Muito além do jardim, a paisagem desconstruída



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Transcrição:

ABR. MAI. JUN. l 2007 l ANO XIII, Nº 49 l 127-134 INTEGRAÇÃO 127 Muito além do jardim, a paisagem desconstruída SAIDE KAHTOUNI* Resumo l O texto pretende contribuir para a compreensão da paisagem como a materialização dinâmica dos processos naturais e antrópicos, hoje em dia cada vez mais associados. Ao longo do tempo, os conceitos de paisagem, vinculados ao bucolismo dos séculos passados, foram sendo superados, e a compreensão das formas de territorialização paisagística e de sua interação nos processos antrópicos vai sendo trabalhada a partir de novos parâmetros. O texto visa também a esclarecer confusões conceituais ainda bastante recorrentes entre horticultura e arquitetura paisagística, no campo da arquitetura e urbanismo. Palavras-chave l paisagem, paisagismo, arquitetura paisagística. Title l Far Beyond the Garden: the Desconstructed Landscape Abstract l This article aims and contributing for the understanding of landscape as the dynamica materialization of natural and anthropological processes, nowadays extremely connected to one another. Through the ages, the concepts of landscape connected to rusticism in past centuries were gradually surpassed, and the comprehension of landscape spaces and its interaction in the anthropological processes has been dealt with based on new patterns. This article also aims at making clear some conceptual misunderstandings still often found in gardening and landscape architecture, in the fields of architecture and city planning. Keywords l landscape, landscape planning, landscape architecture. 1. paisagem, paisagismo e arquitetura paisagística Retomo aqui alguns conceitos regularmente repetidos por vários anos a meus alunos da graduação, para os quais faço questão de diferenciar a idéia de paisagem da idéia de um jardim. O jardim, criação humana, é parte da paisagem, considerando-se, do ponto de vista geográfico e arquitetônico, o conceito de paisagem de uma forma mais ampla, terreno sobre o qual venho trabalhando desde final da década de 80, a partir dos estudos para a dissertação de mestrado, concluída em 1993 (Kahtouni, 1993). Nesse trabalho, realizado há mais de dez anos, já considero, no estudo da origem da nossa palavra paisagem, a origem latina da palavra pagense, que designava território rural. E sabemos quanto os romanos transformaram e cortaram os territórios conquistados e transformados em campos Data de recebimento: 31/01/2007. Data de aceitação: 09/02/2007. *Doutora pela FAU-USP, professora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo Stricto Sensu da USJT. E-mail: prof.saidearquitet@usjt.br. agriculturáveis. Ali, há dois mil anos, se implantavam os predios, terrenos divididos e distribuídos a senhores que seriam os responsáveis por sua manutenção e pagamento de tributos das colheitas ao Império. Nada mais artificial do que um campo romano. Suas marcas encontram-se ainda hoje no território europeu. Por sua vez, concentrados nos peristilos, os jardins e fontes privados não teriam relação alguma com a idéia de pagense, do trabalho e da transformação, para a colheita e o crescimento do Império, que se sustentava dessa espécie de organização produtiva. Mesmo na Mesopotâmia, na terra árida que abrigou os primeiros jardins mais próximos dos ocidentais, o estabelecimento de redes de canais para a irrigação das colheitas e o controle da utilização das águas necessárias ao abastecimento das plantações possibilitavam a criação desses locais aprazíveis, de rara beleza e possibilidades estéticosensoriais, reservadas a alguns privilegiados, com tempo para o ócio. Assim, contraditoriamente, a palavra paisagem nasce da idéia de campo trabalhado e repartido em posses, e não de jardim, como se pensa. O jardim ao longo da história caracterizou-se como território recluso, reservado, propício à meditação,

128 INTEGRAÇÃO KAHTOUNI l Muito além do jardim ao idílio e às primeiras atividades acadêmicas, na Grécia, reservadas a poucos eleitos. Em sua origem está ligado à nobreza, ao tempo de contemplação e até de dedicação religiosa. Muito diferente do campo trabalhado, por onde todos comumente passavam ou ali viviam. Burle Marx, o grande jardineiro e artista plástico do século XX, de sua extrema sensibilidade, trouxe-nos essa definição contemporânea e aberta de paisagem, coletada dos lingüistas: Refere-se ao sentido da visão e representa tudo aquilo que é possível abarcar com o olhar, tudo aquilo que pode ser descortinado de um determinado lugar, sinônimo de panorama, de vista (Burle Marx, 1987, p. 55). O geógrafo Milton Santos apresenta-nos, em seus inúmeros textos, bastante conhecidos, a paisagem como resultado formal da acumulação de tempos, e que compreende os objetos naturais e os objetos sociais. Retomo um pouco dessa discussão em meu texto Por uma arqueologia da paisagem como instrumento do projeto ambiental (Kahtouni, 2006), tentando traçar uma trajetória, ainda muito superficial- sobre a contribuição das geografias para a redefinição de nosso objeto: a paisagem. Nesse texto faço questão de destacar a singularidade do território americano, com toda a vastidão e riquezas naturais ainda presentes, muito diferente do mundo mais antigo. É nesse novo mundo, que se dá o nascimento do que se chamou arquitetura paisagística nos meados do século XIX 1. Nessa nova nação, construída por imigrantes de orientações religiosas, em sua maioria, protestantes, surge a idéia do jardim trabalhado, da horta, da pequena produção. Algo muito diferente, cultural e historicamente, do jardim idílico dos primórdios. Da necessidade de descoberta de novas fontes alimentícias e da sobrevivência em território novo e rude, surge o interesse pela botânica aplicada, em terras que proporcionaram a descoberta da batata e do milho, alimentos que somente depois se difundiram pela Europa. Mas o mais importante é compreender o deslocamento, a partir do século XX, da idéia de paisagem vinculada ao campo, para a idéia de paisagem urbana, considerando, desde o princípio, as cidades como as grandes edificações do homem, também sinônimos da paisagem cultural. O modernismo, trazendo o desenho-desígnio de uma nova cidade, compartilhada por todos em suas benesses, em seus jardins, não mais reclusos, mas comuns e acessíveis a todos, traz à tona a discussão entre as relações da arquitetura com a natureza dos lugares. Clássica e apolínea em suas proposições, a cidade moderna traz o sonho do paraíso terrestre construído de forma planejada. Trabalha a dualidade da intervenção humana por suas tecnologias e a construção de uma segunda natureza, bela e domesticada, que cerca suas construções. Pensar só os edifícios não mais bastava. Pensar as pontes, ruas, estradas e setores industriais não mais seria suficiente. Era importante conjugar em um gesto único a composição, que agora abarcaria também essa paisagem construída. E, para tanto, intervir sobre a questão fundiária, agrupando e extinguindo o lote privado... Em seu texto que trata das unidades de paisagem, Le Corbusier discorre, na década de 40, a respeito da importância dos fatores da natureza sobre a composição das cidades novas, regidas pelo sol. A presença da vegetação, da luz solar e dos bons ventos era paradigma para seu urbanismo. Em 1925 revelava em sua primeira obra específica de urbanismo, o livro Urbanismo, a sua admiração pela cidade de Istambul, onde brotava, em meio às construções, a vegetação. A partir da década de 20, houve um intenso intercâmbio de nossos jovens intelectuais com as vanguardas européias e americanas do movimento moderno. As informações fluíam consideravelmente, as polêmicas avançavam e havia uma efervescência cultural jamais vista em São Paulo e na capital federal, o Rio de Janeiro. A implantação do projeto do antigo Ministério da Educação e Saúde, entre 1929 e 1938, reunindo jovens arquitetos brasileiros em torno de uma idéia de Le Corbusier, pensada para um outro terreno quando aqui esteve, criou um ícone edificado, mesmo que de forma ainda isolada, a alimentar uma série de discussões, artigos e projetos futuros, como o da nova capital, Brasília, que sucederia, décadas depois. Os anos 30, com o projeto e a construção do Ministério, foram riquíssimos para a formulação de novas políticas e a adequação das leis brasileiras,

ABR. MAI. JUN. l 2007 l ANO XIII, Nº 49 l 127-134 INTEGRAÇÃO 129 da preocupação com o patrimônio ambiental e cultural do país e também no sentido das regulamentações das profissões. Os ideais dessa nova forma de ver a arquitetura e o urbanismo são registrados nesse novo conjunto de leis e regulamentações no governo de Getúlio Vargas. Para os arquitetos, ainda vinculados à engenharia, surge a primeira regulamentação profissional, pelo Decreto Federal nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. Esse decreto, em seu Capítulo IV. Das Especializações Profissionais, diz: [...] Art. 30 consideram-se da atribuição do arquiteto ou engenheiro-arquiteto: a. o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção de edifícios, com todas as suas obras complementares; b. o estudo, projeto, direção, fiscalização e construção das obras que tenham caráter essencialmente artístico ou monumental; c. o projeto, direção e fiscalização dos serviços de urbanismo; d. o projeto, direção e fiscalização das obras de arquitetura paisagística e. o projeto, direção e fiscalização das obras de grande decoração arquitetônica; f. arquitetura legal, nos assuntos mencionados nas alíneas a a c deste artigo. g. perícias e arbitramentos relativos à matéria de que tratam as alíneas anteriores [...] Este texto até hoje é válido, e será provavelmente rediscutido dentro do processo de reagrupamento da classe profissional em torno de um Conselho próprio, iniciado há poucos anos. Na década de 50, Garret Eckbo considerava que o campo da arquitetura paisagística engloba a arquitetura, a natureza, a história e a sociedade, devendo cada qual ser compreendida em seu papel diferenciado, integrada e equilibradamente: A paisagem antrópica é a expressão das forças sociais no mundo natural. Definia a arquitetura paisagística como aquela parte da paisagem que o homem desenvolve e conforma, mais além das edificações, estradas e serviços e até mesmo a natureza selvagem, que em primeiro termo se desenha como um espaço para que viva o homem... (Eckbo, 1950). Então, todas as atividades ligadas à construção de espaços, instalações, infra-estruturas podem ser consideradas participantes e configuradoras da paisagem. A multidisciplinaridade cada vez mais se faz necessária, pelas diversas interfaces deste campo de trabalho projetual (biologia/botânica, agronomia, geologia, geografia, e outras). Estava posta a questão da transdisciplinaridade. No Brasil, vasculhando na década de 80 alguns relatórios técnicos da Cetesb, encontro o termo macropaisagem como explicitação de um conceito que extrapola o domínio somente visual, mas supõe uma unidade maior, caracterizada pelo conjunto dos componentes naturais e sociais, articulados num determinado contexto espacial e temporal. Abarca-se a região, através das possibilidades técnicas trazidas pelos satélites e fotos aéreas mais precisas. A herança dos primeiros trabalhos do geógrafo Aziz Ab Saber e do arquiteto Fernando Chacel estava aí presente, registrada nos primeiros estudos paisagísticos de grande abrangência, para a Companhia de Eletricidade de São Paulo (Cesp) na década de 70. Em 1987, uma professora da Escola de Especialização de Gênova, Annalisa Calcagno, define em apostilas, que me foram cedidas pela profa. Miranda Magnoli: a paisagem seria a manifestação sintética e sistêmica de toda atividade sobre a biosfera, seja esta humana ou natural (aceitando com a devida reserva a tradicional dicotomia Homem x Natureza). 2. a desconstrução da paisagem As cidades, suas arquiteturas e jardins, que remontam a uma Antiguidade imemorial são produtos da manifestação humana em seus desejos mais profundos, que transcendem certamente as necessidades funcionais de uma dada sociedade, associando a essas manifestações seus traços de cultura e crenças. A paisagem urbana deve ser considerada um produto cultural, manifestada como paisagem cultural. Não podemos, de forma alguma, buscar interpretar essas manifestações e atuações sobre a paisagem de uma forma míope, descolada das contextualizações de cada tempo.

130 INTEGRAÇÃO KAHTOUNI l Muito além do jardim Nos primeiros tempos, na primeira elaboração dos campos agrícolas, dos quais a cidade era o centro de controle e de poder, os magos-sacerdotes é que conheciam os princípios, da medição de terras (geometria), da construção de canais e dos ciclos da águas, sol e luas. Portanto, a paisagem cultural denunciava a monumentalidade de templos e elementos funéreos das figuras centrais do conhecimento e do comando de multidões de escravos e o contraste entre as arquiteturas sagradas e as cotidianas. A realidade social organizava-se assim. Não se tratava de conspiração, mas sim de uma realidade de um dado tempo... Por isso, o ato de desconstruir a paisagem urbana não parte somente de uma découpage para identificação dos elementos que compõem o todo que se busca, mas necessita, em seu processo integral, de uma inevitável compreensão histórica e antropológica, de sentido dialético, desvendando suas sucessivas relações com as técnicas existentes e aplicadas na realidade da materialização da urbe 2. A palavra paisagem, advinda da idéia de trabalho, traz consigo a idéia de processo dinâmico, da ação dos homens sobre a natureza, e de identidades coletivas através da construção de seus países. Dela também fazem parte os jardins, mas é algo mais amplo, nascido das relações entre a sociedade e a natureza, das transformações engendradas pelo homem no meio, por meio das técnicas. As técnicas, desvendadas como fatos socioculturais, como parte da história das transformações criadoras sobre o ambiente de vida são elementos extraordinariamente ricos para análise, em suas conjunções e contextos em que se inserem. Num sentido mais amplo de abordagem. De maneira alguma significaria estarmos invadindo outros campos ou domínios, que não os da arquitetura e urbanismo, mas sentindo a necessidade de compreensão da atitude criativa do homem, seja a planejada ou a espontânea, em seus processos genéticos mais profundos, resultantes na produção urbanística do espaço habitado. A história deve ser instrumento de trabalho, portanto, alicerce das pesquisas. Ela é o meio, e não o fim. Devemos adotar uma postura bem diversa de uma pretensa historiografia que, por meio de colecionismos iconográficos, constrói histórias, fundamentadas muito mais em ideologias e préconceitos que em pesquisa documental e aprofundamentos necessários para a séria tecitura contextual dos fatos encontrados. Walter Benjamin já dizia sabiamente: A língua tem indicado inequivocamente que a memória não é um instrumento para a exploração do passado; é, antes, o meio. É o meio onde se deu a vivência, assim como o solo é o meio no qual as antigas cidades estão soterradas. Quem pretende aproximar-se do próprio passado soterrado deve agir como um homem que escava. Antes de tudo, não deve temer voltar sempre ao mesmo fato, espalhá-lo como se espalha a terra, revolvê-lo como se revolve o solo. Pois fatos nada são além de camadas que apenas à exploração mais cuidadosa entregam aquilo que recompensa a escavação. Ou seja, as imagens que, desprendidas de todas as conexões mais primitivas, ficam como preciosidade nos sóbrios aposentos de nosso entendimento tardio, igual a torsos na galeria do colecionador. E certamente é útil avançar em escavações segundo planos. Mas é igualmente indispensável a enxadada cautelosa e tateante na terra escura. E se ilude, privando-se do melhor, quem só faz o inventário dos achados e não sabe assinalar no terreno de hoje o lugar no qual é conservado o velho. Assim, verdadeiras lembranças devem proceder informativamente muito menos do que indica o lugar exato onde o investigador apoderou-se delas. A rigor, épica e rapsodicamente, uma verdadeira lembrança deve, portanto, ao mesmo tempo, fornecer uma imagem daquele que se lembra, assim como um bom relatório arqueológico deve não apenas indicar as camadas das quais se originam seus achados, mas também, antes de tudo, aquelas outras que foram atravessadas anteriormente (Benjamin, 2000, p. 239). Desse modo, a desconstrução da paisagem pode realizar-se, a fim de melhor compreender-se a materialização dos processos antrópicos, principalmente na leitura dos objetos construídos a partir do século XIX, quando as invenções, as máquinas, a produção para as massas passa a ser possível, ao

ABR. MAI. JUN. l 2007 l ANO XIII, Nº 49 l 127-134 INTEGRAÇÃO 131 mesmo tempo em que o trabalho humano enseja uma luta pela sua libertação dos regimes de escravidão ou semi-escravidão. A máquina poderia ser, então, um elemento de libertação do trabalho humano para horas de lazer e descanso, nunca antes tão pretendidas e de forma tão organizada pelos movimentos sociais engendrados na crista da Revolução Industrial. Por outro lado, amplia-se a fragmentação do mundo, espelhando-se nas inúmeras nações independentes e emergentes ao final do século XIX, reunindo diversos dialetos e culturas em função tanto de uma atividade produtiva nacional que congregasse economicamente um povo dentro de um território por meio de visões mais organizadoras, consolidadoras de novos estados, quanto de visões mais caóticas e revolucionárias, que visavam, desde o início, as transformações sociais de um novo tempo, que também se refletiram na fragmentação da paisagem, processo hoje potencializado. Essa visão fracionada e competitiva entre nações, que duelavam economicamente, culminou em grandes conflitos. A Primeira Guerra Mundial, de 1914, caracterizou-se pelas infantarias e campos de batalha, e seria apenas o prenúncio do segundo grande conflito... muito maior. Foi esse processo que gerou a modernidade. A capacidade de assistir, obrigatoriamente e de forma passiva, a uma destruição em massa, ocasionada justamente pelo progresso técnico e material, que poderia teoricamente ter trazido a libertação dos homens. O grande dilema da crença na ciência foi a guerra. Foi esse momento que atravessaram as vanguardas artísticas, que tiveram de repensar a destruição e a reconstrução de um novo mundo. Grandes rupturas, renovações e construção de novos modelos para as cidades e para o próprio homem. O espelho da guerra seria a destruição. A visão assombrosa de ruínas e escombros, registrados pela literatura da época, chama a atenção, e, em meio a tudo isso, a discussão do que seriam os patrimônios se fez premente. Quais os testemunhos, os objetos a selecionar e a guardar desse mundo em insólita destruição? Na América, os anseios eram outros. Um deles, pela prosperidade, na imensidão de um território a domesticar. No entanto, a vastidão dos territórios representava uma característica estruturadora das novas ocupações. A natureza não foi aqui lavrada por séculos e séculos de trabalho humano, com tanto aproveitamento, quanto no Velho Mundo. Por algumas situações foi deixada ao largo, seguindo em paralelo com suas dinâmicas próprias. Enquanto a ocupação urbana concentrou-se no litoral, principalmente na América portuguesa (Brasil), vinculando-se, através do Atlântico à cidade-mãe (Lisboa), as novas fronteiras agrícolas iam sendo moldadas sem pressa, distribuindo poucas vilas e povoados pelo interior. Isso seguiu pelo século XX e ainda perdura por nossas regiões. A cartografia em representação plana, dando a idéia de que a América fica longe da Ásia e de que a Europa está no centro me foi apresentada quando criança. E assim foi por longo tempo. Basta ter o privilégio de estudar o texto de Braudel, desvendando o ir-e-vir das embarcações pelo Mediterrâneo, durante séculos, numa velocidade ainda presente em muitos lugares. O Mediterrâneo como centro do mundo antigo e as novas possibilidades transformando áreas de influência ao longo do tempo. A geografia crítica desvendando as relações e a relatividade das geografias tradicionais. O advento da máquina e, por decorrência, das máquinas de transporte (o trem, o avião, o automóvel) modificou a velocidade dos deslocamentos. Mercadorias, coisas e pessoas mudaram suas velocidades. Isso foi visto como uma revolução nas formas de pensar e projetar novas cidades (Le Corbusier). A alteração de dois tempos, o do deslocamento e o do trabalho, traria uma conjugação de novos elementos para a recriação da urbe, espelhada no sonho da reconstrução do grande jardim em harmonia. A visão dionisíaca e sublime das profundas alterações sobre o ambiente urbano, em que se concentraram as percepções e os reflexos de grandes impactos, foi substituída por propostas de cunho social. O ideal da reconstrução evitaria, por sua vez, um passado marcado pelas construções da nobreza e seus jardins confinados, fachadas inspiradas em estilos históricos e cenografias urbanas colossais. Significava também uma liberação estética e uma possibilidade de assepsia para a paisagem urbana.

132 INTEGRAÇÃO KAHTOUNI l Muito além do jardim Projetava-se também um novo homem e, conseqüentemente, uma nova paisagem urbana. Nessa nova paisagem projetada, a natureza estaria presente como elemento fundamentador do desígnio humano de forma, o desenho, e compareceria, sutil, como mais uma forma reveladora do novo paraíso terrestre, em que se implantariam as arquiteturas, independentemente de lotes, fachadas e propriedades fundiárias privadas. Nesse aspecto, sob a égide do pensamento moderno, o jardim nada teria de reacionário. Seria parte da revolução. De uma revolução que atravessaria questões sociais, da propriedade da terra e das condutas dessa nova humanidade: pacífica, saudável e produtiva, dotada de horas de lazer, para cultivar o corpo e o espírito. Seria parte de uma nova paisagem urbana, moldada para abrigar uma sociedade perfeita e justa. Este ser humano, estes seres, esta sociedade de hoje estão mergulhados num meio. A evasão seria quimera e logo punida. Portanto, o equilíbrio será procurado entre o homem e seu meio. Porém, de que meio e de que homem se trata? De um homem profundamente modificado pelo artifício dos séculos de civilização; mais especialmente aqui, de um homem terrivelmente enervado por cem anos de maquinismo? De um meio trepidante do tumulto das mecânicas, espetáculo e ambiência às vezes alucinantes? Nem de um, nem de outro. Nesse momento de confusão, voltamos aos princípios verdadeiros que constituem o humano e seu meio. O homem considerado como uma biologia, valor psicofisiológico; o meio explorado de novo em sua essência permanente: que será a natureza [...] Reencontrar a lei da natureza. E levar em consideração o homem e seu meio o homem fundamental e a natureza profunda. Reprocurar, reencontrar, redescobrir a unidade que gera as obras humanas e da natureza. O homem, produto (talvez supremo) da Natureza e, conseqüentemente, espelho desta; Natureza, parte do Cosmo. A fim de que reine a harmonia, impõe-se introduzir nas empresas do espírito o próprio espírito que reside na obra natural... (Le Corbusier, 1971, pp. 48-9). Partes dessa utopia concretizaram-se. Horas de lazer, torres de escritório, parkways, torres multifuncionais, habitações coletivas mais funcionais estão por toda parte. Transformaram-se em mercadorias, valoradas por sua localização, disponibilidade de acesso, de área verde, etc... Foram sendo apropriadas pelo sistema de negócios imobiliários, bem como a própria arquitetura... Henri Lefèbvre profetizava em seu conhecido trabalho de fins da década de 60: A socialização da sociedade, mal compreendida pelos reformistas, barrou o caminho para a transformação urbana (na, pela, para a cidade). Não se compreendeu que essa socialização contém por essência a urbanização. O que é que foi socializado? Os signos, ao entregá-los ao consumo: os signos da cidade, do urbano, da vida urbana, bem como os signos da natureza e do campo, os da alegria e da felicidade, sem que uma prática social efetiva faça com que o urbano entre para o cotidiano. A vida urbana só entra nas necessidades de marcha à ré, através da pobreza das necessidades sociais da sociedade socializada, através do consumo cotidiano e de seus próprios signos na publicidade, na moda e no esteticismo. Assim é que se concebe neste novo momento de análise o movimento dialético que leva as formas e os contornos, os determinismos e as coações, as servidões e as apropriações na direção de um horizonte conturbado (Lefèbvre, 2004, p. 81). Em seu texto anuncia o conflito entre duas escalas de valores num mundo urbano moderno: o conflito entre os valores de uso e os de troca. Quando se fala em paisagem urbana, estamos reforçando os valores de uso da urbanização, sem esquecer, é claro, as inter-relações estabelecidas entre a sociedade e os meios técnicos de transformação de suas realidades em seu cotidiano. Pensar em paisagem é pensar num sujeito que percebe a construção sucessivamente materializada de um processo socioeconômico, considerando

ABR. MAI. JUN. l 2007 l ANO XIII, Nº 49 l 127-134 INTEGRAÇÃO 133 valores de troca e de uso. Pois, enquanto lugar do desejo e ligação dos tempos, o urbano poderia apresentar-se como significante, cujos significados procuramos... Um nova modalidade de vida urbana, imprevista, mas extremamente desejável e conveniente ao sistema capitalista agregou-se ao sonho da cidade perfeita: o consumo e suas derivações. Ele rompe indefinidamente com a assepsia da cidade tecnológica e socialmente resolvida. Ele rompe com as modalidades imaginadas para a utilização dos tempos livres. Ele amplia a fragmentação e a distância social entre os habitantes. Se na Idade Média a cidade surge na periferia dos feudos, nos limites do domínios comunais, onde a caça era livre e livre o acesso à proteína animal, nos dias de hoje os bens de consumo assumem esta categoria como objetivo social. Ser urbano significava ser livre e cidadão. Ser urbano, hoje, significa ter níveis de consumo anteriormente inéditos. A paisagem urbana será, então, um retrato fiel desta situação, quando a arquitetura transforma-se, por exemplo, em mero suporte para a propaganda, os luminosos, a marcas e a pintura escandalosa das vitrines que apelam para a percepção dos passantes. Basta comparar as imagens de Pequim antes e depois da abertura econômica para o Ocidente. O mesmo ocorre na Índia. O mesmo ocorre em São Paulo. O mesmo poderá ocorrer em qualquer outro lugar pasteurizado do mundo. Assim, a aparente dicotomia entre a modernidade e os paradigmas vinculados aos ideais de preservação e valorização da natureza na cidade ou nas proximidades das cidades não existe. Foi criada por uma insuficiência de informações, geradora de desdobramentos que privilegiaram a forma em vez do conteúdo propositivo das idéias pioneiras. Centrou-se no homem, deixando o meio de lado, em virtude da pesquisa incompleta da documentação textual gerada. É, portanto, necessário que se recupere por meio de sérias pesquisas a totalidade das proposições, a fim de devolver aos arquitetos sua importância perante a sociedade, dentro de uma visão transdisciplinar. Descobrir, também, pelo estudo da história e dos processos técnicos, as conseqüências de nossas ações e construções sobre o ambiente urbano e nossas paisagens é uma das grandes questões para um justo balanço que alimente o futuro de nossas cidades. Ainda temos um longo caminho a trilhar... Referências bibliográficas BENEVOLO, L. História da cidade. São Paulo: Perspectiva, 1983. BENJAMIN, W. Rua de mão única. Obras escolhidas II. São Paulo: Brasiliense, 2000. BRAUDEL, F. Escritos sobre a história. São Paulo: Perspectiva, 1992. BURLE MARX, R. Arte e paisagem. Conferências escolhidas. São Paulo: Nobel, 1987. KAHTOUNI, S. Por uma arqueologia da paisagem como instrumento para o projeto ambiental. In: KAHTOUNI, S.; MAGNOLI, M. & TOMINAGA. Discutindo a paisagem. São Carlos: RIMA, 2006.. Jardins e cidades, caminhos do paisagismo, da jardinagem ao projeto ambiental. Projeto, nº 190, outubro de1995, pp. 82-5. KAHTOUNI PROOST DE SOUZA, S. Sistemas de engenharia como fatores de mutação ambiental e paisagística no vale do Tietê. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU-USP, 1993. LE CORBUSIER. Planejamento urbano. São Paulo: Perspectiva, 1971.. Urbanismo. São Paulo: Martins Fontes, 2000. LEFÈBVRE, H. Le droit à la ville. Paris: Antrophos, 1968.. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001. MARX, M. Cidade brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1980. PEREIRA, M. Arquitetura, texto e contexto. O discurso de Oscar Niemeyer. Brasília: UnB, 1997. SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1994. Notas 1 A criação do termo arquiteto-paisagista dá-se nos Estados Unidos, no ano de 1858, graças a Frederick Law Olmsted, profissional que é autor de diversos projetos de saneamento em Boston, Nova York, destacando-se entre eles o Central Park e, em 1865, a ativa participação na campanha de preservação do Yosemite Valley, na Califórnia. Em 1901 dois de seus discípulos, Horace Clevelan e Charles Elliot, criaram o primeiro programa íntegro de arquitetura paisagística no mundo, do qual derivou em 1905 o primeiro diploma de urbanista.

134 INTEGRAÇÃO KAHTOUNI l Muito além do jardim 2 O grupo de estudos Urbanização brasileira: Paisagem, cidade e natureza, por mim liderado e sediado na USJT, conta com a valiosa participação do prof. dr. Paulo de Assunção, historiador.