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Transcrição:

fls. 435 SENTENÇA Processo Digital nº: 0000025-92.2014.8.26.0593 Classe - Assunto Mandado de Segurança - Licitações Impetrante: ÚNICA PROPAGANDA LTDA. EPP Impetrado: Bruno Valverde Alves de Almeida - Presidente da Comissão Permanente de Licitações município de Marília e outro Juiz(a) de Direito: Dr(a). Walmir Idalêncio dos Santos Cruz Vistos. Cuidam os autos de mandado de segurança impetrado por ÚNICA PROPAGANDA LTDA EPP contra atos do PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MARÍLIA e do PREFEITO MUNICIPAL DE MARÍLIA, que julgaram a licitação Tomada de Preços nº 010/14, cujo objeto era a contratação de agência de publicidade para prestação de serviços de mídia nas áreas de pesquisa, planejamento, criação e produção de anúncios e reportagens institucionais em TV, rádio, jornal, revista e em outros meios de comunicação, bem como meios digitais e redes sociais. Consta que a licitante Sotaque Brasil Publicidade e Propaganda Ltda foi classificada em primeiro lugar. Informa a impetrante que foi surpreendida com a convocação de reunião para divulgação de resultados do trabalho da Subcomissão Técnica, tomando conhecimento, em 19 de novembro de 2014, que, dentre seus membros, estava o Sr. Carlos Frederico Jorge Gomes, representante da impetrante. Alega a autora do writ que o Sr. Carlos tinha conhecimento da proposta da impetrante, que ajudou a elaborá-la e, assim, estaria impedido de compor a Subcomissão Técnica. Informa que interpôs recurso administrativo, questionando a irregularidade e, pelo mesmo motivo, recorreu a concorrente House Criativa Comunicação Ltda ME, e que os recursos não foram providos, porque não houve impugnação à constituição 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 1

fls. 436 da Subcomissão no prazo legal e que o julgamento do Sr. Carlos foi isonômico em relação a todas as concorrentes. Pretende, assim, a suspensão do processo de licitação, proibindo o pagamento e a realização de qualquer ato pertinente ao mesmo e que, ao final, seja declarada a nulidade do processo de licitação desde o ato de constituição da Subcomissão Técnica. Instruíram a inicial de fls. 01/36 os documentos de fls. 38 e seguintes. A liminar foi deferida a fls. 223/225, determinando-se a suspensão do processo de licitação referente ao Edital nº 010/2014 e seus decorrentes atos. As empresas concorrentes House Criativa Comunicação Ltda ME, Sotaque Brasil Publicidade e Propaganda Ltda e Versão BR Comunicação e Marketing Ltda EPP foram notificadas como terceiras interessadas (fls. 235/243). Devidamente notificadas (fls. 226/228, 229/231 e 232/234), as autoridades coatoras prestaram informações (fls. 247/254), aduzindo, em síntese, que, em 19/07/2014, foi publicada no Diário Oficial do Município a relação de integrantes da Comissão, constando que qualquer interessado poderia impugnar pessoa integrante da relação e que a impetrante ficou inerte. Alegam, ainda, que os atos foram todos publicados no sítio eletrônico do Município e que a impetrante, apenas após o conhecimento das notas apresentadas pela comissão, resolveu questionar seus integrantes. Sustentam que as publicações oficiais não fizeram menção ao número do edital, porque a Subcomissão é formada anteriormente ao edital, mas integra este e que, portanto, quando da publicação do edital, qualquer interessado poderia ter impugnado a composição da Subcomissão e a impetrante, mais uma vez, ficou inerte. Alegam que o técnico/julgador Carlos analisou o caso com isenção de ânimo e que, ainda que a impetrante tivesse recebido notas máximas em todos os quesitos, a empresa Sotaque Brasil ainda seria a vencedora do certame, não havendo, portanto, prejuízo algum advindo da participação do julgador Carlos. Por fim, requerem a revogação da liminar deferida e a improcedência dos pedidos 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 2

fls. 437 iniciais. A empresa House Criativa Comunicação Ltda ME manifestou-se a fls. 272/279, aduzindo que não compõe o polo passivo, figurando como terceira interessada. Alega que o julgador Carlos agiu de forma isenta quanto à proposta apresentada pela impetrante e que aparentemente a impugnação não teria acontecido se o resultado fosse favorável à impetrante. Sustenta que o silêncio anterior da impetrante foi motivado por expectativa de benefício e, ao perceber que a irregularidade não a beneficiou, pretende anular os procedimentos anteriores, ato de inequívoca má fé. Assim, entende ser improcedente o pedido de nulidade. A impetrante manifestou-se a fls. 281/283, alegando que o presidente da Comissão Permanente de Licitações indeferiu o recurso administrativo interposto pelos licitantes e designou para o dia 16 de janeiro de 2015 a abertura do último envelope, contendo a documentação de habilitação e a pontuação atribuída à empresa Sotaque Brasil, vencedora do certame. Ante à proximidade da data de abertura do último envelope, a impetrante reitera o pedido de concessão da liminar para sobrestar o processo de licitação nº 010/2014. Tendo em vista a concessão da liminar, os impetrados manejaram recurso de Agravo de Instrumento ao E. TJSP (fls. 298/309), o qual foi processado sem efeito suspensivo (fls. 292/293). Sobreveio o parecer ministerial de fls. 321/327, pela concessão da segurança. É o relatório do necessário. DECIDO. A segurança deve ser concedida, nos termos do brilhante parecer de fls. 321/327, da lavra do Emintente Dr. Promotor de Justiça ISAURO PIGOZZI FILHO, que, por sua acuidade jurídica, ora encampo in totum. Como salientado pelo Ilustre Representante do Parquet Paulista em 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 3

fls. 438 sua manifestação final, é fato incontroverso nos autos que o Sr. Carlos Frederico Jorge Gomes analisou as propostas técnicas do edital nº 010/24, conforme se colhe das avaliações dos três julgadores juntadas a fls. 156/195. A escolha do Sr. Carlos Frederico Jorge Gomes para compor a Subcomissão Técnica acabou por macular de nulidade o procedimento licitatório, na medida que possuía ele relação contratual com uma das licitantes, ainda que não tenha a impetrante sido beneficiada. Vejamos: O contrato de cooperação empresarial para execução de serviços técnicos publicitários firmado entre Única Propaganda (executora técnica) e a empresa J&C Pesquisas e Publicidade (operadora local), representada por seu diretor Carlos Frederico Jorge Gomes (fls. 201/205), demonstra que a impetrante contratou a empresa, da qual o técnico/avaliador é diretor, pela importância de R$ 68.900,00, pelo período de 01/05/2014 a 30/12/2014. Assim, durante o processo licitatório, o membro da Subcomissão Julgadora, com vínculo contratual com a empresa licitante Única Propaganda, ora impetrante, participou da licitação, ato expressamente vedado pelo artigo 9º, inciso III, da Lei 8666/93: "Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a ele necessários: servidor ou dirigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação" Este impedimento fundamenta-se no princípio constitucional da moralidade administrativa (artigo 37, "caput", da CF/88), dado que, hipoteticamente, o Sr. Carlos Frederico Jorge Gomes, poderia agir, como integrante da Subcomissão Julgadora, com o intuito de favorecer ou prejudicar a impetrante ou as demais licitantes. E ainda há mais. A fundamentação para que o julgador técnico Carlos não pudesse 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 4

fls. 439 participar do procedimento licitatório encontra respaldo também no artigo 132, inciso II, do CPC, aplicado de forma extensiva, pelo qual se reputa fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parente destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau e no artigo 138, inciso II, do CPC, ao dispor que se aplicam também os motivos de impedimento e de suspeição ao perito. Junte-se a isso, ainda que se alegue a não ocorrência de prejuízo ao certame pela participação do Sr. Carlos Frederico, o e-mail enviado pelo técnico/julgador para a impetrante, datado de setembro/2014 (fls. 117), o qual demonstra forte indício de que Carlos tinha conhecimento da proposta técnica da impetrante, motivo pelo qual, diante de seu manifesto impedimento, não deveria ter composto a Subcomissão Técnica. Aliás, como bem destacado pelo Ministério Público em sua manifestação final, esse documento (fls. 117) demonstra não só a relação contratual entre as partes, como também aparece como interlocutor no e-mail o diretor de comunicação municipal Klaus, que é membro da comissão de licitação e julgou o presente recurso administrativo da licitante, fundamentando que: "o suposto vínculo profissional entre a empresa recorrente e o mencionado julgador técnico não influenciou a análise técnica das propostas, conforme se pode depreender do próprio teor do julgamento proferido pelo indigitado julgador" (fls. 153). Pois bem. Embora a violação à regra do artigo 9º, inciso III, da Lei 8666/93 pudesse ter sido alegada anteriormente, foi alegada no recurso administrativo (fls. 151 e seguintes) e a Comissão de Licitação, ao tomar conhecimento da formal violação à norma de regência, poderia ter declarado a nulidade do procedimento, não impedindo, com isso, que o interessado, por qualquer que seja o seu motivo, busque a nulidade judicial do ato nulo dentro do prazo decadencial. 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 5

fls. 440 Ademais, o prazo decadencial para impetração do presente mandamus foi devidamente cumprido pela impetrante, observados os termos do artigo 23 da Lei 12016/2009. Por fim, há que se destacar que a licitação destina-se à garantia da observância do princípio constitucional da isonomia e à seleção da proposta mais vantajosa para a administração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (artigo 3º da Lei 8666/93). Daí porque a ausência de formalidade legal, com clara violação ao artigo 9º, inciso II, da Lei 8666/93, enseja a invalidação do processo de licitação. Acrescente-se, finalmente, que, considerando-se os fatos noticiados a fls. 416/419, à impetrante deve ser assegurado o direito de participar do novo certame, desde que preenchidos os requisitos editalícios para tanto. Entendimento contrário equivaleria a admitir-se o revanchismo por parte da Administração Pública, alijando-se a impetrante do novo procedimento licitatório apenas e tão somente por conta do ajuizamento do presente writ, o que não se pode tolerar. Isto posto, na forma do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, CONFIRMO A LIMINAR de fls. 223/225, em todos os seus termos, e, por estar configurada a clara violação ao artigos 3º e 9º, inciso III, ambos da Lei 8666/93, c/c o artigo 37, "caput", e inciso XXI, ambos da Constituição Federal, encampo o bem lançado parecer ministerial de fls. 321/327 como razão de decidir, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e CONCEDO A SEGURANÇA, para o fim de ANULAR O PROCEDIMENTO LICITATÓRIO referido na inicial (nº 010/2014), desde o ato de constituição da Subcomissão Técnica, inclusive, bem 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 6

fls. 441 como todos os demais atos posteriores, que culminaram na classificação da licitante Sotaque Brasil Publicidade e Propaganda Ltda em primeiro lugar no certame. Saliento, ex vi da petição de fls. 416/419 e documentos que a acompanham, que, em atenção aos princípios da impessoalidade e moralidade administrativas, à impetrante deve ser assegurado o direito de participar do novo certame, desde que preenchidos os requisitos editalícios para tanto, sob pena de nulidade. Cientifiquem-se, nos termos do art. 13, caput, da Lei nº 12.016/2009, pelo correio, mediante correspondência com aviso de recebimento. A Fazenda Pública Municipal Mariliense é isenta de custas, porém não o é em caso de reembolso. Assim, condeno-a no reembolso das custas e a ressarcir as despesas processuais suportadas pela parte impetrante (fls. 212/213). Incabíveis honorários em sede de mandado de segurança, nos termos do art. 25, da LMS (Lei 12016/2009) e Súmula 512 do STF. Findo o prazo para recurso, remetam-se os autos ao Tribunal de Justiça, Seção de Direito Público, para fins de reexame necessário (art. 14, 1º, da Lei nº 12.016/2009). P.R.I.C. Walmir Idalêncio dos Santos Cruz JUIZ DE DIREITO Marilia, 03 de junho de 2015. DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA 0000025-92.2014.8.26.0593 - lauda 7