UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA DE HUMANIDADES, CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA DE HUMANIDADES, CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS VISITANTES FLORAIS DAS PLANTAS MEDICINAIS Calendula officinalis L. (ASTERACEAE), Chamomilla recutita L. (ASTERACEAE) e Foeniculum vulgare Mill. (APIACEAE), CULTIVADAS NO MUNICÍPIO DE GRÃO-PARÁ, SANTA CATARINA CAROLINE HOBOLD CRICIÚMA, SC 2009

1 CAROLINE HOBOLD VISITANTES FLORAIS DAS PLANTAS MEDICINAIS Calendula officinalis L. (ASTERACEAE), Chamomilla recutita L. (ASTERACEAE) e Foeniculum vulgare Mill. (APIACEAE), CULTIVADAS NO MUNICÍPIO DE GRÃO-PARÁ, SANTA CATARINA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Área de Concentração: Manejo e Gestão de Recursos Naturais Orientadora: Profª. Dra. Birgit Harter-Marques CRICIÚMA, SC 2009 a

2 Aos meus pais, Nilo Hobold e Arnete Buss Hobold, por representarem meu maior exemplo e experiência de amor, amizade e lealdade e, sobretudo, pelo apoio e dedicação. Dedico...

3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Nilo e Arnete, por tornarem meu sonho possível, por sempre me apoiarem nos momentos difíceis, pela preocupação quando eu ligava chorando por besteiras, por serem pais admiráveis e principalmente por serem maravilhosos amigos. Amo vocês. Aos meus irmãos, Juliano e Rafael, por todas as mais diversas formas de demonstração de amor. Pelas horas despendidas em conversas inteligentes e pelo companheirismo em todas as situações. A minha avó, Terezinha, pelos conselhos, pelas comidas maravilhosas e por ter sido uma segunda mãe em todos os momentos da minha vida. A Profª. Dra. Birgit Harter-Marques, pela ajuda na identificação dos grupos de insetos, pelo incentivo a Pesquisa Científica, por sempre responder as perguntas fora de hora que eu insistia em querer respostas, pelo exemplo profissional e pela ótima amizade construída. Ao meu amigo e namorado, Lucas, pelo amor, carinho, companheirismo, por me aturar nas horas de stoniamento, por me fazer muito feliz e estar sempre ao meu lado em todas as situações. A minha família em Criciúma, Leonardo, Kátia e André, por sempre me acolherem de braços abertos e com muito carinho. As três jóias que encontrei nesta faculdade, Van, Loy e Cati, por serem maravilhosas amigas e irmãs de coração. Aos meus companheiros do Laboratório de Interação Animal-Planta (LIAP), pela amizade conquistada, pelo auxílio neste trabalho e pelos momentos de descontração. A minha amiga e futura colega de profissão, Mainara, pela ajuda na identificação do grupo das abelhas.

4 Ao Sr. Antônio Alberton e toda sua família, por cederem sua propriedade para que este estudo fosse realizado e pelas ótimas conversas entre uma coleta e outra. Ao Pedro Marques, pela ajuda nas coletas de campo, amizade e por sempre compartilhar da sua incansável alegria e bom humor. Ao Prof. Dr. Andreas Köhler, pela realização da identificação do grupo de Syrphidae e Vespidae. A todos os meus colegas, que encerram comigo mais esta jornada, e a todos os professores que fizeram parte desta minha formação. E por fim, presto sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma, influenciaram ou simplesmente fizeram votos para o sucesso deste trabalho. OBRIGADA!

5 O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. José de Alencar

6 RESUMO Recentemente as plantas medicinais têm recebido maior atenção por parte dos pesquisadores, buscando informações para fins de padronização dos materiais a serem utilizados ao longo da cadeia produtiva. Até o momento, os estudos sobre plantas medicinais concentram-se principalmente em suas propriedades químicas e farmacológicas, deixando de enfocar suas interações ecológicas. Neste trabalho foi registrada a entomofauna visitante das inflorescências de três espécies medicinais: Calendula officinalis L., Chamomilla recutita L. e Foeniculum vulgare Mill. As coletas dos visitantes florais destas três plantas medicinais foram realizadas em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante os meses de agosto/2008 a janeiro/2009, quinzenalmente, durante 10 minutos de cada hora no período das oito às 17 horas. Em Calendula officinalis foram coletados 784 indivíduos pertencentes às ordens Hymenoptera, Lepidoptera e Diptera. O grupo das abelhas (Hymenoptera: Apoidea) foi o mais representativo com 698 indivíduos, sendo Apidae e Halictidae as famílias mais abundantes. Apis mellifera L. e Trigona spinipes (Fabricius) foram às espécies de visitantes florais mais abundantes na calêndula. A maior abundância de visitantes se deu no mês de outubro. Em Chamomilla recutita foram coletados 496 indivíduos pertencentes às ordens Hymenoptera e Diptera. O grupo das abelhas foi o mais representativo com 408 indivíduos, sendo representando principalmente pelas famílias Apidae e Halictidae. O pico de maior abundância foi no mês de outubro. As espécies de visitantes mais abundantes foram Plebeia remota (Friese) e Dialictus sp. 2. Estas duas plantas medicinais pertencem à família Asteraceae, que possui morfologia floral e tipo de inflorescência que torna mais fácil o acesso aos seus recursos pelas abelhas e por outros grupos de insetos. Em Foeniculum vulgare foram coletados 400 indivíduos pertencentes às ordens Hymenoptera e Diptera. Hymenoptera foi o grupo mais representativo com 324 indivíduos, sendo o grupo das vespas o mais abundante. Vespidae se mostrou à família com maior abundância seguida por Apidae e Halictidae. O período de maior visitação de insetos foi no mês de novembro. Polybia sp. 1 e Polistes cavapityformis Richard foram as espécies mais abundantes. O padrão de ocorrência de uma alta riqueza e abundância de Apidae e Halictidae nas três plantas pode ser explicado devido a grande parte das espécies destas famílias apresentarem padrão generalista na coletas de recursos florais. A maior ocorrência de visitantes florais coincidiu com o mês em que cada planta apresentava seu pico de floração, oferecendo uma maior quantidade de flores. A comparação entre os visitantes florais por planta evidenciou uma baixa similaridade. PALAVRAS-CHAVES: Visitantes florais, Abelhas, Calendula officinalis, Chamomilla recutita, Foeniculum vulgare.

7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Plantação de Calendula officinalis e Chamomilla recutita na propriedade rural do Sr. Antônio Alberton no município de Grão-Pará, SC...15 Figura 2: Abundância de insetos visitantes florais da planta medicinal Calendula officinalis cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração....22 Figura 3: Flutuação da abundância de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. officinalis em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração....23 Figura 4: Flutuação da riqueza de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. officinalis em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração...23 Figura 5: Curva do coletor referente aos meses de coletas realizadas durante o período de floração da espécie medicinal Calendula officinalis cultivada em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC...24 Figura 6: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas)...24 Figura 7: As cinco espécies de visitantes florais mais representativas coletadas na planta medicinal C. officinalis em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração...25 Figura 8: Distribuição das espécies de visitantes florais amostradas na planta medicinal C. officinalis em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância...26 Figura 9: Abundância de insetos visitantes florais da planta medicinal Chamomilla recutita cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração....28 Figura 10: Flutuação da abundância de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. recutita em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração....29 Figura 11: Flutuação da riqueza de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. recutita em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração 29 Figura 12: Curva do coletor referente aos meses de coletas realizadas durante o período de floração da espécie medicinal C. recutita realizadas em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC...30 Figura 13: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas)...30 Figura 14: As cinco espécies de visitantes florais mais representativas coletadas na planta medicinal C. recutita em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração...31 Figura 15: Distribuição das espécies de visitantes florais amostradas na planta medicinal C. recutita em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância....32 Figura 16: Abundância de insetos visitantes florais da planta medicinal Foeniculum vulgare cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração....34 Figura 17: Flutuação da abundância relativa de abelhas visitantes florais da espécie medicinal F. vulgare em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração....35

Figura 18: Flutuação da riqueza de abelhas visitantes florais da espécie medicinal F. vulgare em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração 36 Figura 19: Curva do coletor referente aos meses de coleta do período de floração da espécie medicinal F. vulgare realizadas em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC....36 Figura 20: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas)...37 Figura 21: As quatro espécies de visitantes florais mais representativas coletadas na planta medicinal F. vulgare em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração...38 Figura 22: Distribuição das espécies de visitantes florais amostradas na planta medicinal F. vulgare em propriedade rural no município de Grão Pará, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância....39 8

9 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Espécies de visitantes florais e abundâncias absolutas encontradas na espécie medicinal Calendula officinalis, cultivada sob manejo orgânico no município de Grão- Pará, SC, durante o período de floração da espécie...20 Tabela 2: Número de gêneros, espécies e indivíduos de abelhas distribuídos por família, coletados na planta medicinal Calendula officinalis no município de Grão-Pará, SC, durante o período de floração da espécie...22 Tabela 3: Espécies de visitantes florais e abundâncias absolutas encontradas na espécie medicinal Chamomilla recutita, cultivada sob manejo orgânico no município de Grão- Pará, SC, durante o período de floração da espécie...26 Tabela 4: Número de gêneros, espécies e indivíduos de abelhas distribuídos por família, coletados na planta medicinal Chamomilla recutita no município de Grão-Pará, SC....28 Tabela 5: Espécies de visitantes florais e abundâncias absolutas encontradas na espécie medicinal Foeniculum vulgare cultivada sob manejo orgânico no município de Grão- Pará, SC, durante o período de floração da espécie...32 Tabela 6: Número de gêneros, espécies e indivíduos de abelhas distribuídos por família, coletados na planta medicinal Foeniculum vulgare no município de Grão-Pará, SC....35

10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...11 2 OBJETIVOS...14 2.1 Objetivo Geral...14 2.2 Objetivos Específicos...14 3 MATERIAIS E MÉTODOS...15 3.1 Área de estudo...15 3.2 Plantas medicinais estudadas...16 3.3 Metodologia...17 3.3.1 Coleta de insetos visitantes florais...17 3.3.2 Análise de Dados...18 4 RESULTADOS...20 Calendula officinalis L...20 Chamomilla recutita L....26 Foeniculum vulgare Mill...32 Similaridade entre as plantas...39 5 DISCUSSÃO...40 6 CONCLUSÃO...45 REFERÊNCIAS...47 APÊNDIC...52

11 1 INTRODUÇÃO plantas medicinais são consideradas aquelas administradas de alguma forma e por alguma via ao homem ou animal, exercendo sobre eles uma ação farmacológica qualquer (ALMEIDA, 1993). O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos anos (MARTINS, 2000). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% das pessoas no mundo já fizeram uso de algum tipo de erva medicinal e, sendo assim, o cultivo de plantas medicinais se torna de uma importância fundamental, pois é ele que vai suprir a necessidade de demanda dessas plantas no mercado (CORRÊA JÚNIOR; MING; SHEFFER, 1994). Existe uma necessidade imediata de se intensificar os estudos sobre o cultivo de ervas medicinais, uma vez que é crescente o interesse pela fitoterapia, tanto pela classe médica quanto pelo mercado consumidor (MAIA et al., 2008). Recentemente, as plantas medicinais têm recebido maior atenção por parte dos pesquisadores, buscando informações para fins de padronização dos materiais a serem utilizados ao longo da cadeia produtiva. Até o momento, os estudos sobre plantas medicinais concentram-se principalmente em suas propriedades químicas e farmacológicas, dando um enfoque menor à suas interações e seus aspectos ecológicos. As informações relacionadas à polinização e aos visitantes florais das inflorescências das três plantas medicinais utilizadas neste estudo, Calendula officinalis, Chamomilla recutita e Foeniculum vulgare são restritas no Brasil (LEITE et al., 2005; PEREIRA, 2008; WANDERLEY et al., 2008). No processo de cultivo das espécies medicinais alguns fatores podem afetar de forma significativa a qualidade e a quantidade de princípios ativos produzidos pelas plantas (SILVA et al.,1995). Mudanças na composição química de plantas podem ser induzidas em resposta a ataques por insetos herbívoros ou por insetos visitantes florais (VALLADARES et al., 2002). Nas plantas aromáticas tais mudanças podem afetar compostos específicos nos quais a atividade farmacológica está baseada. As interações entre plantas e seus insetos visitantes são vitais para a integridade estrutural e funcional dos ecossistemas, assim como para a manutenção ou aumento na produção de alimento para o ser humano (FIGUEIREDO, 2003). Acredita-se que entre as 250 mil espécies de plantas com flores, 90% são polinizadas por animais e principalmente por diversas ordens de insetos (BAWA, 1990). A maioria dos grupos de insetos visitantes florais,

12 especialmente Hymenoptera, Lepidoptera e Diptera, utiliza o pólen e o néctar para a alimentação dos adultos e/ou também para a maturação das larvas (SILVA; VIANA, 2002). Cabe ressaltar que nem sempre visitantes florais são polinizadores das plantas. Polinizadores efetivos depositam grãos de pólen de plantas co-específicas nos estigmas e para isto devem mostrar fidelidade floral, transportar grãos de pólen, tocar os estigmas e voar entre indivíduos da mesma espécie (SCHLINDWEIN, 2004). Dentre os insetos visitantes florais, os adultos de lepidópteros e dípteros, que utilizam néctar e pólen para sua alimentação, são considerados polinizadores efetivos de poucas espécies vegetais (BUZZI, 2005). Já entre os himenópteros visitantes florais, encontramos os grupos das abelhas e vespas que utilizam recursos fornecidos pelas plantas. O grupo das vespas normalmente utiliza as plantas para se alimentar de néctar, e assim como díptera e lepidóptera, é considerado polinizador efetivo de poucas espécies (DUTRA; MACHADO, 2001). Já o grupo das abelhas, em contraste com os demais visitantes, utiliza o néctar para sua própria alimentação e também coleta o pólen para a criação da sua prole, sendo totalmente dependente das plantas. Com essa dependência, as abelhas evoluíram adaptações morfológicas e etológicas para a coleta e o transporte do pólen, sendo consideradas os principais polinizadores das angiospermas (BAWA, 1990; BUZZI, 2005; HESS, 1990). A polinização pode ser realizada por diversos tipos de insetos, vento, chuva e por gravidade, porém nenhum destes tem a eficiência das abelhas. As abelhas dependem das flores para a obtenção de alimento e as plantas recebem os benefícios da polinização, mantendo, assim, uma diversidade de interações interespecíficas que asseguram a manutenção dos ecossistemas em que se encontram (SCHLINDWEIN, 2000; PIRANI; CORTORASSI- LAURINO, 1993). É sabido que, apesar de sua morfologia adaptada, nem sempre as abelhas polinizam as flores. Certas espécies são consideradas polinizadores ocasionais, pois conseguem atingir o nectário sem necessariamente tocar as partes reprodutivas da flor devido ao seu tamanho e morfologia (DUTRA; MACHADO, 2001). Outras espécies são consideradas polinizadores eficientes, pois possuem morfologia adaptada às características estruturais das flores, sempre contatando os órgãos reprodutores ao visitá-las na procura de néctar ou pólen (DUTRA; MACHADO, 2001). As plantas tendem apresentar modificações em forma, cor e odor para que exista uma maior atração dos visitantes florais e para que consigam aumentar o seu sucesso reprodutivo. Aspectos da biologia floral e da polinização de plantas cultivadas são praticamente desconhecidos no nosso país (FIGUEIREDO, 2003). As pesquisas na área da biologia floral ajudam a gerar informações de processos das espécies de estudo, bem como

13 elucidar algumas complicações taxonômicas em nível de espécie e gêneros importante (TEIXEIRA; ZAMPIEROM, 2007). Estudos relacionados à interação destas plantas com seus visitantes florais podem indicar não só a importância das plantas na dieta e manutenção das populações destes visitantes, mas também mostrar a importância dos visitantes no processo de polinização das espécies vegetais. Desta forma, o destino de muitas plantas depende da preservação de suas relações mutualísticas com os polinizadores e vice-versa (KEARNS; INOUYE, 1997). Assim, estudos que envolvam a biologia floral e a polinização possuem uma enorme importância para a ciência, tanto como mecanismo de preservação, quanto de controle.

14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Identificar os visitantes florais das plantas medicinais Calendula officinalis L., Chamomilla recutita L. e Foeniculum vulgare Mill., cultivadas sob manejo orgânico em propriedade rural no município de Grão-Pará, sul do estado de Santa Catarina. 2.2 Objetivos Específicos Registrar os visitantes florais nas inflorescências durante o período de floração das diferentes espécies de plantas medicinais cultivadas na área de estudo durante um período de seis meses. Verificar a flutuação da riqueza e abundância das abelhas visitantes florais ao longo do período de floração de cada espécie medicinal. Detectar quais visitantes florais são mais abundantes em cada espécie de planta medicinal estudada. Calcular a diversidade, equitabilidade, dominância e constância dos visitantes florais de cada espécie de planta medicinal estudada. Verificar a similaridade dos visitantes florais entre as espécies medicinais estudadas.

15 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Área de estudo O presente estudo foi realizado em uma propriedade rural do Sr. Antônio Alberton, localizada no município de Grão-Pará, Santa Catarina (28º 14 00.0 S, 49º 17 58.7 W). O município de Grão Pará possui uma área de aproximadamente 328 km² (IBGE, 2007) e está situado no Vale do Rio Tubarão em uma altitude de 110 m (SANTA CATARINA, 1990). O clima do município classifica-se como mesotérmico úmido, segundo Köppen (1931), sem estação seca, com verões quentes apresentando temperatura média anual de 19,2 C e precipitação total anual de 1.300 a 1.600 mm (SANTA CATARINA, 1990). As plantas medicinais foram cultivadas na propriedade do Sr. Antônio Alberton (Fig. 1), onde parte da área de plantio é utilizada para a produção de plantas medicinais em sistema orgânico para fins comerciais, sendo esta a principal fonte de renda da família. A propriedade está inserida, em sua maioria, numa região produtora de fumo. Entretanto, ainda ocorrem remanescentes da vegetação nativa do local na região. Figura 1: Plantação de Calendula officinalis e Chamomilla recutita na propriedade rural do Sr. Antônio Alberton no município de Grão-Pará, SC.

16 3.2 Plantas medicinais estudadas Neste trabalho foram registrados os insetos visitantes florais de três espécies medicinais: Calendula officinalis L., Chamomilla recutita L. e Foeniculum vulgare Mill. Calendula officinalis L. (Asteraceae, APG II), conhecida popularmente como malmequer, calêndula, maravilha-dos-jardins e margarida-dourada (LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000), é uma planta herbácea, anual, ramificada, de 30-60 cm de altura. Suas flores possuem coloração amarela a alaranjada, dispostas em capítulos terminais grandes (LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). A corola de suas flores centrais é tubulosa e a periférica é ligulada (FRANCO, 2001). Nativa das ilhas Canárias e da região Mediterrânea é uma planta de clima temperado, amplamente utilizada em todo o mundo na medicina tradicional (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS, 2000; FRANCO, 2001; LORENZI; MATOS, 2008). As inflorescências e as folhas são as partes da planta utilizada para fins terapêuticos, possuindo ação cicatrizante, anti-séptica, analgésica, depurativa, antiinflamatória, sudorífera e antiespasmódica (FRANCO, 2001; LORENZI; MATOS, 2008). Além do uso medicinal, a calêndula é utilizada no paisagismo, na indústria cosmética e alimentícia, possuindo grande interesse comercial, sendo seu cultivo considerado economicamente viável na agricultura familiar (LEITE et al., 2005). Chamomilla recutita L. (Asteraceae, APG II) é uma planta herbácea, anual, aromática de até um metro de altura, com folhas pinatissectas, conhecida popularmente como camomila, macanilha, camomila-da-alemanhã e matriarca (CORRÊA; BATISTA; QUINTAS, 2000; LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). Suas flores estão reunidas em capítulos compactos, agrupados em corimbos com as flores centrais amarelas e as marginais de corola liguladas brancas, que ficam pendentes quando a inflorescência amadurece (LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). É nativa dos campos da Europa e aclimatada em algumas regiões da Ásia e nos países latinos, inclusive na região sul do Brasil (LORENZI; MATOS, 2008). A parte utilizada para fins medicinais são os capítulos florais secos ao ar, tendo ação calmante, antiinflamatória, analgésica, sedativa, digestiva e emenagoga (FRANCO, 2001; LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). A camomila é uma das plantas de uso mais antigo pela medicina tradicional européia, sendo hoje incluída oficialmente nas farmacopéias de quase todos os países (LORENZI; MATOS, 2008). Foeniculum vulgare Mill. (Apiaceae, APG II), conhecida popularmente como erva-doce, falsa-erva-doce, fiolho, funcho-comum e pinochio, é uma erva anual ou bienal,

17 ereta, perenifólia, fortemente aromática, de 15-30 cm de altura (CASTRO; CHEMALE, 1995; LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). Suas flores são pequenas, de cor amareloesverdeadas, reunidas em umbelas compostas terminais, dispostas acima das folhagens (LORENZI; MATOS, 2008). É nativa do sul da Europa, mais especificamente da região do Mediterrâneo, sendo cultivada em vários países de clima subtropical e temperado brando (CASTRO; CHEMALE, 1995; LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). Suas raízes e sementes são utilizadas para fins terapêuticos tendo indicações como carminativo, digestivo, diurético, tônico geral e sedativo (LORENZI; MATOS, 2008; MARTINS, 2000). Esta planta é possivelmente a mais universal de todas as ervas condimentares usadas na culinária em todo o mundo, sendo também muito utilizada como aromatizante em perfumaria (LORENZI; MATOS, 2008). 3.3 Metodologia 3.3.1 Coleta de insetos visitantes florais As coletas dos visitantes florais das plantas medicinais foram realizadas durante os meses de agosto de 2008 a janeiro de 2009, quinzenalmente, durante 10 minutos de cada hora no período das 8 às 17 horas. Os insetos foram coletados diretamente nas flores ou logo após abandoná-las com auxilio de rede entomológica e acondicionados, individualmente, em câmaras mortíferas com acetato de etila. Em laboratório, os insetos coletados foram alfinetados e, no caso de Hymenoptera, os espécimes foram identificados até nível de espécie ou classificados em morfoespécie por meio de comparação e com o auxilio de literatura específica e de especialistas. Os espécimes das demais ordens foram classificados até nível de família por meio de literatura específica, com exceção de Syrphidae (Diptera) onde os indivíduos coletados foram identificados até morfoespécie com auxílio de especialistas. Desta forma, para os cálculos de abundância foram considerados todos os visitantes florais e para os demais cálculos apenas as espécies/morfoespécies de Hymenoptera.

18 3.3.2 Análise de Dados Os insetos visitantes florais foram analisados quantitativamente e qualitativamente calculando-se a riqueza (S) e abundância (N) das espécies. As abundâncias foram determinadas, contando-se todos os indivíduos coletados durante o período da floração das plantas medicinais de todas as espécies de inseto. Os índices de diversidade de Shannon- Wiener (H ) e de equitabilidade (J) para cada espécie medicinal estudada foram calculados com uso do programa estatístico PAST (HAMMER; HARPER; RYAN, 2001). A curva do coletor foi construída, utilizando-se a acumulação de espécies durante o período de coleta. Para estimar a riqueza da comunidade, foram calculados os estimadores de riqueza Chao1, Chao2, Jacknife1, Jacknife2 e Bootstrap, utilizando o programa estatístico EstimateS 8.0 (COLWELL, 2006). Para o uso deste programa foram aplicadas 100 repetições. Para calcular a similaridade dos visitantes florais nas diferentes espécies de plantas estudadas foi utilizado o índice de Jaccard. Para verificar se ocorreu flutuação da riqueza e abundância dos visitantes florais ao longo do período de floração de cada espécie medicinal, foram contados os números de espécies e de indivíduos coletados por mês para cada espécie medicinal estudada e a flutuação avaliada a partir de representação gráfica. Para cada espécie de abelha coletada foi determinada a medida faunística da constância pela equação C= (p x 100) / N, apresentada em Silveira Neto et al. (1976), onde C= constância em percentual; p = número de coletas contendo a espécie em estudo; N = número total de coletas efetuadas. Assim, as espécies foram classificadas em constantes (quando presentes em mais de 50% das coletas), acessórias (as encontradas entre 25% e 50% das coletas) ou acidentais (presentes em menos de 25% das coletas). A dominância das espécies de abelhas encontradas na área de estudo foi determinada através do cálculo do limite de dominância a partir da equação LD = (1/S) x 100, citado por Sakagami e Laroca (1971), onde LD representa o limite de dominância e S representa o número total de espécies. Este parâmetro classifica as espécies em dominantes quando os valores do limite inferior de cada espécie apresentam-se superiores ao limite de dominância e não dominantes quando os valores encontrados foram menores (adaptado de SILVA, 2005). O limite inferior de cada espécie foi calculado pela fórmula Li= [1- ((k 1 x F 0 ) / (k 2 + (k 1 x F 0 ))]x100, onde: Li, representa o limite inferior para cada espécie;

19 F 0 = valor obtido da tabela de distribuição de F ao nível de 5% de significância para graus de liberdade obtidos em k 1 e k 2 (ZAR, 1999); k 1 = 2(N n i + 1); k 2 = 2(n i + 1); N = número total de indivíduos; n i = número total de indivíduos da espécie i.

4 RESULTADOS Calendula officinalis L. Nas inflorescências de C. officinalis foram coletados 784 indivíduos de 49 espécies/morfoespécies pertencentes às ordens Hymenoptera, Lepidoptera e Diptera (Tab. 1). Além destas espécies/morfoespécies foram coletados 36 indivíduos pertencentes às ordens citadas anteriormente, dos quais a identificação foi possível apenas ao nível de família. Tabela 1: Espécies de visitantes florais e abundâncias absolutas encontradas na espécie medicinal Calendula officinalis, cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante o período de floração da espécie. Táxon Número de indivíduos Hymenoptera Andrenidae Panurginae Protandrenini Psaenythia bergi Holmberg, 1884 2 Apidae Apinae Apini Apis mellifera Linnaeus, 1758 369 Bombus morio Swedereus, 1787 1 Plebeia droryana (Friese, 1900) 3 Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 151 Eucerini Melissoptila sp. 1 7 Melissoptila sp. 2 2 Alloscirtetica sp. 1 1 Xylocopinae Ceratinini Ceratina (Crewella) asuncionis (Strand, 1910) 6 Ceratina sp. 2 1 Ceratina (Crewella) sp. 4 1 Halictidae Halictinae Augochlorini Augochlora (Augochlora) amphitrite (Schrottky, 1910) 31 Augochlora (Augochlora) tantilla (Moure, 1943) 7 Augochlora (Augochlora) sp. 3 1 Augochlora (Augochlora) sp. 6 2 Augochlora (Augochlora) sp. 8 1 Augochlora (Augochlora) sp. 15 1 Augochlora (Augochlora) sp. 16 1

21 Táxon Número de indivíduos Augochlora (Oxystoglossula) semirames 33 Augochloropsis cupreola (Cockerell, 1900) 6 Augochloropsis cf. euterpe (Holmberg, 1886) 5 Augochloropsis sparsilis (Vachal, 1903) 2 Augochloropsis sp. 10 1 Augochloropsis sp. 11 1 Neocorynura oiospermi (Schrottky, 1909) 23 Halictini Dialictus sp. 1 9 Dialictus sp. 2 11 Dialictus sp. 3 1 Dialictus sp. 4 6 Dialictus sp. 5 1 Dialictus sp. 6 1 Dialictus sp. 7 1 Dialictus sp. 8 1 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) pruinosus 5 Megachilidae Megachilinae Diptera Syrphidae Syrphinae (Moure & Sakagami, 1984) Megachilini Megachile (Pseudocentron) sp. 1 2 Megachile (Austromegachlile) sp. 1 1 Syrphini Allograpta sp. 1 11 Toxomerini Toxomerus sp. 1 39 Toxomerus sp. 2 2 Toxomerus sp. 3 1 Eristalinae Eristaliini Eristalinus sp. 1 1 Palpada sp. 1 12 Palpada sp. 2 8 Palpada sp. 3 4 Palpada sp. 4 3 Palpada sp. 5 1 Palpada sp. 6 1 Palpada sp. 7 1 Palpada sp. 8 2 Muscidae 7 Tachinidae 11 Lepidoptera Hesperidae 9 Lycaenidae 1 Nymphalidae 6 Pieridae 2

22 Do total de insetos coletados nas inflorescências, o grupo das abelhas (Hymenoptera, Apiformes) foi o mais representativo com 698 indivíduos, seguido por Diptera com 104 indivíduos e Lepidoptera com 18 indivíduos (Fig. 2). Diptera 13% Lepidoptera 2% Hymenoptera 85% Figura 2: Abundância de insetos visitantes florais da planta medicinal Calendula officinalis cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. As abelhas coletadas estão distribuídas em quatro famílias: Andrenidae, Apidae, Halictidae e Megachilidae. Apidae apresentou a maior abundância, com 77,6% do total dos indivíduos coletados, seguida de Halictidae (21,6%), Megachilidae (0,43%) e Andrenidae (0,29%) (Tab. 2). Em relação à riqueza, Halictidae foi a família mais representativa, seguida por Apidae, Megachilidae e Andrenidae (Tab. 2). Tabela 2: Número de gêneros, espécies e indivíduos de abelhas distribuídos por família, coletados na planta medicinal Calendula officinalis no município de Grão-Pará, SC, durante o período de floração da espécie. Família Nº de gêneros Nº de espécies Nº de indivíduos Andrenidae 1 1 2 Apidae 7 10 542 Halictidae 5 23 151 Megachilidae 1 2 3 Total 14 36 698 O período de floração de Calendula officinalis inciou-se no fim do mês de agosto, estendendo-se até o ínicio do mês de dezembro. A maior abundância de abelhas foi registrada no mês de outubro, quando foram coletados 286 indivíduos visitando as flores de calêndula. A

23 maior riqueza foi registrada no mês de setembro, onde foram coletadas 20 espécies de abelhas nas inflorescências. O menor registro de abundância e riqueza foi no mês de dezembro, com apenas 37 indivíduos e 4 espécies de abelhas coletados (Fig. 3 e 4). Nº de Indivíduos 350 300 250 200 150 100 50 0 Ago Set Out Nov Dez Meses de Floração Figura 3: Flutuação da abundância de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. officinalis em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. 25 Nº de Espécies 20 15 10 5 0 Ago Set Out Nov Dez Meses de Floração Figura 4: Flutuação da riqueza de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. officinalis em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração A curva real do coletor demonstrou que houve acréscimo de espécies até o final do período de floração, não havendo assim estabilidade da curva no final das coletas (Fig. 5). Os estimadores de riqueza não-paramétricos variaram entre 57,9 (Bootstrap) e 80,5 (Chao 1).

24 Estes índices sugerem que entre 60,9% e 84,6% da fauna de visitantes florais identificados até nível de espécie/morfoespécie foi efetivamente amostrada (Fig. 6). 60 50 Nº de espécies 40 30 20 10 0 Ago Set Out Nov Dez Meses de floração Figura 5: Curva do coletor referente aos meses de coletas realizadas durante o período de floração da espécie medicinal Calendula officinalis cultivada em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC. Nº de espécies 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 7 Dias de coleta Spp. amostradas Chao 1 Chao 2 Jacknife 1 Jacknife 2 Bootstrap Figura 6: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas). Cinco espécies/morfoespécies coletadas na calêndula foram consideradas mais representativas, possuindo um número maior do que 30 indivíduos coletados. Dentre estas cinco espécies/morfoespécie, a abelha africana Apis mellifera representou 45% dos indivíduos amostrados, seguida pela abelha eussocial Trigona spinipes que representou 18,5%. O díptero

25 Toxomerus sp. 1 (Syrphidae), também foi representativo, porém apresentou apenas 5,5% do total de indivíduos amostrados (Fig. 7). Nº de indivíduos 400 350 300 250 200 150 100 50 0 A. mellifera T. spnipes Toxomerus sp. 1 A.semirames Espécies de visitantes florais A.amphitrite Figura 7: As cinco espécies de visitantes florais mais representativas coletadas na planta medicinal C. officinalis em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H ) foi 2,083 e a equitabilidade (J) foi de 0,535. O cálculo da medida faunística da constância (C) mostrou que, das 49 espécies de visitantes coletadas na propriedade, nove são consideradas constantes (Apis mellifera, Augochlora amphitrite, Augochlora semirames, Dialictus sp. 1, Dialictus sp. 2, Pseudagapostemom pruinosus, Neocorynura oiospermi, Toxomerus sp.1 e Trigona spinipes), oito acessórias (Allograpta sp. 1, Augochlora tantilla, Augochloropsis cupreola, Melissoptila sp. 1, Palpada sp. 1, Palpada sp. 2, Palpada sp. 3 e Plebeia remota) e 32 consideradas acidentais (Fig. 8, Apêndice A). O índice de dominância mostrou que somente cinco das 49 espécies amostradas tiveram o limite inferior calculado acima do limite de dominância (LD = 2,04) e, portanto foram consideradas dominantes nas inflorescências da calêndula (Apis mellifera/li=47,07; Trigona spinipes/li=19,30; Toxomerus sp. 1/Li=10,87; Augochlora amphitrite/li=2,96; Augochlora semirames/li=2,96).

26 Acessórias 22% Constantes 16% Acidentais 62% Figura 8: Distribuição das espécies de visitantes florais amostradas na planta medicinal C. officinalis em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância Chamomilla recutita L. Nas inflorescências da planta medicinal Chamomilla recutita foram coletados 496 indivíduos de 32 espécies/morfoespécies pertencentes às ordens Hymenoptera e Diptera (Tab. 3). Além destas espécies/morfoespécies foram coletados 71 indivíduos pertencentes às ordens citadas anteriormente, dos quais a identificação foi possível apenas ao nível de família. Tabela 3: Espécies de visitantes florais e abundâncias absolutas encontradas na espécie medicinal Chamomilla recutita, cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante o período de floração da espécie. Táxon Número de indivíduos Hymenoptera Apidae Apinae Apini Apis mellifera Linnaeus, 1758 35 Bombus morio Swedereus, 1787 1 Melipona (Melipona s.str.) quadrifasciata Lepeletier, 1836 1 Plebeia remota (Holmberg, 1903) 167 Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) 9 Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 51 Xylocopinae

27 Táxon Número de indivíduos Ceratinini Ceratina (Ceratinula) biguttulata (Moure, 1941) 1 Ceratina (Rhysoceratina) sp. 1 1 Halictidae Halictinae Augochlorini Augochlora (Oxystoglossula) semirames 5 Augochloropsis sp. 9 9 Augochloropsis sp. 10 2 Augochloropsis cupreola (Cockerell, 1900) 1 Augochloropsis cf. euterpe (Holmberg, 1886) 8 Neocorynura oiospermi (Schrottky, 1909) 7 Halictini Dialictus sp. 1 23 Dialictus sp. 2 68 Dialictus sp. 3 1 Dialictus sp. 4 5 Dialictus sp. 5 1 Dialictus sp. 9 1 Dialictus sp. 10 3 Dialictus sp. 11 3 Pseudagapostemon (Pseudagapostemon) pruinosus (Moure 1 & Sakagami, 1984) Megachilidae Megachilinae Megachilini Megachile (Pseudocentron) sp. 2 1 Megachile (Dactylomegachile) sp. 1 1 Diptera Syrphidae Syrphinae Syrphini Allograpta sp. 1 26 Toxomerini Toxomerus sp. 1 45 Toxomerus sp. 2 1 Eristalinae Eristaliini Eristalinus sp. 1 1 Palpada sp. 1 13 Palpada sp. 4 2 Palpada sp. 8 2 Calliphoridae 4 Muscidae 29 Sarcophagidae 6 Tachinidae 32 Do total de insetos coletados nas inflorescências, o grupo das abelhas (Hymenoptera, Apiformes) foi o mais representativo com 408 indivíduos, seguido por Diptera com 159 indivíduos (Fig. 9).

28 Diptera 28% Hymenoptera 72% Figura 9: Abundância de insetos visitantes florais da planta medicinal Chamomilla recutita cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. As abelhas coletadas estão distribuídas em três famílias, Apidae, Halictidae e Megachilidae. Apidae apresentou maior abundância, com 65,5% do total dos indivíduos coletados, seguida de Halictidae (34%) e Megachilidae (0,5%) (Tab. 4). Em relação à riqueza, Halictidae foi a família mais representativa, seguida por Apidae e Megachilidae (Tab. 4). Tabela 4: Número de gêneros, espécies e indivíduos de abelhas distribuídos por família, coletados na planta medicinal Chamomilla recutita no município de Grão-Pará, SC. Família Nº de gêneros Nº de espécies Nº de indivíduos Apidae 7 8 266 Halictidae 5 15 138 Megachilidae 1 2 2 Total 13 25 406 O período de floração de Chamomilla recutita iniciou-se no final do mês de agosto, estendendo-se até o final do mês de novembro. A maior abundância de abelhas foi registrada no mês de outubro, quando foram coletados 184 indivíduos visitando as flores da camomila e a maior riqueza foi registrada em setembro, onde foram coletadas 18 espécies de abelhas. A menor abundância e riqueza foi registrada em agosto, onde foram coletados apenas 26 indivíduos e 8 espécies de abelhas (Fig. 10 e 11).

29 200 Nº de indivíduos 150 100 50 0 Ago Set Out Nov Meses de floração Figura 10: Flutuação da abundância de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. recutita em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. 20 Nº de espécies 15 10 5 0 Ago Set Out Nov Meses de floração Figura 11: Flutuação da riqueza de abelhas visitantes florais da espécie medicinal C. recutita em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração A curva real do coletor demonstrou que houve um acréscimo de espécies até o final do período de floração, não havendo estabilidade da curva no final das coletas (Fig. 12). Os estimadores de riqueza não-paramétricos variaram entre 37,43 (Bootstrap) e 69,5 (Chão 2). Estes índices sugerem que entre 46% e 85,5% da fauna de visitantes florais foram efetivamente amostradas (Fig. 13).

30 Nº de espécies 35 30 25 20 15 10 5 0 Ago Set Out Nov Meses de floração Figura 12: Curva do coletor referente aos meses de coletas realizadas durante o período de floração da espécie medicinal C. recutita realizadas em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC. 100 Nº de espécies 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 Spp. amostradas Chao 1 Chao 2 Jacknife 1 Jacknife 2 Bootstrap Dias de coleta Figura 13: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas). Cinco espécies/morfoespécies coletadas na camomila foram consideradas mais representativas, possuindo um número maior de 30 indivíduos coletados. Dentre estas cinco espécies/morfoespécies, a abelha eussocial Plebeia remota representou 29,5% dos indivíduos amostrados, seguida por Dialictus sp. 2 que representou 12%. O díptero Toxomerus sp. 1,

31 pertencente à família Syrphidae, também foi representativo, porém apresentou apenas 8% do total de indivíduos amostrados (Fig. 14). Nº de indivíduos 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 P. remota Dialictus sp. 2 T. spinipes Toxomerus sp. 1 Espécies de visitantes florais A. mellifera Figura 14: As cinco espécies de visitantes florais mais representativas coletadas na planta medicinal C. recutita em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H ) foi 2,326 e a equitabilidade (J) foi de 0,671. O cálculo da medida faunística da constância (C) mostrou que, das 32 espécies de visitantes coletadas na propriedade, 11 são consideradas constantes (Apis mellifera, Plebeia remota, Trigona spinipes, Augochlora cf. euterpe, Neocorynura oiospermi, Dialictus sp.1, Dialictus sp. 2, Dialictus sp. 4, Allograpta sp.1, Toxomerus sp. 1 e Palpada sp. 1), sete acessórias (Tetragonisca angustula, Augochlora semirames, Augochloropsis sp. 9, Dialictus sp. 10, Dialictus sp. 11, Toxomerus sp. 2 e Palpada sp. 8) e 14 consideradas acidentais (Fig. 15, Apêndice B). O índice de dominância mostrou que sete das 32 espécies amostradas tiveram o limite inferior calculado acima do limite de dominância (LD = 3,12) e, portanto foram consideradas dominantes nas inflorescências de camomila (Apis mellifera/li=4,16; Trigona spinipes/li=7,71; Plebeia remota/li=33,73; Dialictus sp. 1/Li=3,24; Dialictus sp. 2 /Li=13,84; Allograpta sp. 1/ Li=3,65 e Toxomerus sp. 1/Li=6,82).

32 Constante 34% Acessória 22% Acidental 44% Figura 15: Distribuição das espécies de visitantes florais amostradas na planta medicinal C. recutita em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância. Foeniculum vulgare Mill. Nas inflorescências da planta medicinal Foeniculum vulgare foram coletados 400 indivíduos de 41 espécies/morfoespécies pertencentes às ordens Hymenoptera e Diptera (Tab. 5). Além destas espécies/morfoespécies foram coletados 80 indivíduos pertencentes às ordens citadas anteriormente, dos quais a identificação foi possível apenas ao nível de família. Tabela 5: Espécies de visitantes florais e abundâncias absolutas encontradas na espécie medicinal Foeniculum vulgare cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante o período de floração da espécie. Táxon Número de indivíduos Hymenoptera Apidae Apinae Apini Apis mellifera Linnaeus, 1758 5 Plebeia remota (Holmberg, 1903) 10 Tetragonisca angustula (Latreille, 1811) 41

33 Táxon Número de indivíduos Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 14 Halictidae Halictinae Augochlorini Augochlora (Augochlora) tantilla (Moure, 1943) 2 Augochloropsis cupreola (Cockerell, 1900) 2 Augochloropsis cf. euterpe (Holmberg, 1886) 1 Halictini Dialictus sp. 2 8 Dialictus sp. 4 1 Dialictus sp. 5 1 Dialictus sp. 9 1 Vespidae Eumeninae Monobia sp. 1 1 Ancistrocerus sp. 1 1 Pachodynerus sp. 1 1 Parancistrocerus sp. 1 1 Polistinae Polybia sp. 1 140 Polybia sp. 2 1 Protonectarina sp. 1 3 Polistes versicolor (Olivier) 13 Polistes cavapityformis Richard, 1978 52 Brachygastra lecheguana (Latreille, 1924) 5 Polybia sericea (Olivier, 1791) 3 Mischocyttarus sp. 1 3 Polybia fastidiosuscula Saussure, 1854 6 Polistes sp. 1 1 Polistes sp. 2 1 Polistes sp. 3 4 Polistes sp. 4 2 Diptera Syrphidae Syrphinae Syrphini Allograpta sp. 1 40 Ocyptamus sp. 1 6 Syrphus sp.1 1 Toxomerini Toxomerus sp. 1 9 Toxomerus sp. 2 3 Toxomerus sp. 4 2 Toxomerus sp. 5 2 Eristalinae

34 Táxon Número de indivíduos Eristaliini Eristalinus sp. 1 2 Palpada sp. 1 3 Palpada sp. 3 2 Palpada sp. 4 2 Palpada sp. 5 3 Palpada sp. 8 1 Calliphoridae 6 Muscidae 17 Sarcophagidae 13 Stratiomyidae 1 Tachinidae 43 Do total de insetos coletados nas inflorescências, o grupo das abelhas e vespas (Hymenoptera) foi o mais abundante com 324 indivíduos, seguido por Diptera com 156 indivíduos (Fig. 16). Diptera 33% Hymenoptera 67% Figura 16: Abundância de insetos visitantes florais da planta medicinal Foeniculum vulgare cultivada sob manejo orgânico no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. As abelhas e vespas coletadas estão distribuídas em três famílias: Apidae, Halictidae e Vespidae. Vespidae apresentou maior abundância, com 73,5% do total dos indivíduos coletados, seguida de Apidae (21,6%) e Halictidae (4,9%) (Tab. 6). Em relação à riqueza, Vespidae foi a família mais representativa, seguida por Halictidae e Apidae (Tab. 6).

35 Tabela 6: Número de gêneros, espécies e indivíduos de abelhas distribuídos por família, coletados na planta medicinal Foeniculum vulgare no município de Grão-Pará, SC. Família Nº de gêneros Nº de espécies Nº de indivíduos Apidae 4 4 70 Halictidae 3 7 16 Vespidae 9 17 238 Total 16 28 324 O período de floração de Foeniculum vulgare iniciou-se no começo do mês de setembro de 2008, estendendo-se até o final do mês de janeiro de 2009. O maior registro de abundância de abelhas e vespas foi em novembro, quando foram coletados 97 indivíduos visitando as flores de funcho e o menor registro em relação da riqueza foi no mês setembro, quando foram coletadas 16 espécies de abelhas e vespas. A menor abundância e menor riqueza foi verificada no mês de dezembro, onde foram coletados apenas 27 indivíduos e 7 espécies de abelhas e vespas (Figura 17 e 18). 120 Nº de indivíduos 100 80 60 40 20 0 Set Out Nov Dez Jan Meses de floração Figura 17: Flutuação da abundância relativa de abelhas visitantes florais da espécie medicinal F. vulgare em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração.

36 Nº de espécies 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Set Out Nov Dez Jan Meses de floração Figura 18: Flutuação da riqueza de abelhas visitantes florais da espécie medicinal F. vulgare em propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração A curva real do coletor demonstrou que houve um acréscimo de espécies até o final do período de floração, não havendo estabilidade da curva no final das coletas (Fig. 19). Os estimadores de riqueza não-paramétricos variaram entre 48,03 (Bootstrap) e 68 (Chao 2) espécies. Estes índices sugerem que entre 60,3 e 85,36% da fauna de visitantes florais foram efetivamente amostradas (Fig. 20). Nº de espécies 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Set Out Nov Dez Jan Meses de floração Figura 19: Curva do coletor referente aos meses de coleta do período de floração da espécie medicinal F. vulgare realizadas em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC.

37 Nº de espécies 100 80 60 40 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Spp. amostradas Chao 1 Chao 2 Jacknife 1 Jacknife 2 Bootstrap Dias de coleta Figura 20: Estimadores de riqueza não-paramétricos: Chao 1, Chao 2, Jacknife 1, Jacknife 2 e Bootstrap e a curva do coletor (spp. amostradas). Quatro espécies/morfoespécies coletadas no funcho foram consideradas mais representativas, possuindo um número maior do que 30 indivíduos coletados. Dentre estas quatro espécies/morfoespécie, a vespa Polybia sp.1 representou 29,2% dos indivíduos amostrados, seguida pela vespa Polistes cavapityformis que representou 10,8%. O díptero Allograpta sp. 1, pertencente a família Syrphidae, também foi representativo, porém apresentou apenas 8,3,% do total de indivíduos amostrados (Fig. 21).

38 Nº de indivíduos 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Polybia sp.1 P. cavapityformes T. angustula Espécies de visitantes florais Allograpta sp. 1 Figura 21: As quatro espécies de visitantes florais mais representativas coletadas na planta medicinal F. vulgare em uma propriedade rural no município de Grão-Pará, SC, durante seu período de floração. O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H ) foi 2,489 e a equitabilidade (J) foi de 0,67. O cálculo da medida faunística da constância (C) mostrou que, das 41 espécies de visitantes coletadas na propriedade, oito são consideradas constantes (Apis mellifera, Tetragonisca angustula, Dialictus sp 2, Polybia sp. 1, Polistes versicolor, Polistes cavapityformis, Allograpta sp.1 e Toxomerus sp. 1), nove acessórias (Plebeia remota, Trigona spinipes, Protonectarina sp.1, Brachygastra lecheguana, Mischocyttarus sp. 1, Polybia fastidiosuscula, Ocyptamus sp. 1, Toxomerus sp. 2, Palpada sp. 1 ) e 24 consideradas acidentais (Fig. 22, Apêndice C). O índice de dominância mostrou que somente quatro das 41 espécies amostradas tiveram o limite inferior calculado acima do limite de dominância (LD = 2,44) e, portanto foram consideradas dominantes nas inflorescências de camomila (Tetragonisca angustula/li=8,54; Polybia sp. 1/Li=35,07; Polistes cavapityformis/li=9,85; Allograpta sp. 1/ Li=7,65).

39 Constante 20% Acessória 22% Acidental 58% Figura 22: Distribuição das espécies de visitantes florais amostradas na planta medicinal F. vulgare em propriedade rural no município de Grão Pará, SC, nas três categorias segundo o cálculo da medida faunística da constância. Similaridade entre as plantas Para as três espécies de plantas medicinais coletadas neste estudo foi calculado o índice de Jaccard para verificar o quão similares estas são entre si. O valor obtido entre a planta calêndula e a planta camomila foi de 0,373 e entre camomila e funcho o valor é de 0,304. Entre calêndula e funcho foi obtido o valor de 0,25, sendo este o mais baixo encontrado entre as três espécies. Quinze espécies de insetos foram observadas visitando igualmente as inflorescências das três espécies de plantas medicinais estudadas, 22 foram registradas nas inflorescências de calêndula e de camomila, 18 nas inflorescências da camomila e do funcho e 17 espécies nas flores da calêndula e de funcho.