REDUÇÃO AO VALOR RECUPERAVEL DE ATIVOS - CONCEITO E IMPACTO NA EMPRESA GERDAU S/A. Amanda Caroline Diniz Pereira¹, José César de Faria²



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Transcrição:

REDUÇÃO AO VALOR RECUPERAVEL DE ATIVOS - CONCEITO E IMPACTO NA EMPRESA GERDAU S/A Amanda Caroline Diniz Pereira¹, José César de Faria² ¹Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação, Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, São José dos Campos São Paulo, amanda_diniz_14@hotmail.com ²Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação, Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, São José dos Campos São Paulo, jcfaria@univap.br Resumo: Com a implantação da lei 11.638/07 no Brasil, as empresas de grande porte tiveram que se adaptar as normas IFRS (International Financial Reporting Standards), que visa unificar os padrões contábeis no mundo inteiro, tendo como base internacional o IASB (International Accounting standards Board) e nacional o CPC (Comitê de pronunciamentos contábeis). Este artigo procura apresentar o conceito do CPC 01 Redução ao Valor Recuperável de Ativos e demonstrar os impactos apresentados na empresa GERDAU S/A a partir de sua implantação no ano de 2007, por meio da analise das demonstrações financeiras apresentadas nos anos de 2007, 2008 e 2009. Dentre os resultados encontrados destaca-se a influência do cenário externo nos resultados da empresa. Palavras chave: Redução ao valor recuperável de ativos, CPC 01, normas internacionais, contabilidade Área do Conhecimento: Ciências sociais aplicadas Introdução Com a globalização da economia, aumentou significativamente o interesse sobre as normas internacionais de contabilidade (IFRS), que tem como objetivo padronizar as demonstrações contábeis no mundo. A adoção da norma facilitará para os investidores a compreensão e a comparação dos resultados de empresas de diferentes países, além de reduzir os custos com elaboração de diversos modelos de demonstrações contábeis. O órgão responsável pela emissão das normas contábeis internacionais é o IASB (International Accounting Standards Board) No Brasil houve uma grande mudança a partir da vigência da lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, pois a nova lei contém vários pontos em convergência com as normas IFRS. A partir daí todas as companhias abertas e as de capital fechado com ativos acima de R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões terão que seguir as diretrizes estabelecidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Este processo de convergência trouxe para o Brasil a obrigatoriedade da realização do teste do valor recuperável nos ativos (impairment test), que possui como parâmetro o CPC 01 que trata da redução no valor recuperável de ativos, aprovado pela Deliberação CVM nº 527, de 1º de novembro de 2007, com o objetivo de assegurar que um ativo não esteja registrado contabilmente com valor superior àquele que seus benefícios podem proporcionar a empresa. O objetivo deste trabalho é explicitar o conceito do pronunciamento técnico CPC 01 (Redução ao valor recuperável de ativos), de grande marco na contabilidade brasileira, pois representa o primeiro passo para adoção das normas IFRS no Brasil, além de analisar as perdas por Impairment na empresa GERDAU S/A no período de 2007 a 2009. Metodologia O cenário da pesquisa é a empresa GERDAU S/A, que é líder no segmento de aços longos nas Américas e um dos maiores fornecedores de aços longos especiais do mundo. A empresa começou a traçar sua rota de expansão há mais de um século e hoje possui presença industrial em 14 países: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Guatemala, Índia, México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Seus produtos, comercializados nos cinco continentes, atendem os setores da construção civil, indústria e agropecuária. Tem suas ações listadas nas Bolsas de Valores de São Paulo, Nova York, Toronto, Madri e Lima. Foram utilizadas as demonstrações financeiras e relatórios anuais que provêem um panorama da empresa nos anos de 2007, 2008 e 2009. Os conceitos e fundamentos têm embasamento bibliográfico, captados de livros, artigos, teses que abordavam o valor recuperável de ativos, sua implantação nas empresas brasileiras e os resultados obtidos após sua aplicação. O estudo apresenta uma abordagem quantitativa e qualitativa, sendo desenvolvida 1

através de revisão bibliográfica e estudo dos resultados apresentados pela GERDAU S/A. Redução ao valor recuperável de ativos Impairment A Deliberação 527 de 1º de novembro de 2007, emitida pela CVM, aprovou e tornou obrigatório para as companhias abertas o pronunciamento técnico CPC 01, que trata de redução ao valor recuperável dos ativos, a partir dos exercícios encerrados em 31 de dezembro de 2008. Segundo o pronunciamento técnico CPC 01, a entidade deve avaliar no mínimo anualmente, se existem indicações de uma possível desvalorização no valor do ativo, se houver alguma evidência, deve-se calcular o seu valor recuperável, este que é determinado pela maior importância monetária entre o valor líquido de venda, que é aquele formalizado por um contrato de venda em uma operação não compulsória em que ambas as partes estejam de acordo, deduzindo as despesas estimadas de venda, e seu valor em uso que é estimado com base em fluxos de caixa futuros decorrentes da utilização do ativo, trazendo estes valores a valor presente através de uma taxa de desconto. Para poder efetuar a redução ao valor recuperável de ativos, é necessário verificar se o mesmo se adequa a diversos requisitos necessários. Este teste ou avaliação é denominado Teste de Impairment Identificação da Unidade Geradora de Caixa à qual um ativo pertence O valor recuperável deve ser estimado individualmente para cada ativo, caso não seja possível é necessário determinar o valor recuperável da unidade geradora de caixa à qual o ativo pertence. Segundo o CPC 01 uma unidade geradora de caixa é o menor grupo de ativos que inclui o ativo em uso e que gera entradas de caixa, que são em grande parte independentes das entradas de caixa provenientes de outros ativos ou grupos de ativos. As UGC devem ser identificadas de maneira consistente de período para período, a menos que haja justificativa para a mudança. Caso a entidade determine que um ativo pertence a uma UGC diferente da qual pertencia em outros períodos, deve-se fazer divulgações sobre a UGC. Teste de Impairment O teste de impairment consiste em duas etapas: 1º Etapa: Calculo do valor justo da unidade geradora de caixa (UGC). 2º Etapa: Determinar novos valores justos para o ativo. Se o valor contábil da UGC exceder seu valor justo, então esta diferença devera ser contabilizada como perda por Impaiment. Caso contrário não existe perda a ser reconhecida. Se constatado que um ativo, ou grupo de ativos, reduziu sua capacidade de geração de benefícios futuros deve-se reconhecer esta perda no resultado do exercício. Uma perda por desvalorização não deve deixar de ser registrada pela argumentação que esta perda é temporária. A figura 1 demonstra o esquema da realização do teste de impairment, conforme o CPC-01. Não Recuperação de ativos Avaliação de indicador de perda Há indicador de perda? Teste de impairment Sim Valor Recuperável Valor Valor contábil recuperável é maior que é maior o valor que recuperável? o valor contábil? Sim Perda por desvalorização Não Fonte: Elaborado pelos autores. Valor líquido de venda Maior valor entre Valor em uso 2

Ativos sujeitos ao teste de Impairment Ativos Intangíveis - São bens que como qualquer outro ativo tem expectativa de resultados positivos no futuro. Alguns exemplos básicos de intangíveis são: Gastos com pesquisas, treinamentos, marcas, patentes e o mais comum entre os intangíveis está o Goodwill. Ativos intangíveis podem ser classificados com vida útil definida ou indefinida. Os intangíveis com vida útil definida devem ser amortizados a partir do momento em que estiver em locais e condições necessárias para uso. Goodwill - É o valor do nome e da reputação de uma empresa. É uma relação de fatos intangíveis que resultam num valor além do esperado pela empresa. Esse valor é resultado de um valor agregado a imagem da empresa, a lealdade de seus clientes, o direito de comercialização de seus produtos, marcas, entre outros. Investimentos- São aplicações de caráter permanente com a intenção de geração de renda infindável. São eles: Ações, obras de arte, participações societárias, entre outros Imobilizados- São todos os bens e direitos destinados a manutenção das atividades da empresa. Fazem parte do imobilizado: Máquinas, equipamentos, computadores, automóveis, imóveis, entre outros. Fatores de indicadores de perda Existem alguns fatores que devem ser considerados ao avaliar a existência de indicadores de perda nos ativos, são eles: Externos - Queda do valor de mercado maior do que o esperado; - Mudanças significativas no ambiente tecnológico ou de mercado que a empresa atua ou no qual o ativo é utilizado; - O valor contábil do patrimônio líquido da entidade é maior do que o valor de suas ações no mercado; - Aumento das taxas de juros de mercado que provavelmente afetarão a taxa de desconto usada no cálculo do valor em uso de um ativo em uso e diminuirão significativamente o valor recuperável do ativo. Internos - Obsolescência ou dano físico; - Mudança na maneira de como o ativo é utilizado, ou se torne inativo, planos para descontinuidade ou reestruturação da operação à qual um ativo pertence, planos para baixa de um ativo antes da data anteriormente esperada e reavaliação da vida útil de um ativo como finita ao invés de indefinida; - Desempenho econômico pior do que o esperado. Mensuração do valor recuperável De acordo com o CPC 01 valor recuperável é o maior valor entre o valor liquido de venda de um ativo ou unidade geradora de caixa e o seu valor em uso. Caso um desses valores exceda o valor contábil do ativo, não haverá desvalorização nem necessidade de estimar o outro valor. Nem sempre é possível determinar o valor liquido de venda devido à falta de uma estimativa confiável do valor a ser obtido pela venda do ativo, nesse caso o valor em uso poderá ser utilizado como seu valor recuperável. O valor líquido de uso é determinado pelo valor presente de fluxo de caixa que será gerado pelo uso do bem nas atividades ou na produção. Deve ser feita uma prospecção futura de receitas e deduzir os custos relacionados às receitas que serão geradas. Caso seja identificado que o valor de um ativo é menor que seu valor contábil, é preciso calcular o valor liquido do ativo, com o objetivo de obter seu valor em uso, e comparar com o valor liquido de venda, após essa comparação deve-se registrar o maior valor entre os dois. Divulgação O CPC 01 determina que as empresas divulguem informações para que o usuário entenda as circunstâncias que ocasionaram a perda e a base de calculo do valor recuperável, além de informar em notas explicativas: o valor da perda; qual linha foi alocada a perda na demonstração de resultados do exercício (DRE); e o valor das desvalorizações ocorridas em ativos reavaliados que foram lançadas diretamente no patrimônio líquido. Esse procedimento deve ser feito para cada agrupamento de ativos de natureza ou uso semelhantes na empresa. Resultados A Gerdau apresenta, desde o 3º trimestre de 2007, suas demonstrações financeiras em conformidade com o padrão contábil internacional estabelecido pelo IASB. Em 2007 o faturamento bruto consolidado foi de R$ 34,2 bilhões, 18,5% superior ao ano de 2006. Esse crescimento é devido à maior demanda por aço no mercado internacional, aos melhores preços e também às aquisições consolidadas no ano. 3

Em 2008, a receita líquida consolidada, calculada pelas normas contábeis internacionais (IFRS), foi recorde, alcançando R$ 41,9 bilhões, 36,9% superior à do ano de 2007. Esse crescimento deve-se às aquisições consolidadas no ano, aos melhores preços praticados e também ao impacto da desvalorização do real em nas vendas realizadas principalmente em dólares. Em 2009, a receita líquida consolidada, calculada pelas normas contábeis internacionais (IFRS) alcançou R$ 26,5 bilhões, 36,7% inferior ao valor obtido em 2008. Essa redução deve-se, principalmente, à queda de 26,8% no volume de vendas físicas e à valorização do real frente ao dólar norte-americano no período, afetando as receitas obtidas nas exportações da Operação de Negócio no Brasil e nas outras Operações de Negócios quando traduzidas para o real. Durante o período de 2007 a 2009, a Companhia monitorou os indicativos de deterioração de ativos e sempre que necessário realizou testes de impairment. No ano de 2009 os testes de impairment foram embasados nas perspectivas de um cenário econômico global, que demonstrou uma deterioração dos ativos das siderúrgicas em todo o mundo. Esses testes utilizam como metodologia o Fluxo de Caixa Descontado, no qual são assumidas premissas importantes como a taxa de desconto, taxa de crescimento, perpetuidade, capital de giro, plano de investimentos e expectativas de geração de caixa, que podem influenciar de forma significativa os resultados da Companhia. As perdas identificadas no ano de 2009 somaram R$ 1,2 bilhão, resultante, sobretudo, da redução das expectativas dos resultados operacionais das operações de negócios da América do Norte e Aços Especiais. Tais perdas foram classificadas da seguinte forma: Tabela 1: Perdas pela não-recuperabilidade de ativos por operação de negócio Operação de Negócios (R$ milhões) América do Norte América Latina Aços Esp. Total Imobilizado 166 136 218 520 Ágio - - 202 202 Intangível - - 304 304 Investimentos - - 46 46 Outros 49-102 151 Total 215 136 872 1.223 Fonte: Demonstrações Financeiras da GERDAU S/A exercício de 2009. Lucro Líquido No exercício de 2009, o lucro líquido consolidado foi de R$ 1,0 bilhão, 79,7% abaixo do valor obtido em 2008. A margem líquida foi de 3,8% no exercício. Excluindo-se o efeito do impairment mencionado anteriormente e demonstrado na tabela a seguir, o lucro líquido do exercício teria sido de R$ 1,9 bilhão. Tabela 2: Lucro Líquido da Gerdau em 2009 Lucro Líquido (R$ milhões) Exercício de 2009 Exercício de 2008 Variação 2009/2008 Brasil 2.179 2.816-22,6% America do Norte (236) 1.057 - America Latina (324) 454 - Aços Especiais (614) 618 - Lucro Líquido 1.005 4.945-79,7% Perdas pela não recuperabilidade de ativos Imposto de renda sobre perdas pela não recuperabilidade de ativos Lucro Líquido sem efeitos não recorrentes 1.223 - - (337) - - 1.891 4.945-61,8% Fonte: Demonstrações Financeiras da GERDAU S/A exercício de 2009. Discussão Com a análise dos resultados da GERDAU S/A, concluiu-se que nos anos de 2007 e 2008, devido ao crescimento, planejamento e bom desempenho da empresa não houve perda pela não-recuperabilidade de ativos. No ano de 2009 a 4

GERDAU S/A, que tem como grande virtude a internacionalização, apontada diversas vezes como a mais globalizada das empresas brasileiras e extrai cerca de 65% da sua receita do mercado externo sentiu o impacto da crise global, principalmente quando foram atingidos os mercados, como EUA e Espanha, nos quais a empresa mantém operações fortes e consolidadas, fazendo que o volume de suas vendas diminuíssem, principalmente na America do norte. Por conta da retração da atividade industrial em todo o mundo, a produção de aço reduziu bruscamente. Em consequência da demanda retraída, foi necessário a pratica de descontos de até 25% nos preços do aço. Esses fatos foram protagonistas para perda pela nãorecuperabilidade de ativos na GERDAU S/A. -GERDAU S/A. Demonstrações financeiras, 2009. -INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD (IASB). IAS 36 Impairment of Assets. Emitido em: mar. 2004. -ONO, Masaru Heverton; RODRIGUES, Jomar Miranda; NYHAMA, Jorge Katsumi. Disclosure sobre impairment: uma análise comparativa das companhias abertas brasileiras em 2008. Brasília, 2010. 21f. Dissertação (Mestrado Ciências Contábeis) Universidade de Brasília. -REIS, Arnaldo; MARION, José Carlos e LUDÍCIBUS, Sérgio de. Considerações sobre as Mudanças nas Demonstrações Financeiras: Lei 11.638/07. Conclusão Após o esclarecimento do CPC 01, conclui-se que com a convergência das normas internacionais de contabilidade, haverá mudanças significativas no resultado das entidades. Os resultados serão demonstrados de forma mais realista e transparente, dando margem à percepção real de seus ativos. O teste de impairment evita que a empresa mantenha ativos super valorizados em seu balanço. Referências bibliográficas -BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de Dezembro de 2007. Altera a lei das S/As. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 25 de Junho de 2010. -COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Deliberação CVM nº 527, de 01 de novembro de 2007 Aprova pronunciamento técnico CPC 01 sobre redução ao valor recuperável dos ativos. Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/port/snc/deli527.pdf>. Acesso em 03 de junho 2010. -FINANCIAL ACCOUTING STANDARD BOARD (FASB). SFAS 144 Accounting for the impairment or Disposal of Long-Lived Assets. Emitido em: mar. 2001. -GERDAU S/A. Demonstrações financeiras, 2007. -GERDAU S/A. Demonstrações financeiras, 2008. 5

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