A CRIANÇA VAI AO TEATRO: A UNEAL ATUANDO NA COMUNIDADE



Documentos relacionados
IV EDIPE Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino 2011 A IMPORTÂNCIA DAS ARTES NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A ORALIZAÇÃO COMO MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA EM SALA DE AULA

TRABALHANDO A CULTURA ALAGOANA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE PEDAGOGIA

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

A EXTENSÃO EM MATEMÁTICA: UMA PRÁTICA DESENVOLVIDA NA COMUNIDADE ESCOLAR. GT 05 Educação Matemática: tecnologias informáticas e educação à distância

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PONTA GROSSA/PR: ANÁLISE DO ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DAS AULAS

RELATÓRIO DE TRABALHO DOCENTE NOVEMBRO DE 2012 EREM ANÍBAL FERNANDES

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA: REFLEXÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO PIBID

Palavras-chave: Educação Física. Ensino Fundamental. Prática Pedagógica.

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA PROPOSTA DE APRENDIZAGEM COM LUDICIDADE

HANDFULT: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PIBID EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA ESTADUAL PROFº JOSINO MACEDO

Núcleo de Educação Infantil Solarium

RELATO DE EXPERIÊNCIA: A PERCEPÇÃO DE LUZ E SOMBRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Palavras-chave: Conhecimentos físicos. Luz e sombra. Educação Infantil.

Como mediador o educador da primeira infância tem nas suas ações o motivador de sua conduta, para tanto ele deve:

JORNAL DE MATEMÁTICA Uma experiência de estágio

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

Avaliação-Pibid-Metas

PROJETO ARTE NOS HOSPITAIS CANTO CIDADÃO EDITAL DE CONTRATAÇÃO DE GRUPOS TEATRAIS

TRANSPARÊNCIA INSTITUCIONAL PROJETO BOA SEMENTE OFICINA SEMEANDO MOVIMENTO

ESTADO DE GOIÁS PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA BÁRBARA DE GOIÁS SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO SANTA BÁRBARA DE GOIÁS. O Mascote da Turma

O PAPEL DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

DA LITERATURA AO TEATRO: LEITURA E CRIAÇÃO NO ESPAÇO ESCOLAR

TEMA: O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

A brincadeira na vida da criança

PROJETO ERA UMA VEZ...

Atividades Pedagógicas. Agosto 2014

ALGUNS ASPECTOS QUE INTERFEREM NA PRÁXIS DOS PROFESSORES DO ENSINO DA ARTE

NuCA PROJETO CONSTRUTIVISTA E MULTICULTURAL. G. Oliveira Penna 1. L. Maria Filipetto 2. C. Souza 3. E. Carpes Camargo 4

UMA EXPERIÊNCIA EM ALFABETIZAÇÃO POR MEIO DO PIBID

PROJETO IMAGINAR CONTADORES DE HISTÓRIA DA UNICARIOCA

Mulheres Periféricas

A criança e as mídias

NuCA PROJETO CONSTRUTIVISTA E MULTICULTURAL

INTEGRAÇÃO DE MÍDIAS E A RECONSTRUÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

PROJETO TERRA CHÃO - DANÇA E ARTE

OLIMPÍADAS DE CIÊNCIAS EXATAS: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DO ENSINO PÚBLICO E PRIVADO

XADREZ: uma ferramenta para a inclusão resultados preliminares

INTERVENÇÕES ESPECÍFICAS DE MATEMÁTICA PARA ALUNOS DO PROEJA: DESCOBRINDO E SE REDESCOBRINDO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

APRENDENDO A CONVERTER VÍDEOS

Regulamento de Estágio Curricular

UMA PROPOSTA DE DRAMATIZAÇÃO PARA ABORDAGEM DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO ENSINO MÉDIO

O futuro da educação já começou

Débora Regina Tomazi FC UNESP- Bauru/SP Profa. Dra. Thaís Cristina Rodrigues Tezani.

ESCOLA ESPECIAL RENASCER- APAE PROFESSORA: JULIANA ULIANA DA SILVA

CAIXA MÁGICA. Sala 6 Língua Portuguesa EF I. E.E. Heidi Alves Lazzarini. Professora Apresentadora: Renata Lujan dos Santos Mufalo.

O LÚDICO COMO INSTRUMENTO TRANSFORMADOR NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA OS ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

PROJETO: TEATRO NA EDUCAÇÃO FÍSICA - MULTIPLICIDADE DE MOVIMENTOS E SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES. INTRODUÇÃO

Projeto Girassol de Ideias Fábio Pereira da Silva Valéria Cristiani de Oliveira Vivian da Silva Francini

O olhar do professor das séries iniciais sobre o trabalho com situações problemas em sala de aula

A IMPORTÂNCIA DOS FUNCIONÁRIOS NO PROCESSO EDUCATIVO NAS ESCOLAS

METODOLOGIA & Hábito de estudos AULA DADA AULA ESTUDADA

DISPOSITIVOS MÓVEIS NA ESCOLA: POSSIBILIDADES NA SALA DE AULA

PROJETO EDUCARTE. Cia. Teatral Tartuffo s Cênicos, apresenta:

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DA TURMA DE 9º ANO DA ESCOLA RAIMUNDO PEREIRA DO NASCIMENTO

Colégio La Salle São João. Professora Kelen Costa Educação Infantil. Educação Infantil- Brincar também é Educar

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ACERCA DO PROJETO A CONSTRUÇÃO DO TEXTO DISSERTATIVO/ARGUMENTATIVO NO ENSINO MÉDIO: UM OLHAR SOBRE A REDAÇÃO DO ENEM

MANUAL DO CURSO SUPERIOR TECNOLOGIA EM GESTÃO COMERCIAL QP EM CONTACT CENTER

AS CONTRIBUIÇÕES DO CURRÍCULO E DE MATERIAS MANIPULATIVOS NA FORMAÇÃO CONTINUADA EM MATEMÁTICA DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

Organização Curricular e o ensino do currículo: um processo consensuado

tido, articula a Cartografia, entendida como linguagem, com outra linguagem, a literatura infantil, que, sem dúvida, auxiliará as crianças a lerem e

Oi FUTURO ABRE INSCRIÇÕES PARA EDITAL DO PROGRAMA Oi NOVOS BRASIS 2012

ANEXO I ROTEIRO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS FIA Cada projeto deve conter no máximo 20 páginas

Sopro Novo Yamaha Musicalização Através da Flauta Doce

Apresentação do Projeto

AS AVENTURAS DE NINA E ATOMITO

VIVENCIANDO MÚLTIPLAS LINGUAGENS NA BIBLIOTECA ESCOLAR: EXPERIÊNCIA DO PIBID/UEMS/PEDAGOGIA

COORDENADORA: Profa. Herica Maria Castro dos Santos Paixão. Mestre em Letras (Literatura, Artes e Cultura Regional)

O QUE É ECONOMIA VERDE? Sessão de Design Thinking sobre Economia Verde

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

Copos e trava-línguas: materiais sonoros para a composição na aula de música

PROGRAMA ATIVIDADE MOTORA ADAPTADA

ESCOLA ESTADUAL GETÚLIO VARGAS ENSINO FUNDAMENTAL PROJETO RÁDIO ESCOLA

PROJETO: SEMANA LITERÁRIA: LEITURA, CIDADANIA E VIDA

Mostra de Projetos Projeto do LIXO ao LUXO

Projeto recuperação paralela Escola Otávio

Mudança de direção RODRIGO MENEZES - CATEGORIA MARKETERS

FUTEBOL DE BOTÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA REALIZADA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

CURSINHO POPULAR OPORTUNIDADES E DESAFIOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DOCENTE

INCLUSÃO: POSSIBILIDADES DA PSICOLOGIA ESCOLAR RESUMO

Comemoração da 1ª semana de Meio Ambiente do Município de Chuvisca/RS

OS CONHECIMENTOS MATEMÁTICOS NO ENSINO SUPERIOR: OUTRAS POSSIBILIDADES PARA A PRÁTICA DO PROFESSOR

OFICINAS CORPORAIS, JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS - UMA INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS ÀS AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE/PE

PROJETO BRINQUEDOTECA: BRINCANDO E APRENDENDO

Projeto Lendo desde Pequeninos : Uma Biblioteca na Escola de Educação Infantil

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

2. APRESENTAÇÃO. Mas, tem um detalhe muito importante: O Zé só dorme se escutar uma história. Alguém deverá contar ou ler uma história para ele.

INVESTIMENTO SOCIAL. Agosto de 2014

SUPERANDO TRAUMAS EM MATEMÁTICA

CONSIDERAÇÕES SOBRE A EXPERIMENTAÇÃO DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

O JOGO COMO INSTRUMENTO FACILITADOR NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Transcrição:

A CRIANÇA VAI AO TEATRO: A UNEAL ATUANDO NA COMUNIDADE Flaviane de Oliveira Pinto 1 (UNEAL) flaviane_pinto@hotmail.com Maria das Graças Correia Gomes 2 (UNEAL) gracac.gomes@hotmail.com RESUMO: O presente artigo expõe um projeto realizado pelos alunos de Pedagogia da UNEAL/Campus II, na disciplina Metodologia da Educação Infantil, e que levou mais de 350 crianças de 3 a 5 anos à universidade, para assistirem a duas peças teatrais: Chapeuzinho Vermelho e Cinderela. Os alunos foram os atores e o palco foi o auditório da instituição. Foi a primeira vez que essas crianças assistiram a uma peça teatral fora da escola, enchendo seus olhos de alegria e prazer diante do cenário de contos de fadas. A organização das peças aconteceu em três momentos: primeiro, com o estudo da importância da arte na educação infantil, as diferentes linguagens artísticas e, dentre elas, as artes cênicas, baseando-se nas idéias de Japiassu (1998), Pontes (2009), e Spolin (2003); em um segundo momento houve o planejamento do projeto, com a escolha das histórias, dos personagens, o início dos ensaios e a necessidade da relação entre a universidade e a comunidade, através do convite às crianças das escolas públicas com o envolvimento da Secretaria Municipal de Educação; e no terceiro momento ocorreu toda a organização e dramatização das peças com a presença das crianças e professores das escolas. Palavras-chave: Metodologia da Educação Infantil. Artes cênicas. Contos tradicionais. INTRODUÇÃO A proposta de organizar duas peças teatrais na disciplina Metodologia da Educação Infantil surgiu a partir da apresentação de um seminário sobre a língua portuguesa, com enfoque nos Referenciais Curriculares da Educação Infantil (RECNEI) e em propostas pedagógicas de alguns municípios para esse nível, em que a equipe encarregada desse tema organizou como atividade prática uma dramatização do conto tradicional: Chapeuzinho Vermelho. 1 Graduanda do IV período do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Alagoas Campus II, Santana do Ipanema. 2 Professora Auxiliar da Universidade Estadual de Alagoas campus II, Santana do Ipanema.

2 Após a apresentação do seminário houve uma discussão na turma sobre a importância da dramatização para as crianças de educação infantil, bem como o contato com histórias infantis nessa faixa etária. Nesse momento, também foi exposto a dificuldade do município de Santana do Ipanema em oferecer peças teatrais para as crianças. O fato de não ter um teatro na cidade também colabora para que não ocorra essa ação na cidade. Diante disso, foi proposto à turma do IV período do curso de Pedagogia do campus II- Santana do Ipanema, a organização de um projeto que teria como ação primordial a realização de duas peças teatrais, com o intuito de convidar as crianças das escolas públicas municipais, uma ação de parceria entre universidade e sociedade. Bem como proporcionar a essas crianças o acesso ao teatro como cultura necessária para a ampliação de seus conhecimentos. A IMPORTÂNCIA DO TEATRO PARA A CRIANÇA E NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA Apesar das artes cênicas fazer parte do currículo da educação básica, o trabalho com as crianças nessa área é limitado, Japiassu (1998, p. 3) acrescenta: [...]o ensino das artes na educação escolar brasileira segue concebido por muitos professores, funcionários de escolas, pais de alunos e estudantes como supérfluo, caracterizado como lazer, recreação ou luxo apenas permitido a crianças e adolescentes das classes economicamente mais favorecidas. Ainda reportando a Japiassu (op.cit, p.4), ele expõe um pouco do histórico do Teatro-Educação: Os estudos na linha de pesquisa denominada Teatro-Educação exigem familiaridade com o vocabulário e saberes de dois extensos e complexos campos do conhecimento humano: o Teatro e a Educação. O ensino do Teatro na educação escolar básica nacional foi formalmente implantado há cerca de quase trinta anos no âmbito dos conteúdos abrangidos pela matéria Educação Artística, oferecida obrigatoriamente por força da Lei 5692/71. Embora o ensino do Teatro se encontre presente na educação escolar brasileira já desde o século dezesseis, com a implementação da pedagogia inaciana pelos jesuítas, somente a partir da década de setenta incrementaram-se os estudos e investigações a respeito das interrelações entre Teatro e Educação, no país, especialmente com a formação do grupo paulista de pesquisadores nesta área, numa iniciativa da profª Drª Ingrid Dormien Koudela da Escola de Comunicação e Artes da Universidade do Estado de São Paulo.

3 Mesmo com várias iniciativas de dramatização nas escolas, poucas crianças têm acesso e oportunidade de assistir um espetáculo, principalmente em municípios que não possuem um espaço adequado. Geralmente essas atividades ficam restritas ao espaço escolar. Na nossa sociedade é perceptível como a televisão impera na vida das crianças, em todos os lares tem um aparelho de TV, faz parte do universo infantil, mas nada se compara ao teatro, como expõe Pontes (2009, p.146-147): Parte importante do mistério, do encanto e da magia, para usar uma terminologia nativa do teatro, se perde ao ser reproduzido em filme, pois este não é capaz de transmitir aquilo que acontece ao vivo e que depende essencialmente da capacidade de interpretação dos atores e de sua captação pelo público. Assim, oportunizar as crianças assistir uma peça teatral e também envolvê-las em um mundo imaginário, numa linguagem que faz parte da sua fantasia e dos seus sonhos, é de fundamental importância para o seu universo infantil. Por esse motivo foram escolhidos dois contos de fadas tradicionais, para que ocorra uma relação de cumplicidade da peça com os seus expectadores, Alves (2001, p.87-88) reforça a importância dessa comunicação: Na comunicação é preciso ainda a existência de um código, segundo o qual será possível a construção de mensagens significativas. Os índios, por exemplo, comunicam-se por meio da fumaça, e a mensagem é transmitida pela seqüência de fumaça. Mas, se ambos, emissor e receptor, não convencionarem ou tiverem noção do significado dessas seqüências (determinadas pelo código), não haverá comunicação. No teatro é importante que público e atores compartilhem a mesma língua e que o significado atribuído por ambos às palavras seja, no mínimo, semelhante. Isso porque, do contrário, é muito provável que a informação oral partida do emissor não chegue ao receptor ou chegue de um modo distorcido. O intuito maior desse projeto é dar oportunidade as crianças das escolas públicas de vivenciarem um momento cultural através do teatro, com a integração da sociedade com a universidade pública, esta entendida como um local acadêmico que vem atuando como um espaço crítico, criativo e cultural. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

4 As peças foram organizadas pelos alunos do IV período de Pedagogia da disciplina Metodologia da Educação Infantil. Foram selecionados dois contos de fadas tradicionais: chapeuzinho vermelho e cinderela. Inicialmente a turma foi dividida em dois grupos, em cada grupo foi escolhido um coordenador que ficou responsável pela divisão das atividades em acordo com os demais componentes, tais como: escolher o elenco, os responsáveis pelo cenário e figurino e os de apoio. As reuniões dos grupos acontecerão duas vezes por semana, por 4(quatro) horas cada dia, nesses momentos aconteceram também os ensaios e a organização estrutural das peças. Havia toda uma preocupação em decorar as falas e ao mesmo tempo fazer as interpretações dos personagens, o que ocorreu mudança de papeis e reformulação de algumas cenas. O que envolveu também movimento físico, música prazerosa e um pouco de atuação. (SPOLIN, 2007, p. 53) A dedicação dos grupos foram surpreendentes, os alunos se sentiam bem ao encenar, alguns estavam atuando pela primeira vez como atores teatrais, o que SPOLIN (op.cit, p.77) revela que Quando o invisível se torna visível, temos a magia teatral. O prazer da encenação fez parte nos momentos de ensaio, algo que é ausente das práticas em sala de aula. Segundo Cardoso (2007, p.5): A riqueza e amplitude de jogos teatrais na sala de aula não se restringem apenas à exposição detalhada de uma seqüência de jogos e seus respectivos objetivos, focos e descrições, nem a apresentação e explicação de conceitos tão caros à linguagem teatral, mas também as conseqüências a retirar de cada uma das atividades são também primordiais. Não é aleatoriamente que expressões como: atitude, liberdade, criatividade, inventividade, comunicação, necessidade de compartilhar e comunidade se afiguram constantemente entre os objetivos. Enquanto os grupos ensaiavam e organizavam os cenários, houve contato com a Secretaria Municipal de Educação de Santana do Ipanema, para o fortalecimento de uma parceria no sentido de viabilizar a ida das crianças até a universidade, para tanto, a secretária de educação disponibilizou o transporte para o dia do evento. As peças teatrais foram encenadas no auditório do campus II, nos dias 06 e 07 de julho, com duas sessões cada dia, uma no horário de 13h30 e a outra às 15h30. Os alunos ficaram na responsabilidade de arrumar o auditório como se fosse um teatro, o cenário foi montado no palco e a sua frente uma cortina que o cobria.

5 Nos dias das peças teatrais compareceram à universidade 350 crianças na faixa etária de 03 a 05 anos, percebia-se o contentamento das mesmas em visitar a instituição, ao chegarem no auditório ficaram na expectativa de assistirem as peças. RESULTADOS ALCANÇADOS Com esse projeto as crianças na faixa etária de 3 a 5 anos das escolas públicas de Santana do Ipanema tiveram a oportunidade de vislumbrar uma peça teatral, descobrindo o prazer e a magia que o teatro proporciona a todos, pois devido a carência de uma política pública cultural, elas são excluídos desse processo. Houve também uma interação da universidade com a comunidade a qual está inserida, em que oportunizou as crianças um momento tão rico, possibilitando aguçar sua imaginação e criatividade através dos contos infantis. Percebia no semblante das crianças o prazer e o deslumbramento dos seus olhares direcionado ao palco, no momento das encenações elas se integravam aos personagens de uma forma real, acreditando que estavam diante de tais personagens: tinham atitudes, como: rir, chorar, alertar, integrando-se à história em que estava sendo encenada. CONSIDERAÇÕES FINAIS A execução desse projeto proporcionou para os alunos do curso de pedagogia do 4º período a oportunidade de encenar pela primeira vez para crianças da rede pública, crianças que não tem acesso ao mundo encantado da magia que o teatro pode proporcionar. Além disso, foi algo que fez com que a universidade e comunidade possam atuar de forma integrada, algo que precisa acontecer de forma mais sistemática. No decorrer das apresentações, foi notório à satisfação e o brilho no olhar das crianças, de estar presenciando ao vivo um conto que é tão conhecido no meio infantil e tão adorado por elas. O que diferencia de estar em uma sala de aula, apenas ouvindo tais contos pelos professores, onde a emoção não acontece da mesma forma de presenciar seus personagens com vida. Assim, pode-se perceber a importância das artes cênicas, e como pode contribuir na interação do aluno para o conhecimento de culturas que jamais poderão ser esquecidas.

6 Considerando tais aspectos que consiste o projeto, verificou-se a importância dos significados das aprendizagens proporcionadas pelo teatro hoje, e comprovar como essa ótica lúdica deve estar presente no currículo escolar, podendo levar o aluno a dinamizar sem cessar, considerando seu desempenho e sua cultura. Portanto, oferecer teatro para as crianças das escolas públicas provocou uma sensação de satisfação e interesse em dar continuidade a esse projeto, na consolidação de um grupo de teatro na universidade, algo de extrema importância no mundo acadêmico. REFERÊNCIAS ALVES, Marcos Antônio. O teatro como um sistema de comunicação. Trans/Form/Ação, Marília, v. 24, n. 1, 2001. Disponível e <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=s0101-31732001000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 01 jun. 2010. CARDOSO, Maria Abadia. Jogos teatrais em sala de aula: uma manual para o professor. Vol. 4 Abril/maio/ junho de 2007. Disponível em <htpp://www.revistafenix.pro.br. acesso em 15 de agosto 2010. JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Jogos teatrais na escola pública. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v. 24, n. 2, jul. 1998. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=s010225551998000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 01 jun. 2010. PONTES, Heloisa. Beleza roubada: gênero, estética e corporalidade no teatro brasileiro. Cad. Pagu [online]. 2009, n.33, pp. 139-166. ISSN 0104-8333, acesso em 01 jun.2010. SPOLIN, Viola. Jogos teatrais na sala de aula: o livro do professor. Tradução de Ingrid Dormien Koudela. São Paulo: Perspectiva, 2007.