SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ TEXTO PARA ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA - DVD MARIA MERCEDES MEIRA LOPES Maringá 2008 / 2009
MARIA MERCEDES MEIRA LOPES A INTERFERÊNCIA NOCIVA DO RUÍDO NO AMBIENTE ESCOLAR Produção Didático - Pedagógica Multimídia - DVD apresentada à Secretaria de Estado da Educação do Paraná Orientadora: Prof.ª Dr.ª Polônia Altoé Fusinato Co - Orientadora Prof.ª Ms. Teresinha Ap. Albuquerque Maringá 2008 / 2009
INTRODUÇÃO O desenvolvimento do projeto proposto O Excesso de ruído no Ambiente Escolar, dentro do programa, tem por objetivo principal oferecer aos alunos a oportunidade de desenvolver uma postura crítica quanto aos elementos prejudiciais à audição e buscar subsídios para melhorar o ambiente escolar no que se refere a diminuição de ruídos na sala de aula e, conseqüentemente, otimizar o processo de ensinoaprendizagem. Para isso, o material pedagógico escolhido foi a utilização da multimídia DVD, que trata do assunto proposto e articula duas mídias: imagem e áudio. O DVD A INTERFERÊNCIA NOCIVA DO RUÍDO NO AMBIENTE ESCOLAR consta de 5 módulos, que poderão ser acessados não necessariamente na ordem de apresentação. A projeção do DVD constitui-se em uma das tarefas a serem desenvolvidas com as turmas de 2ª série do ensino Médio e Profissional, período diurno, no ano letivo de 2009, durante a implementação do projeto. No cronograma previsto essa atividade será desenvolvida, após a aplicação dos questionários para levantamento das concepções prévias dos alunos, da pesquisa bibliográfica feita por eles e das leituras de textos para aprofundamento teórico-científico. O DVD, no primeiro módulo, apresenta um diagnóstico da situação do ruído, na escola onde se almeja fazer a intervenção pedagógica, por alguns professores do ensino fundamental e médio No segundo módulo, alguns alunos, também do ensino fundamental e médio, apresentam sua visão sobre o assunto, confirmando a necessidade da escola abrir espaço para uma ação mais efetiva, que vise diminuir o nível de ruído no ambiente escolar. O terceiro módulo consta da apresentação de uma palestra do médico otorrinolaringologista, Dr. Dagoberto de Souza Júnior CRM 17350, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial.Sua fala é direcionada principalmente aos jovens, que são o público-alvo desse DVD. Ele
apresenta o mecanismo da audição e os problemas advindos ao ouvido devido ao abuso no uso de MP3 e correlatos. O quarto módulo consta de uma palestra da fonoaudióloga Dra. Lucimari Donatti Eto, CRFa-PR 5825, especialista em Voz e Motricidade Oral. Essa palestra tem como público alvo especialmente os professores, que muitas vezes sofrem por causa dos abusos vocais cometidos no ambiente escolar. O quinto módulo é direcionado ao alunado e também aos profissionais da educação. Apresenta três tabelas contendo normas legais da legislação brasileira sobre o assunto, como segue: 1ª) Tabela que relaciona intensidade sonora e nível sonoro ; 2ª)Tabela da norma da ABNT (Resolução 01/90) para nível de conforto acústico nos diversos ambientes ; 3ª) Tabela da norma 15 do Ministério do Trabalho ( Nível de pressão sonora para risco de perda de audição). OBJETIVO O presente DVD pretende mostrar o resultado de pesquisa que busca esclarecer e divulgar os malefícios do ruído sobre o ouvido humano com base na legislação e socializar informações sobre saúde vocal e auditiva. Com essa divulgação pretendese chamar a atenção para o enorme prejuízo causado ao ensino e aprendizagem, a desatenção a um assunto que interfere diretamente no estado emocional do aprendiz e conseqüentemente, nos resultados de sua formação educacional. JUSTIFICATIVA
A música faz parte integrante na vida dos adolescentes e jovens. Os ambientes sociais tornam-se cada vez mais ruidosos e a escola vai sendo invadida por modismos que podem trazer prejuízos à audição. Muitos profissionais da saúde têm se manifestado na mídia, denunciando o aumento de casos de jovens com problemas de audição, devido a exposição ao ruído, ou mais precisamente, à música em intensidades elevadas. Os sons excessivos lesionam a cóclea, que é órgão do ouvido interno. Essa lesão é irreversível (até o presente momento) pois causa desorganização nos neurônios que transmitem a informação auditiva ao cérebro. O presente trabalho aborda a importância da prevenção, junto ao alunado, dos hábitos nocivos a sua saúde, quanto a audição. Paralelamente a isso, o ruído no ambiente escolar leva os professores a, muitas vezes, elevarem o volume de voz confortável, sobrecarregando o aparelho fonador, podendo causar problemas. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Um levantamento do Hospital das clínicas de São Paulo( 2008) apontou que 35% dos casos de problemas auditivos diagnosticados em crianças e jovens por seus clínicos estão relacionados a ruídos e por exposição prolongada a sons potencialmente lesivos. A médica da instituição citada, Tanit Ganz Sanches, que faz parte do Grupo de Pesquisa em Zumbido do hospital, lembra que os jovens costumam ouvir seus aparelhos em volumes tão altos que podem ser ouvidos por outras pessoas. Segundo ela, muitos jovens não acreditam em problemas futuros de audição porque não estão sentindo nada no presente. A fonoaudióloga Joselene A. Fachinetti (2008), especialista em Audiologia Clínica, lembra que a proximidade dos fones de ouvido leva a um aumento de pressão e intensidade sonora, que pode causar lesões ao aparelho auditivo. A pesquisadora recomenda que quanto maior for a intensidade do som, menor seja o tempo de exposição a ele. De acordo om Fachinetti, a perda auditiva induzida não tem reversão. Além da perda auditiva, o uso desses aparelhos pode causar infecções de ouvido( por causa de fones sujos e
compartilhados), baixo rendimento escolar e no trabalho, impotência, distúrbios alimentares, além de outros problemas. Numa sala de aula ruidosa, o professor tende a superar os ruídos competitivos elevando a intensidade da voz. Isso caracteriza o Efeito Lombard que corresponde a essa tendência onde quem fala mantém constante relação entre o nível de sua fala e o ruído ( DREOSSI, 2004). A sobrecarga no aparelho fonador do professor pode, muitas vezes, desencadear alterações nas pregas vocais. METODOLOGIA Para a realização do DVD inicialmente visitamos o Colégio com o intuito de conversar com os professores a respeito da poluição sonora no ambiente escolar e convidá-los a participar do filme. Aqueles que aceitaram participar ficaram livres para falar do que mais os incomodava, quanto a ruído, em sala de aula e no ambiente externo. Também foram contactados alunos com o mesmo objetivo, que tiveram liberdade para falar sobre o problema levantado. Entramos ainda em contato com o médico otorrinolaringologista que atua nessa cidade e que aceitou prontamente participar do filme. A fonoaudióloga convidada também aceitou. Um professor do Colégio prontificou-se a realizar as filmagens e o diretor emprestou sua sala para as filmagens na escola. Conforme a disponibilidade dos profissionais convidados, deslocamo-nos até seus consultórios para a realização do procedimento. Após realizar as filmagens, a edição do DVD foi encaminhada para um técnico competente. RESULTADOS ESPERADOS Como já descrito, esse DVD é uma das atividades previstas na implementação do projeto de Intervenção Pedagógica na escola: O Excesso de Ruído no Ambiente
Escolar. Pretende-se que os módulos um e dois do DVD, ao serem assistidos pelos alunos levem-nos a refletir sobre a problemática apresentada.espera-se que a palestra do médico constante no DVD (3º módulo) seja motivo para os jovens pensarem sobre as atitudes e hábitos quanto à forma de escutar música. Almejamos que os professores que assistirem a palestra da fonoaudióloga (4º módulo) dêem mais atenção à saúde vocal, evitando abusos. Também se espera que as tabelas apresentadas (5º módulo) sejam assunto de reflexão para toda a comunidade escolar.pretende-se que este material pedagógico, DVD mais texto, fique a disposição de educadores e educandos como forma de alerta, para os perigos à qualidade de vida, advindos do excesso de ruídos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os professores lembraram, de maneira geral, ruídos extra-classe mas também os ruídos dentro da sala de aula, o nível sonoro da conversa entre os estudantes, o arrastar de carteiras especialmente nocivo para as salas do andar inferior, os toques de celular em horas inadequadas e de maneira irritante, o uso disfarçado de fones de ouvido por alunos que não abandonam o MP3 ou correlatos, mesmo na sala de aula. O problema de se falar em tom mais forte para se fazer ouvir, a rouquidão, o cansaço depois de algumas aulas. Os alunos lembraram o barulho da quadra que interfere na sala de aula próxima a ela, do trânsito pelos corredores por outros alunos, dos alunos em sala de aula que conversam e usam os aparelhos de música, atrapalhando quem quer escutar. O médico explicou o mecanismo da audição utilizando para isto de uma figura ilustrativa projetada na tela do computador e falou sobre o perigo de se escutar música ( não só em aparelhos de MP3) mas de qualquer fonte que esteja a mais de 70 decibéis. Lembrou que as lesões que ocorrem na cóclea são irreversíveis.
A fonoaudióloga abordou as alterações orgânicas mais freqüentemente observadas nos professores, os abusos vocais que pioram a qualidade vocal e os sinais a que devemos ficar atentos, como rouquidão ou perda de voz por mais de sete dias. O DVD também apresenta tabelas legalmente estabelecidas pela legislação brasileira indicando o nível máximo de ruído permitido em ambientes internos ou externos, que estabelecem o conforto acústico para a qualidade de vida do ser humano. Apresentamos algumas tabelas legais, que mostram situações cotidianas e o correspondente nível sonoro, como por exemplo: o barulho do tráfego intenso, que corresponde a 80 decibéis. Uma banda de rock pode atingir 120 decibéis. A segunda tabela apresenta as normas da ABNT, determinando o nível de ruído para conforto acústico em diversos ambientes. Para uma sala de aula o nível é de 40 a 50 decibéis enquanto que na biblioteca é de 35 a 45 decibéis. A terceira tabela traz a portaria do Ministério do Trabalho para máxima exposição diária ao ruído. Por exemplo, para um ruído de 90 decibéis, a exposição diária não pode passar de 4 horas. Ao serem apresentadas as tabelas seria conveniente apresentar o aparelho de decibelímetro e fazer algumas medições do nível de ruído em alguns ambientes fazendo comparações com as tabelas. Esperamos com esse trabalho conseguir junto aos alunos uma postura crítica quanto a importância do sentido da audição em suas vidas e os riscos que correm ao exporem-se a níveis altos de decibéis, sem medir as conseqüências.
REFERÊNCIAS: BIFULCO, Adriana. Poluição sonora causa trauma acústico. Folha de Londrina, Londrina, 28 abr. 2008. CURTY, Marlene Gonçalves. Apresentação de trabalhos acadêmicos, dissertações e teses: (NBR 14724/2005)2 ed. Maringá: Dental Press, 2006. DREOSSI, Raquel Cecília Fischer. A Interferência do ruído na aprendizagem. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 2,no. 64, p. 38-47, 2004. ERDREICH, J. Teaching in the dark.disponível em: www.cefpi.org/pdf/issue9.pdf. Acesso em: 28 jun. 2008. FACHINETTI, Joselena Aparecida. Alerta para os problemas de audição causados por uso excessivo de aparelhos eletrônicos. 2008. Disponível em <http://view.atdmt.com/mbz/iview/msnnkbrc001728x90xwlmbr40000001mbz/direct;w i.7>. Acesso em: 26 mar. 2008. GERGES, Samir Nagi Y. Ruído: fundamentos e controle. 2. ed. Florianópolis: N.R. Editora, 2000. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert. Física. 4. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 1984. HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE SÃO PAULO. Disponível em: <http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=90995&c=5214>. Acesso em: 12 mar. 2008. MENDONÇA, Gisele. Barulheira urbana: salve-se quem puder. Folha de Londrina, Londrina, 08 abr. 2008. MENEZES, Flo. A Acústica musical em palavras e sons. Cotia: Ateliê Editorial, 2004. NUNES, Djalma. Termologia, óptica, ondulatória. São Paulo:Editora Três, 1994. PACHECO, Filipe. Fone de ouvido precisa ser de qualidade. Folha de Londrina, Londrina, 11 maio 2008. PEREIRA FILHO, Edson. Um tormento chamado zumbido. Folha de Londrina, Londrina, 28 abr. 2008. WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. 2. ed. São Paulo: Círculo do Livro,1989.