Apreçamento de Debêntures no Mercado Brasileiro Caio Almeida, Fundação Getulio Vargas RJ. 27 de Maio de 2010

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Transcrição:

Apreçamento de Debêntures no Mercado Brasileiro Caio Almeida, Fundação Getulio Vargas RJ 27 de Maio de 2010

2 Apreçamento de Ativos Privados: Desafios 4 Poucos preços negociados em mercado devido a falta de liquidez 4 Número reduzido de ativos (por classificação de crédito) 4 Inexistência de padronização nos fluxos dos ativos, e opções embutidas 4 Dificuldade de modelagem: Como separar risco de crédito de risco de liquidez? 4 Sob estas condições, como se obtém uma curva de juros para tal mercado? 4 Analisamos o caso específico de debêntures no Brasil.

3 Importância da Estimação de uma Curva de Referência 4 Se a ANBIMA disponibilizar uma curva de juros de referência de debêntures, é possível: 4 i) Utilizar esta curva para estimação do risco de mercado de carteiras que contém debêntures. 4 ii) Extração da probabilidades de default implícita nos preços das debêntures. hutilização da curva de swap pré-di x curva de debêntures 4 iii) Apreçamento de debêntures recentemente emitidas. 4 iv) Quantificação dos riscos de crédito relativos entre diferentes classes (AAA, AA, A, etc...)

4 ipos de Modelos Possíveis 4 Modelos Estruturais Merton (1974) hpreço dos títulos em função dos ativos da firma hdo ponto de vista empírico, gera spreads baixos para títulos corporativos quando comparados a spreads de mercado. 4 Modelos Livres de Arbitragem Duffie e Singleton (1999) h Modelos dinâmicos que descrevem a trajetória da taxa de curto prazo do mercado h Úteis para apreçar opções embutidas h Difíceis de se estimar: Necessidade de uma estimação em painel. 4 Modelos Estatísticos Nelson e Siegel (1987) hpropõem uma forma paramétrica para a curva de juros h São estáticos, estimados dia a dia. hmais simples de estimar e atingem menores erros nos preços dos ativos.

5 Uma Breve Descrição dos Dados: Debêntures 4 Dados disponíveis em um dia típico no ano de 2009: 4 No dia 09/12/2009: Preços coletados disponíveis para um total de 78 debêntures. 4 Entre estas, 46 não apresentavam opções embutidas e 32 apresentavam. 4 Classificações de Crédito: 9 AAA, 35 AA, e 34 A

Modelo Proposto 4 Modelo estatístico : Curva de juros é descrita por 3 tipos de movimentos: Mudanças no nível, na inclinação e na curvatura. 4 Movimentos capturados por exponenciais como em Nelson e Siegel (1987) 4 4 Preços coletados pela ANBIMA são utilizados como dados de entrada. 4 Como lidar com o problema de poucas debêntures em alguns dos níveis de classificação de crédito? 4 Curvas com pior crédito apresentam um spread sobre crédito imediatamente superior. 6 + + + = e e c e c e c c R ) (1 ) (1 ) ( 2 2 1 0

7 Diversas Curvas de Juros para Diferentes Riscos de Crédito 4 Então, por exemplo, a curva RAAA das debêntures AAA será a de menores juros entre todas as classificações de crédito. 4 Curva RAA = RAAA + spread de crédito entre AAA e AA 4 Curva RA= RAA + spread de crédito entre AA e A 4 Vantagem: É possível se estimar todas as curvas simultaneamente e resolver o problema de número pequeno de ativos para uma determinada classificação de crédito. 4 Modelo é estimado de forma a minimizar os quadrados dos erros dos preços de todas as debêntures em um dado dia: 6 parâmetros e 78 ativos.

ipos de Movimentos nas Curvas de Juros 8

Exemplo de uma curva típica 9

Dificuldades na Estimação 4 Existências de Opções Embutidas: h Direitos da empresa emissora de recomprar a debênture. hem geral passam a valer a partir de uma determinada data. Como apreçar? 4 Estimação é baseada em problema de otimização não-linear: Instabilidade 4 Análise dos resíduos dos preços: Quais características são importantes? herros médios da ordem de 20 a 30 pontos base. entativa de explicar tais erros por: diferenças em cupons, idade dos títulos, taxação, liquidez 4 Combinar preços coletados com preços de mercado. 4 Incorporar medidas de liquidez (dispersão, bid-ask) na estimação 10

Opções Embutidas 4 São apreçadas através de modelos dinâmicos para a curva de juros. hhull and White (1994) 4 A grande maioria dos trabalhos na literatura trata o caso de título livre de risco com opção embutida hexceções: Berndt (2004), e Jarrow, Li, Liu and Wu (2010). h Estimam intensidades de default específica para cada título. hnão extraem uma curva de juros comum ao mercado de títulos corporativos. 4 Nossa proposta é a de combinar um modelo dinâmico com um estatístico: h Inicialmente se estima a curva com debêntures sem opções embutidas hem seguida, se utiliza esta curva como entrada para um modelo dinâmico para estimar os preços das opções embutidas nas outras debêntures. hfinalmente, se estima novamente a curva de juros do mercado de debêntures utilizando todas as debêntures 11