PARA UMA EDUCAÇÃO EMOCIONAL EM MATEMÁTICA



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Transcrição:

PARA UMA EDUCAÇÃO EMOCIONAL EM MATEMÁTICA Kaline de Brito Viana 1 Tânia Gusmão 2 Magna Mendes Nunes 3 Resumo: Na tentativa de contribuir para ampliar o leque de discussões sobre a influência das emoções na aprendizagem de matemática, esta comunicação apresenta os resultados do projeto de pesquisa Matemática Emocional: Implicações para a aprendizagem, que tem por objetivo conscientizar professores e alunos sobre a influência das emoções no processo de ensino-aprendizagem da matemática, proporcionando-lhes ações concretas por meio de encontros para discutir a temática e experimentar métodos e técnicas alternativas para ajudá-los a lidar com os processos emocionais, e, portanto, melhorar o ensino e a aprendizagem dessa disciplina. Nesse contexto, busca-se compreender como o dualismo entre razão e emoção se repercute no contexto educacional nas aulas de Matemática à luz da literatura de MacLeod (1991), Chacón (2003), entre outros, que vem contribuindo para o avanço desses estudos na área de Educação Matemática. Palavras-chave: Educação Emocional; Formação de Professores; Ensino-Aprendizagem. 1) INTRODUÇÃO Na atual sociedade, há uma herança cultural questionável, influência do positivismo, que concebe algumas emoções como danosas a nossa vida. A escola, por vezes, cumpre um papel de (re)alimentar essa visão que a sociedade carrega sobre as emoções, que sob certas circunstâncias podem influenciar negativamente os processos de raciocínio. As disciplinas exatas tendem a reproduzir nos indivíduos uma busca incessante de controlar as emoções ou tentar separar os sentimentos da razão. Há um desconhecimento de como funcionam os processos emocionais, qual a sua natureza e como 1 Bolsista CNPQ do projeto Matemática Emocional: Implicações para a aprendizagem. Discente do Curso de Pedagogia Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. 2 Prof. Drª/Coordenadora do Projeto - Deptº de Ciências Exatas da UESB. 3 Colaboradora do Projeto. Discente do Curso de Matemática UESB. 1

se manifestam, e que tem levado professores e alunos a apresentarem dificuldades no trato com as emoções na sala de aula (JUNIOR et. al. 2009). Pesquisadores vêm mostrando que o bicho não é tão feio quanto se pinta. Damásio (1996) afirma que as emoções são necessárias para a sobrevivência do organismo e para os processos racionais. Almeida (1999) ressalta que, apesar do desconhecimento que se tem da reciprocidade entre os processos afetivos/emocionas e os processos racionais, existe entre ambos uma integração que permite uma mútua nutrição. Para Lopes (1997), as emoções e as disposições afetivo-emocionais, juntamente com a atmosfera afetivorelacional estão entrelaçadas na aprendizagem da matemática por meio da atividade dos alunos na sala de aula. Embora muitas pesquisas apontem resultados sobre a influência de fatores afetivoemocionais no processo de ensino aprendizagem (McLEOD 1991; LOPES, 1997; GUSMÃO, 2000, 2009; CHACÓN, 2003, entre outros), muito ainda deve ser feito para que a comunidade escolar tenha a competência necessária de utilizar das emoções de forma natural e adequada, criando um espaço de diálogo para entender seus mecanismos de expressão e de interferência, sejam no processo de ensino, seja no de aprendizagem. Nesse sentido, a investigação e a compreensão da prática escolar, levando em consideração as discussões teóricas, são de suma importância para conscientizar professores e alunos sobre a influência das emoções, em particular, na aprendizagem de Matemática. Na perspectiva de contribuir para uma educação emocional em matemática, este projeto propõe a professores de matemática da rede publica de Vitória da Conquista, na Bahia, uma orientação teórica e prática sobre a natureza, a função e os processos expressivos das emoções. 2) MÉTODOS Nesse trabalho, optou-se por uma pesquisa qualitativa, ao entender que a visão cartesiana e a positivista no final do século passado e início deste é descartada pelo surgimento de novos paradigmas, em que se percebe grandes avanços nos estudos dos problemas de ordem social, político, cultural e educacional. Os dados da pesquisa foram coletados em três etapas: na primeira, foi aplicado um questionário a 17 professores do ensino básico da rede pública do município de Vitória da 2

Conquista, na Bahia, a fim de indagar as concepções desse professorado sobre a matemática e as emoções; na segunda, foram realizados vários encontros, na modalidade de curso de extensão, com 60 professores, para instruí-los em uma matemática emocional. Nesse curso, foi discutida parte da teoria sobre as emoções e realizado um trabalho de vivência por meio da aplicação de métodos e técnicas alternativas, como dramatizações, desenhos e construção de poesias para trabalhar as emoções. Intencionalmente, os professores tiveram suas emoções provocadas, vivenciando momentos de tensões durante avaliações surpresa cujo objetivo era fazê-los sentir, para, só então, tentar compreendê-las, encontrar formas de lidar com elas e refletir sobre a sua prática pedagógica em sala de aula; na última etapa, que ocorreu paralelamente à segunda, os professores aplicaram questionários a seus respectivos alunos, um total de 350 estudantes. Os resultados das análises dos dados coletados foram apresentados aos professores que também puderam expressar suas opiniões sobre as conclusões obtidas e manifestar, também, o desejo de realizar com seus alunos um trabalho de conscientização para ajudá-los a lidar com os processos emocionais. No tratamento das informações, utilizamos o processo de categorização dos dados. Parafraseando Bardin (1979), temos por meio da categorização a oportunidade de classificar os conteúdos constituintes de um conjunto, por diferenciação, para daí, com base nos critérios pré-estabelecidos, fazermos um reagrupamento desses conteúdos. No tocante a recursos humanos, contamos com a colaboração de três professoras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, dois estudantes-bolsistas do projeto, três alunas da graduação e três estudantes da pós-graduação que desenvolvem seus projetos de pesquisas sobre processos afetivos. Vale ressaltar que as ações desenvolvidas fazem parte do projeto de pesquisa Matemática Emocional: implicações para a aprendizagem, ano 2008-2010, desenvolvido pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática das Ciências Experimentais e da Matemática (GDICEM), linha de pesquisa processos afetivo-emocionais. 3) RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados desta pesquisa parecem confirmar um estado de desconhecimento, por parte dos professores e dos alunos, a respeito da influência das emoções na 3

aprendizagem de matemática. Embora 95% dos professores percebam a influência das emoções na matemática, esta é vista como negativa, provocadora de bloqueios e traumas, ou seja, as emoções são danosas. Essa parece ser a visão que renega as emoções no aprendizado de matemática. No desenvolvimento do curso de formação para uma educação emocional em matemática, professores manifestaram, também, uma concepção ainda cartesiana dessa disciplina, imbuída de regras e operações, a priori, que pela razão podem-se resolver os problemas matemáticos e revelaram suas carências sobre a temática, enfatizando a necessidade de um trabalho direcionado para as emoções, as crenças e as atitudes no que concerne à matemática. A avaliação final do curso parece mostrar o efeito de uma formação orientada para as emoções, uma maior clareza por parte dos professores a respeito da temática e uma consciência coletiva de que é preciso dirigir atenção a esses aspectos em sala de aula. 4) CONCLUSÕES Da primeira etapa, pode-se concluir que os discursos dos professores se mostram contraditórios quando reafirmam uma visão cartesiana sobre as emoções; da segunda, que parece indicar uma aprendizagem significativa por parte daqueles que participaram do curso de formação e o seu compromisso de ajudar os seus alunos a lidar com as emoções em sala de aula; da última etapa, ainda em fase de análise, pode-se dizer que as emoções parecem influenciar a aprendizagem da matemática e que os estudantes parecem não ter consciência de como acontece essa influência. De modo geral, para melhor ou para pior, o fato é que, as emoções interferem na relação professor-aluno, aluno-aluno, alunomatemática, professor-matemática e, nesse sentido, é preciso pautar essas discussões no âmbito da formação de professores e no desenvolvimento do currículo. No geral, a pesquisa já evidencia a necessidade de discussões que promovam uma nova compreensão da relação entre educação e emoção, e o tratamento que a comunidade escolar der a essa temática pode fazer uma grande diferença no ensino-aprendizagem de Matemática. 5) REFERÊNCIAS 4

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, edições 70, 1979. DAMÁSIO, António R. O Erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano. Tradução portuguesa Dora Vicente e Georgina Segurado. 4 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Título original: Descartes error: emotion, reason and the human brain. GUSMÃO, Tânia C. R. S., EMERIQUE, P. S. Do erro construtivo ao erro epistemológico: um espaço para as emoções. Bolema, Rio Claro, (n.14), (p. 51-65). 2000. GUSMÃO, Tânia C. R. S. Em cartaz: Razão e Emoção em sala de aula. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2009. JUNIOR, Juarez, S. P. et. all. Formação de professores para uma educação emocional em matemática. Anais do VIII Colóquio Nacional e I Internacional do Museu Pedagógico. Vitória da Conquista, setembro de 2009. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. LOPES, Ilda Ma. F. do Couto. Aspectos afectivos da actividade matemática escolar dos alunos. Lisboa, 1997. Dissertação de Mestrado - Departamento de Educação da Faculdade de Ciências - Universidade de Lisboa. McLEOD, Douglas B., ADAMS, Verna M. Affect and mathematical problem solving: A new perspective. Editors with 16 illustrations. Springer - Verlag New York, London, Paris, Tohyo, Berlin, Heidelberg. 1989. Affective issues in mathematical problem solving: Some theoretical considerations. Washington State University. (Journal for Research Mathematics Education, 1988, vol.19, no. 2, 134-141). 5