Internet no Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: Considerações sobre letramento digital, formação docente e possibilidades na www



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Transcrição:

Internet no Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: Considerações sobre letramento digital, formação docente e possibilidades na www Anna Patricia ZAKEM CHNA Universidade Estadual Paulista UNESP São José do Rio Preto 1. Introdução Somente na comunicação tem sentido a vida humana. Que o pensar do educador somente ganha autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto, na intercomunicação. Por isto, o pensar daquele não pode ser um pensar para estes nem a estes imposto. (FREIRE, 1987, p. 75). Este artigo propõe discutir o uso da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras, mais especificamente de Inglês. A primeira parte apresenta o conceito de letramento digital proposto por Buzato (2006a; 2006b e 2008) e sua importância em relação às práticas sociais. A segunda parte apresenta um panorama histórico sobre o uso da tecnologia na educação e no ensino de línguas estrangeiras. Ilustramos os marcos da prática de CALL com base em Warschauer & Healey (1998) e Levy (1997). Na terceira parte tratamos da Internet e o ensino de língua inglesa. Mediante a sociedade atual e o uso da tecnologia é possível afirmarmos que as novas tecnologias de informação e da comunicação estão presentes na vida cotidiana e nas atividades diárias utilizam-se recursos das novas tecnologias. É ainda mais fascinante o fato de que o uso diário dos recursos tecnológicos ocorre às vezes inconscientemente. Sendo assim, observamos que a introdução das novas tecnologias, influencia o homem e como conseqüência provoca mudanças sociais, culturais e econômicas produzidas que refletem no modo de vida individual e coletivo (Buzato, 2008). Temos consciência que vivemos na era da informação, por isso a importância de conhecer e utilizar as tecnologias tornou-se imprescindível. Então percebemos que conhecer e utilizar as novas tecnologias disponíveis representa manter se informado e atualizado, para assim estarmos em consonância com as exigências da sociedade dinâmica e globalizada. Porém, ressaltamos que é necessário oferecer condições para o acesso e utilização das novas tecnologias, pois assim os usuários podem ter condições de interpretar a enorme quantidade de informação disponível e transformação esta informação em uma ferramenta para as práticas sociais. Motta-Roth, Reis & Marshall (2007) apontam a presença irrefutável do letramento digital na atualidade:... o letramento digital se constitui em cultura material contemporânea que se inscreveu definitivamente na sociedade atual e de cuja tecnologia intelectual depende a dinâmica social nos dias de hoje (MOTTA-ROTH,REIS & MARSHALL, 2007, P. 128). As mudanças são perceptíveis em diversos ambientes, principalmente no mercado de trabalho e no âmbito educacional. Por isso é possível compreender que o letramento digital (doravante LD) é considerado necessário para integrar os diversos setores da sociedade. Destacamos o ambiente educacional, pois a utilização e integração do computador no processo educacional têm apresentado grandes desafios, tanto para os professores como para os alunos. Motta-Roth, Reis & Marshall (2007) apontam o

ambiente escolar como responsável pela introdução e utilização das da tecnologia no ambiente escolar. Vivemos, estudamos, trabalhamos e participamos de uma sociedade dinâmica. Temos consciência que o mercado de trabalho tanto mundial quanto brasileiro vem exigindo de muitos profissionais o conhecimento digital, e podemos afirmar que o professor faz parte do grupo de profissionais do qual se exige o conhecimento digital. Então deparamo-nos com a necessidade de rever e adequar a formação do docente, mais especificamente a do professor de línguas estrangeiras, para que este tenha a oportunidade de obter formação digital pertinente as suas necessidades. 2. Letramento Digital Buzato (2006) aponta que a formação de professores apresenta um grande desafio para todos envolvidos no processo. Principalmente considerando a perspectiva educacional devido ao dinamismo das novas tecnologias e a complexidade de suas implicações sociais e culturais. Buzato (2008) retoma conceitos anteriores e complementa definindo o termo LD no plural: Letramentos digitais, contudo, não são simples-mente letramentos convencionais transpostos para novas condições técnicas de mediação (assim como um website não é simplesmente uma página de livro transposta para a tela, tampouco a sociedade em rede" é a sociedade industrial da era moderna sim-plesmente transposta para uma nova infra-estrutura técnico-econômica). Letramentos digitais são redes complexas de letramentos (práticas sociais) que se apóiam, entrelaçam, contestam e modificam mútua e continuamente nas e por meio, virtude ou influência das TIC (Buzato, 2007), e que o fazem diferentemente em contextos culturais e situacionais diferentes (BUZATO, 2008). O autor apresenta uma série de questionamentos sobre Educação e Tecnologia que provavelmente norteiam muitas pesquisas e também são questionamentos de muitos integrantes que participam do processo de formação de professores. Algumas das grandes perguntas que motivam um evento como este são: O que se espera do uso das novas tecnologias na Educação? O que se espera do professor? Como formar professores em vista dessas necessidades? Essas mesmas perguntas podem ser refeitas, e continuar fazendo sentido, se trocarmos a palavra "Educação" pela palavra "Sociedade" e a palavra "professor" pela palavra "cidadão". Nesse caso, estaríamos, falando do que, grosso modo, o senso comum chama de Inclusão Digital (BUZATO, 2008). O autor complementa que o letramento e a inclusão digital devem ser submetidos a um severo processo crítico, lembrando que o digital deve ser valorizado, porém, o conhecimento digital deve proporcionar aos sujeitos melhores condições para atuarem na sociedade. 2.1 Letramento Digital e formação do professor: práticas e exigências A partir do exposto, da vivência em cursos de formação de professores de língua inglesa e do contexto atual do ensino de língua inglesa no cenário brasileiro surgem os questionamentos: Como incorporar o LD na formação dos professores de língua inglesa? Como proporcionar a formação adequada para o professor em relação à importância e urgência de utilizar as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (doravante NTICs) como ferramenta pedagógica na tentativa de transformar as práticas sociais?

Notamos que aprender inglês e o domínio do computador, que é obtido pelo LD, se complementam para formar e preparar o aluno para a sociedade atual, que compreende principalmente o mercado de trabalho. Então percebemos que a escola e os professores de língua inglesa também são responsáveis para a transformação do aluno em cidadão, que deve estar apto para o desempenho profissional na sociedade. Por isso, acreditamos que as ações de LD devem ser desenvolvidas ao longo da formação do professor de língua inglesa. Desta maneira acreditamos que os professores em formação poderão incorporar os conceitos para assim utilizarem a tecnologia disponível para o uso pedagógico do computador na prática docente. Compreendemos que LD e suas implicações devem ser abordados na formação de professores, para assim eles terem subsídios e oferecer um processo de ensino para os alunos poderem utilizar o computador para realizar uma série de atividades, solucionar problemas e permitindo também a compreensão do e assim provavelmente transformar a sua prática social. A preocupação com o currículo do Curso de Letras, e consequentemente com a formação do professor tem atraído muita atenção entre os pesquisadores. Um grupo de pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG / Faculdade de Letras FALE entrevistou o Professor Leffa (2008). Pergunta: O senhor pensa que, de um modo geral, as grades curriculares dos cursos de Letras, no Brasil, hoje e historicamente, têm capacitado o professor a atuar bem com ensino presencial e com ensino a distância, virtual ou não-virtual? Por quê? Resposta: Por enquanto não têm capacitado. Por quê? Os educadores ainda estão muito presos à bidimensionalidade do papel impresso, e mesmo quando usam as tecnologias multimodais, apenas transferem o que já sabem fazer para o novo meio, sem aproveitar os recursos oferecidos pelas tecnologias digitais, incluindo movimento, som, vídeo. Vejam-se, por exemplos, as imensas possibilidades pedagógicas do YouTube (com acesso proibido na maioria das universidades (LEFFA, 2008). A resposta do professor Leffa demonstra, assim como outros (Buzato2006a; Paiva,2001) nos leva a concluir que o atual currículo do Curso de Letras não contempla a formação necessária para capacitar os alunos/professores a usarem a tecnologia e as ferramentas disponíveis para o processo de ensino-aprendizagem de línguas. Encontramos na Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, que compreende o Curso de Letras, a exigência do currículo contemplar o uso das TICs e de metodologia, estratégias e materiais de apoio inovadores, conforme verificamos no documento: Art. 2º A organização curricular de cada instituição observará, além do disposto nos artigos 12 e 13 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, outras formas de orientação inerentes à formação para a atividade docente, entre as quais o preparo para: I - o ensino visando à aprendizagem do aluno; II - o acolhimento e o trato da diversidade; III - o exercício de atividades de enriquecimento cultural; IV - o aprimoramento em práticas investigativas; V - a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos curriculares; VI - o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores; VII - o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe. Portanto, podemos deduzir que cabe as Instituições de Ensino Superior oferecerem condições ao longo da formação dos futuros professores, enquanto

discentes, a oportunidade para adquirirem capacitação para utilizarem as ferramentas tecnológicas em ambientes de ensino-aprendizagem para fins educativos. Na verdade percebemos na nossa prática docente e também na convivência com professores de língua inglesa, deparamo-nos com muitos professores de língua inglesa que ainda não conhecem o termo LD e suas possibilidades e abrangência no processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa. Compreendemos que a formação digital deve contemplar não somente o uso do computador, mas também as possibilidades do uso da tecnologia na prática docente. Devemos então conceber o uso das tecnologias na educação de língua inglesa como uma ferramenta de ensino. Principalmente se os professores de língua inglesa observarem que a tecnologia introduziu os computadores em rede, e com isso, a comunicação mediada pelo computador vem se tornando uma possibilidade pedagógica a mais nos contextos de ensino de línguas. Freire (1999) aponta que as NTICs oferecem várias possibilidades pedagógicas, as quais os professores devem conceber e incorporar na prática docente para fins instrucionais. Os professores devem explorar ao máximo o potencial para o ensino de inglês e outras disciplinas. De acordo com Piava (2001) as NTICs proporcionam interações significativas para os alunos, pois no ambiente virtual o aluno os conhecimentos lingüísticos possibilitam a comunicação em contexto real. A autora destaca que quanto mais os alunos interagem mais confiantes eles ficam em relação ao conhecimento lingüístico, pois a interação privilegia a aprendizagem da língua estrangeira. Acreditamos então que os professores de língua inglesa devem ter consciência não somente das possibilidades do uso das NTICs mas também a repercussão de seu uso no ensino de língua inglesa. Então mediante o que foi discutido percebemos que o LD faz parte das competências necessárias, principalmente diante das exigências do mercado de trabalho e da sociedade na qual vivemos. Percebemos que o mercado de trabalho exige o LD, esta competência ainda não faz parte da formação do professor de língua inglesa. Sendo assim, destacamos novamente que se faz necessário abordar o termo LD e suas implicações durante a formação do professor de língua inglesa. Com isto o professor estará munido de conhecimento para poder manipular e utilizar na prática docente as inúmeras possibilidades que o computador oferece. Temos consciência que uma vez que o professor tenha o LD e utilize o computador para fins pedagógicos ele tem condições de analisar os prós e contras do recurso. A partir disto o professor provavelmente terá domínio suficiente para se arriscar, inovar, inventar, criar atividades e interligar as ferramentas com o conteúdo da maneira significativa e que possa realmente incorporar as NTICs na prática docente. Motta-Roth, Reis & Marshall (2007) indicam que o LD deve ser inserido na ambiente escolar e abordado na formação dos professores, e ainda, oferece sugestões para implementar o uso do computador no ambiente escolar : A falta de letramento digital de alunos e professores é sempre uma questão a ser analisada e enfrentada, tanto na formação de professores nos Cursos de Letras, quanto nos Projetos Político-Pedagógicos das escolas. O mesmo planejamento deve ser feito para que as escolas consigam encaminhar projetos de informatização de seus laboratórios de ensino. Além disso, em função de possíveis problemas com a demora de conexão ou arquivos pesados de imagem, uma equipe interdisciplinar, que combine professor(es) e técnico (s) é sempre necessária (MOTTA-ROTH, REIS & MARSHALL, 2007, p. 140-141). Vários pesquisadores e estudiosos investigam o LD e as NTICs na formação do professor e na prática docente (Leffa, (2001); Paiva, 2001; 2008; Buzato (2006,2008), a seguir apresentamos algumas preocupações da comunidade acadêmica nesta esfera.

Durante entrevista na EducaRede o professor Marcelo Buzato (2006) afirma que o LD é essencial pois, é um dos itens que permite a inclusão social tanto para os professores como para os alunos. De acordo com o professor Buzato, a definição de LD é ampla e abarca muitos aspectos relacionados ao uso do computador. Ele explica que LD é o conjunto de conhecimentos que permite às pessoas participarem nas práticas letradas mediadas por computadores e outros dispositivos eletrônicos no mundo contemporâneo. Ainda de acordo com o professor, é muito comum as pessoas interpretarem LD como um conhecimento técnico, que compreende o domínio das funções do computador. O professor Marcelo Buzato considera que LD está relacionado principalmente a habilidade em fazer uma leitura completa dos textos disponíveis e a partir destes compreender o conteúdo e elaborar conceitos. E ainda conhecer as normas existentes para poder comunicar-se com outros através do computador (Comunicação Mediada por Computador ou CMC). O professor Marcelo Buzato demonstra preocupação em relação a interpretação das pessoas de modo geral sobre o problema da exclusão digital Ele explica que há a crença de que comprar computadores para a população de baixa renda e ensiná-los a utilizarem alguns softwares, resolve e sana a exclusão digital. Ele afirma que certamente as ações de compra e educação para a população de baixa renda é um grande avanço. Porém, adverte que não se pode "letrar" antes de "alfabetizar". Ele tem esperança de que o MEC tome medidas que contemple a inclusão digital como prática social. Para isto, é necessário compreender que o computador é um item de grande importância e o LD ofereça condições para as pessoas se tornarem autônomas e transformarem as práticas sociais para assim desenvolver a cidadania. Diante do exposto, acreditamos que as NTICs fazem parte integrante na sociedade atual. Além disso, as NTICs apresentam interesses diversos e a escola é a maior responsável em nossa sociedade pela educação. Apontamos que o uso em ambientes escolares das NTICs devem ser direcionadas para práticas sociais, apoiada em uma visão crítica e emancipadora do ser humano. Pois assim a qualidade e a pertinência das aprendizagens que a escola promove irão constituir bases essências para a promoção de uma melhor inserção dos grupos populares no mercado profissional e nas organizações sociais. Conforme Leffa (2001) coloca: A integração da educação com a informação-comunicação precisa ter seu lugar repensado dentro das escolas. É preciso investir na formação dos professores, é essencial repensar o material didático para essa nova realidade. A educação escolar tem como um dos seus objetivos preparar a população jovem para a vida plena na cidadania, possibilitando a todos a posse da cultura letrada e dos instrumentos mínimos para a vida em sociedade (LEFFA, 2001). Justificamos a necessidade do professor de língua inglesa ter formação para utilizar as NTICs, isto é, ter LD, e assim, poder usufruir das NTICs e suas potencialidades. Pois assim, o professor de língua inglesa poderá estar apto a explorar e utilizar os recursos tecnológicos disponíveis na prática docente, conforme comentamos anteriormente, o processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa aliado as NTICs apresenta inúmeras possibilidades. Além disso, o professor de inglês deve estar preparado par enfrentar os novos paradigmas educacionais. Apresentamos a seguir um breve histórico do ensino de línguas estrangeiras mediado pelo computador com a intenção de demonstrar o crescimento e expansão do uso do computador nesta área, e reforçamos a importância e urgência do professor de língua inglesa ter formação adequada e estar munido do conhecimento necessário para utilizar o computador como ferramenta pedagógica para proporcionar o ensino de língua inglesa.

3. Prática de CALL: panorama histórico Warschauer & Healey (1998) apresentam uma introdução à história de aprendizagem de línguas mediada por computador. Os autores apresentam um panorama histórico e entrelaçam as fases aos períodos históricos, as tecnologias disponíveis, teorias de aprendizagem, e concepções de uso de computador no processo de ensino-aprendizagem. Levy (1997) explica que a denominação computer-assisted language learning (CALL) é a mais consagrada e utilizada na literatura internacional e nacional, portanto mantemos o acrônimo CALL para referimos a aprendizagem de línguas mediada por computador. Tomamos como base Warschauer & Healey (1998) e apresentamos a seguir as diversas possibilidades de utilização dos computadores para fins pedagógicos, principalmente no que concerne o ensino de língua inglesa. Os autores separam o uso do computador para o ensino de línguas em três fases: Primeira fase - behaviorista de CALL Segunda fase - comunicativa de CALL Terceira fase - integrativa de CALL A fase behaviorista (anos 50-60-70) é apoiada nas teorias behavioristas de aprendizagem, com atividades lingüísticas de repetição. Os autores apontam que neste período o computador era concebido com um tutor mecânico, uma vez que o computador repetia incansavelmente a mesma prática até o aluno acertar, isto permitia que cada aluno desenvolvesse as atividades no próprio ritmo e tempo ritmo. No contexto de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, percebe-se que o uso do computador é um fenômeno antigo. Segundo Levy (1997), data-se o início do ensino de línguas mediado por computador com a implementação do projeto PLATO (Programmed Logic for Automatic Teaching Operations), em 1960, na Universidade de Illinois. Para Levy (1997), a década de 70 é um marco, pois, as abordagens pedagógicas humanísticas florescem e com isto percebe-se a queda do domínio do modelo behaviorista, considerado até então como paradigma do ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras. O autor sugere que as abordagens pedagógicas humanistas cresceram devido às teorias de linguagem que enfatizavam o uso interativo nos contextos sociais daquele momento. A autor indica ainda que estes fatores trouxeram novas perspectivas no âmbito de ensino-aprendizagem de línguas resultando no surgimento da abordagem comunicativa. A segunda fase denominada de Comunicativa (anos 70-80) tenta reproduzir o ensino-aprendizagem de línguas conforme os conceitos e preceitos das teorias da abordagem comunicativa. Esta fase focava principalmente em ensinar o uso de formas, e não as formas da língua, com gramática menos aparente (implícita), e assim os alunos eram incentivados a produzirem estruturas/frases originais, e interação entre os alunos. Para Warschauer & Healey (1998), a abordagem comunicativa de ensino de línguas, introduziu nova utilização do computador no ensino de línguas, e não se restringiu apenas aos exercícios automatizados existentes na fase anterior. Então surge nos anos 80 o uso instrucional dos computadores. Na visão dos autores os programas educacionais para aprendizagem de inglês em multimídia representam um grande avanço mesmo quando estes têm como foco exercícios de gramática e vocabulário do tipo drill.

Os autores apontam que um dos desdobramentos deste período foi a adoção na prática de CALL de jogos e simulações com um alto nível de sofisticação. Então o ao aluno pode trabalhar tanto individualmente como em grupo e ter acesso a muitas e variadas informações lingüísticas e culturais, e ainda os programas para ensino de pronúncia nos quais os dispositivos visuais, gravação e reprodução de sons.são combinados. Levy (1997) sugere que, simultaneamente às transformações no âmbito das teorias sobre a aprendizagem de línguas, ocorria também no início da década de 80 um crescimento significativo na prática de CALL. O autor atribui este crescimento ao advento dos microcomputadores, que ficaram mais populares. A terceira fase é a Integrativa (do final dos anos 80 até hoje), CALL Integrativa, que é a que vivenciamos agora, caracterizada por abordagens baseadas no uso de computadores multimídia e a internet. Esta fase envolve tarefas e projetos, com utilização de multimídia e Internet, com ambientação mais autêntica, integração de habilidades lingüísticas e, também, melhor controle de alunos e conteúdos. Esta fase proporciona a possibilidade de estabelecer comunicação 24 horas por dia, de maneira síncrona ou assíncrona e ainda de forma rápida, conveniente e barata com nativos da língua que se deseja aprender. É possível interagir com várias pessoas simultaneamente utilizando os recursos trazidos pela tecnologia integrando a leitura, escrita e habilidades orais, devido aos recursos tecnológicos sons, vídeo, animações, textos e gráficos. Paiva (2009) comenta sobre os estudos e projetos em andamento no Brasil e a utilização da web no ensino de língua inglesa na atualidade: Com as novas ferramentas para interação e com o material para ensino de inglês publicado na web, nossos alunos, pela primeira vez, foram capazes de desenvolver atividades lingüísticas diferentes daquelas dos livros didáticos. Eles passaram a interagir com outros falantes por email e chat, deixando de ser meros repetidores ou simuladores para se tornarem agentes no uso da língua, ou seja, usuários da língua em práticas sociais reais da linguagem (PAIVA, 2009). Para Warschauer & Healey (1998) o advento da internet o computador passa a ser considerado a ferramenta que promove e possibilita o processamento e exibição de informação. Os autores sugerem que a Internet re-construiu e remodelou a prática de CALL. Mediante o que foi exposto e por acreditarmos que a Internet proporciona um espaço que privilegia o ensino de língua inglesa, portanto trataremos a seguir sobre as possibilidades de utilizar a Internet no ensino de língua inglesa. 4. Internet no Ensino de Inglês: ferramenta pedagógica O impacto da Internet e da World Wide Web (WWW) no contexto de ensino e aprendizagem de línguas tem chamado a atenção de diversos pesquisadores (FEFFA 2006; LEVY, 1997; PAIVA, 2001; 2009 WARSCHAUER, 1998; 2000), no que diz respeito à necessidade de se integrarem as potencialidades dos recursos tecnológicos ao ensino e à aprendizagem de línguas e a formação dos professores, que devem preparados e ser capacitados para incluir a internet em suas práticas pedagógicas. Levy (1997) considera a Internet o artefato tecnológico de maior relevância e maior impacto da década de 90. Para o autor o e-mail e a internet introduziram novas possibilidades para o processo de aprendizagem. O autor explica que o email e a Internet rompem os limites tradicionais da sala de aula e expandem o ambiente de aprendizagem. Ao romperem com os limites tradicionais da sala de aula, professores e

alunos têm oportunidade de irem explorarem novos ambientes Isso possibilita, por exemplo, a participação ativa de falantes nativos da língua no processo de aprendizagem. Compreendemos que a Internet é um espaço que pode ser utilizado em várias áreas, desde serviços, no comércio e no âmbito educacional. Conforme comentamos anteriormente para utilizar ao máximo as potencialidades disponíveis na Internet, fazem-se necessários professores letrados digitalmente e capazes de utilizar a Internet na prática docente como ferramenta pedagógica, e aproveitar o que de melhor a Internet tem a oferecer. Braga (2007) comenta sobre as mudanças nas práticas de ensino que são resultantes do computador e da Internet: A Internet afeta as práticas de ensino de três maneiras distintas: possibilita a comunicação a distância (em tempo real ou não); propicia ferramentas técnicas que facilitam a produção de textos hipermídia; abre o acesso a um banco de informações potencialmente infinito, disponível na rede mundial de computadores (www). Como era de se esperar, esse conjunto de possibilidades criou novas práticas letradas e também re-configurou e resignificou prática já existentes (BRAGA, 2007. p. 182). A internet como ferramenta de ensino na sala de aula pode ser utilizada de diferentes formas, tais como: pesquisas na web, utilização de sites educacionais, elaboração de projetos e fóruns, criação de homepages e possibilidades ainda desconhecidas. Motta-Roth, Reis & Marshall (2007) descrevem a implementação de uma proposta pedagógica baseada no gênero página pessoal. As autoras explicam que a atividade com o gênero página pessoal é proposta no curso WebEnglish, um curso de Inglês como Língua Estrangeira mediado por computador, semi-presencial, elaborado com o objetivo de proporcionar aos alunos noções básicas das funções lingüísticas utilizadas na Internet, a comunicação eletrônica, a navegação e a pesquisa na WWW. No final do curso e baseadas em dados e depoimentos dos alunos participantes, Motta-Roth, Reis & Marshall (2007) tecem algumas considerações sobre a experiência e a Internet como um espaço que possibilita o acesso a recursos que anteriormente eram inimagináveis. As autoras indicam que a Internet é um espaço favorável para o ensino de língua inglesa, porém não se restringe apenas aos aspectos linguísticos, uma vez que os alunos podem se deparar com costumes e valores de outras culturas ao interagirem com falantes da língua inglesa de diversos lugares do mundo. O LD também é mencionado pelas autoras como um requisito para a inclusão da Internet como ferramenta pedagógica. Discorremos anteriormente sobre o LD e a importância da formação dos professores, pois, assim como, Motta-Roth, Reis & Marshall (2007) acreditamos que o LD possibilita a utilização da Internet como ferramenta pedagógica para proporcionar ao aluno o acesso à inúmeras possibilidades de aprendizagem está disponível na Internet. Warschauer (2000) assegura que a Internet está se tornando um dos principais meios de letramento e prática de comunicação. O autor explica que por isso os professores de língua inglesa, desde a década de 90, tentam utilizar a Internet para promover a aprendizagem. Retomamos, novamente, neste momento a nossa visão sobre LD e formação de professores, assim como o autor, acreditamos que todos os professores devem rumar para o LD, a fim de que possam incorporar os avanços tecnológicos disponíveis e usá-los como recursos pedagógicos nas aulas a fim de aprimorar o processo de ensino e aprendizagem. Paiva (2001) discorre sobre sua experiência de ministrar uma disciplina de língua inglesa que tem por objetivo desenvolver habilidades de leitura e escrita em

inglês utilizando as NTICs, neste caso, computadores ligados à Internet, por meio do o email, o chat e a WWW. Paiva (2001) relata sobre os aspectos negativos e positivos da sua experiência e destaca a flexibilidade de tempo e espaço como uma das características inovadoras desse novo modelo de curso. A autora afirma que a web é um espaço que deve ser reconhecido como um espaço rico pelas possibilidades e oportunidades para o desenvolvimento e construção de conhecimento. A autora aponta que os usuários precisam estar dispostos a superar os possíveis pontos negativos que podem surgir ocasionalmente no decorrer do curso. A autora comenta sobre os índices de desistência e explica o motivo que leva os alunos a desistirem. De acordo como os dados apresentados o motivo de desistência é sempre o mesmo a impossibilidade de ficar várias horas em frente à tela do computador. Isto ocorre devido ao fato de muitas atividades direcionarem os alunos a visitar alguns sites e a lentidão e demora de visualizar estes sites, provocando muito desgaste nos alunos. Apresentamos o exemplo citado em Paiva (2001): No primeiro semestre de 2000, por exemplo, matricularam-se 45 alunos, destes, 12 nunca se manifestaram, dos 33 restantes, apenas 22 chegaram ao final do curso. Houve cerca de 50% de desistência. O motivo é sempre o mesmo a impossibilidade de ficar várias horas em frente à tela do computador. Os alunos que utilizam email gratuito, tipo hotmail, são obrigados a ler as mensagens em páginas da web, o que significa gastar muito tempo para a exibição de cada uma delas. A lentidão da Internet os deixa ansiosos e cansados. O mesmo acontece com a demora em visualizar alguns sites que eles devem visitar. Alguns participantes também demonstram insatisfação com a leitura de textos na tela (PAIVA, 2001). Para Cunha (2008) devido ao avanço das modernas tecnologias, estão disponíveis diversos meios que permitem ao professor fazer chegar até o estudante as informações necessárias para a sua formação. Sendo assim, podemos afirmar que Ao utilizar e incorporar a internet como recurso pedagógico, o professor está disponibiliza ao aluno o acesso às inúmeras possibilidades de aprendizagem e à produção de conhecimento. Por isso, é necessário que o professor renove o seu método de ensino para poder atuar em um contexto social e cultural que exige, cada vez mais, a inclusão de recursos tecnológicos. 5. Considerações finais O presente estudo teve a intenção de demonstrar a importância e relevância do LD na atualidade e no contexto escolar. Detectamos também que a falta de LD impossibilita a utilização e incorporação das NTICs no processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa. Portanto podemos afirmar que se faz necessário inserir urgentemente as diversas tecnologias da informação e das comunicações no Curso de Letras. Traçamos um panorama histórico do CALL com a intenção de mapear o uso do computador no processo de ensino-aprendizagem de línguas e as diversas possibilidades pedagógicas do computador neste processo. Com isto, pudemos visualizar o longo caminho percorrido, e acreditamos ainda que o uso e inserção das NTICs no processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa apresentará novas possibilidades pedagógicas no futuro. Compreendemos que cabe ao professor, incorporar as NTICs no ambiente de ensino-aprendizagem de línguas. Além disso, o professor deve introduzir as novas dimensões e perspectivas que os recursos tecnológicos oferecem e aliar esta concepção

aos novos paradigmas educacionais resultantes das NTICs e da Internet. Podemos afirmar neste momento que a utilização das NTICs depende do LD, que por sua vez pode constituir um ambiente de ensino-aprendizagem transformador e emancipador, oferecendo assim, possivelmente, alternativas para solucionar diversos problemas educacionais. A nossa vivência e experiência na educação como docentes e alunos permite acreditar que para obter resultados positivos no ensino de língua estrangeira mediada pelo computador, é necessário que os professores e alunos dominem o uso dos computadores, isto é, devem ser letrados digitalmente. É de senso comum que muitos professores atuantes rejeitam as NTICs, vários são os fatores, provavelmente o fato de não serem letrados digitalmente os levem a rejeitar. Porém, notamos também que rejeitar as NTICs é ser condenado a ficar para trás, defasado e atrasado, por isso apoiamos que os professores em serviço devem buscar o LD para assim reverterem este quadro que alguns se encontram, e para evitar que os futuros professores encontram-se na situação atual o LD em pré-serviço é recomendado. Concebemos que o LD concerne desenvoltura com o uso da rede, isto é, ter a habilidade de filtrar e avaliar criticamente para poder construir sentidos a partir de textos e informações disponibilizados eletronicamente. Neste trabalho pesquisamos e encontramos várias referências bibliográficas na Internet, e podemos assegurar que o LD nos permitiu encontrar e selecionar os textos que citamos na referência bibliográfica. Referências Bibliográficas BRASIL, CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃOCONSELHO PLENO Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf Acesso em: 16/08/2009 BRAGA, D.B. Prática Letradas Digitais: Considerações sobre Possibilidades de Ensino e de Reflexão Social Crítica. In: ARAUJO, J. C. Internet e Ensino novos gêneros, outros desafios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007. BUZATO, M. E. K. Letramentos Digitais e Formação de Professores. III Congresso Ibero-Americano EducaRede. Educação e Internet: A Formação do Professor Autor. São Paulo, 2006a. Disponível em: http://www.educarede.org.br/educa/img_conteudo/marcelobuzato.pdf Acesso em: 10/07/2007. BUZATO, M. E. K. Letramento digital e conhecimento. São Paulo, 2006b (entrevista). Disponível em: http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.informatica_principal &id_inf_escola=14 Acesso em: 10/07/2009. BUZATO, M. E. K. INCLUSÃO DIGITAL COMO INVENÇÃO DO QUOTIDIANO: UM ESTUDO DE CASO Revista Brasileira de Educação, maio-agosto, vol. 13, número 38 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação São Paulo, Brasil pp. 325-342 2008. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rbedu/v13n38/10.pdf. Acesso em: 10/08/2009.

CUNHA, D. S. W. Ensino-aprendizagem e as novas TICs. Ribeirão Preto: Faculdades COC. Material instrucional desenvolvido para o curso de pós-graduação Lato Sensu em Educação a Distãncia da Faculdade Interativa COC, 2008. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999. LEFFA, V. J. Aspectos políticos da formação do professor de línguas estrangeiras. In: LEFFA, Vilson J. (Org.). O professor de línguas estrangeiras; construindo a profissão. Pelotas, 2001, v. 1, p. 333-355. Disponível em: http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/formacao.pdf Acesso em: 21/07/2009 LEFFA, V. J. A aprendizagem de línguas mediada por computador. In: Vilson J. Leffa. (Org.). Pesquisa em lingüística Aplicada: temas e métodos. Pelotas: Educat, 2006, p. 11-36. Disponível em http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/b_leffa_call_hp.pdf Acesso em 21/07/2009. LEFFA, V. J. Seminário de Tópico Variável em Linguagem e Tecnologia: Visão Panorâmica sobre o Ensino de Línguas Mediado por Computador. Pauta Básica para entrevista História do ELMC no Brasil. Universidade Federal de Minas Gerais UFMG / Faculdade de Letras FALE, 2008. Disponível em: http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache:kpqicznf15oj:br.geocities.com/danierveli n/questionariosprofessores/questionariovilsonleffa.pdf+pauta+b%c3%81sica+p ARA+ENTREVISTA+%E2%80%93+HIST%C3%93RIA+DO+ELMC+NO+BRASIL &hl=pt-br&gl=br Acesso em: 15/07/2009. Levy, M. Computer-Assisted Language Learning: Context and conceptualisation. Oxford : Oxford University Press, 1997. Disponível em: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=809559&p review=1&sid=8952432261187860003627567&k5=3446492b&uid Acesso em: 10/07/2009. MOTTA-ROTH, D.; REIS, S. C. dos; MARSHALL, D. O Gênero Página Pessoal e o Ensino de Produção Textual em Inglês. In: ARAÚJO, J. C. (org.). Internet & Ensino - Novos Gêneros, Outros Desafios. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007, pp. 126-143. PAIVA, V. L. M. O. APRENDENDO INGLÊS NO CIBERESPAÇO. In: PAIVA, V.L.M.O. (org.) Interação e aprendizagem em ambiente virtual.belo Horizonte: Faculdade de Letras/UFMG, 2001. (Estudos Lingüísticos; I) p. 270-305 PAIVA, V. L. M. O. O USO DA TECNOLOGIA NO ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: breve retrospectiva histórica. (submetido à publicação 2008) Disponível em: http://www.veramenezes.com/techist.pdf Acesso em 21/07/2009 PAIVA, V. L. M. O. O computador: um atrator estranho na educação lingüística na América do Sul. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na Educação. v.1, n.1. 2009.

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