Biomassa Financiar uma Fonte Limpa de Produção Energética Carlos Firme 07 de Julho de 2010
Índice 1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis 2. A Emergência de um novo tipo de investidor 3. Os Economics do Sector da Biomassa 4. O Impacto da Crise Financeira Internacional 5. Conclusões 2
Pontos chave Alteração do relacionamento tradicional entre Empresas Promotoras de projectos e Bancos Financiadores. Alteração da forma de financiamento dos projectos. Aparecimento de um novo tipo de investidor híbrido, com competências técnicas e financeiras, que investe e financia projectos de energia renovável. Proliferação de instrumentos, optimizando a assunção de riscos em função do retorno esperado e disponibilizando um leque mais alargado de fontes de financiamento. A nível internacional, já são vários os fundos dedicados a energias renováveis. Portugal tem que estar preparado para adoptar constantemente as melhores práticas a nível internacional de forma a permanecer competitivo na captação de investimento neste sector, numa óptica de incentivos e regulação. 3
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis O contexto das Energias Renováveis Evidência das Alterações Climáticas é incontornável Necessidade de redução da emissão de GEE implica a necessidade de alteração do paradigma energético Governos estão a incentivar o uso das energias renováveis Energias renováveis transaccionaram a prémio face aos demais produtores de energias Utilities fizeram spin-off das unidades de renováveis para capitalizar o prémio de mercado 4
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis Investimento Novo (Global) em Energias Renováveis O Capital investido em energias renováveis tem crescido rapidamente A percentagem do investimento em energias renováveis vs energias fósseis passou de: 2000 ~= 2% 2007 ~= 30% 2012 ~= 60% Fonte: New Energy Finance 5
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis Investimento Global em Energias Renováveis A energia eólica foi a que se consolidou mais cedo, atraindo os maiores montantes de investimento Progressivamente os biocombustíveis ocuparam maior fatia, tendo essa tendência sido invertida já em 2008 A energia Solar PV e STP têm ocupado uma maior fatia em 2007 e especialmente em 2008 Fonte: New Energy Finance 6
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis Investimento Global em Energias Renováveis O investimento acumulado em Energias renováveis até finais de 2008 ascendeu a $535,7 Bln A AIE projecta investimentos substanciais até 2050 necessários para manter a emissão de CO2 aos níveis actuais O Cenário ACT (investimento nas tecnologias existentes prevê necessidades de $ 17 Trl entre hoje e 2050, uma média de $ 400 Bln por ano O Cenário BLUE (investimento em tecnologias futuras, incluindo aquelas que ainda não são competitivas no mercado) prevê investimentos adicionais de $ 45 Trl entre hoje e 2050, uma média de $ 1,1 Trl por ano Fonte: New Energy Finance para investimento acumulado; AIE, Energy Technology Perspectives 2008 para projecções de investimento 7
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis O que vai comandar o investimento em Energias Renováveis? Procura A subida da utilização de energia em países em desenvolvimento Carros por 1000 pessoas em 2008: EUA = 765, India = 12; China = 10 Ambiente O Impacto das alterações climáticas provoca alteração dos combustíveis fósseis para fontes de energia com impacto mínimo de emissões Emissões de CO2 (lbs por BTU): Carvão = 208; Gás = 117; Solar/Eólico = 0 Segurança Desenvolvimento de fontes internas reduz fricções geopolíticas A maioria dos combustíveis fósseis é importado de regiões politicamente instáveis Custo O custo marginal das energias renováveis decresce à medida que as tecnologias são escaláveis 8
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis O crescimento da produção eléctrica através de Biomassa 9
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis A produção eléctrica global através de Biomassa 10
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis Usos de Biomassa na Europa 11
1. A Biomassa no Contexto das Energias Renováveis Perspectivas da Biomassa As tendências da Biomassa são todas positivas e apontam para um significativo crescimento nas próximas duas décadas: a capacidade global deverá, no mínimo, triplicar até 2030. O comércio internacional de fontes combustíveis de Biomassa deverá incrementar, o que poderá viabilizar centrais de Biomassa de larga escala, já que permitirá o acesso a fontes fiáveis de Biomassa não acessíveis localmente. Deverão existir investimentos no desenvolvimento da tecnologia, para permitir centrais de larga escala, que podem beneficiar de maior eficiência e outras economias de escala. É expectável a existência de centrais com centenas de MW nos próximos 10 anos. O crescimento das centrais de Biomassa vai depender em grande medida da existência de culturas energéticas, que tenderão a competir com os biocombustíveis. 12
2. A emergência de um novo tipo de investidor Características dos Projectos de Energia Renovável Os projectos de Energia Renovável apresentam as seguintes características típicas: Necessidade inicial de investimento elevado em capital fixo e prazo de exploração de longo prazo Forte dependência da regulação, nomeadamente ao nível tarifário Forte influência do desenvolvimento tecnológico para garantia da sustentabilidade financeira A captação de financiamento e o custo do financiamento influenciam o sucesso do projecto 13
2. A emergência de um novo tipo de investidor Abordagem tradicional na relação Promotor Banco Financiador Promotores com know-how técnico Procura de financiamento sem conhecimento aprofundado dos produtos financeiros disponíveis Promotor focado no desenvolvimento de projectos integrado numa lógica empresarial Produtos financeiros standardizados e pouco flexíveis Profissionais com conhecimento técnico reduzido nas especificidades de cada sector Possível recurso a garantias reais e ao balanço da empresa 14
2. A emergência de um novo tipo de investidor Novo tipo de investidor em Energias Renováveis Fundos Especializados Novos playerstornam o mercado mais competitivo, através de operações mais sofisticadas e captura de valor accionista 15
2. A emergência de um novo tipo de investidor Segmentação das Tecnologias renováveis por estádios de maturidade Maturidade Tecnologia Start-up Tecnologia Emergente Tecnologia Madura Solar PV Biomassa Eólica Geotermica Hidrica Ondas & Marés Solar Termica Tempo As tecnologias mais maduras têm menor risco e suportam maior alavancagem financeira. Para as tecnologias emergentes, com maior risco, o financiamento através de Venture Capital assume maior importância 16
2. A emergência de um novo tipo de investidor Risco-retorno em fundos especializados 17
2. A emergência de um novo tipo de investidor O que é fundamental nas parcerias? Management Track Record Processo de análise/controlo de qualidade Capacidade de realização Business Plan Qualidade do Activo/projecto Compreensão dos fundamentais e das tendências do sector Como vai fazer dinheiro? Valorização de mercado ou crescimento do bottom line? Alinhamento com os interesses dos investidores Estão os incentivos financeiros alinhados para o sucesso no LP? 18
3. Os Economics do Sector da Biomassa Principais aspectos do Sector da Biomassa A produção de energia através de Biomassa engloba uma grande variedade de tipos de Centrais que utilizam diversas fontes de energia. O custo do combustível destas fontes varia enormemente, de cerca de zero para resíduos até dezenas de euros por tonelada para culturas dedicadas. Em alguns casos, em que o combustível é um materialquetemdeserdestruídoouconfinado,ocustopodeatésernegativo. O custo da electricidade produzida por qualquer central depende tanto do custo de capital de construir a central e do custo de operar a central. A principal componente do custo de operação será geralmente o custo do combustível mas também inclui os custos de operação e manutenção. O custo de capital da central de Biomassa depende da tecnologia envolvida. A existência de feed-in tariffs para a venda de electricidade e a limitação do feed-stock das centrais coloca o poder do lado do fornecedor de matéria prima, colocando em causa a rendibilidade do investidor. 19
3. Os Economics do Sector da Biomassa A gestão do Feed Stock é crítica Verão e Inverno 20
4. O Impacto da Crise Financeira Internacional Financiamento de projectos 21
4. O Impacto da Crise Financeira Internacional Custo do Capital Evolução do prémio de risco (1) Taxa de juro sem risco 10 anos (2) O forte aumento do Prémio de Risco (ainda que actualmente se encontre a níveis inferiores aos do auge da crise financeira) praticamente compensou a descida da Taxa de Juro sem Risco para mínimos históricos. Fonte: (1) Barclays Capital (2) Bloomberg 22
4. O Impacto da Crise Financeira Internacional Custo do Capital Evidência empírica Energias Renováveis Taxa de juro s/ risco Equity premium Beta Cost of Equity 1,061 10,30% 2007 Energia Eólica 1,016 10,03% Aumento muito 3,93% 6,00% Energia Solar na na significativo do Cost of Equity Biofuels na na Mercado 3,93% 6% 1 9,93% 2010 Taxa de juro sem risco Equity premium Beta Cost of Equity Energias Renováveis* 1,385 12,80% Energia Eólica** 1,169 11,20% 2,55% 7,40% Energia Solar*** 1,51 13,72% Biofuels na na Mercado 2,55% 7,4% 1 9,95% Diferencial Energias Renováveis 2,50% Energia Eólica 1,17% Energia Solar na Biofuels na Mercado 0,02% 23
4. O Impacto da Crise Financeira Internacional Medidas de Incentivo 24
5. Conclusões Conclusões O investimento em Energia tem crescido de forma sustentada, com o investimento em Energias Renováveis a ocupar uma percentagem crescente do capital aplicado. A experiência na alocação de grandes somas de capital em conjunto com expertise específico nas áreas de tecnologia, energia em geral e financeira colocam o Private Equity num papel central no crescimento das energias renováveis e nas infra-estruturas de baixa intensidade de carbono. Novos Fundos obrigam regiões a concorrer para atrair e captar investimento, criando condições para os investidores (incentivos e regulação transparente e estável), dada a visão global. Os economics do sector, com forte dependência do fornecimento de feed-stock e um regime tarifário pouco flexível à utilização de fontes alternativas à Biomassa florestal, colocam em causa a realização dos projectos. 25