação do Decreto Legislativo n. 4.682, de 24.1.23, mais conhecido como Lei Eloy Chaves, que criou as Caixas de Aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferro existentes, mediante contribuições dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado, alem de assistência médica e diminuição do custo de medicamentos. Entretanto o regime das caixas era ainda pouco abrangente, e como era estabelecido por empresa, o número de contribuintes foi às vezes, insuficiente. 6 A proliferação do regime de Caixa por empresas criou pequenos regimes de Previdência que tinham por inconveniente o número mínimo de segurados indispensáveis ao funcionamento em bases securitárias. Sem contar o grande número de trabalhadores que permaneciam à margem da proteção previdenciária, por não ocuparem postos de trabalhos em empresas protegidas. 6 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. p. 44.

14 Pouco a pouco, abandonou-se a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões, passando pelo momento da criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões, tendo como principal diferencial a criação de institutos especializados, em função da atividade profissional de seus segurados e não mais por determinadas empresas. Ibrahim separa as três fazes evolutivas da previdência social: fase inicial (até 1918): criação dos primeiros regimes previdenciários, com proteção limitada a alguns tipos de eventos, como acidentes do trabalho e invalidez; fase intermediária (de 1919 a 1945): expansão da previdência pelo mundo, com a intervenção do Estado cada vez maior na área securitária; fase contemporânea (a partir de 1946): aumento da clientela atendida e dos benefícios. É o grau máximo do Welfare State, com a proteção de todos contra qualquer tipo de risco social. 7 Ademais, o fortalecimento dos mecanismos de proteção social era comprimido pela emergente e estável industrialização, exigindo uma nova leitura da legislação social, em razão da atuação de novos atores sociais, especialmente da classe trabalhadora. Contudo, na década de 1930, passou a vigorar o regime dos Institutos, de contribuição tripartide Estado, empregador e empregado pelo qual o custeio vinculava-se, obrigatoriamente, as três fontes. Princípio, que, posteriormente foi instituído em norma constitucional, em 1934. Os recursos do Estado advinham das taxas de importação. O primeiro instituto de previdência de âmbito nacional, com base na atividade econômica, foi o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), criado em 1933, pelo Decreto n 22.872, de 29 de junho de 1933; vindo depois o dos comerciários (IAPC), pelo Decreto nº. 24.273, de 22.05.34; o dos bancários (IAPB), pelo Decreto nº. 24.615, de 09.06.34; dos industriários (IAPI), pela Lei nº. 367, de 7 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 45.

15 31.12.36; o dos empregados em transportes de cargas (IAPETC), pelo Decreto-Lei nº. 775, de 07.10.38. Assim, o diferencial existente entre as Caixas e os Institutos consistia principalmente no espectro de abrangência dos segurados protegidos, pois enquanto as Caixas restringiam-se aos trabalhadores de determinadas empresas os Institutos abarcavam categorias profissionais conexas, embora distintas, pela formação de grandes grupos de beneficiários. Outro ponto, dizia respeito ao aspecto espacial, já que os Institutos tinham abrangência nacional, o que não acontecia com as Caixas. Acrescenta-se, ainda, como outro ponto relevante na criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões é a vinculação dessas entidades a órgãos do governo federal, submetidos ao controle financeiro, administrativo e diretivo do Estado. Careciam, tanto as Caixas como os Institutos, de normas uniformes, sendo corriqueiro encontrar disposições divergentes ou conflitantes, coexistindo, assim, um emaranhado de leis em total desequilíbrio. Caminhou-se, então, para a uniformização das leis previdenciárias, vindo, antes disso a Constituição de 1934. A edição da LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social) veio a uniformizar todo o emaranhado de normas existentes sobre Previdência Social, uniformização legislativa essa que já se buscava de longa data. No entanto, a unificação administrativa, que também consistia num reclamo, só veio mais tarde, com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), pelo Decreto-lei n 72, de 21 de novembro de 1966. Decerto que a LOPS foi o maior passo dado ao rumo da universalidade da Previdência Social, embora não se desconheça que alguns trabalhadores (domésticos e rurais) não foram contemplados pela nova norma, pois teve o condão de padronizar o sistema, aumentar as prestações ofertadas (auxílio-natalidade, funeral, reclusão e a aposentadoria especial) e servir de norte no percurso ao sistema de seguridade social.

16 Em 1967, foi criado pela Constituição o seguro-desemprego que era legalmente chamado de auxílio-desemprego. Ainda neste ano o SAT Seguro de Acidentes de Trabalho foi incorporado à Previdência Social pela Lei nº. 5.316 de 14.09.67, deixando de ser realizado com instituições privadas, para ser feito exclusivamente por meio de contribuições vertidas ao caixa único do regime geral previdenciário. No ano de 1971, com a edição da Lei Complementar nº. 11 (também conhecida como FUN-RURAL), os trabalhadores rurais passariam a ser segurados da Previdência Social. A Lei nº. 6.439 de 1977 gerou algumas transformações ao sistema previdenciário, criando o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), sendo que suas atribuições seriam distribuídas entre várias autarquias; o IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social) que era um órgão voltado para arrecadação e fiscalização das contribuições); e o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) que era voltado para atendimentos dos segurados e dependentes, na área de saúde. A Constituição de 1988 introduziu o conceito de seguridade social na ordem jurídica nacional, incluindo na sua estrutura as políticas de saúde, assistência e previdência social, e atribuiu-lhe um orçamento específico, o da seguridade social, distinto do orçamento fiscal. Pinto Martins completa: Com a promulgação da Constituição de 5 de outubro de 1988, houve a nítida separação entre Direito da Seguridade Social e Direito do Trabalho, ao se trazer para o bojo da Lei Maior um capítulo sobre a Seguridade Social (arts. 194 a 204). Na atual Constituição, a Seguridade Social abrange a saúde, a previdência e a assistência social. 8 Com a criação do INSS (Decreto nº. 99.350/90) em 1990, o INPS e o IAPAS, que faziam a função de arrecadação e pagamento de benefícios e a prestação de 8 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 7.

17 serviços, foram extintos. Ficando assim até hoje o INSS responsável pela arrecadação, fiscalização, cobrança, aplicação de multas e regulamentação da parte de custeio do sistema de seguridade social, bem como também a concessão de benefícios e serviços aos segurados e seus dependentes. No ano seguinte, foram publicadas as Leis nº. 8.212 e nº. 8.213, que respectivamente tratam do custeio da Seguridade Social e dos benefícios e serviços da Previdência Social. E em 15.12.98 foi promulgada a Emenda nº. 20. Em 1998 foi dado o primeiro passo para a reorganização do sistema previdenciário brasileiro, principalmente no que tange à previdência dos servidores públicos. A publicação da Emenda Constitucional nº. 20 e a Lei Geral de Previdência do Setor Público (lei n. 9.717, de 1998) introduziram mudanças estruturais na previdência dos servidores da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, instituindo o regime de previdência no serviço público. A primeira consolidou o novo modelo previdenciário com ênfase no caráter contributivo e na necessidade de equilíbrio financeiro e atuarial; a segunda estabeleceu normas gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência no setor público, preenchendo uma lacuna legal-institucional existente desde a promulgação da Constituição de 1988. Castro e Lazzari completam: A Emenda n. 20, que modifica substancialmente a Previdência Social no Brasil, foi promulgada no dia 15.12.98, no encerramento do ano legislativo, após três anos e nove meses de tramitação no Congresso Nacional. A votação da Emenda foi acelerada nos últimos meses da legislatura, por conta da crise econômica alardeada em meados de outubro, o que exigiu do Legislativo providências imediatas no sentido da aprovação de medidas capazes de conter o déficit público. Com isso, lamentavelmente, o debate acerca das questões envolvidas na reforma deixou de ser feito sob os pontos de vista estritamente jurídico e social, e passou a ser capitaneado pelo enfoque econômico, atuarial e dos resultados financeiros esperados com a aprovação do texto. 9 9 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. p. 52.

18 A Emenda n. 20, tal como foi aprovada, estabelece um curioso paradoxo: enquanto os que irão completar o tempo de contribuição não precisam cumprir uma idade mínima para aposentar-se, os taxados com o pedágio terão que cumprir, além de mais de 20% ou 40% do tempo faltante, o requisito da idade mínima. 10 Outro aspecto importante, que, eventualmente, pode passar despercebido, é que, a partir de 16.12.98, a idade mínima para o ingresso na condição de trabalhador e, por conseguinte, de segurado da previdência passou a ser, segundo a interpretação do governo federal, de 16 anos, o que também impede a contagem de tempo trabalhando, daquela data em diante, por quem não tenha esta idade. Aos menores de 16 anos já filiados ao RGPS até essa data, serão assegurados todos os direitos previdenciários. Questionou-se a constitucionalidade desta exclusão, principalmente em relação aos menores que estejam trabalhando em regime de aprendizagem. 11 Os professores que comprovem exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio preservaram o direito à aposentadoria especial, com vinte e cinco anos de regência de classe, no caso das mulheres, ou trinta anos, no caso dos homens, sem observância do limite mínimo de idade. Os professores de universidade particulares têm duas opções: aposentarem-se com o mesmo tempo de contribuição dos demais segurados, e sem limite de idade, ou se enquadrarem nas regras de transição, que permitem contar o tempo atual de magistério com acréscimo, mas exigem idade mínima. 12 1.2 Evolução Mundial da Previdência Social Na França, a evolução da Previdência Social foi dividida por Lyon-Caen, em quatro grandes fases, inicia-se no período do liberalismo, culminando no período do intervencionismo. Durante o período liberal, os trabalhadores viviam inseguros, tendo que recorrer a sistemas privados de previdência para enfrentar os riscos provenientes de doenças, de acidente ou da velhice. 10 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. p. 52. 11 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. p. 53, 54. 12 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. p. 55.

19 O próprio liberalismo em seu início sempre se preocupou com a situação de seus operários, nunca escondendo a necessidade da participação efetiva do Estado na elaboração de uma lei que amparasse os pobres. Um dos principais lideres políticos franceses Robespierre, tentou em vão estabelecer uma lei ordinária na qual os riscos amparassem os pobres no que coubessem. Para Castro e Lazzari, os direitos sociais na França surgem a partir da luta dos trabalhadores: Somente quando surge a noção de justiça social na França, a partir da luta dos trabalhadores por melhores condições de vida, é que o Estado começa assumir a proteção de direitos aceitos como sociais, destinando recursos próprios para a concessão de assistência social e previdenciária. 13 Na Alemanha quem foi o responsável pelo nascimento da Previdência Social foi o Chanceler Otto Von Bismarck, com a edição da lei de seguros sociais em 1883, não que antes não tenha havido qualquer outra norma de natureza previdenciária. Outras normas precederam àquela instituída por Bismarck, como a chamada lei das minas de 1842 na Inglaterra, dentre outras leis austríacas ainda que nenhuma delas tenha tido o alcance e amplitude da lei de seguros sociais do estadista alemão. Institui-se, de início, o seguro-doença, para, logo depois, em 1884, abarcar o seguro contra acidente do trabalho e, em 1889, o seguro-invalidez e a velhice. O custeio das prestações, por seu turno, tinha sustentação nas contribuições dos empregados, empregadores e do Estado. A formação do seguro social a que se imputa a inauguração ao Chanceler Bismarck, sem dúvida, avançou significativamente e sucedeu as congregações de cunho mutualista que, por seu turno, já haviam superado o estágio inicial da mera assistência social pública. 13 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. São Paulo: LTr, 2001. p. 33.

20 Acontece, porém, que a noção de seguro social não estava inspirada no desejo de garantir aos indivíduos a proteção contra os riscos comuns da vida. Assim, justamente em virtude da inexistência de uma formulação teórica e dos motivos que lhe deram origem, o seguro social foi considerado apenas como um método destinado a atender a estrutura econômica vigente, em face da propensa incapacidade gerada pela vicissitude da vida a que está sujeita a grande massa trabalhadora, totalmente desprovida de recursos. Na realidade, o seguro social nasceu atrelado às concepções do seguro de direito privado. Atrelava-se o seguro social a um risco único representado pela eventual impossibilidade de o trabalhador perceber seu salário, por força da ocorrência do infortúnio. E em razão dessa vinculação estrita da noção de seguro social, apenas a proteção ao risco único do trabalhador, conduziu-se a um movimento global para a formulação de um conceito voltado a cobertura universal, a fim de assegurar o bemestar presente e futuro dos membros de toda a sociedade. Na visão de Castro e Lazzari (2002, p. 33), foi somente em 1929, com a crise da bolsa de valores nos Estados Unidos, que ocorreu o verdadeiro período de adoção plena da noção de previdência social. O presidente americano na época, Franklin Roosevelt, preocupado com o desemprego crescente, adotou uma política chamada New Deal, que constituía-se em um pacto social, que posteriormente inspira a doutrina do Estado de Bem-Estar Social ou do Estado Previdência. Esse novo pacto constituía-se como um conjunto de normas e políticas do Estado americano visando criar aos trabalhadores novas frentes de trabalho, uma rede de previdência e saúde públicas, entre outros direitos. Logo após, em 1941, o economista inglês William Beveridge foi convocado pelo governo inglês para presidir uma comissão encarregada de elaborar um relatório sobre a seguridade social da Inglaterra. Dessa empreitada foram elaborados dois relatórios, um no ano de 1942 e outro em 1944 denominados, respectivamente, Seguro Social e Serviços Conexos e Pleno Emprego em Uma Sociedade Livre, os quais tiveram incomensurável influência na evolução dos sistemas de proteção social vigentes no mundo.

21 1.3 Do Tratado de Versalhes Até o Término da II Guerra Mundial Esse período caracterizou-se pelo progressivo aperfeiçoamento dos sistemas previdenciários das nações européias, bem como pelo rompimento dos seguros sociais das fronteiras do velho mundo, cuja influência veio a atingir todos os demais continentes, sobretudo à América Latina. Os seguros sociais obrigatórios desenvolveram-se e espraiaram-se por todos os continentes. Celebrado o Tratado de Versalhes, em 1919, voltaram-se todas as atenções para os problemas sociais, com ênfase à proteção do trabalho. Imediatamente criase a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, como sabido, desenvolve suas atividades até os dias atuais, sendo um organismo especializado da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja finalidade é atuar em todos os países, fixando princípios programáticos ou regras imperativas de determinado ramo do conhecimento humano, sobretudo sobre Direito do Trabalho e Previdência Social. 1.4 Conceitos e Princípios da Previdência Social Para Pinto Martins: É a Previdência Social um conjunto de princípios, de normas e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei. 14 Já para Castro e Lazzari: Previdência Social, é, portanto, o ramo de atuação estatal que visa a proteção de todo indivíduo ocupado numa atividade laborativa remunerada, para proteção dos riscos decorrentes 14 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 77.

22 da perda ou redução permanente ou temporária, das condições de obter seu próprio sustento. 15 O Direito Previdenciário possui princípios, os quais orientam a aplicação e a interpretação das regras constitucionais e legais relativas ao sistema de proteção. Ibrahim destaca alguns princípios: Entre os princípios gerais, merecem destaque no âmbito da seguridade social os da igualdade, da legalidade, e do direito adquirido. A igualdade aqui tratada não é a mera isonomia forma, mas sim a material ou geométrica, na qual os iguais são tratados de modo igual e os desiguais de modo desigual, dentro dos limites de suas desigualdades, como bem definiu Rui Barbosa (art. 5º, I, da CRFB/88). É a isonomia material que justifica, por exemplo, alíquotas diferenciadas de contribuição para diferentes espécies de segurados e faixas distintas de remuneração. A igualdade geométrica possibilita a restrição de benefícios de acordo com o status econômico do beneficiário, como o salário-família, por exemplo. A legalidade encontra guarida em todos os ramos do Direito, inclusive no Previdenciário (art. 5º, II, da CRFB/88). Qualquer nova obrigação, como um aumento de contribuição, somente poderá ser feito por meio de lei em sentido formal, isto é, aprovada pelo Congresso Nacional ou, excepcionalmente, por medida provisória. 16 Ainda Ibrahim: O direito adquirido também assume extrema importância no Direito Previdenciário, em especial devido às constantes alterações da legislação e até da própria Constituição (art. 5º, XXXVI, da CRFB/88). O direito adquirido é aquele que já se integrou ao patrimônio jurídico do indivíduo, sendo defeso ao Estado sua exclusão por qualquer meio. 17 A Previdência Social em vigor no Brasil é o resultado da solidariedade consolidada, sustentada especialmente nos princípios da igualdade e da legalidade. 15 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de, e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 3ª ed. atual. São Paulo: LTr, 2002. p. 39. 16 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 63 e 64. 17 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 64.

23 CAPÍTULO II 1. PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS 8.213/91. As prestações previdenciárias estão dispostas no artigo 18 da Lei nº. Pinto Martins define as prestações previdenciárias como: As prestações compreendidas pelo Regime Geral de Previdência Social são expressas em benefícios e serviços. As prestações são o gênero, do qual são espécies os benefícios e os serviços. Benefícios são valores pagos em dinheiro aos segurados e dependentes. Serviços são bens imateriais postos à disposição do segurado, como habitação e reabilitação profissional, serviço social, assistência médica, etc. 18 As prestações podem ser divididas quanto ao segurado, quanto ao dependente e quanto ao segurado e dependente: I - Aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade e auxílio-acidente são prestações devidas ao segurado; II - Pensão por morte e auxílio-reclusão são prestações devidas ao dependente; e III Serviço social e reabilitação profissional são prestações devidas ao segurado e dependente. 1.1 Período de Carência 18 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 87.

24 Carência é o número mínimo de contribuições mensais efetuadas ao Regime Geral de Previdência Social RGPS necessárias para a aquisição do direito a benefício. Pinto Martins conceitua período de carência: Considera-se período de carência o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício. O período de carência é observado a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências. 19 O site da previdência social traz uma tabela sobre o período de carência exigido para cada benefício previdenciário. Segue a tabela 20 : BENEFÍCIO Salário-maternidade Auxílio-doença Aposentadoria por invalidez Aposentadoria por idade Aposentadoria especial Aposentadoria por tempo de contribuição Auxílio-acidente Salário-família Pensão por morte Auxílio-reclusão CARÊNCIA Sem carência para as empregadas, empregadas domésticas e trabalhadoras avulsas; 10 contribuições mensais (contribuintes individual e facultativo); 10 meses de efetivo exercício de atividade rural, mesmo de forma descontínua, para a segurada especial. 12 contribuições mensais 12 contribuições mensais 180 contribuições 180 contribuições 180 contribuições sem carência sem carência sem carência sem carência 1.2 Salário-de-Benefício 19 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 88. 20 http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudodinamico.php?id=88. Acesso em 21 jun. 2009.

25 Salário-de-benefício é o resultado de um cálculo feito pelo INSS, o qual servirá como base de cálculo para a renda mensal dos benefícios previdenciários. Segundo Pinto Martins: Salário-de-benefício é a média aritmética de certo número de contribuições utilizada para o cálculo da renda mensal inicial do benefício. 21 Ibrahim destaca que: O salário-de-benefício consiste: I. para as aposentadorias por idade e tempo de contribuição, na media aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário; II. para a aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a 80% de todo o período contributivo. 22 O salário-de-benefício nunca terá valor inferior a um salário mínimo e não será superior ao limite máximo de salário-de-contribuição na data do início do benefício. Pode o segurado solicitar a qualquer momento, alteração de informações constantes no CNIS caso haja alguma informação divergente, mediante apresentação de documentos comprobatórios. 1.3 Renda Mensal Inicial A renda mensal inicial do benefício nunca será inferior a um salário mínimo e nem superior ao teto do salário-de-contribuição. 21 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 89. 22 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 572.

26 Tavares completa: A renda mensal inicial do benefício de prestação continuada será calculada aplicando-se sobre o salário-de-benefício os seguintes percentuais: auxílio-doença: 91%; aposentadoria por invalidez, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial: 100%; aposentadoria por idade: 70% + 1% por grupo de 12 contribuições mensais até o máximo de 100% (quando se tratar de empregado ou avulso, presume-se o recolhimento, desde que haja filiação); auxílio-acidente: 50%. Para a pensão por morte ou auxílio-reclusão: 100% do valor da aposentadoria ou, se falecer em atividade, o mesmo valor da aposentadoria por invalidez. 23 1.4 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ É o benefício concedido ao segurado da Previdência Social atingido pelo risco social de incapacidade total e definitiva para o trabalho. Para Ibrahim: A aposentadoria por invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lheá paga enquanto permanecer nessa condição. O tema é tratado pela Lei nº. 8.213/91, arts. 42 a 47, e no RPS, arts 43 a 50. 24 A Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região entende que: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERÍCIA JUDICIAL. INCAPACIDADE LABORAL TOTAL E DEFINITIVA. PREEXISTÊNCIA DA INCAPACIDADE EM RELAÇÃO À FILIAÇÃO. NÃO DEMONSTRAÇÃO. É devida a aposentadoria por invalidez quando a perícia judicial conclui categoricamente que o segurado está total e 23 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 11. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 117. 24 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 601.

27 definitivamente incapacitado para o exercício de atividade laboral que lhe garanta a subsistência, não se extraindo dos autos que referida incapacidade preexiste à filiação do segurado ao Regime Geral de Previdência Social. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AJUIZAMENTO DA DEMANDA. O início do benefício de aposentadoria por invalidez deve remontar ao ajuizamento da ação, e não ao cancelamento de auxílio-doença na via administrativa, quando o segurado protela o ingresso em juízo, furtando-se a exames médicos ou a processo de reabilitação profissional. Processo: 2004.04.01.046001-3. Data da Decisão: 28/07/2009. Órgão Julgador: QUINTA TURMA. UF: SC. RELATOR: RÔMULO PIZZOLATTI A carência exigida para a obtenção da aposentadoria por invalidez é de 12 meses como esclarece Sérgio Pinto Martins: Há necessidade de carência de 12 contribuições mensais. Não há carência para a aposentadoria por invalidez decorrente de acidente ou para casos dos segurados especiais. Enquanto não for elaborada pela Previdência Social a lista de doenças infecciosas (art. 26, II da Lei nº 8.213), independe de carência a concessão da aposentadoria por invalidez se o segurado, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido das doenças mencionadas no art. 151 da Lei nº 8.213. O segurado especial devera comprovar apenas o exercício de atividade rural nos 12 meses imediatamente anteriores ao do requerimento do benefício. 25 No artigo 26 da Lei nº. 8.213/91 estão as exceções quanto a carência exigida para a concessão da aposentadoria por invalidez: Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílioacidente; II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; 25 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 97.

28 III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei; IV - serviço social; V - reabilitação profissional; VI salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica. (Incluído pela Lei nº. 9.876, de 26/11/99). A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. O benefício de aposentadoria por invalidez é devido a partir do dia da cessação do auxílio-doença como cita Marcelo Leonardo Tavares: [...], não obrigatoriamente a aposentadoria por invalidez será precedida pelo auxílio. A primeira perícia à qual o segurado for submetido já poderá, de plano, concluir pelo preenchimento dos requisitos da aposentadoria. Neste caso, o início do benefício terá por base as mesmas regras aplicáveis ao início do benefício de auxílio-doença. 26 A renda mensal do benefício será de 100% (cem por cento) do salário-debenefício, não levando-se em conta se a invalidez é decorrente de acidente de trabalho ou não. Como diz Ibrahim: [...] Desde a Lei nº. 9.032/95, este benefício é fixado no percentual de 100%. A data de início do benefício é obtida da seguinte forma: I - ao segurado empregado: a contar do 16º dia do afastamento da atividade ou a partir da data de entrada do requerimento, se, entre o afastamento e a entrada do requerimento, decorrerem mais de 30 (trinta) dias; e II - ao segurado empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso, especial ou facultativo: a contar da data do 26 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciário: regime geral de previdência social e regras constitucionais dos regimes próprios de previdência social. 11. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p. 129.

29 início da incapacidade ou da data de entrada do requerimento, se, entre essas datas, decorrerem mais de 30 (trinta) dias. 27 Durante os primeiros 15 (quinze) dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário. Caso a Previdência Social seja informada oficialmente da internação hospitalar ou do tratamento ambulatorial, após avaliação pela perícia médica, a aposentadoria deverá ser paga no 16º dia do afastamento ou na data de início da incapacidade, independentemente da data do requerimento do benefício. Quanto ao valor da aposentadoria por invalidez, Pinto Martins ressalta que: O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de 25%. Mesmo que o valor da aposentadoria já seja estabelecido no limite máximo legal, também será devido o adicional. Deve ser recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado. No entanto, o acréscimo de 25% cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão. 28 O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer tempo, independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional, por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. 29 O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno. No tocante a recuperação e consequentemente o cancelamento da aposentadoria, Ibrahim define: A redução gradativa da aposentadoria por invalidez, no caso de recuperação, será da seguinte forma: 27 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 602. 28 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 97. 29 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 604.

30 I. quando a recuperação for total e ocorrer dentro de 05 (cinco) anos, contados da data do inicio da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará: a) de imediato, para i segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na emprese ao se aposentar, valendo, como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela previdência social; ou b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; e II. quando a recuperação for parcial ou ocorrer após o período previsto no item I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade: a) pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em que o for verificada a recuperação da capacidade; b) com redução de 50%, no período seguinte de seis meses; e c) com redução de 75%, também por igual período de seis meses, ao término do qual cessará definitivamente. 30 O segurado que optar em retornar à atividade, pode requerer novo benefício a qualquer tempo, tendo este processamento normal. Se o segurado exercer diversas atividades, a incapacidade para uma delas não lhe dará o direito a receber a aposentadoria por invalidez, mas sim o recebimento do auxílio-doença, em razão desta atividade. A concessão da aposentadoria por invalidez só será possível quando a incapacidade do segurado for completa. 1.5 APOSENTADORIA POR IDADE É um dos benefícios mais conhecidos na esfera da Previdência Social, tendo como objetivo garantir a manutenção do segurado e de sua família quando este chegue a uma idade avançada, não lhe permitindo a continuidade laborativa. 30 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009. p 606.

31 Sergio Pinto Martins explica: O inciso II do 7º do art. 201 da Lei Maior determina aposentadoria aos 65 anos de idade, para o homem, e aos 60, para a mulher, reduzido em cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exercem suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 31 De acordo com o artigo 48, 2º da Lei 8.213/91, o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido. Sobre o trabalhador rural, entende a Turma Suplementar do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. COMPLEMENTAÇÃO POR PROVA TESTEMUNHAL. TUTELA ANTECIPADA. 1. Procede o pedido de aposentadoria rural por idade quando atendidos os requisitos previstos nos artigos 11, VII, 48, 1º, 106, 142 e 143, da Lei nº 8.213/91; 2. Comprovado o implemento da idade mínima (60 anos para o homem e 55 para a mulher), e o exercício de labor rural ainda que de forma descontínua por tempo igual ao período de carência exigido, é devido o benefício de aposentadoria rural por idade; 3. Considera-se comprovado o exercício de atividade rural havendo início razoável de prova material contemporânea ao período laboratício, corroborada por prova testemunhal idônea e consistente, sendo dispensável o recolhimento de contribuições; 4. O fato de a parte segurada não possuir todos os documentos da atividade agrícola em seu nome não elide o seu direito ao benefício postulado, visto que normalmente os documentos de propriedade e talonários fiscais são expedidos em nome de quem aparece frente aos negócios da família (inteligência da Súmula nº 73/TRF4ª Região); 31 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 102.

32 5. À migua de apelo, os consectários são mantidos conforme fixados em sentença; 6. Presentes a verossimilhança das alegações da parte autora na sentença de procedência do pedido, bem como o fundado receio de dano ou de difícil reparação, comprovado pela idade avançada da autora, justifica-se a manutenção da antecipação da tutela concedida em sentença; 7. Apelação improvida. Tutela antecipatória mantida. Processo: 2009.70.99.002132-9. Data da Decisão: 21/10/2009. Órgão Julgador: TURMA SUPLEMENTAR. UF: PR. RELATOR: EDUARDO TONETTO PICARELLI. A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão desse benefício, desde que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício. Sendo assim, para o segurado filiado ao RGPS após 24.07.1991 (promulgação da Lei nº. 8.213/91), a carência exigida é de 180 (cento e oitenta) contribuições. (A carência exigida anteriormente a promulgação da Lei 8.213/91 era de 60 (sessenta) meses). O valor da aposentadoria por idade, consistirá numa renda mensal de 70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12 (doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-benefício e, não poderá ser inferior ao salário mínimo. O salário de benefício dos trabalhadores inscritos até 28 de novembro de 1999 corresponderá à média dos 80% maiores salários de contribuição, corrigidos monetariamente, desde julho de 1994. Será de um salário mínimo para o trabalhador rural (segurado especial). Se houver contribuído facultativamente, o benefício do segurado especial será calculado como nos demais casos. Pinto Martins completa: O benefício de aposentadoria por idade será devido ao segurado empregado, inclusive ao empregado doméstico: I. a partir da data do desligamento do emprego, quando requerida até 90 dias depois dela;

33 II. a partir da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for requerida após o prazo da alínea anterior. 32 A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado empregado tenha cumprido o período de carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65 (sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo compulsória, caso em que será garantida ao empregado a indenização prevista na legislação trabalhista, considerada como data da rescisão do contrato de trabalho a imediatamente anterior à do início da aposentadoria. O tempo de contribuição prestado em outros regimes de previdência deverá ser comprovado por meio de Certidão de Contagem Recíproca de Tempo de Contribuição emitida pelo órgão de origem. A inclusão de tempo de serviço militar, poderá ser efetuada mediante apresentação pelo segurado do Certificado de Reservista ou Certidão emitida pelo Ministério do Exército, Marinha ou Aeronáutica. Quando o segurado tiver exercido atividade em mais de uma categoria, deverá apresentar os documentos de cada categoria exercida. A partir de 01/07/1994 os dados constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS valem para todos os efeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço ou de contribuição e salários-de-contribuição, de acordo com as disposições do Decreto nº 4.079, de 09 de janeiro de 2002, podendo, em caso de dúvida, ser exigida pelo INSS a apresentação dos documentos que serviram de base à anotação, sendo que poderá ser solicitado, a qualquer momento, a inclusão, exclusão ou retificação das informações constantes do CNIS mediante apresentação de documentos comprobatórios dos dados divergentes. 32 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. 10. ed. v. 14. São Paulo: Atlas, 2009. p. 103.