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Transcrição:

Acórdãos STA Processo: 0573/10 Data do Acordão: 03-11-2010 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Tribunal: Relator: Descritores: Sumário: 2 SECÇÃO JORGE LINO EXECUÇÃO FISCAL OPOSIÇÃO PRESCRIÇÃO CITAÇÃO INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO I - A citação é causa de interrupção da prescrição - nos termos do n.º 1 do artigo 49.º da Lei Geral Tributária. II - E a citação do responsável subsidiário acarreta a interrupção da prescrição em relação a ele e também em relação ao devedor originário - de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária. Nº Convencional: JSTA000P12303 Nº do Documento: SA2201011030573 Recorrente: FAZENDA PÚBLICA Recorrido 1: A... Votação: UNANIMIDADE Texto Integral: 1.1 A Fazenda Pública vem interpor recurso da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, em que se julga procedente a oposição, nos presentes autos de oposição à execução fiscal em que é oponente A. 1.2 Em alegação, a recorrente Fazenda Pública formula as seguintes conclusões. A. Julgou a douta sentença recorrida procedente, a oposição deduzida no processo de execução fiscal n.º 3514199601009958 e apensos, instaurado para cobrança coerciva de dívidas relativas a IVA dos anos de 1995 e 1996 da primitiva executada, a sociedade B, Lda, reputando-as prescritas. B. O elemento decisivo que presidiu à formação da convicção da ilustre julgadora a quo, depois de reiterar que a execução esteve parada de 02.05.2001 a 18.03.2003, radicou na contabilização, quanto às dívidas mais recentes, do tempo decorrido entre 01.01.1997 e 02.07.1997, e entre

02.05.2002 (cumprido um ano de paragem da execução) até à data da sentença, para assim concluir estar ultrapassado o prazo de prescrição e julgar procedente a oposição, C. ignorando afinal um parâmetro que tinha logo antes identificado como relevante, a interrupção da prescrição operada com a citação do oponente em 28.09.2004, por aplicação do art. 49, nºs 1 e 3, da LGT, na redacção dada pela L. nº 100/99, de 26.07, que tinha a virtualidade de inutilizar todo o tempo entretanto decorrido, nos termos dos art.s 323, n 1, e 326, n 1, do Código Civil, normas aplicáveis por força do disposto na al. d) do art. 2 da LGT, reiniciando-se então a contagem do prazo prescricional, que assim se completaria em 28.09.2012. D. Ressalvado o devido respeito, não se conforma a Fazenda Pública com esta decisão, porquanto a sentença recorrida fez uma errónea aplicação da lei, uma vez que não procedeu à valoração da citação em 28.09.2004 do oponente, ocorrida quando ainda estava em curso o prazo prescricional. E. Com efeito, a própria citação do responsável subsidiário para a execução fiscal em 28.09.2004, antes do fim do 8 ano a contar do início do prazo de prescrição, segundo a medida do prazo prescricional aplicável, produz os efeitos legais de inutilização do tempo decorrido, mesmo em relação ao próprio responsável subsidiário, e impede o decurso do prazo até ao termo da execução ou à paragem desta por mais de um ano por facto que não lhe seja imputável (facto que deixou de relevar a partir de 01.01.2007), obstando à ocorrência da prescrição das dívidas exequendas, por força do n 1 do art. 49 e do n 2 do art. 48 da LGT, F. pronunciando-se nesse sentido Jorge Lopes de Sousa, in Sobre a Prescrição da Obrigação Tributária, pág. 112 e, entre outros, o acórdão do STA tirado em 27.08.2008 no proc. 0719/08, e o acórdão do STA tirado em 15.04.2009 no proc. 0149/09. G. Para este entendimento não se perfilha a jurisprudência recente do STA, ilustre tribunal ad quem, de inconstitucionalidade orgânica do normativo do n 5 do art. 5 do DL 124/96, que prevê a suspensão do prazo de prescrição, H. pois que nenhum juízo de negligência pode ser feito ao credor que, por acordo com o devedor, concedeu o beneficio de pagamento em prestações durante o qual

vinculou-se à paragem da cobrança coerciva (art. 14, n lo, do DL 124/96), na expectativa do cumprimento, a que nunca renunciou nem perdeu o interesse, expectativa criada ao abrigo de acordo conforme o DL 124/96, que prevê no seu conjunto um alargamento e não cerceamento das garantias dos contribuintes. I. O n 5 do art. 5 do DL 124/96, estabelece um regime excepcional de suspensão da prescrição, a que o devedor adere, por sua iniciativa e no âmbito da autonomia, quando adere ao regime do pagamento prestacional das suas dívidas previsto nesse diploma, por acordo com o credor tributário, que ficou assim impedido de prosseguir com a cobrança coerciva dos seus créditos. J. Desprezar a suspensão do prazo prescricional durante o período em que o processo de execução fiscal se suspende nos termos do n 5 do art. 5 do DL 124/96, estando a Administração Tributária impedida de prosseguir com a cobrança coerciva da dívida infringe, salvo melhor opinião, os princípios constitucionais de igualdade, equidade, proporcionalidade, e da tutela da confiança, (art.s 2, 18, 103, n. s 2 e 3 da CRP). K. Ainda assim, sempre sem prescindir nem conceder, será de ter em conta que, tendo-se criado uma situação de pagamento em prestações, o prazo de prescrição suspendeu-se ao menos a partir da entrada em vigor da LGT, que prevê com carácter geral, que o prazo de prescrição se suspende por motivo de paragem do processo de execução fiscal em virtude de prestações legalmente autorizadas - cfr. art. 49.º, n.º 3, da LGT tanto na redacção inicial como na da lei 100/99 de 26 de Junho, regime aplicável tanto às situações em que estava em curso o prazo de prescrição. L. Deve ainda dar-se por assente, no cômputo do prazo prescricional, a suspensão do prazo imposta pela instauração da execução e ulterior paragem por período superior a um ano, de acordo com o n.º 3 do art. 34.º do CPT, que opera em relação ao oponente, M. pois como refere Jorge Lopes de Sousa, ob. cit., pág. 110, na aplicação no tempo do regime estabelecido pela LGT se deve ter em conta o momento em que se produziram os factos com efeito suspensivo, e se o facto com efeito interruptivo em relação ao devedor originário, designadamente a instauração da execução, ocorreu na vigência do CPT, o efeito interruptivo ocorreu também em relação ao responsável subsidiário, independentemente do

momento em que este veio a ser citado, pois esse efeito interruptivo estendia-se a este, sem qualquer condição. N. Como tal, entende a Fazenda Pública, ser oponível ao responsável subsidiário a interrupção da prescrição relativa ao devedor principal ulteriormente degenerada em suspensão por paragem da execução por mais de um ano por causa não imputável ao contribuinte, de acordo com o disposto no art. 34.º do CPT. O. Em face do exposto é de concluir, forçosamente, que as dívidas de IVA exequendas não estão prescritas, sendo ainda exigíveis coercivamente na execução a que se reporta a oposição. P. Ao não decidir deste modo, a douta sentença sob recurso incorreu em erro de julgamento por errada valoração da prova e errónea aplicação do direito, violando para além das disposições legais supra citadas, ainda o art. 125 do CPPT e o art. 668 do CPC. Q. Por consequência, dever-se-á anular a douta sentença recorrida, reconhecendo se que as dividas exequendas de IVA de 1995 e 1996 não estão prescritas. Termos em que deve ser dado provimento ao presente recurso, declarando-se nula a sentença recorrida por errada valoração da prova e errónea aplicação do direito, revogando-se a douta sentença recorrida, com as legais consequências. 1.3 Não houve contra-alegação. 1.4 O Ministério Público neste Tribunal emitiu o seguinte parecer. Objecto do recurso: saber se se verifica a prescrição tributária e qual o regime legal aplicável para a determinar: se a Lei Geral Tributária se o Código de Processo Tributário. Defendendo a não verificação da prescrição da obrigação tributária começa a entidade recorrente por alegar que a própria citação do responsável subsidiário para a execução fiscal em 28.09.2004, antes do fim do 8 ano a contar do início do prazo de prescrição, segundo a medida do prazo prescricional aplicável, produz os efeitos legais de inutilização do tempo decorrido, mesmo em relação ao próprio responsável subsidiário, e impede o decurso do prazo até ao termo da execução ou à paragem desta por mais de um ano por facto que não lhe seja imputável (facto que deixou de relevar a partir de 01.01.2007), obstando à ocorrência da prescrição das dívidas exequendas, por força do n 1 do art. 49 e do n 2 do art.

48 da Lei Geral Tributária. Afigura-se-nos que, desde logo por esta razão, o recurso merece provimento, ficando prejudicado o conhecimento dos outros fundamentos invocados, e com base nos quais se defendia também a não verificação da prescrição. Com efeito, e como se refere no Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 27.08.2008, recurso 719/08, «é apenas a relevância das causas de interrupção que se verifiquem apenas em relação ao devedor originário (e o consequente diferimento do termo do prazo que delas deriva) que é afastada em relação ao responsável subsidiário, se a sua citação não ocorrer até ao 5. ano posterior ao da liquidação. (..) Assim, no caso de a citação do responsável subsidiário ser posterior ao 5. ano, se ele for citado até ao fim do 8. ano a contar do início do prazo de prescrição (que, neste caso, é 1/1/99, por ser aplicável o novo prazo previsto na LGT), os efeitos da interrupção que derivam da sua própria citação produzemse em relação a ele (e também em relação ao devedor originário, por força da regra do n. 2 do art. 48.) - neste sentido também se podem ver os Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 30.06.2010 e de 15.04.2009, recurso 149/09, ambos in www.dgsi.pt e Jorge Lopes de Sousa, obra citada pela recorrente. Ora no caso não está em causa a interrupção da prescrição relativamente ao devedor principal, mas sim a citação do próprio responsável subsidiário, que ocorreu já no âmbito da lei aplicável (Lei Geral Tributária), ou seja em 28.09.2004 (cf. probatório a fls. 99) e que determina a interrupção da prescrição nos termos previstos no n.º 1 do artigo 49º da LGT, com a consequente inutilização de todo o período de prescrição anteriormente decorrido (artigo 326., n. 1 do Código Civil). Daí que se entenda, tal como sustenta a Fazenda Pública, que não ocorreu a prescrição da obrigação tributária. Termos em que somos de parecer que o presente recurso deve ser julgado procedente, revogando-se o julgado recorrido. 1.5 Tudo visto, cumpre decidir, em conferência. A única questão que vem posta na petição inicial dos presentes autos de oposição à execução fiscal é a da prescrição das dívidas exequendas. Como assim, e em face do teor das conclusões da alegação, bem como da posição do Ministério Público, a questão que aqui se coloca ficando prejudicada qualquer

outra em caso de resposta afirmativa a esta é a de saber se ocorre, ou não, a interrupção da prescrição das dívidas exequendas, pela citação do oponente, ora recorrido, responsável subsidiário. 2.1 Em matéria de facto, a sentença recorrida assentou o seguinte (que subordinamos a alíneas). a) Em 08/07/1996, foi instaurada execução fiscal contra B, Lda., sob o n. 3514-96/100995.8, por dívidas relativas a IVA e juros compensatórios, referentes ao ano de 1995 (Novembro de 1995). b) Em 15/10/1996, foi instaurada execução fiscal contra B, Lda., sob o n. 3514-96/102112.5, por dívidas relativas a IVA e juros compensatórios, referentes ao ano de 1996 (Janeiro de 1996). c) Em 28/10/1996, foi instaurada execução fiscal contra B, Lda., sob o n. 3514-96/10219.3, por dívidas relativas a IVA e juros compensatórios, referentes ao ano de 1996 (Fevereiro de 1996). d) Em 02/01/1997, foi instaurada execução fiscal contra B, Lda. sob o n. 3514-97/100004.7, por dívidas relativas a IVA e juros compensatórios, referentes ao ano de 1996 (Abril de 1996). e) O oponente foi citado para estas execuções fiscais em 28/09/2004 - cfr. fls. 45 e 46 do processo de execução fiscal apenso ao processo n. 2398/04.2BEPRT. f) A executada originária aderiu ao regime disposto no Decreto-Lei n. 124/96, de 10 de Agosto, tendo o respectivo despacho de adesão sido proferido em 02/07/1997, para serem as dívidas pagas em 108 prestações - cfr. fls. 75 a 80 do processo físico. g) Por despacho de 02/05/2001, procedeu-se à exclusão do contribuinte do regime aplicável pelo Decreto-Lei n. 124/96, de 10 de Agosto - cfr. fls. 75 a 80 do processo físico. h) Foram pagas 38 prestações - cfr. processo de execução fiscal apensos ao processo n. 2398/04.2 BEPRT. i) Todos os processos executivos estiveram parados por causa não imputável ao contribuinte desde a data do despacho de exclusão referenciada até 18/03/2003 - cfr. fls. 25 e 26 verso do processo de execução fiscal n. 3514-96/100995.8. j) Os processos de execução fiscal n. 3514-96/102112.5, n. 3514-96/102192.3 e n. 3514-97/100004.7, foram apensados, em 07/06/2004, ao processo executivo n. 3514-96/100995.8.

k) A entrada da presente oposição foi registada no serviço de finanças de Matosinhos-2 em 29/10/2004 - cfr. carimbo aposto no rosto da petição inicial a fls. 2 dos autos. 2.2 A aplicação pura e simples do prazo prescricional conduziria à extinção do direito sobre que a prescrição opera logo que se verificasse o completo decurso daquele prazo. Como assim, na base do instituto da suspensão e da interrupção da prescrição está a ideia de que, não obstante as necessidades de certeza e de segurança, a atitude passiva do credor se justifica em virtude das especiais circunstâncias em que se encontra. A lei impede que o tempo exerça a sua eficácia destrutiva sobre o direito durante todo o período por que duram as causas justificativas daquela passividade: dá-se uma suspensão ou interrupção do prazo. A suspensão, ou interrupção, da prescrição traduz-se assim no aparecimento dum facto ou duma qualidade que retira ao prazo a sua relevância prescricional durante todo o tempo da sua duração. Uma vez desaparecida esta qualidade impeditiva, o prazo volta a correr, e na sua contagem inclui-se aquele que decorreu antes do aparecimento da causa suspensiva com o que vai decorrer após a sua cessação cf. José Dias Marques, Prescrição Extintiva, Coimbra Editora, Limitada, 1953, pp. 94 e 95. E, assim, para julgar decorrido o prazo de prescrição, é necessário fazer-se a prova de um facto positivo: o de se ter escoado o lapso de tempo fixado na lei para a prescrição; e a prova de um facto negativo: o de inexistência de causa de interrupção ou de suspensão da prescrição, durante esse lapso de tempo indicado na lei. Nos termos do artigo 34.º, n.º 1, do Código de Processo Tributário (entrado em vigor em 1-7-1991), o prazo de prescrição das dívidas tributárias é de 10 anos. Pelo artigo 48.º, n.º 1, da Lei Geral Tributária, que entrou em vigor em 1-1-1999 (artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 398/98, de 17-12), tal prazo foi encurtado para oito anos. Havendo sucessão de regimes de prescrição, aplica-se o disposto no artigo 297.º do Código Civil do qual resulta que o novo prazo mais curto aplica-se às situações jurídicas constituídas antes da vigência da lei nova, mas só se conta a partir da entrada em vigor dessa nova lei, a não ser que, segundo a lei antiga, falte menos tempo para o prazo se completar. Por outro lado, a instauração da execução interrompe a prescrição, cessando, porém, esse efeito se o processo

estiver parado por facto não imputável ao contribuinte durante mais de um ano, somando-se, neste caso, o tempo que decorrer após este período ao que tiver decorrido até à data da autuação n.º3 do artigo 34.º do Código de Processo Tributário. Idêntico regime se encontra estabelecido no artigo 49.º, n.º1, da Lei Geral Tributária (1.ª versão), muito embora a interrupção da prescrição apenas se verifique com a citação e não simplesmente com a autuação da execução fiscal. Na verdade, o n.º1 do artigo 49.º da Lei Geral Tributária preceitua que «A citação, a reclamação, o recurso hierárquico, a impugnação e o pedido de revisão oficiosa da liquidação do tributo interrompem a prescrição». E «As causas de suspensão ou interrupção da prescrição aproveitam igualmente ao devedor principal e aos responsáveis solidários ou subsidiários», conforme estabelece o n.º 2 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária. Segundo é jurisprudência corrente na peugada, aliás, do ensinamento de Jorge Lopes de Sousa em Sobre a Prescrição da Obrigação Tributária, Notas Práticas, Áreas Editora, 1.ª edição, p. 112, a citação do responsável subsidiário acarreta a interrupção da prescrição em relação a ele e também em relação ao devedor originário. O que quer dizer que as causas de suspensão ou interrupção da prescrição produzem efeito de igual modo em relação ao responsável subsidiário, isto é, os efeitos da interrupção que derivam da sua própria citação produzem-se em relação a ele e também em relação ao devedor originário cf., por todos, neste sentido, os acórdãos desta Secção do Supremo Tribunal Administrativo, de 15-04-2009, e de 20-05-2009, proferidos respectivamente nos recursos n.º 149/09 e n.º 206/09. 2.3 No caso sub judicio, a instauração da execução fiscal produziu um efeito interruptivo da prescrição nas datas ditas de a) a d) do probatório, nos termos do n.º 3 do artigo 34.º do Código de Processo Tributário pelo que, à data da entrada em vigor da Lei Geral Tributária, em 1-1-1999, não havia decorrido qualquer prazo relevante para a prescrição. E o certo é também que, a partir da data da entrada em vigor da Lei Geral Tributária, em 1-1-1999, é aplicável à situação o prazo de prescrição (mais curto) de oito anos de harmonia com as disposições combinadas dos artigos 34.º, n.º 1, do Código de Processo Tributário; 48.º, n.º 1,

da Lei Geral Tributária; 6.º do Decreto-Lei n.º 398/98, de 17-12; e 297.º do Código Civil. A questão decidenda, portanto, deve ser resolvida à luz das disposições da Lei Geral Tributária (e não do Código de Processo Tributário). A sentença recorrida para ter julgado verificada a prescrição das dívidas exequendas e procedente a oposição à execução fiscal subsumiu a situação essencialmente ao que se dispõe no n.º 3 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária: «A interrupção da prescrição relativamente ao devedor principal não produz efeitos quanto ao responsável subsidiário se a citação deste, em processo de execução fiscal, for efectuada após o 5.º ano posterior ao da liquidação». Ora, na situação presente, do que se trata não é de interrupção da prescrição relativamente ao devedor principal ; mas, diferentemente, do que se trata-se é de interrupção da prescrição relativamente ao devedor subsidiário, o oponente, ora recorrido pelo que não é aplicável à situação o disposto no n.º 3 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária. Com efeito, o oponente, ora recorrido, na qualidade de responsável subsidiário, foi citado, em 28-09-2004, para as execuções fiscais em foco, respeitantes a IVA e juros compensatórios referentes aos meses de Novembro de 1995, de Janeiro de 1996, de Fevereiro de 1996, e de Abril de 1996 consoante, de resto, se assenta nas alíneas de a) a e) do probatório, e melhor se colhe de fls. 45 e 46 do processo de execução fiscal apenso ao processo n.º 2398/04.2BEPRT. E, assim, afigura-se evidente que, à data da citação do oponente, ora recorrido, responsável subsidiário, em 28-09-2004, não havia decorrido o prazo de oito anos de prescrição das dívidas exequendas. Sendo certo que, pela citação, em 28-09-2004, do oponente, ora recorrido, responsável subsidiário, ocorre, como acima se deixou dito, a interrupção da prescrição em relação a ele e também em relação ao devedor originário, por força do disposto no n.º 1 do artigo 49.º, e do n.º 2 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária. Ou, mais rente ao dizer do Ministério Público neste Tribunal, e com inteira propriedade, dir-se-á que «no caso de a citação do responsável subsidiário ser posterior ao 5. ano, se ele for citado até ao fim do 8. ano a contar do início do prazo de prescrição (que, neste caso, é 1/1/99,

por ser aplicável o novo prazo previsto na LGT), os efeitos da interrupção que derivam da sua própria citação produzem-se em relação a ele (e também em relação ao devedor originário, por força da regra do n. 2 do art. 48.)». Assim sendo, como julgamos que é, devemos concluir, em resposta ao thema decidendum, que ocorre a interrupção da prescrição das dívidas exequendas, pela citação do oponente, ora recorrido, responsável subsidiário, razão por que deve ser revogada a sentença recorrida, por não ter laborado neste entendimento. E, como a única questão posta na petição inicial destes autos de oposição à execução fiscal é a da prescrição das dívidas exequendas, deve ser julgada improcedente (sem mais) a presente oposição à execução fiscal, por inverificação da prescrição das dívidas exequendas prescrição que, neste caso, se encontra interrompida. Deste modo, havemos de convir, em síntese, que a citação é causa de interrupção da prescrição nos termos do n.º 1 do artigo 49.º da Lei Geral Tributária. E a citação do responsável subsidiário acarreta a interrupção da prescrição em relação a ele e também em relação ao devedor originário de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 48.º da Lei Geral Tributária. 3. Termos em que se acorda conceder provimento ao recurso, revogando-se a sentença recorrida, declarando-se não verificada a prescrição, e julgando-se improcedente a oposição à execução fiscal. Custas pelo oponente, apenas na 1.ª instância. Lisboa, 3 de Novembro de 2010. Jorge Lino (relator) Casimiro Gonçalves Dulce Neto.