Saúde. reprodutiva: gravidez, assistência. pré-natal, parto. e baixo peso. ao nascer



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2 Saúde reprodutiva: gravidez, assistência pré-natal, parto e baixo peso ao nascer

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE INTRODUÇÃO No Brasil, as questões relativas à saúde reprodutiva têm despertado interesses de pesquisadores, gestores e sociedade por se tratar de um tema relevante para o delineamento de políticas populacionais e para o desenvolvimento socioeconômico. Em 2001, 50,8% da população brasileira era composta por mulheres, e um total de 43.113.841 de mulheres estava em idade reprodutiva (entre 15 e 44 anos). A taxa de fecundidade total no Brasil tem mostrado um declínio acentuado desde a década de 1970, gerando impacto direto na estrutura etária do país. Os principais fatores intervenientes são as mudanças no comportamento reprodutivo das mulheres, a crescente participação no mercado de trabalho e uma maior utilização de métodos contraceptivos, causando, cada vez mais, a diminuição no número de filhos. Por outro lado, a população de mulheres adolescentes tem mostrado uma fecundidade diferente da dos outros grupos etários femininos. Este capítulo analisa a evolução da fecundidade no Brasil nas últimas décadas, destacando as particularidades regionais e de grupos de idade específicos. Também foram analisados os dados sobre assistência pré-natal, baixo peso ao nascer e gravidez segundo a idade da mãe. A gravidez precoce merece destaque por suas implicações tanto nas questões relacionadas à saúde, pelo maior risco na gravidez, quanto em relação aos fatores sociais e econômicos, por interferir no processo educacional, na qualificação e na inserção no mercado de trabalho. METODOLOGIA Na análise da taxa de fecundidade total 1 e da taxa específica de fecundidade 2 para o Brasil e as regiões, foram utilizados dados do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) para os anos de 1970, 1980, 1991 e 2000, provenientes dos censos demográficos. Para a análise sobre o número de consultas de pré-natal e tipo de parto, foram utilizados os dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc) para os anos de 1997 a 2001. A proporção de mães que fizeram pré-natal foi calculada segundo as regiões e os estados. Essa proporção também considerou a escolaridade referida Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 71

SAÚDE REPRODUTIVA: GRAVIDEZ, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL, PARTO E BAIXO PESO AO NASCER pelas mães. Foi feita a seguinte agregação: nenhuma consulta, 1 a 6 e 7 ou mais consultas. A agregação de 1 a 6 consultas de pré-natal existia no formulário do Sinasc em vigor até 1999, que foi utilizado por muitos municípios até o ano de 2000. O formulário atual contém uma maior desagregação desse dado, mas tendo em vista o fato de muitos municípios terem incorporado o novo formulário recentemente, a análise realizada considerou a agregação do antigo formulário. Na análise do tipo de parto, foi considerada a proporção de nascimentos por parto vaginal e cesáreo e o tipo de parto segundo a idade, a escolaridade e a área de residência da mãe. O baixo peso ao nascer foi analisado por regiões para os anos de 1996 a 2000, utilizando também os dados do Sinasc. RESULTADOS No Brasil, a taxa de fecundidade total sofreu considerável queda, com redução de 57% entre os anos de 1970 a 2000 (Figura 2.1). Em 1970, a média de filhos por mulher brasileira em período fértil era de 5,8 e diminuiu para 2,3 filhos em 2000, resultando numa redução de 3,5 filhos por mulher. No período de 1970 a 2000, as taxas específicas de fecundidade, por grupos de idade das mulheres no período reprodutivo, diminuíram acentuadamente, especialmente nas faixas etárias a partir de 30 anos, com quedas de mais de 70%. O único grupo que teve aumento da taxa específica de fecundidade nesse período foi o de 15 a 19 anos de idade (Tabela 2.1) 72 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE Tabela 2.1 Taxa específica de fecundidade (por mil mulheres) por grupos de idade e variação percentual. Brasil, 1970 a 2000 Anos Variação (%) Grupos de idade 1970 1980 1991 2000 1970 a 2000 15-19 74,8 79,8 76,9 85,1 14 20-24 254,6 213,1 163,7 145,8-43 25-29 295,0 226,0 148,2 117,6-60 30-34 242,9 173,1 93,9 69,8-71 35-39 131,2 117,0 47,3 34,4-74 40-44 35,0 53,7 17,2 10,6-70 45 e + 22,3 10,8 3,1 1,5-93 Fonte: IBGE e SVS/MS. Entre 1970 e 2000 (Figura 2.2), todas as regiões brasileiras sofreram reduções de até 50% na taxa de fecundidade total. A maior redução foi registrada na região Norte, que passou de 8,2 filhos por mulher em 1970 para 3,2 em 2000. Algumas regiões brasileiras alcançaram em 2000 níveis próximos ao da reposição populacional, como a Sudeste, a Centro-Oeste e a Sul, todas com 2,1 filhos por mulher. Goiás foi o estado que apresentou a menor fecundidade, com 1,9 filho por mulher, nível bastante baixo para a realidade brasileira. GRAVIDEZ SEGUNDO A IDADE DA MÃE Com base nos dados censitários, no período entre 1980 e 2000, constatouse aumento importante do número de mães com idade entre 15 e 19 anos no Brasil e nas regiões (Figura 2.3). Em 1980, a fecundidade das mulheres Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 73

SAÚDE REPRODUTIVA: GRAVIDEZ, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL, PARTO E BAIXO PESO AO NASCER de 15 a 19 anos de idade representava 9,1% da fecundidade total do país. Em 2000, esse percentual aumentou para 19,4%, e nas regiões Norte e Centro-Oeste as participações foram, respectivamente, de 22,6% e 23,6%. Em 2001, no Sinasc registrou-se um total de 3.106.525 nascidos vivos, sendo 723.070 (23,3%) filhos de mães adolescentes, entre 10 e 19 anos de idade. Do total de nascimentos, foram identificados 27.866 (0,9%) nascidos vivos de mães entre 10 e 14 anos e 695.204 (22,4%) nascidos de mães entre 15 e 19 anos de idade (Figura 2.4). Observou-se um perfil diferenciado dos nascidos vivos segundo a região e a idade da mãe. A região Norte apresentou a maior proporção de nascidos vivos entre mães de 10 a 14 anos de idade (1,4%). Por outro lado, a região Sudeste foi a que registrou a menor proporção de mães nesse grupo de idade (0,6%). Também na faixa etária de 35 anos ou mais se verificaram diferenças regionais. A região Sul mostrou a maior proporção de nascidos vivos nessa faixa etária (11,3%), seguida da região Sudeste (9,8%). Analisando por estados, observou-se que o Maranhão mostrou a maior proporção de nascidos vivos de mães adolescentes (10 a 19 anos), com 31,9%, seguido pelo Tocantins (31,6%) e Pará (31,4%). As menores proporções foram encontradas no Distrito Federal (18,7%), São Paulo (19,1%) e Rio Grande do Sul (20,2%) (Figura 2.5). 74 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE Entre mães de 10 a 14 anos de idade, as maiores proporções de nascidos vivos foram observadas em Roraima (1,9%), Tocantins (1,5%) e Amapá (1,5%). Por outro lado, os estados que apresentaram menores proporções foram São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal, com 0,6% cada um (Figura 2.5). Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 75

SAÚDE REPRODUTIVA: GRAVIDEZ, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL, PARTO E BAIXO PESO AO NASCER ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Analisando-se os dados do Sinasc para o Brasil, no período de 1997 a 2001, verificou-se que a proporção de mulheres que realizaram sete ou mais consultas de pré-natal, para o período gestacional, aumentou de 41,6% para 45,6% no período. Deve-se destacar que esse indicador esconde diferenças importantes na distribuição regional, e mesmo nas regiões mais desenvolvidas as proporções estão pouco acima dos 50%. Os melhores resultados no período foram registrados nas regiões Sudeste e Sul, que apresentaram um aumento de 8,3% pontos percentuais, passando de 46,7% a 55% e de 48% a 56,3%, respectivamente. Por outro lado, a região Norte apresentou um desempenho negativo do indicador, passando de 33,6% a 26,2% (Figura 2.6). Como pode ser observado na Figura 2.7, existe uma grande variação na cobertura de pré-natal nas diversas regiões e estados do país: a proporção de nascidos vivos cujas mães não realizaram consulta de pré-natal alcançou níveis altos entre os estados das regiões Norte e Nordeste e níveis substancialmente mais baixos no Sul e no Sudeste. Esse indicador apresentou redução importante, entre 1997 e 2001, na maioria dos estados, com destaque para os Estados do Amapá, de Rondônia, de Alagoas e da Paraíba (Figura 2.7). Apesar da melhoria no período, esses 76 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE estados ainda apresentaram percentuais altos de nascidos vivos cujas mães não realizaram nenhuma consulta de pré-natal. PRÉ-NATAL E GRAU DE ESCOLARIDADE DA MÃE Ao se analisar o número de consultas de pré-natal segundo o grau de escolaridade das mães, buscou-se verificar se a escolaridade é um fator associado com uma maior ou menor proporção de pré-natal realizado. Entre os nascidos vivos cujas mães receberam sete ou mais consultas de pré-natal, o número de anos de estudo da mãe foi de quatro a sete anos, representando 34%, seguido das mães com oito a onze anos de instrução, com 33% (Figura 2.8). Do total de nascidos vivos cujas mães não realizaram qualquer consulta de pré-natal, em 2001, a proporção de mães com nenhuma escolaridade foi de 20,8%, com um a três anos de escolaridade foi 6%, com quatro a sete anos foi 4,4%, com oito anos ou mais foi 2,5% (Tabela 2.2). Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 77

SAÚDE REPRODUTIVA: GRAVIDEZ, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL, PARTO E BAIXO PESO AO NASCER Tabela 2.2 Distribuição do número e da proporção de consultas de pré-natal referidas pela mãe segundo o grau de escolaridade. Brasil, 2001 Número de consultas de pré-natal 0 1-6 >7 Total Escolaridade n o (%) n o (%) n o (%) Nenhuma 26.208 20,8 72.430 57,4 27.628 21,9 126.266 1-3 26.422 6,0 281.400 63,8 133.215 30,2 441.037 4-7 50.007 4,4 609.476 53,4 482.133 42,2 1.141.616 8-11 13.628 1,6 343.713 41,3 475.240 57,1 832.581 12 e + 3.079 0,9 77.991 23,1 255.939 75,9 337.009 Fonte: SVS/MS. TIPO DE PARTO Em 2001, do total de 3.106.525 nascidos vivos declarados no Brasil, 38,1% (n = 1.184.448) nasceram por parto cesáreo. Em 1997, os partos cesáreos equivaliam a 39,9% do total de partos. A análise do tipo de parto por região mostrou diferenças importantes (Figura 2.9). A região Sudeste registrou a maior proporção de partos cesáreos do país 46,9%, com os Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo registrando aproximadamente 50%. As menores proporções de nascimentos realizados por parto cesáreo encontraram-se nas regiões Norte e Nordeste (27,5% e 26,3%, respectivamente). O aumento dos nascimentos por parto cesáreo no período de 1997 a 2001 ocorreu somente na região Nordeste. 78 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE Em 2001, a chance de ocorrer um nascimento por parto cesáreo na região Sudeste era 1,78 vez maior do que na região Nordeste (Figura 2.10). Na Tabela 2.3, observa-se a distribuição dos nascidos vivos por tipo de parto e idade da mãe. Os dados mostraram que entre o grupo das mães adolescentes (10 a 19 anos de idade) houve maior proporção de partos vaginais. Entre as mulheres com 20 a 34 anos de idade, o parto vaginal representava 59%; e entre as mulheres com 35 anos e mais a distribuição dos partos foi equilibrada: 50,9% foram vaginais e 49,1% foram cesáreos. A proporção de nascidos vivos por parto cesáreo entre as mulheres de 15 a 19 anos foi menor do que para grupos etários mais velhos. Entre o total de partos cesáreos no país em 1997, 16,2% ocorreram entre mulheres de 15 a 19 anos. Esse valor teve um leve declínio em 2001, passando para 15,6%. Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 79

SAÚDE REPRODUTIVA: GRAVIDEZ, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL, PARTO E BAIXO PESO AO NASCER Tabela 2.3 Distribuição dos nascidos vivos por tipo de parto e idade da mãe. Brasil, 2001 Vaginal Cesáreo Idade da mãe n o (%) n o (%) Total 10-14 20.169 72,7 7.563 27,3 27.732 15-19 507.230 73,3 185.101 26,7 692.331 20-34 1.232.270 59,0 857.278 41,0 2.089.548 35 e + 136.723 50,9 131.727 49,1 268.450 Fonte: SVS/MS. As diferenças regionais para esse indicador também foram importantes (Figura 2.11). Para 2001, o nível mais alto correspondeu à região Norte, uma proporção um pouco menor no Centro-Oeste e no Sudeste e em nível substancialmente mais baixo no Sul. A região que apresentou maior redução foi a Centro-Oeste, que passou de 20,5% em 1997 para 17,6% em 2001. PARTO CESÁREO E GRAU DE ESCOLARIDADE DA MÃE A Tabela 2.4 apresenta detalhamento da proporção de crianças nascidas vivas por tipo de parto e escolaridade da mãe. As maiores proporções de parto vaginal foram observadas entre as mães que declararam não possuir nenhuma escolaridade (85,2%) ou de um a três anos de estudo (76,1%). Em contrapartida, as maiores proporções de parto cesáreo ocorreram entre as mães com oito a onze anos de estudo (47,4%) e doze anos de estudo ou mais (65,3%). 80 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE Tabela 2.4 Distribuição dos nascidos vivos por tipo de parto e escolaridade da mãe. Brasil, 2001 Vaginal Cesáreo Escolaridade n o (%) n o (%) Total Nenhuma 109.807 85,2 19.147 14,8 128.954 1-3 349.971 76,1 110.114 23,9 460.085 4-7 790.068 67,8 375.525 32,2 1.165.593 8-11 449.139 52,6 404.014 47,4 853.153 12 e + 120.976 34,7 227.391 65,3 348.367 Fonte: SVS/MS. BAIXO PESO AO NASCER Entre 1996 e 2000, o número de crianças que nasceram com baixo peso no Brasil apresentou uma redução de 1,8%. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, o baixo peso ao nascer apresentou uma redução tímida. A região Sudeste foi a que apresentou maior percentual de crianças com baixo peso nesse período, com percentual de 8,5% para 2000. A região Sul apresentou leve aumento do percentual de nascidos vivos com baixo peso ao nascer, passando de 7,7% em 1996 para 8,1% em 2000 (Figura 2.12). Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 81

SAÚDE REPRODUTIVA: GRAVIDEZ, ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL, PARTO E BAIXO PESO AO NASCER DISCUSSÃO A taxa de fecundidade geral observada em 2000 foi de 2,3 filhos por mulher. A tendência apresentada no período de 1970 a 2000 revelou queda constante e maiores valores nos grupos etários de 20 a 24 anos e 25 a 29 anos. No entanto, adolescentes entre 15 e 19 anos de idade apresentaram aumento da taxa de fecundidade. Nesse grupo, a gravidez constitui situação de maior risco decorrente de complicações inerentes à gravidez na adolescência. A proporção de nascidos vivos de mães da faixa etária de 10 a 19 anos, em 2001, foi de 23,3% no Brasil, alcançando 31,9% no Estado do Maranhão. Com relação à assistência pré-natal, tendo como base os nascidos vivos, 45,6% das mães referiram sete ou mais consultas de pré-natal em 2001. Essa proporção foi menor na região Norte (26,2%) e maior nas regiões Sudeste (55,0%) e Sul (56,3%). As mães com maior nível de escolaridade apresentaram maior proporção de consultas de pré-natal. A prática da cesariana foi alta nas regiões mais desenvolvidas do país (Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e entre mulheres com maior escolaridade e de grupos etários mais velhos. Esses resultados contrariam a recomendação da Organização Mundial da Saúde de partos cesáreos não ultrapassarem 15% do total de nascimentos. Um dos problemas relacionados aos partos cesáreos é o baixo peso ao nascer. Nas regiões Sul e Sudeste, foram observadas as maiores proporções de nascidos vivos com baixo peso ao nascer, que é indicador da qualidade da assistência à saúde reprodutiva da mulher, pois seus fatores causais são passíveis de controle na presença de atenção adequada à mulher em idade fértil. Entretanto, acredita-se que esses resultados observados nas regiões Sul e Sudeste, em vez de indicar menor qualidade de assistência, refletem melhor qualidade das informações nessas regiões em comparação com as demais. 3 82 Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

SAÚDE BRASIL 2004 UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE Notas 1 Taxa de fecundidade total: número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher ao final do seu período reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico. 2 Taxa específica de fecundidade: número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher, por faixa etária específica do período reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. 3 Ver Capítulo 3 Evolução da mortalidade infantil. Secretaria de Vigilância em Saúde/MS 83