Marketing Esportivo ( Resultados com ética e compromisso social ) Marco Bechara Por Empresário. Diretor presidente da BCG ( consultoria de Gestão Empresarial ); Prof. do MBA da FGV e UNESA; Graduado em Educação Física / UGF; Pós-Graduado em Administração Esportiva / UGF; Especialista em Marketing / ESPM; Mestre em Planejamento e Administração Esportiva / UGF. Rio de Janeiro, 2001 1
Í N D I C E Pág. Introdução... 3 Marketing no esporte x Marketing esportivo... 4 O esporte como produto: como interpretar?... 8 Proposta de Qualidade para as federações esportivas... 43 Conclusão... 53 Referências Bibliográficas... 54 2
Introdução Este e-book é uma síntese da minha dissertação de mestrado, defendida em 1993. Escrever sobre a relação do Marketing com o esporte, é um grande desafio para qualquer profissional, pois é necessário interpretar as modalidades esportivas como produtos de características de fenômeno social. Apesar da dissertação ter sido defendida há 8 anos, minha visão, minhas críticas e minhas sugestões ainda são bem atualizadas. Meu estudo apresenta dados que tentam evidenciar a necessidade da adaptação de valores morais aos dirigentes esportivos e a criação de novos conhecimentos a serem aplicados no universo esportivo, em particular na administração das federações esportivas, que na realidade deveriam intercambiar conhecimentos de todas as áreas. Não acreditamos que o somatório das partes (várias áreas de conhecimento, estudadas segmentadamente, como é o caso dos cursos de faculdades), nos dê o "TODO" (realidade do mercado de trabalho/administração do esporte), ou seja, o "TODO" é dialético e as "partes" ideologicamente são funcionalistas e corporativistas. Vivemos hoje neste "TODO", e se não soubermos interpretá-lo e produzirmos socialmente no mesmo, talvez seja porque não conseguimos pensar de forma contextualizada, nos acomodando às "partes", que segmentam visões particularizadas muito longe da compreensão do que venha a ser "Desenvolvimento Social". Considero o meu estudo como relevante, a partir do momento em que observo o processo e os resultados do esporte Brasileiro, no que se refere à contribuição do progresso social. Me acompanhe nesta pequena viajem: 3
Marketing no esporte x Marketing esportivo: O termo marketing teve uma imagem tão deturpada no século XX, que o meu orientador, com muita sabedoria, me convenceu a trocar a expressão para qualidade. O Prof. Votre me fez ver que a minha visão de um Marketing ético e compromissado socialmente, ainda não era entendido e nem aceito pela grande maioria dos estudiosos dos fenômenos sociais. Porém, neste artigo, 7 anos depois, acredito que posso revelar as minhas verdadeiras interpretações sobre o que vem a ser Marketing. Para isso, estabeleço uma divisão sobre dois termos muito utilizados. São eles: Marketing no esporte São ações de investimentos, feitos no esporte, pela iniciativa privada ou pública, visando retorno de imagem e de mercado, como conseqüência dos trabalhos de comunicação; É a utilização do esporte, por organizações que visam lucro ou interesses específicos, como veículos de comunicação de sua: marca, nome, logotipo ou logomarca; São estratégias do planejamento de marketing, da iniciativa privada ou pública, sem nenhum compromisso social, visando a utilização das relações e dos acontecimentos esportivos, a fim de permitir a visibilidade do seu: nome, marca, logotipo ou logomarca; gerando uma maior participação na mente, e consequentemente uma maior participação no mercado. 4
Formas de marketing no esporte Patrocínio de eventos; Apoio de eventos; Patrocínio de equipes; Patrocínio de atletas; Compra de espaço nas mídias que transmitem eventos esportivos (durante os eventos e nos intervalos); Compra de espaços físicos de exibitécnicas, no local do evento; Investimento em mídias alternativas (compra de espaço: na roupa do atleta, no boné do corredor, etc.); Licenciamento; Franquia; Promoções de venda; Marketing Esportivo - É o processo de planejamento percebido pelos usuários, que objetiva o desenvolvimento do esporte nos 3 níveis (formação, participação e performance), através de uma perspectiva humanizante; - É o processo, percebido pelos usuários, através do qual o esporte é parte integrante da educação permanente; - É o planejamento e a administração do esporte, levando em consideração a percepção do usuário e os "fatores de desenvolvimento" do mesmo; - É o trabalho que visa desenvolver o esporte, através da aplicação dos conhecimentos de administração e marketing, nas 3 manifestações esportivas (formação, participação e performance); proporcionando satisfação dos usuários; 5
- É o processo de reflexão da prática, na interferência da realidade social, buscando a valorização do ser humano, com bases na educação moral, a fim de desenvolver o esporte, na busca do progresso social. Missão Filosófica - Proporcionar os fatores de desenvolvimento do esporte, provocando transformações mentais e sociais, a fim de humanizar, socializar e despertar valores morais em seus praticantes, num processo de "Educar para a vida"; Fatores de desenvolvimento do esporte - Utilização de novos recursos tecnológicos para popularizar e democratizar as práticas esportivas, bem como aumentar seus adeptos; - Pesquisas nos 3 níveis (formação, participação e performance) para se conhecer melhor as diferentes realidades; - Planejamento e pensamento estratégico e administração estratégica; - Fixação de etapas para o desenvolvimento; - Integração do sistema de comunicação (popularizar o esporte) com os grupos sociais; - Melhor formação de dirigentes esportivos; - O trabalho de "base" feito pelos professores de educação física; - Melhor formação de técnicos e treinadores; - Acesso aos conhecimentos imprescindíveis (administração e marketing), para todos os envolvidos com a organização dos esportes; - Integração do esporte com a comunicação social (propaganda, relações públicas e jornalismo); - Aperfeiçoamento técnico dos praticantes, através de intercâmbios; - Criação de mais espaços físicos para a prática esportiva; - Criação e perpetuação de ídolos esportivos; - Criação e aproveitamento dos equipamentos para a prática esportiva; - Organização das competições; 6
- Organização e estrutura do esporte no País (legislação esportiva); - Administração descentralizada e participativa em todos os níveis do esporte; - Identificação de cursos, seminários, encontros, congressos sobre a administração e o Marketing esportivo; - Investimentos Proporcionais nas três manifestações esportivas; - Descentralização do poder da informação e democratização através dos recursos da tecnologia. Sugestão política - Formação de uma política desportiva nacional, criando-se um organismo autônomo e amplo de nível ministerial; 7
O esporte como produto: Como interpretar? "O produto na vitrine" ou "o espetáculo esportivo": Para que o produto (modalidade esportiva) possa ser vista pelo público, e necessário colocarmos o mesmo na "virtude". Ou seja, é preciso que o espetáculo esportivo aconteça e aconteça bem. Para isto, acreditamos ser necessário atentarmos para: - O espetáculo esportivo deve ser sempre uma incógnita em relação a quem será o vencedor. Esta dúvida deve ser trabalhada de forma à se tornar efetivamente desafiadora, provocando a necessidade de comparecimento, por parte dos espectadores, ao espetáculo esportivo; desta forma o público comparece ao evento motivado e curioso. O espetáculo esportivo se torna "feio" e gerador de prejuízo, quando não atende à necessidade de vivência de emoções (vitória x derrota). Outra forma de deterioração do espetáculo esportivo é a violência; seja ela presente no espetáculo (acontece com os participantes ativos do espetáculo), ou presente na platéia (participantes passivos do espetáculo). "Quando o produto se estraga" ou a "violência no espetáculo esportivo": Das 3 manifestações esportivas, é no esporte-performance que a violência chega ao seu auge. Pressupostos da violência: No espetáculo: - Falta de preparo, seja: técnico, tático, físico ou psíquico de um dos competidores ou equipes, principalmente nas modalidades esportivas de contato; - Erros ou injustiças cometidas pelos árbitros e seus auxiliares (se for o caso). 8
Na platéia: - Os "desordeiros" vão ao espetáculo pré-dispostos a se envolverem em distúrbios. Existem 3 tipos de desordeiros: 1º) o incitador (é o que inicia o distúrbio e ativa a massa); 2º) o influenciado (é o que se deixa incitar e acompanha as ações do distúrbio); 3º) o vitimado (é o que sofre a violência e reage). Mas, ao reagir com a mesma energia, se torna um novo incitador, realimentando um ciclo vicioso. Como administrar a violência: A fim de evitarmos e comprometermos a imagem da modalidade esportiva, seja ela qual for, recomendamos: - Melhor formação dos dirigentes e dos árbitros, a fim de edificar a competência; - Despertar a consciência de atletas, através de reuniões e palestras esclarecedoras e alertantes, e das torcidas através de campanhas de propaganda; - Incentivar a ordem e a disciplina, de atletas e torcedores, através de premiações e até mesmo soma de pontos para a classificação. ( Ex.: torcida mais disciplinada: recebe 10 pontos. Equipe que cometa menor número de faltas: recebe 04 pontos a mais, na classificação; etc.) - Não permitir o acesso de objetos que possam colocar em risco integridade física dos participantes ativos e passivos, nos locais de competição: Revista pessoal e em bolsas (detectador de metais); Bafômetros; - Punir severamente os causadores de violência: ATIVOS (Em relação do espetáculo esportivo): afastamento dos espetáculos (períodos de suspensão) e Multa; PASSIVOS (Assistentes): Retirar do recinto e se for o caso "fichar" o elemento na polícia; 9
- Legislação esportiva prevendo punições severas para os envolvidos diretamente em violência, durante os espetáculos esportivos; - Punir os organizadores ou responsáveis pela segurança do espetáculo esportivo: Proibir novos espetáculos no local; Impor multa (paga pelo clube); Punir o dirigente; Perder pontos; - Criar normas que supervisionem as condições de segurança nos locais dos espetáculos esportivos. - Instruir e despertar a consciência dos profissionais da imprensa, que "A VIOLÊNCIA" NÃO DEVE SER FONTE DE NOTÍCIA; 10
Quando o produto começa a perder seus ingredientes ou a evasão dos atletas do esporte-performance. Boa parte ou a "nata" dos atletas do esporte-performance, saem do país para treinar ou complementar seu treinamento/formação, ou ainda devido às propostas financeiras sedutoras de clubes fora do país. Este fato vem causando um enorme prejuízo às modalidades esportivas, haja vista que seus ídolos não mais podem se mostrar e servir como exemplo para os que querem iniciar na modalidade. A fim de minimizar esta situação, muito presente no marketing no esporte e prejudicando o Marketing esportivo, acreditamos serem viáveis as seguintes recomendações: - Lei para patrocínio que atrelasse o investimento não só no esporteperformance, mas que garantisse um percentual do montante investido para ser aplicada na base (esporte-formação). - Estabelecimento de compromisso, durante um período ou em número de eventos, do ÍDOLO ESPORTIVO, servir como exemplo para futuras gerações; (escolinhas, seminários, palestras, debates, visitações e espetáculos beneficentes para o próprio esporte). - Deveriam criar ou melhor adequar incentivos fiscais e outros, para empresas que investissem nas modalidades esportivas: Incentivos maiores para investimentos na base; Incentivos proporcionais ao número de modalidades investidas. (quanto mais modalidades maior os benefícios). Os empresários ainda carecem de dados estatísticos fidedignos sobre as modalidades esportivas. Seria indispensável a criação de anuários estatísticos ( incluir o esporte nos estudos do IBGE ), a fim de demonstrar que o esporte é uma atividade economicamente produtiva que cria e distribui símbolos e conhecimento, reproduzindo todos os fenômenos sociais de uma cultura. 11
A Avaliação do Produto Acreditamos que uma avaliação da modalidade esportiva deve acontecer nos aspectos qualitativos e quantitativos. E que os resultados deveriam ser divulgados e informados à imprensa, aos órgãos de pesquisa e receber tratamento estatístico, a fim de passarem à constar nos anuários estatísticos. Seria muito difícil citarmos todas as informações que acreditamos serem relevantes para constar nestes anuários, pois este tópico deveria, antes, ser discutido por especialistas em esporte e em pesquisa, para um senso sobre o que é importante ser mensurado e divulgado. Mas, em uma tentativa bastante preliminar, procuramos relacionar o que acreditamos ser importante: 1. Divulgar os hábitos desportivos dos brasileiros: Características sociais das pessoas que praticam esportes, de acordo com as modalidades; Total de praticantes, por sexo, faixa-etária, e por modalidade; Por que as pessoas praticam esporte? A nível de preferência, qual o esporte que mais se motivam a assistir? Nível de escolaridade dos praticantes das diversas modalidades esportivas; Hábitos de consumo dos artigos esportivos. O que motiva? Freqüência da prática desportiva e épocas do ano; 2. Número de instituições de ensino (faculdades de educação física e escolas técnicas) por estado e o número de matriculados. 3. Número de profissionais (professores de educação física) atuando no esporte, nas suas três manifestações. 12
4. Número de eventos realizados, nas suas três manifestações, por modalidade e por Estado: cursos de arbitragem; cursos técnicos; cursos de administração esportiva; número de competições oficiais nacionais; número de competições oficiais internacionais, no país; audiência ativa dos eventos e especificações do público; audiência passiva dos eventos e especificações do público; número de cursos de: pós-graduação, conforme especializações; bem como número de profissionais pós-graduados; intercâmbios internacionais; número de pólos esportivos (escolhinhas); número de professores de ed. física e técnicos atuando; número de encontros, seminários, debates e congressos; 5. Total de investimento, em US$ (dólar), nas suas três manifestações, por modalidade, realizados pela iniciativa privada; 6. Número de instalações esportivas (ginásios, campos, estádios, quadras etc.). Por estado, e em todo o Brasil (públicos e privados); 7. Relação das mídias impressas especializadas e programas especializados na mídia eletrônica, por estado e em todo Brasil; 8. Números de bibliotecas especializadas, bem como o registro do número de livros sobre esporte (divididas por modalidades e por manifestações); 9. Número de centros de excelência para o esporte-performance; 13
10. Número de processos julgados nos Tribunais de Justiça Desportiva, por modalidades; 11. Mensuração da relação custo x benefício; dos investimentos nas diversas modalidades esportivas; 12. Retorno de mídia em (centímetro x coluna), nas diversas modalidades esportivas; 13. Importação de materiais esportivos para treinamento das equipes do esporteperformance, em dólar, por modalidade; 14. Situação dos resultados conseguidos por Estado, comparados (em medalhas, em participação etc.); 15. Número de academias por estado; 16. Número de confederações e suas respectivas federações com suas respectivas filiadas, comparadas; 17. Duração em meses dos investimentos realizados no esporte, por manifestação e por modalidade; 18. Média dos salários, dos profissionais que trabalham (professores, técnicos, médicos supervisores, massagistas, dirigentes e atletas) nas três manifestações esportivas, por modalidade; 19. Total de recursos humanos, trabalhando (registrados/clt), nas diversas manifestações e modalidades; 14
20. Número de projetos esportivos, que oportunizaram condições de uma nova vida para os menores carentes. (dados numéricos); Esta ausência de dados, bem como a não-divulgação dos mesmos em anuários estatísticos estaduais e federais, vem contribuindo para as seguintes conseqüências: A dificuldade de conhecimento real do potencial de uma modalidade esportiva, no que se refere a investimentos; A imprecisa identificação do público de uma determinada modalidade esportiva; A falta de visualização do esporte como uma tentativa economicamente produtiva; A falta de identificação do esporte como um fenômeno social; As modalidades esportivas sem conhecerem seus reais problemas, para uma futura transformação; A "pequena" expressão das atuações do Brasil no cenário desportivo internacional; A continuada atuação dos dirigentes esportivos, sem comprometimento social e amadores; A evasão de talentos esportivos para os países com o esporte melhor estruturado. Estas conseqüências são agravadas quando constatamos que está faltando uma preocupação maior das organizações que administram o esporte no país, em registrar seus eventos e analisá-los em relatórios anuais de atividades. Também está faltando que os organizadores de pesquisa se preocupem em dimensionar este fenômeno social que também é uma atividade econômica, no intuito de revelar e tornar público: a realidade brasileira, de hábitos desportivos; 15
do potencial gerador de negócios; contribuição do esporte para o Desenvolvimento Social. O trabalho conjunto de ambas organizações citadas anteriormente, é que poderá revelar o potencial deste fenômeno social, fazendo-o constar nos documentos que na verdade relatam a história do Brasil. O Produto e seus clientes O esporte, enquanto fenômeno social, se manifesta de três maneiras (como já vimos anteriormente), e estas manifestações acontecem sob a forma de modalidades esportivas, (voltei, handebol, futebol etc.). Todas as pessoas de forma ativa (envolvidas diretamente) ou de forma passiva (assistentes, torcidas etc.) são clientes do fenômeno esporte. E, através dele (esporte), se tornam: admiradores, praticantes, adeptos, torcedores, enfim, "CLIENTES"; pois, determinadas modalidades conquistam uns e outras modalidades conquistam outros. Você conhece alguma outra "coisa" ou "fenômeno" que tenha tantos clientes ( audiência ativa e receptiva ) quanto as OLIMPÍADAS? O produto e a concorrência O termo "concorrência", sob a ótica da Marketing esportivo, oportuniza a Interpretação da democracia no esporte, ou seja, já que existem modalidades esportivas, é dever da Marketing esportivo, fazê-las presentes (popularizar) em todas as regiões. Os "clientes" (usuários) tem liberdade de escolha, por qual modalidade optar. Na realidade, funciona como estímulo para o trabalho da Marketing esportivo das diversas modalidades. 16
Resumindo: buscar o "quantitativo" (esporte-formação e esporte-participação) e proporcionar condições de acesso, para quem quiser, o "qualitativo"(esporteperformance). Outro termo, relacionado a concorrência, que merece citação é "produtos substantivos". Entendemos que de acordo com os fins buscados, pelo meio esporte, podem ocorrer, por parte da clientela, a identificação destes objetivos fins em outros "produtos" que, na realidade, substituem os benefícios proporcionados pela modalidade esportiva. A título de exemplos poderíamos citar, entre inúmeras outras, o vídeo-game substituindo a modalidade esporte, na busca do desafio e de entretenimento. Portanto, acreditamos ser importante lembrar: Identifique, Conquiste e mantenha clientes, atento aos concorrentes, com ética e responsabilidade social. O composto do produto Quando adotamos o conceito de produto, o axioma para nossa interpretação é a visualização abrangente de "KOTLER", que nos diz que "Produto é tudo aquilo capaz de satisfazer um desejo ou uma necessidade" (Kotler, 1984, p. 173). E, esta definição abrange também serviços, pessoas, lugares, organizações e idéias. Consideramos como composto do produto esporte: a) Marca; b) Qualidade; Vejamos cada um deles: a) Marca: A Marca do esporte é fator preponderante para o seu desenvolvimento. Esta se apresenta com os nomes das diversas modalidades esportivas (vôlei, handebol, 17
futebol etc.) e seus símbolos (logotipo ou logomarca). Entendemos por logotipo o desenho que representa a modalidade esportiva, e por logomarca, o mesmo desenho acompanhado do nome (Marca). Por muitas vezes é necessário uma reavaliação da modalidades esportiva, quando identificamos a descontinuidade, e uma das estratégias adotadas, poderia ser a adaptação ou mesmo criação de um novo design (desenho), a fim de estimular o prolongamento do seu ciclo de vida, ou mesmo relançar o produto. Uma organização de administração esportiva deve ter apenas uma marca individualizada, para se comunicar com o mercado. A marca deve estar em consonância e equilíbrio constante com os demais compostos do produto, a fim de conseguir cumprir os objetivos traçados no desenvolvimento do esporte. Por ser o esporte um fenômeno social, a marca de suas modalidades tem acesso fácil ao mercado, porém sua aceitação depende da cultura esportiva do local. Desta forma podemos identificar a fácil aceitação de esportes, tidos como tradicionais em determinados Municípios, Estados e Países. A exploração da marca como alternativa de conseguir recursos financeiros, é uma excelente estratégia de licenciamento, que deveria ser melhor trabalhada pelas organizações esportivas. b) Qualidade Este composto do Produto, na realidade deveria ser a filosofia adotada pelas organizações, que administram o esporte. Sua importância é tal, que tornou-se foco da revolução administrativa, dos anos 80 (oitenta). 18
A qualidade está ligada a tudo que possa ocorrer como causa ou efeito do fenômeno social esporte, onde o maior beneficiário será sempre o usuário (ativo ou passivo). A qualidade busca a excelência dos resultados, como inúmeras outras formas de administrar, no entanto enaltece e atribui o mesmo valor ao processo. Ou seja, questiona-se ai a velha máxima de que o marketing é pragmático. E poderíamos dizer até que atuar no processo é a fase gloriosa da qualidade. A qualidade deve ser, em um futuro bem próximo, o princípio básico de vida, em todas as organizações, inclusive as organizações esportivas. b.1) A Qualidade esportiva relacionada aos demais compostos do marketing-mix (4 Ps): A QUALIDADE deve ser o fator de coerência e equilíbrio, buscando controlar educacionalmente o marketing no esporte em um futuro bem próximo, de uma nova sociedade, que tem no esporte mais uma alavanca propulsora. A qualidade interfere e se relaciona com todo o composto de marketing, na medida em que é visualizada como uma filosofia a ser adotada por toda organização. Isto é: qualidade no produto; qualidade no preço; qualidade no ponto de distribuição e qualidade na promoção (sistema de comunicação). b.2) Os princípios para se conseguir Qualidade esportiva: Deming, 1990, em sua clássica obra, relaciona os seus 14 (quatorze) princípios, para a transformação da administração, em busca da qualidade. Influenciado pelo autor e considerando o esporte como fenômeno social, identificamos o que chamamos de "Os Dez princípios", para conseguirmos implantar um processo de qualidade nas organizações esportivas. Estes princípios falam da organização como um todo, da conduta moral necessária dos dirigentes esportivos. 19
Os "dez princípios" da Qualidade esportiva: 1. Proporcionar a fé para a transformação; 2. Adotar a reforma-íntima; 3. Estabelecer a confiança no processo; 4. Instruir e educar; 5. Estimular a liderança; 6. Afastar o medo; 7. Desburocratizar; 8. Esquecer os dogmas; 9. Valorizar o qualitativo; 10. Práxis na transformação. Para entendermos a que nos referimos, podemos resumir: Ao comportamento moral dos dirigente esportivos, em suas práticas decisórias. Vejamos: 1. Proporcionar a fé para a transformação Este princípio se refere à importância do planejamento. Proporcionar a fé para a transformação, significa visualizar hoje as condições necessárias, acreditando e se dedicando às mesmas, com o firme propósito de reduzir as incertezas futuras e proporcionar transformações mentais e sociais através do desenvolvimento do esporte. A maioria dos administradores vivem no imediatismo de resolver problemas atuais e esquecem de criar e manter constância de propósitos, numa perspectiva futura de um esporte melhor, mais humano e mais social. Proporcionar a fé, como princípio de uma organização esportiva, é acreditar e fazer-se acreditar que a mudança é possível, se não nos iludirmos com a vaidade, não nos embriagarmos no egoísmo, visualizarmos e conhecermos de perto os problemas que afligem hoje a organização, interferindo na realidade, com o 20
propósito de passar-se de uma situação conhecida para uma outra situação, desejada, dentro de um intervalo de tempo pré-determinado. Quem serve de exemplo e apresenta condições, até pelo cargo que exerce, para proporcionar a fé para a transformação, é o dirigente esportivo. Porém, o verdadeiro exemplo é dado por aquele que não fica só em palavras e gestos entusiastas, o verdadeiro homem de fé é aquele que denota boa-vontade, com base nas leis morais, examinando-lhes a ausência espiritual para a práxis cotidiana. Proporcionar a fé para a transformação significa interpretar a qualidade como uma melhoria continuada, ou seja sempre buscando a perfeição, e se comprometer socialmente com: 1.1. investimentos; 1.2. Administração participativa; 1.3. Inovação. 1.1. investimentos em: Pesquisa - a fim de conhecer e tornar público, as informações consideradas importantes no tópico: Avaliação do produto. Treinamentos e valorização dos recursos humanos - administrar uma organização significa administrar primordialmente recursos humanos. Não conseguimos entender como algumas organizações conseguem separar o funcionário, dirigente, professor, ou o que seja, do ser humano. Acreditamos que é obrigação das organizações, estabelecer e trabalhar o projeto de vida das pessoas envolvidas no processo organizacional. O projeto de vida dos envolvidos em uma organização é fator preponderante para o sucesso das estratégias organizacionais. Os exemplos nos comprovam que organizações vencedoras tem á frente pessoas vencedoras. A valorização dos recursos humanos, significa se preocupar e interferir para melhorar a qualidade de vida das pessoas, e só assim, conseguimos identificar a qualidade das organizações esportivas. 21
O treinamento de recursos humanos, significa proporcionarmos condições de aprimoramento das funções existentes, através da apropriação do saber sistematizado, a fim de democratizá-lo, e do saber-fazer didático. Estes fatores é que nos darão condições de interferir no real histórico da administração esportiva. 1.2. Administração participativa: proporcionarmos a administração participativa significa ter humildade para reconhecer que não somos detentores de todos os conhecimentos, nem de todas as verdades. Significa saber ouvir e refletir para melhor decidir, ou até mesmo decidir juntos. Sobre este assunto, BALLALAI, 1988, foi bastante feliz quando escreveu: "Administração Participativa é a ação de comando que busca o envolvimento da coletividade comandada no equacionamento e nas soluções de problemas, através da descentralização do processo de tomada de decisão e da consequente criação de mecanismo próprios para essa descentralização. Mecanismos esses que são estabelecidos sob a forma de conselhos de colegiados aos quais serão solicitados, pelo comando, em momentos específicos como reuniões e assembleias, decisões que podem ou devem ser acatadas por esse comando. As decisões oriundas de tais mecanismos serão a expressão de consenso entre todos os operantes e o comando". (BALLALAI, 1988, p. 2) Lembramos, no entanto, que para proporcionarmos a Administração participativa, é fundamental que haja concomitantemente o investimento em treinamentos e valorização dos recursos humanos, a fim de termos a motivação necessária e o nível instrucional e educacional sem grandes diferenças, entre os participantes. Ou 22
seja, para atingirmos a qualidade, é necessário o esforço e a contribuição de todos ao mesmo tempo. Outro fato que merece citação e por acreditarmos na sua função social e organizacional, é dispormos de um profissional para funcionar como ONBUDSMAN da organização. Este profissional proporciona a participação de todos os envolvidos no processo, haja vista que trabalha como o "OUVIDO" da organização, recebendo, registrando e levando ao processo decisório todas as críticas dos: clientes, funcionários, árbitros, professores, dirigentes de menor escalão e as demais pessoas que queiram contribuir para o processo de mudanças. Estas críticas podem "chegar" ao onbudsman de forma direta, em conversa franca e aberta com a pessoa que observou o problema, ou de forma indireta, através da caixinha de sugestões. As formas de se conseguir detectar os problemas de uma organização esportivas, são muitas, e tem na pesquisa (formal, não formal e informal) a sua base. Muitas empresas comerciais e industriais, funcionam com o onbudsman através do serviço de atendimento ao cliente, onde detectam insatisfações de seus produtos e/ou serviços, através das reclamações, e identificam seus pontos fortes, pelos elogios. A fim de tornar a participação, como a forma de administrar, acreditamos que a implantação de um serviço de onbudsman, nas organizações esportivas, possa ser mais um casal, para muito mais prevenir do que remediar. 1.3. Inovação: O comprometimento social com a Inovação, requer trabalho árduo e insistente associado ao tino criativo. Inovar significa introduzir novidades, na busca da diferenciação (não ser igual às outras organizações esportivas). O conceito de introduzir novidades na administração das organizações esportivas é algo relativo, pois teríamos que conhecer em detalhes cada organização, afim de estabelecer diferenças sobre o que é, e o que não é novidade. Evitando este constrangimento, já que levaria a uma comparação entre as organizações, no que 23
se refere à ser "moderno" ou estar "obsoleto", passaremos a relatar ações e intenções administrativas que refletem a inovação, na busca da qualidade, são elas: 1. A criação e a estruturação do Sistema de Informação de Marketing (SIM), através da aquisição e a implantação de uma Central de Processamentos de Dados subdividida em : 1.1. Banco de dados específicos (dados do cotidiano da organização): Onde estão registrados: o cadastro de atletas, de clientes, de árbitros, de dirigentes, de professores de educação física, considerando inclusive o arquivo morto; 1.2. Banco de dados genéricos: Cadastro contendo as seguintes informações: endereço completo; dirigentes, telefone de contato, particularidades de atuação das organizações abaixo: Escolas municipais; Escolas estaduais; Escolas particulares; Escolas de samba; Confederações e respectivas federações; Divisão administrativa e/ou política do estado (Municípios e regiões); Regiões Administrativas do Município; Mídias impressas; Mídias eletrônicas; Clubes, associações e ligas, 24