ANÁLISE PRELIMINAR DA PERCEPÇÃO PÚBLICA SOBRE OS ACIDENTES COM TUBARÕES. Ferreira; K. C. F. Brotto; D. S.



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Transcrição:

ANÁLISE PRELIMINAR DA PERCEPÇÃO PÚBLICA SOBRE OS ACIDENTES COM TUBARÕES Ferreira; K. C. F. Brotto; D. S. Resumo Acidentes com tubarões ocorrem desde quando os homens começaram a explorar os recursos marinhos há milhares de anos, há alguns anos os registros de acidentes vêm aumentando assim como o número de espécies de elasmobrânquios ameaçados de extinção. É preocupante que no Brasil, incluam-se espécies endêmicas nessas listas. As intervenções antrópicas são freqüentemente citadas como a maior ameaça a esses animais. Embora entre os cidadãos leigos ainda persistam o desconhecimento de inúmeras questões ambientais, particularmente com relação aos elasmobrânquios. A importância de avaliar a percepção pública visando a implementação de ações conservacionistas, foi ressaltada pela UNESCO em 1973, pois uma das maiores dificuldades para a proteção ambiental reside nas diferenças da percepção de valores e importância do mesmo entre indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócio-econômicos distintos. O objetivo deste trabalho foi o de analisar de forma preliminar a percepção pública sobre acidentes com tubarões, avaliando o grau de conhecimento e conscientização do público de diferentes classes econômicas, grau de instrução, sexo e idade. Foram aplicados questionários a um total de 240 indivíduos, sendo 120 residentes em áreas urbanas e 120 em comunidades de pescadores. Os dados coletados foram digitados em planilha eletrônica e sua avaliação consistiu na produção e análise de gráficos. Os resultados indicam a existência de deficiências na transmissão de conteúdos ecológicos nas escolas e mesmo nas Universidades, contribuindo para a falta de conscientização do real papel dos elasmobrânquios no seu ecossistema. Também se observa à partir das entrevistas informais que entre os pescadores é freqüente a crença de que os recursos marinhos sejam inesgotáveis, embora muitos relatem a redução dos estoques naturais. Na população urbana, os níveis mais baixos de conscientização são observados entre os indivíduos de menor poder aquisitivo e escolaridade. Felizmente, com relação às razões do incremento do número de acidentes registrados, podemos afirmar que a população, tanto urbana como a das comunidades de pescadores, em sua maioria possua uma idéia clara sobre a influência da degradação ambiental.

Introdução Acidentes com tubarões ocorrem desde quando os homens começaram a explorar os recursos marinhos há milhares de anos, há alguns anos os registros de acidentes vêm aumentando assim como o número de espécies de elasmobrânquios ameaçados de extinção. É de preocupar que no Brasil, incluam-se espécies endêmicas nessas listas. A atividade antrópica é a maior ameaça a estes animais. Algumas espécies encontram-se ameaçadas de extinção devido a pesca. Isto acontece devido a quatro fatores: 1) a degradação dos ambientes costeiros em que se desenvolvem; 2) a captura acidental (by-cath) e, nos últimos anos dirigida; 3) o aumento do esforço de pesca, e ainda pela 4) estratégia de vida das espécies. Sendo a atividade pesqueira a maior ameaça a biodiversidade desse grupo com o agravante de que o manejo, a nível mundial é complicado devido a falta de informação básica. A pesca, dirigida ou acidental envolve o paradoxo de que tubarões e raias têm baixo valor econômico, o que lhes confere baixa prioridade quando se considera pesquisa e conservação, ao passo que a demanda por subprodutos como barbatanas, é muito alta, estimulando o aumento da exploração. Um grande número de espécies têm sido incluídas na lista vermelha das espécies ameaçadas da International Union for Conservation of Nature and Natural Resources IUCN (Camhi et al..., 1998). No Brasil, espécies ameaçadas foram incluídas nessa lista, inclusive espécies endêmicas, a saber: a raia viola (Rhinobatos horkelii), boca vermelha listrado (Mustelus fasciatus), o quati (Isogomphodon oxyrhynchus), o peixe serra (Pristis spp.), bico de cristal (Galeorhinus galeus), mangona (Carcharias taurus) e o anjo (Squatina spp.). Os elasmobrânquios tornam-se suscetíveis a sobre pesca, devido as características de seu ciclo de vida. A estratégia de vida marcada por crescimento lento, maturação sexual tardia, baixa fecundidade e alta longevidade, constitui-se em fator limitante para que as espécies reajam à mortalidade excedente infringindo aos estoques pela pesca, em decorrência da estreita relação entre estoque e recrutamento. Embora entre os cidadãos leigos ainda persistam o desconhecimento de inúmeras questões ambientais, particularmente com relação aos

elasmobrânquios. A importância de avaliar-se a percepção pública visando a implementação de ações conservacionistas, foi ressaltada pela UNESCO em 1973, pois uma das maiores dificuldades para a proteção ambiental reside nas diferenças da percepção de valores e importância do mesmo entre indivíduos de culturas diferentes ou de grupos sócioeconômicos distintos. Objetivo O objetivo geral desse trabalho é obter uma base de dados consistente capaz de analisar de forma preliminar a percepção pública sobre acidentes com tubarões. Além de avaliar o grau de conhecimento e conscientização do público de diversas classes sociais, grau de instrução, sexo e idade. Metodologia O levantamento de dados abrangeu 3 representativos pontos de desembarque de pescado do estado do Rio de Janeiro, onde foi aplicado um questionário com 120 moradores, sendo 60 pessoas do sexo masculino, a maioria pescadores, e 60 pessoas do sexo feminino. Abrangeu também 30 localidades de área urbana, onde o mesmo questionário foi aplicado para 120 pessoas com a mesma divisão por sexo. Após uma análise, os dados coletados foram tabulados e inseridos em planilhas que formaram um banco de dados que gerou os gráficos estatísticos dos resultados. O questionário foi elaborado de forma objetiva, contendo sete perguntas de fácil compreensão e com base substancial para atingir o objetivo da pesquisa. Válido observar que foram entrevistadas pessoa de classes sociais diversas e graus de escolaridade distintos, além de crianças e adolescentes de instituições de ensino particulares e públicas para avaliar o grau de informação obtido sobre o assunto em questão e obtendo uma comparação entre as áreas sociais. As perguntas da entrevista foram feitas com total facilidade de compreensão, objetivas e com base substancial para atingir o objetivo da pesquisa.

Principais espécies envolvidas em acidentes Listagem das principais espécies Carcharhinus leucas Galeocerdo cuvier Isurus spp. Sphyrna spp. Carcharias taurus Lamna nasus Carcharodon carcharias Prionace glauca Nomes vulgares das principais espécies envolvidas em acidentes Nomes científicos Nomes vulgares Carcharhinus leucas Tubarão cabeça-chata; tubarão touro; cação de rio; cação baiacu; pirarara Galeocerdo cuvier Tubarão tigre; tintureira; cação jaguará; cação tauassú Isurus spp Tubarão mako; anequim; tubarão sombreiro Sphyrna spp Carcharias taurus Lamna nasus Carcharodon carcharias Prionace glauca Tubarão martelo; cambeba; peixe martelo; panã Tubarão mangona; cação de areia Tubarão marracho; cação atum; cação bonito; tubarão golfinho Tubarão branco; cação boto; cação niquin Tubarão azul; bico doce; focinhudo; tubarão de focinho

Figura 1: Tabela de nomes científicos e vulgares dos principais tubarões envolvidos em acidentes Resultado da pesquisa De acordo com os resultados obtidos nas entrevistas, o tubarão branco foi citado por quase 100% do público como um dos mais perigosos, seguido pelo tubarão tigre e tubarão martelo, porém em ordem de citação o tubarão tigre foi o 1º mais lembrado seguido pelo tubarão branco e pelo tubarão martelo. Entre os menos citados encontram-se o tubarão touro, tubarão mangona, tubarão lombo-preto e cação limão, sendo o tubarão touro o mesmo animal que o tubarão cabeça-chata citado também. Tubarão cinzento, tubarão barbatana branca, tubarão martelo, tubarão cabeça-chata, tubarão marracho, tubarão galha branca, tubarão anequim, tubarão fidalgo, tubarão azul e tubarão mako, também foram citados na lista dos mais perigosos. (Fig 2) Touro Mangona Lombo preto Limão Mako Azul Fidalgo Anequim Galha branca Marracho Cabeça chata Martelo Barbatana branca Cinzento Galha preta Tigre Branco 1 2 3 4 5 6 7 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 Frequência das respostas Figura 2: Gráfico representando as respostas sobre grau de periculosidade de todos os entrevistados, em ordem de citação. Na questão dos menos perigosos, os mais citados pelos entrevistados foram o tubarão baleia, tubarão lixa, cação anjo, cação viola e tubarão martelo, em ordem de citação o mais lembrado e falado primeiramente foi o tubarão lixa,

seguido pelo tubarão baleia. Dentre os menos citados encontram-se o tubarão serra, o tubarão cobra, tubarão azeite, tubarão tigre, lambaru, tubarão mangona, tubarão frade e tubarão azul. Sendo o lambaru o mesmo animal que o tubarão lixa (Figura 3). serra cobra azeite tigre 1 2 3 4 5 6 7 lambaru mangona frade azul martelo viola anjo lixa baleia 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 Frequência das respostas Figura 3: Gráfico representando as respostas sobre grau de inofensividade de todos os entrevistados, em ordem de citação.

Conclusão Ocorre um desconhecimento profundo com relação as questões marinhas, particularmente no que diz respeito aos elasmobrânquios. A deficiência de disciplina ecologia nas instituições de ensino de segundo grau e mesmo na universidade ajuda a gerar falta de conscientização da importância desses predadores no ecossistema marinho, o que contribui para uma visão errônea sobre os tubarões. Entre alguns pescadores a crença de que os recursos marinhos são inesgotáveis persiste. Porém, a maioria dos pescadores relata a diminuição do tamanho médio do pescado. Dentre a população urbana, a consciência sobre a importância dos tubarões ainda é menor entre as classes mais baixas. Notavelmente o tubarão branco, talvez por influencia de filmes e livros, é o mais temido, gerando uma visão generalizada sobre a periculosidade dos tubarões, além de grande sensacionalismo a cada acidente ocorrido com tubarões na costa brasileira, mais especificamente no Nordeste brasileiro. A população em sua maioria possui uma idéia concreta sobre os impactos antrópicos nos ambientes marinhos, possuindo consciência sobre a deterioração do ambiente. Não possuem informação suficiente para saberem quais tubarões estão mais envolvidos em acidentes. Há alguns anos houve um linchamento de uma tubarão mangona fêmea e grávida na região dos lagos no Rio de Janeiro, o que reforça a idéia de que a população ainda vê os tubarões de forma generalizada como assassinos.

Referências VOOREN, C. M. 1997. Demersal Elasmobranchs. Subtropical Convergence Environments: the coast and sea in the southwestern Atlantic. (Eds. Seeliger, U.; Odebrecht, C.; Castello, J. P.). Rio Grande, RS. VOOREN, C.M. 1991. Pesca e Conservação: os elasmobrânquios do sul do Brasil. Gestion en Recursos Naturales, Un enfoque integrado para el desarollo, II Congresso Internacional, Valdívia, Chile, 7-11 Janeiro 1991, p. 56, Resumo. VOOREN, C.M.; R. LESSA. 1981. Distribuição e abundância de elasmobrânquios na plataforma continental do Rio Grande do Sul. 33a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciencia, Salvador, Julho de 1981. Livro de Resumos, pg. 573. VOOREN, C.M. 1982. The angel shark (Pisces, squatinidae) of south Brazil. Fourth Congress of European Ichthyologists, Hamburg. Abstract, pg. 323. QUEIROZ, E. L.; REBOUÇAS, S. C.. 1995. Tubarão quem tu és? Salvador, GECET/UFBA/Fapex. QUEIROZ, E. L.; GAMA, A. A. 1995. Ictiotrófico - proposta de um novo subhábito para o ecomorfotipo litoral dos peixes cartilaginosos. VII Encontro do grupo de trabalho sobre pesca e pesquisa de tubarões e raias no Brasil. Resumos... Rio Grande, RS. p. 60.