DISCURSO DE ABERTURA DA II SEMANA NACIONAL DE BUSINESS ANGELS (SESSÃO DO ESTORIL)



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Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique, Exmos. Senhores Membros dos Corpos Directivos da Ordem dos Advogados de Moçambique,

Transcrição:

DISCURSO DE ABERTURA DA II SEMANA NACIONAL DE BUSINESS ANGELS (SESSÃO DO ESTORIL) Exmo. Senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação, Prof. Doutor António Castro Guerra Exmo. Senhor Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras Exmo. Senhor Presidente do IAPMEI, Dr. Luís Filipe Costa Caros Investidores e Empreendedores Senhoras e senhores, É com muita honra, mas também com elevada responsabilidade, de representar os mais legítimos interesses de todas as Associações Nacionais de Business Angels que a FNABA- Federação Nacional das Associações de Business Angels congrega, que me dirijo a todos vós nesta última sessão da II Semana Nacional de Business Angels. Começo por saudar o Senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação que, em boa hora, aceitou ser o Patrono desta iniciativa como sinal inequívoco de que o universo de Business Angels actualmente existentes em Portugal e o importante papel que os mesmos representam ao encorajar a criação de riqueza pela via do investimento em start-ups de oportunidade, constitui, sem dúvida, um terreno de vastas oportunidades que importa converter em crescimento económico, em criação de emprego e em prosperidade social. Foi graças à diligente intervenção do Senhor Secretário de Estado, que a FNABA conseguiu reunir na mesma mesa com os Senhores Secretários de Estado do Tesouro e das Finanças, dos Assuntos Fiscais e da Economia e da Inovação, para se debater, em conjunto, a sua Proposta de Alterações ao Enquadramento Jurídico e Fiscal, actualmente aplicável ao Investidor de Capital de Risco (ICR), tendo em vista a eventual inclusão no Orçamento do Estado para 2009 de um importante conjunto de incentivos fiscais aos investimentos realizados por Business Angels. Muito obrigado Senhor Professor pelo seu relevante contributo e por ter colocado a temática dos Business Angels na primeira linha das atenções da politica pública nacional. Também uma palavra muito particular de agradecimento ao Senhor Presidente do IAPMEI pelo seu contributo activo na realização desta iniciativa, e em especial pelo interesse manifestado em vir a dar aplicabilidade prática aos incentivos fiscais preconizados pela FNABA na vertente dos investimentos realizados no âmbito do Programa FINICIA, sempre que os mesmos envolvam a participação de Business Angels.

Poderá, pois, ser este o ponto de partida para uma implementação eficaz dos incentivos fiscais que se pretende introduzir no ordenamento jurídico português em matéria de investimentos realizados por Business Angels em projectos empresariais inovadores. A realização desta II Semana Nacional de Business Angels é uma ocasião que representa para mim um grande orgulho e um desafio pessoal que tenho vindo a perseguir com determinação. É um testemunho dos avanços, mas também dos progressos que a FNABA tem vindo a cumprir em prol da comunidade de Business Angels nacional, a qual já se afirma hoje como uma estrutura em rede capaz de produzir, de forma integrada, eficaz e actuante, importantes reflexos no financiamento, via investidores informais, das actividades empreendedoras na fase «pré-semente» e «semente». Esta iniciativa realiza-se num contexto económico difícil, ao qual não serão alheios os escassos resultados que se têm vindo a registar na Indústria de Capital de Risco nacional no que tange aos investimentos realizados nos ciclos de vida iniciais das empresas. A crescente vulnerabilidade das PME, especialmente provocada por um mercado de trabalho pouco flexível, complexidade legal e administrativa e uma prática bancária claramente conservadora face ao risco, constitui hoje um desincentivo à actividade empresarial e acarreta uma menor disponibilidade de fundos, com efeitos negativos na qualificação dos recursos humanos, na inovação e na internacionalização, factores que determinam, na generalidade, uma menor produtividade bem como uma redução da sua capacidade competitiva. Todavia, este problema, além de não ser novo, é também partilhado por outros países mais desenvolvidos e detentores de uma cultura de risco mais profunda. No Reino Unido, por exemplo, este problema remonta ao ano de 1931, quando pela primeira vez foram identificadas - através do Comité Macmillan - profundas clivagens entre as necessidades de financiamento dos promotores e as elevadas exigências dos investidores institucionais relativamente aos projectos em fase seed capital. Essa insuficiência veio a ser colmatada, em larga medida, pelo normativo fiscal vigente no Reino Unido - o Enterprise Investment Scheme (EIS) - pelas importantes medidas que o mesmo preconizou em matéria de benefícios fiscais aplicáveis aos investimentos realizados por Business Angels em start-ups. Registe-se, a este propósito, que, até ao momento, já potenciou o investimento de 7,6 mil milhões de Euros em mais de 14 000 start-ups em fase inicial dos seus ciclos de vida. Denote-se que, por via deste sistema de incentivos fiscais, os Business Angels ingleses têm a possibilidade de efectuar uma dedução, em sede de IRS, de 20% do investimento efectuado em start-ups, até ao limite máximo de 622.294,00 Euros por ano. É incontornável, pelos motivos atrás expostos, que Portugal precisa de um modelo com contornos similares.

Segundo o entendimento da FNABA, tal modelo deverá passar por permitir que o Business Angel possa deduzir à sua colecta em IRS um montante correspondente a 20% do valor investido anualmente (mediante a entrada de capitais em dinheiro destinados à subscrição ou aquisição de quotas ou acções em sociedades em fase «pré-semente» ou «semente»), até ao máximo de 40.000,00 Euros da colecta anual em IRS. Mais se entende que, caso não seja possível a utilização total do montante de 20% do investimento realizado, a parte remanescente possa ser deduzida em qualquer um dos 4 anos seguintes nas mesmas condições. Trata-se efectivamente de um modelo que visa transferir o enfoque na tributação da criação de riqueza para a tributação da riqueza criada e potenciar um ambiente mais positivo e mais incentivador da actuação das Redes de Business Angels. A FNABA acredita, pois, que, com energia e vontade política - de resto, bem visível na empenhada actuação que o Senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e Inovação, Prof. Doutor Castro Guerra, tem vindo a evidenciar - Portugal também logrará alcançar a exequibilidade prática de um modelo de incentivos fiscais para o exercício da actividade dos Business Angels nacionais. Será munida de uma forte cultura de trabalho em parceria e com a plena consciência que não se poderá esperar do Estado, e dos seus dirigentes, a resposta integral a todas as aspirações da sociedade civil, que a FNABA usará do reconhecimento público e da idoneidade que lhe foram conferidos para dar prossecução aos fins a que se propõe, e nos quais se inclui esta importante alteração ao regime jurídico e fiscal aplicável aos membros das Associações de Business Angels a que dá voz. Usará igualmente de toda a credibilidade institucional já granjeada junto das entidades públicas para propor o estabelecimento de Protocolos e outros modelos de colaboração conjunta, que permitam conferir uma maior dinamização aos Projectos que, pelas Associações de Business Angels federadas na FNABA, vierem a ser previamente seleccionados como enquadráveis no âmbito dos Programas de apoio existentes. Sensibilizará também as entidades públicas para a constituição de Fundos de co-investimento público e privado, e para o seu importante efeito ao nível do fomento ao investimento nas startups portuguesas. A coordenação de esforços entre o sector público e privado será necessária a nível nacional para se conseguir alcançar os avanços necessários ao nível do financiamento de mais projectos nas fases seed e start-up. Se o Empreendedorismo vier a oferecer no futuro novas oportunidades de afirmação das startups portuguesas tal resultará do concurso concertado de esforços como este tipo de Fundos.

Efeito semelhante seria o resultante do estabelecimento de uma colaboração conjunta entre os Business Angels e as Universidades tendo em vista explorar oportunidades de spin-out e prova de conceito junto do mercado. Será, pois, nesta óptica de permanente interacção que a FNABA continuará a prosseguir os seus fins, com a convicção plena de que as acções resultam de um concurso de esforços enérgicos e que seria irremediável fecharmo-nos sobre nós próprios, pois não há muros nem fortalezas eficazes neste novo Mundo. Foi assente nesta premissa que a FNABA foi convidada para integrar a Associação Mundial de Business Angels, na qualidade de fundadora honorária. Este convite surgiu na sequência do Encontro Mundial de Business Angels, co-organizado pela FNABA, em Outubro do ano passado, e que trouxe a Portugal duas dezenas de líderes de associações de todo o mundo. O Estado, os Organismos Governamentais e a Sociedade Civil devem abrir espaços de interacção e têm de trabalhar em conjunto com o objectivo de conseguir resultados que beneficiem todos e que visem o bem comum. É nesta missão que se completam. O crescimento económico e a prosperidade só serão consistentes e duradouros se forem partilhados por todos. Afinal, e como refere o Presidente francês Nicolas Sarkozy: Nas democracias modernas, abertas e complexas, a colaboração e o compromisso não são sinais de fraqueza, mas condições para reformas. As 9 Associações nacionais que a FNABA congrega e o universo de cerca de 350 Business Angels que lhe dão corpo, são a evidência clara de que Portugal dispõe de excelentes oportunidades de investimento em projectos early stage com elevado conteúdo de inovação. Se considerarmos que 45% a 78% do crescimento económico está ligado aos negócios que assentam em inovação, então estamos no momento certo para concentrarmos esforços, ao nível do desenho de estruturas mais adequadas (fundos de co-investimento, parcerias publicoprivadas, programas e projectos como o EASY Project que estimulam o investimento early stage na Europa e o desenvolvimento do mercado como um todo) e de incentivos fiscais mais imediatos, para encorajar esta comunidade de investidores a arriscar em novas oportunidades de negócio. É preciso reter o papel fundamental que este tipo de investidor desempenha no ecossistema empreendedor que tão importante acolhimento tem merecido ao nível das políticas públicas e, especialmente, no âmbito dos objectivos da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico enquanto suporte de uma nova dinâmica de inteligência económica. Além do dinheiro que os mesmos aportam aos projectos, poderão igualmente aportar um bem ainda mais precioso: o alinhamento do negócio na perspectiva estratégica e o valor de longo prazo que para o mesmo poderão carrear em termos de Know- how e de Know-who (saberquem). Deste papel fundamental dependerá, em grande parte, a competitividade do nosso país e a construção de um futuro sustentável para as empresas portuguesas.

Temos pela frente um importante objectivo estratégico a cumprir que se encontra inscrito no QREN. E esse objectivo é claro: reconduzir a economia nacional ao processo de convergência real com a União Europeia. A resposta a esta missão, tão exigente quanto incontornável, não poderá descurar uma forte aposta nos jovens empreendedores qualificados e nas suas start-ups de oportunidade, na sua capacidade de empreender, na sua cultura de risco e de inovação. Estes constituem um recurso precioso que é preciso estimular e valorizar. É nesta missão que cumpre destacar, em particular, o importante papel dos Business Angels ao possibilitar que os jovens empreendedores portugueses alcancem o êxito com as suas empresas e, consequentemente, o êxito do nosso país. Até porque acredito que actualmente existe um nível de criatividade, inteligência e talento por explorar junto dos nossos Jovens que importa estimular conforme certamente teremos oportunidade de confirmar durante a apresentação dos projectos que serão submetidos ao crivo dos Business Angels e Sociedades de Capital de Risco aqui presentes. A palavra é agora do Senhor Secretário de Estado Ajunto da Indústria e Inovação, Prof. Doutor António Castro Guerra que, na qualidade de Patrono desta II Semana Nacional de Business Angels, terá certamente uma importante palavra a dizer sobre a temática que hoje aqui nos une. Muito obrigado. Francisco Banha Presidente da Direcção da FNABA Estoril, 26 de Setembro de 2008-09-26 fbanha@gesbanha.pt www.fnaba.org