RETROFIT DO EDIFÍCIO SUL AMÉRICA Autor(es): Fernando Pinheiro Monte Filho e Alessandra Nascimento de Lima O retrofit do edifício Galeria Sul América encontra-se em uma sequência temporal de modificação do seu espaço. Sua história eclética faz com que tenhamos uma visão do tempo distorcida. A construção é contemporânea à do edifício do Ministério da Educação e Cultura, marco modernista e um ícone de Le Corbusier. No entanto, estamos falando de uma arquitetura que nos remete mais ao século XIX do que propriamente à data de sua inauguração. Representou um desafio trabalhar um edifício com tantas singularidades, respeitando a obra de J. Gire responsável pelo projeto original, procurando de todas as formas não desfragmentála, e sim valorizá-la de forma que ela pudesse ser realçada na paisagem urbana, ao mesmo tempo em que atendesse à demanda por um prédio de última geração.
No ano de 2008, o histórico edifício sede da Companhia de Seguros Sul América se encontrava em processo de desocupação, com a referida empresa se deslocando para novas instalações. A edificação de 29.000m² foi construída em várias etapas, de 1922 à meados de 1960 e se encontrava totalmente adaptada para o uso específico da Companhia de Seguros Sul América. O interior da edificação, bem como as fachadas, bastante deterioradas pelo tempo, se encontravam na iminência de sofrer uma significativa modernização. O Edifício Sul América foi comprado por uma empresa americana com experiência em grandes obras de retrofit, como o Chrysler Building e o Rockfeller Center em Nova Iorque, para quem uma das principais solicitações era o conceito de aproveitamento máximo da área do edifício conciliada com a menor intervenção estrutural possível. O pavimento de acesso se encontrava de forma bastante compartimentada com usos diversos sem proporcionar ao visitante nenhuma noção da amplitude dos espaços. A proposta desenvolvida buscou aliar a organização dos espaços aos usos de um moderno edifício corporativo incluindo uma galeria de lojas, que além de servir à comercialização dos espaços do térreo, permitirá ao público em geral vivenciar a arquitetura do edifício, até então tida totalmente de espaços privados. O lobby de acesso recebeu painéis restaurados do escultor H. Leão Velloso, existentes no edifício além da porta do cofre da Cia. de Seguros Sul América. Este ambiente recebeu no piso o mármore Arabescato, amplamente encontrado nas fases originais de construção.
O conceito adotado para os pavimentos de escritório é de um núcleo de serviços e área comum centralizado e otimizado, deixando o andar com o mínimo de interferência possível. Os halls de elevadores foram dotados de iluminação indireta e revestimentos sóbrios que novamente buscam fazer a relação entre a modernidade e o clássico. Foram projetados sanitários centralizados e com galerias técnicas devido à facilidade de manutenção e menor interferência na laje existente com a redução do número de aberturas necessárias. O pavimento é dotado de piso elevado, o que levou a um estudo do detalhamento das esquadrias existentes em madeira para adequação do novo nível proposto.
Tendo como norte as orientações de preservação da Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa, Desenvolvimento e Revitalização do Patrimônio e da Memória Histórico-Cultural da Cidade do Rio de Janeiro SEDREPAHC, diversos itens deveriam ser resguardados. A fachada até o quinto pavimento, o hall de acesso à escada principal, bem como a própria, além de uma escada secundária e os painéis em relevo de H. Leão Veloso deveriam ser mantidos respeitando rigorosamente as suas formas originais. O nosso conceito inicial consistia de revestir as fachadas dos dois novos pavimentos (9º e 10º) de maneira totalmente diferente dos demais andares, em vidro, optando por uma proposta de modernidade e marco desta nova fase do edifício. No entanto, para o projeto ir ao encontro dos conceitos estabelecidos pelo cliente, optou-se por mantê-la com o mesmo desenho original da construção. Partindo do fato de que não se poderia investir em uma intervenção de maior impacto, a unidade estética seria então a melhor solução.
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Ficha Técnica Autor(es): o Fernando Pinheiro Monte Filho o Alessandra Nascimento de Lima