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Transcrição:

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso Pró-Reitoria de Graduação Curso de Psicologia Trabalho de Conclusão de Curso ESTUDO DO NARCISISMO NA PERSONAGEM NINA DO CASAL, GÊNERO E DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS FILME CISNE NEGRO FINANCEIROS Autor: Camila Siebert Altavini Autor: Alane de Sousa Nascimento Orientador: Luciano Espírito Santo Orientador: Prof. Dra. Julia S. N. F. Bucher Maluschke Brasília - DF 2011 Brasília - DF 2016

ALANE DE SOUSA NASCIMENTO CASAL, GÊNERO E DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS Trabalho de conclusão de Curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel/Licenciado em Psicologia. Orientadora: Prof. Julia S. N. F. Bucher Maluschke. Brasília 2016

Monografia de autoria de Alane de Sousa Nascimento, intitulada CASAL, GÊNERO E DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS, apresentada como requisito parcial para obtenção do Título de Psicólogo pelo Curso de Psicologia da Universidade Católica de Brasília, em 21 de junho de 2016, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada: Profª. Dra. Julia S. N. F. Bucher Maluschke. (Orientadora) Psicologia - UCB Dra. Kátia Cristina Tarouquella Rodrigues Brasil Psicologia - UCB Brasília 2016

AGRADECIMENTOS Foram seis anos de uma longa e árdua caminhada, muitas vezes desanimei, mas o desejo de realizar um sonho foi maior para superar os obstáculos. Com alegria agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida, pela saúde e discernimento diário, sem essa força espiritual e tamanho cuidado de Deus e não teria chegado até aqui. Agradeço ao meus pais Pedro e Antonia pelo amor incondicional, pelo incentivo aos estudos e por serem meu exemplo de honestidade e determinação. Aos meus irmãos Guido, Aline e Hioly, agradeço por todo cuidado e amor. Obrigada por acreditarem em mim, muitas vezes mais do que eu mesma. Vocês são meu porto seguro. À minha sobrinha Maria Eduarda que trouxe mais alegria e amor para nossa família, você é luz nas nossas vidas. Ao Rodrigo Cruzeiro que esteve comigo nesses seis anos, agradeço pelo ânimo diário e por me motivar a sempre querer mais. Aos meus velhos amigos que me trazem tantas alegrias, obrigada por ouvirem minhas angústias e por serem os irmãos que escolhi ter na vida, nossos encontros mesmo que inconstantes serão sempre essenciais, vocês são essenciais. Às boas amigas que fiz nessa jornada, Marina Arantes e Mariane Nepomuceno, obrigada por tantas trocas, discussões, e tantas vivências, aprendi muito com vocês e espero que o mundo profissional nos una mais ainda. Aos mestres e doutores do curso de psicologia, registro aqui minha grande admiração. Obrigada pelo aprendizado inigualável e as experiências indiscutíveis que tivemos ao longo desses anos. Vocês me ensinaram a amar a psicologia e hoje me torno uma profissional com sede de aprender sempre mais. Encerro aqui, com um agradecimento saudoso à minha amada avó Doralice, vó Dora (in memoriam), se hoje estou realizando o sonho de ser psicóloga, tenho consciência que sua ajuda no início do curso foi primordial para essa conquista. Gratidão a todos vocês por serem quem são, por todo amor e companheirismo. Eu os amo muito e essa conquista não é só minha, é de vocês também.

Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era antes. (Marthin Luther King)

RESUMO O trabalho consistiu em pesquisa de revisão bibliográfica sistemática, sem metánalise de material científico que aborde o tema de pesquisa sobre Casal, Gênero e a Distribuição dos Recursos Financeiros. Foram utilizados os sites de busca Scielo, Google Scholar, Pepsic e Portal Capes, no período de 2000 à 2015. Os resultados encontrados nos doze artigos com critérios de inclusão demonstraram que o modelo clássico de família, em que o homem era o provedor do lar, não perdura no modelo atual, no qual é possível verificar que a postura da mulher vem assumindo novos contornos, à partir do poder de decisão sobre o próprio dinheiro, com sua ascensão financeira, com espaço no mercado de trabalho e com direitos estabelecidos por lei. Descritores: relação conjugal, poder, casamento, conflito conjugal, dinheiro, gênero, satisfação conjugal.

ABSTRACT The work consisted of systematic literature review of research, without meta-analysis of scientific material to address the issue of research oncouple, Gender and the Distribution of Financial Resources. Search sites Scielo, Google Scholar, and Pepsic Portal Capes were used from 2000 to 2013. The results in the twelve articles met the inclusion criteria showed that the classical model of family, in which man was the home provider, does not last in the current model, in which we can see that the position of women has taken on new contours, starting the power to decide on the money himself, with his financial rise, with room in the labor market and statutory rights. Keywords: marital relationship, power, marriage, marital conflict, money, sex, marital satisfaction.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 8 2. OBJETIVOS... 9 2.1 OBJETIVOS GERAIS... 9 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 9 3. MÉTODO... 9 4. APRESENTAÇÃO DOS ESTUDOS PESQUISADOS... 10 5. PRINCIPAIS METODOLOGIAS UTILIZADAS... 16 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 29 REFERÊNCIAS... 300

8 INTRODUÇÃO O Tema Casal, Gênero e Distribuição de Recursos Financeiros surgiu da necessidade de se compreender como se dão as transformações dos papéis do casal cotidianamente com relação à distribuição dos recursos financeiros. E, para compreender o que está acontecendo atualmente, é importante traçar elementos do caminho histórico, que mostram o que é o casal e o surgimento das questões de gênero. Existe uma idealização clássica de que os homens são os provedores da família, isso porque nos séculos passados existia uma divisão tradicional de papéis onde a mulher tinha a obrigação de cuidar do lar, dos afazeres domésticos e dos filhos e os homens eram os responsáveis por trazer o alimento e cuidar da parte financeira do lar. Na última década, as relações no ambiente familiar passaram por diversas transformações, no qual a mulher tem assumido muitos papéis que antes eram desempenhados pelos homens. Tais transformações ocorrem a partir das vivências do casal, da personalidade de ambos, da convivência, da superação de conflitos, das relações intimas, dos valores e também do nível socioeconômico. Sendo assim, uma das áreas que tem sofrido bastante impacto nos últimos anos é a área econômica familiar, principalmente no que ser refere ao dinheiro da mulher na relação conjugal. Os estudos pesquisados, em sua grande maioria, consideram e discutem a família como uma instituição jurídica, religiosa e sociocultural, na qual o relacionamento dos cônjuges não se baseia apenas no conhecimento de si e do outro, mas também no respeito dos limites e da dinâmica familiar estabelecida por ambos.

9 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Descrever e discutir o que vem sendo publicado nos últimos 15 anos sobre casal, gênero e distribuição de recursos e o que estes estudos constatam. 2.2 Específicos Relatar sobre as pesquisas que foram publicadas no período de 2000 a 2015. Descrever a metodologia utilizada nos estudos publicados. Apresentar os principais resultados dos estudos. 3. MÉTODO A pesquisa é bibliográfica, com uma abordagem qualitativa de cunho exploratório, a fim de examinar um tema de pesquisa pouco estudado nos últimos anos. Para tanto, será realizado uma revisão sistemática dos artigos publicados em revistas cientificas no período de 2000 a 2015 sobre o tema Casal, Gênero e Distribuição dos Recursos Financeiros. As bases de dados utilizadas serão Scielo, Pepsic, Google Scholar e Portal do capes.

10 4. APRESENTAÇÃO DOS ESTUDOS PESQUISADOS Compreender as consequências das mudanças nos relacionamentos conjugais, entre homens e mulheres, é de fundamental importância para os avanços nos estudos sobre a conjugalidade no Brasil, ainda carente de pesquisas específicas sobre dinheiro e casamento. (RODRIGUES, 2008) Ao falar sobre casal, é interessante buscar, à luz do direito, o que se entende por casamento. Segundo Pontes de Miranda (1947, p. 86), o casamento é um contrato solene, conforme a lei, realizado entre pessoas capazes e de sexo diferente, que se unem com intuito de conviver, criar e educar a prole que vier a nascer, que legalizam por ele suas relações sexuais e estabelecem para os seus bens um dos regimes regulados em lei. A partir dessa definição, Pontes de Miranda simplifica o conceito do seguinte modo: casamento é o contrato de direito de família que regula a união entre marido e mulher. Apesar de o conceito de casamento estabelecer que sua concretização deva se dar por meio de uma relação entre o homem e a mulher, ou seja, uma relação heteroafetiva, o Superior Tribunal de Justiça STJ e o Conselho Nacional de Justiça CNJ reconheceu expressamente a possibilidade de união entre pessoas do mesmo sexo, ou seja, união homoafetiva. Dessa forma, tanto a relação heteroafetiva como a relação homoafetiva estão aptas a estabelecer um núcleo familiar digno por meio do casamento. A união estável também é reconhecida como entidade familiar, tanto pela Constituição Federal de 1988, como pelo Código Civil de 2002, que a define em seu art. 1.723, in verbis: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Nesse sentido, a união estável equipara-se ao casamento, tendo os conviventes os mesmos direitos e deveres atinentes ao casamento. No ambiente social, o casamento irradia diversos efeitos e consequências gerando direitos e obrigações regulados por normas jurídicas. Proclama o 5º, do art. 226, da Constituição Federal de 1988 que Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Ensina Rodrigues (2008, p. 117) que os efeitos gerados pela relação conjugal são de cunho social, pessoal e patrimonial.

11 O principal efeito pessoal do casamento está elencado no Código Civil/2002. O art. 1.511 aduz que o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges. Leciona Gonçalves (2014, p. 185) que essa comunhão plena se baseia no dever de união exclusiva, uma vez que o art. 1.566, inciso I, determina o dever de fidelidade recíproca. Consoante a isso, determina o art. 1565 que, para a eficácia do casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. Para Gonçalves (2014, p. 185) ser consorte e companheiro reflete a parceria de interesses e dedicação que devem envolver a vida em comum. Ademais, deve-se frisar que isso reflete o disposto no art. 226, 5º da Constituição Federal/88 que preconiza a igualdade de condições entre os cônjuges. O casamento gera efeitos patrimoniais e de acordo com Gonçalves (2014, p.187) a lei cria para os cônjuges, com efeito, o dever de sustento da família, a obrigação alimentar e termo inicial da vigência do regime de bens. Portanto, o casamento gera consequências e vínculos econômicos que devem ser supridos por ambos os cônjuges. Boris segue a mesma linha de raciocínio, conforme segue: A cooperação financeira funciona como meio de equilíbrio do poder no casamento, favorecendo, a partir de seu exercício, segundo Foucault, o controle apenas relativo e temporário das relações familiares, o que, por conseguinte, impede a aglutinação de poder em um único cônjuge. BORIS (2012, p. 489). O art. 1566, do Código Civil/2002, dispõe sobre os deveres recíprocos entre os cônjuges, que se referem às responsabilidades que advém do casamento, quais sejam: I Fidelidade recíproca; II Vida em comum, no domicílio conjugal; III mútua assistência; IV sustento, guarda e educação dos filhos; V respeito e consideração mútuos; O dever de fidelidade recíproca é decorrência do caráter monogâmico do casamento (GONÇALVES, 2014, p.191). Cada cônjuge deve fidelidade para o com o outro. O dever de vida em comum, no domicílio conjugal, corresponde ao dever de coabitação, que obriga os cônjuges a ter comunhão de vida e a viver sob o mesmo teto. Mas nos tempos

12 atuais, é comum que cônjuges vivam em casas separadas sem que haja rompimento do relacionamento conjugal. No tocante ao dever da mútua assistência, o art. 1.568 do Código Civil/2002 aduz que os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustendo da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. Portanto, para Gonçalves (2014, p. 194) devem os cônjuges se auxiliarem reciprocamente, seja mediante socorro material, moral ou espiritual, de modo que o companheirismo e o auxílio mútuo se deem em qualquer circunstância. Quanto ao dever de sustento, guarda e educação dos filhos, é necessário que ambos os cônjuges estejam dispostos a criá-los e educá-los. Por fim, quanto ao dever de respeito e consideração mútuos, segundo Gonçalves (2014, p. 196), constituem corolário do princípio insculpido no art. 1.511 do Código Civil/2002, segundo o qual o casamento estabelece plena comunhão de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. O homem que tinha, antigamente, a sua vontade como lei hoje não pode mais controlar sua esposa e, na relação conjugal, a esposa tem o mesmo poder que o marido diante da família. Tanto a Constituição Federal/1988, assim como o Código Civil/2002, não estabelecem limitações entre os cônjuges, sendo estes tratados igualmente, em direitos e obrigações, e, ainda, considerados mutuamente responsáveis pela manutenção da família. Em uma sociedade que mulheres ainda sofrem com alto padrão machista onde os homens se sentem dentro do casamento como peça fundamental, é interessante investigar a partir de uma revisão sistemática como se tem dado as relações em que muitas vezes, a mulher assume a administração financeira da família. Mirian Goldenberg no artigo Sobre a Invenção do Casal ressalta: Nunca, como hoje, homens e mulheres foram tão parecidos em comportamentos, visões de mundo e desejos. É verdade que algumas diferenças permanecem, principalmente no espaço privado. As divisões sexuais do trabalho doméstico continuam pendendo para o lado da mulher. Não podemos culpar apenas os homens por este foco de resistência às mudanças de gênero. Uma resposta fácil para esta dificuldade de convivência é a maior autonomia e independência feminina, relativamente recentes, resultado da sua imersão no mercado de trabalho. As mulheres passaram a exigir muito mais de seus relacionamentos

13 afetivo-sexuais. Quanto mais independente economicamente é a mulher, mais exigente ela se torna com o seu parceiro amoroso. (GOLDENBERG, 2001, p. 5). As mulheres vêm tomando um novo espaço dentro do casamento, onde participa ativamente das finanças do lar e isso tem tido muitas repercussões no cotidiano do casal. Na pesquisa de Rodrigues e Jablonski (2008) foi possível observar que os homens atualmente valorizam mais as mulheres que trabalham fora de casa. Já na pesquisa de Fleck e Wagner (2003), as famílias demonstraram uma representação clássica e idealizada das figuras masculinas, onde o homem ocupa o primeiro lugar na escala da família mesmo sendo a mulher a principal provedora do lar. Para Negreiros e Féres-Carneiro (2004) existem dois modelos de dinâmica familiar atualmente. O modelo antigo e o modelo novo. No modelo antigo os dois sexos (feminino e masculino) são vistos naturalmente diferentes, ou seja, o que cabe a um exclui o outro. A figura masculina tem responsabilidades com o trabalho, com a virilidade (ser viril, másculo, potente) que até hoje é estereotipada como comportamento exclusivo do indivíduo do sexo masculino, com a manutenção econômica da família e com a proteção do lar. A figura feminina está ligada à dedicação do lar e dos filhos, à preservação da sexualidade e a fidelidade conjugal. No modelo novo, existe o individualismo, um novo modelo de família onde as fronteiras entre os dois sexos são permeáveis. O casamento não é mais indissolúvel e existem diversas formas de relação conjugal com diferentes representações. O modelo novo de família, tem se expandido nas últimas décadas. De acordo com Negreiros e Féres-Carneiro, 2004: Podemos destacar alguns fatores que, em seu conjunto, contribuíram para a expansão do modelo novo de família, nas camadas médias urbanas brasileiras, nas últimas décadas: o crescimento da economia, possibilitando uma mobilidade social ascendente dos setores médios; a inserção da mulher no mercado de trabalho, modificando o cotidiano familiar; o poder do homem, baseado na relação econômica, como único provedor, caindo em contradição; a escolaridade crescente da mulher, ampliando o seu nível de compreensão; os avanços da medicina, permitindo um controle efetivo da função reprodutora; a rapidez da transmissão de informações através da informatização e dos meios de comunicação de massa, permitindo uma constante exposição aos novos acontecimentos; mudanças jurídicas, garantindo direitos à mulher; progressos científicos e tecnológicos, abrindo espaços diversos. (NEGREIROS; FÉRES-CARNEIRO 2004, p.40)

14 Hoje, homens e mulheres estão sendo vistos com menos diferenças. Os casais dos tempos atuais se dão sob o critério de escolha de cada um e não de imposição. As questões culturais e até mesmo a questão da idade dos casais, não são mais vistas como antes. É notável que as diferenças têm diminuído, mas não significa que os conflitos tenham diminuído também. Para Goldenberg: Hoje, mais do que nunca, homens e mulheres são quase iguais, escolhem- se mais livremente, podem muito mais facilmente separar-se, há entre o casal menor diferença de idade e de cultura do que antes, cada parceiro reconhece com maior boa vontade a autonomia e espaço que o outro reivindica, algumas vezes partilham em igualdade de condições os cuidados da casa e dos filhos, têm amigos, prazeres e distrações comuns. A mulher não passa mais os dias em casa esperando a volta do marido, o marido não espera ser o único responsável econômico da família nem alguém que deve ser sempre forte e potente. ( GOLDENBERG, 2001, p.7) Os conflitos existem em todo tipo de relação, e foi possível observar que os casais desde o início do relacionamento já utilizam estratégias e negociações que vão se intensificando ao longo do relacionamento. Boris (2012), ao abordar as relações de poder, ressalta que a administração financeira é um indicador do jogo de poder materializado na provisão e na administração da economia familiar onde a cooperação financeira funciona como meio de equilíbrio do poder no casamento, impedindo a aglutinação do poder em um único cônjuge. No mesmo sentido Courduriès e Henchoz (2011) ressaltam também as questões do jogo do poder, e mencionam que as despesas ligadas à vida em comum são divididas muitas vezes em partes iguais quando os dois tem renda. No estudo de Mosmann e Falcke (2011) foi verificado que os motivos dos principais conflitos conjugais envolvem os filhos, dinheiro, tarefas domésticas e questões legais. O acumulo de conflitos conjugais muitas vezes se dá pelo fato do casal ignorar as dificuldades, o que reflete muitos modelos de jovens casais contemporâneos na inabilidade de lidar com seus impasses. Vale ressaltar que é possível identificar que existe flexibilidade na formação dos grupos familiares, nos papéis femininos e masculinos, pois Negreiros e Féres-Carneiro (2004) afirma que, de qualquer modo, o fato é que novas configurações familiares estão sendo vivenciadas e ainda é cedo para avaliar os resultados. Há várias crianças e adolescentes criados em famílias

15 há pouco concebidas como marginais ou mesmo inconcebíveis a exemplo de casais homossexuais que adotam ou inseminam artificialmente um filho. Ou de mães tardias, que evitaram a maternidade na idade fértil, quando estavam por demais ocupadas com sua inserção e ascensão profissional. Ou ainda, de adultos que voltam aos lares paternos após casamentos dissolvidos, com ou sem filhos, por razões econômicas, e mais um sem número de arranjos complexos, para além de um grupo estável constituído por esposos e filhos, ordenados por obrigações legais e orientados para scripts previsíveis.

16 5. PRINCIPAIS METODOLOGIAS UTILIZADAS Nos artigos coletados as principais metodologias utilizadas nas pesquisas analisadas foram por meio de entrevistas exploratórias, questionários e depoimentos. Quadro 01 - Informações de leitura dos artigos para REVISÃO DE LITERATURA: SISTEMÁTICA Ano Autor(res) Título do artigo 2004 Teresa Creusa de Góes Monteiro Negreiros* Terezinha Féres- Carneiro** Masculino e feminino na família contemporâne a Nome da Revista Estudos e pesquisas em psicologia Palavras Chave indicada no artigo Papéis de gênero; identificaçã o; família. Objetivos do artigo Discutir questões referentes aos papéis de gênero nas relações familiares contemporân eas, onde coexistem o modelo antigo e o modelo novo de família, ressaltando a tensão existente nos registros identificatóri Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Não informado Participante s: identificar Não informado Principais resultados O modelo novo e o modelo antigo de família. A divisão de papéis constituinte do modelo antigo onde o homem é o provedor e a mulher é a responsável pela casa e pelo cuidado dos filhos não perdura no modelo atual de família. No modelo novo de família, as fronteiras de identidades entre Conclusão É importante manter uma postura críticoreflexiva e não preconceituosa sobre as novas configurações familiares, na medida em que as novas famílias estão abrindo mão de uma dimensão maniqueísta, que opõe masculino e feminino, o que sem dúvida pode contribuir para o estabelecimento de uma nova ótica e de uma nova ética das relações entre

17 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo os da nova mulher e do novo homem. Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados os dois sexos são fluidas e permeáveis, com possibilidades plurais de representação Conclusão homens e mulheres no contexto sóciofamiliar contemporâneo. Não cons ta Miriam Goldenberg Sobre a invenção do casal. Não informado Gênero, casal, identidade Pensar sobre as representaçõ es existentes sobre conjugalidad e e sexualidade na cultura brasileira - não houve participantes Hoje mais do que nunca, homens e mulheres são quase iguais, escolhem-se mais livremente, podem muito mais facilmente separarse, há entre o casal menor diferença de idade e de cultura do que antes,, cada parceiro reconhece com maior boa vontade a autonomia e espaço que o outro reivindica, algumas vezes partilham em igualdade, de condições os cuidados da cada e dos filhos, têm amigos, prazeres e distrações comuns.

18 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados Conclusão 2001 - Maria Lúcia Teixeira Garcia - Eda Terezinha de Oliveira Tassara Estratégias de Enfrentamento do Cotidiano Conjugal Psicologia : Reflexão e Crítica Casamento; relações conjugais; estilos de enfrentame nto; mulheres. Analisar estratégias de enfrentament o para a manutenção do casamento, utilizadas por mulheres casadas há mais de 15 anos e pertencentes a estratos econômicos médio e alto, para superação ou minimização de conflitos do cotidiano conjugal - Entrevista semiestrutura da, gravadas e transcritas, analisadas sob a análise do discurso. - Grupo de 20 mulheres casadas a mais de 15 anos. - As mulheres ditas felizes dividiam-se entre as ditas felizes e satisfeitas com o casamento, e as felizes e insatisfeitas com o momento atual vivido pela família. O que diferiu um grupo do outro foi a avaliação que faziam do presente. - Ser direta, ou usar de Subterfúgios (no caso feminino), foi valorado positivamente visto ser expressão de sua esperteza no trato com o parceiro. Em contrapartida, - Estratégia, como uma ação de enfrentamento de Problemas caracterizou-se ora como uma esperança projectual de atingirem a superação da condição distópica em que se identificavam na relação conjugal para uma direção utópica. - Riscos e perigos são mapeados pelos casais, riscos e perigos esses que requerem a implementação de ações que se referem à necessidade de fazer algo para a relação perdurar.

19 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados a diretividade adotada por seus parceiros evidenciava intolerância, impaciência e objetividade. - o uso alternado de estratégias diretas e/ou indiretas evidenciava uma ação de esquiva ao diálogo, à medida que identificavam a impossibilidade de mudança na qualidade do vínculo conjugal. - As estratégias, como formas de ação, teriam como substrato uma relação dialética entre o projeto de conjugalidade e o contexto social. Conclusão - não existe casamento sem problemas. 2008 Suzana Carvalho Maia O dinheiro da mulher e suas implicações no Dinheiro, trabalho remunerado Tratar impacto dinheiro do do da Estudo exploratório 12 mulheres recémcasadas - Os homens valorizam mais as mulheres que - As mulheres que possuem poder de igualdade nas

20 Ano Autor(res) Título do artigo Vasconcelos Rodrigues casamento contemporâne o: uma visão feminina Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo feminino, casamento contemporâ neo, relações de poder, comunicaçã o conjugal Objetivos do artigo mulher no casamento contemporân eo e de como a construção das regras nas decisões financeiras são percebidas, vividas, definidas ou, mesmo, questionadas por ela. Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados trabalham fora de casa. - a postura da mulher no casamento e na sociedade vem assumindo novos contornos. Conclusão decisões do cotidiano e conseguem estabelecer acordos em que suas necessidades e prioridades são respeitadas sentemse mais satisfeitas no casamento. Álvaro Rebouças Fernandes A visão de moreno sobre o desenvolvimen to do poder nas relações Conjugais Poder, gênero, conceito de papel, fases do ciclo de vida, família Avaliar a evolução das relações matrimoniais e esclarecer como elas podem ser compreendid as no contexto de um jogo de poder empreendido pelos casais a partir de seus Estudo qualitativo fenomenológ ico e a coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semidirigidas. Quatro casais residentes em Fortaleza Os cônjuges utilizam as várias formas de poder, como a força e a dominação ou a complementarida de e a cooperação, para atingir metas pessoais e conjugais. Os papéis sociais estão relacionados a vários aspectos associados às vivências conjugais e podem ainda transformar-se em fonte de satisfação ou de insatisfação, resultantes da progressão do casal nas diversas etapas do ciclo vital da família.

21 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo papéis sociais. Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados Conclusão 2003 - Ana Cláudia Fleck - Adriana Wagner A mulher como a principal provedora do sustento econômico familiar. Psicologi a em Estudo Estrutura familiar, gênero, trabalho feminino. - Desenho da Família - fast - Family system test - três Famílias - Análise dos Desenhos da Família demonstram a manutenção de uma representação clássica e idealizada por parte das figuras masculinas nos três casos. - Nos desenhos das mulheres, a pessoa representada por elas em primeiro lugar foi o marido, tendo sido sua figura representada em segundo lugar, o que evidencia, também, a representação clássica da família - As mulheres, mesmo estando - A manutenção de muitos papéis, funções e atitudes, para cada um dos gêneros, nos indica que a estrutura familiar, neste nível socioeconômicocultural, ainda está calcada em um modelo tradicional de conceber e representar suas relações. - A relação da família com o dinheiro, independentemente de quem seja a pessoa responsável por garanti-lo, é um fator que pode interferir, mais ou menos intensamente, nas relações e na dinâmica familiar.

22 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados por igual ou maior tempo que seus maridos fora do âmbito do lar, eram responsáveis pela maioria das atividades domésticas e pelo cuidado em relação aos filhos. Conclusão 2011 - Clarisse Mosmann - Denise Falcke Conflitos conjugais: motivos frequência e Revista da SPAGES P Casamento; Relacionam ento conjugal; Conflito conjugal. - Identificar os motivos de conflitos conjugais e a frequência com que ocorrem nas relações conjugais, sob a perspectiva da teoria sistêmica. Como instrumentos, foram utilizados um questionário de dados sociodemogr áficos e a Escala de Conflito Conjugal 149 casais de nível socioeconôm ico médio - o motivo mais frequente de desentendimento entre o casal é a relação com os filhos, seguido pelo tempo que desfrutam juntos, o dinheiro, as tarefas domésticas e, por fim, o sexo e as questões legais. - O acúmulo de conflitos não resolvidos gera um processo cíclico através do qual os desentendimentos - Identificar os motivos de conflito mais comuns entre os casais pode subsidiar o desenvolvimento de intervenções - O sofrimento vivenciado pelos casais decorrente de suas dificuldades em lidar com os conflitos justifica o investimento em intervenções conjugais, tanto em nível de prevenção quanto de tratamento

23 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados retornam ainda com mais força, podendo chegar a níveis de agressão verbal ou física Conclusão 2013 - Simone Dill Azeredo Bolze - María Aparecida Crepaldi - Beatriz Schmidt - Mauro Luis Vieira Relacionament o Conjugal e Táticas de Resolução de Conflito entre Casais Atualidad es en Psicologia Relações Conjugais; Conflito Conjugal; Relacionam ento Interpessoal. - Visa a caracterizar o relacioname nto conjugal e as táticas de resolução de conflito entre casais Questionário de caracterizaçã o do relacionamen to conjugal e Revised Conflict Tactics Scales (CTS2). 104 casais - Maioria dos casais considera vivenciar relacionamento conjugal harmônico, com predomínio de estratégias de negociação em casos de emergência de conflitos conjugais. - Segundo os resultados obtidos a maioria dos homens e das mulheres considera ter uma relação conjugal harmônica, permeada principalmente por negociação. - casais atribuem satisfação ao casamento quando esse e alicerçado por compromisso, intimidade, similaridade, trocas afetivas e negociação. 2004 - Maria e Betânia Paes Norgren, - Rosane Mantilla de Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: uma Estudos de psicologia Casamento; casamento de longa duração; O objetivo do estudo foi identificar os processos e variáveis - questionários. - 38 casais paulistas. -a relação conjugal pode se transformar em fonte de crescimento - O casamento pode ser uma construção conjunta da realidade, uma opção viável de

24 Ano Autor(res) Título do artigo Souza, - Florence Kaslow, Helga Hammersch midt, Shlomo A. Sharlin construção possível Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo satisfação conjugal. Objetivos do artigo associadas à satisfação conjugal em casamentos de longa duração, ou seja, mais de 20 anos. Tipo/Métod o Instrumento s de coleta - Escala de ajustamento conjugal Participante s: identificar Principais resultados pessoal e aprendizagem, se houver espaço para as diferenças e trocas pessoais. - Em diferentes países as uniões satisfatórias caracterizam-se por apresentar: boa habilidade de resolução de conflitos; confiança entre os cônjuges; compromisso com o outro; apreciação, amor e respeito mútuos; habilidade em dar e receber; comunicação aberta e honesta entre os parceiros; sensibilidade aos sentimentos do outro; sistema de valores e interesses em comum; crença na Conclusão relacionamento que corresponda às expectativas de cada um dos parceiros, se cada um deles se comprometer com sua escolha e acreditar no que está fazendo. - Para que um relacionamento conjugal continue satisfatório ao longo dos anos, há necessidade de investir na relação, empenhando-se para que ela seja proveitosa para os dois, tentando encontrar equilíbrio entre conjugalidade e individualidade, partilhando interesses e relacionamento afetivo-sexual, buscando evitar o tédio e a repetição.

25 Ano Autor(res) Título do artigo Nome da Revista Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo Tipo/Métod o Instrumento s de coleta Participante s: identificar Principais resultados dimensão espiritual da vida. Conclusão 2008 Courduriès, Jérôme O dinheiro no casamento questões de gênero Estudos Feminista s Não tem Analisar o dinheiro, sua circulação no casal e sua utilização como base e expressão do sentimento amoroso. - Depoimentos / entrevistas Não informado - As despesas ligadas à vida em comum são divididas, muitas vezes em partes iguais quando os dois têm renda, mas também a partir da base de cálculos através da qual cada um contribui proporcionalment e de acordo com seus rendimentos - Os jogos de poder não desaparecem sob a ideologia romântica nem sob a lógica da partilha comum parcial dos recursos. - O nível de renda pessoal, o desequilíbrio das relações de poder, o caráter espontâneo do dom, podem ser obstáculos para a implementação de uma negociação intraconjugal equilibrada. - A identidade de gênero de cada um dos membros do casal, homem ou mulher, supõe que não podem negociar da mesma maneira nem sobre as mesmas questões, permanecendo como um fator determinante nos usos conjugais do dinheiro.

26 Ano Autor(res) Título do artigo 2012 Georges Daniel Janja Bloc Boris As múltiplas facetas do poder nas relações conjugais Nome da Revista Psicologia & Sociedade Palavras Chave indicada no artigo Objetivos do artigo Não tem Discutir o casamento como ato religioso, jurídico e sociocultural Tipo/Métod o Instrumento s de coleta - Método Fenomenoló gico - Entrevistas Participante s: identificar Seis casais. Principais resultados - Os participantes da pesquisa demonstraram que as relações de poder são vividas em perspectivas diferenciadas. - As negociações entre os casais começam ainda no namoro e se intensificam ao longo do casamento. - nas relações conjugais, as negociações revelam a ocorrência de um jogo de poder. - o relacionamento sexual dos casais se torna canal de comunicação e avaliação da qualidade da interação e da possível satisfação dos cônjuges com seu casamento. Conclusão - O poder é exercido nas relações conjugais a partir dos discursos, das atitudes e das escolhas dos casais. Por meio de suas negociações afetivosexuais, financeiras e parentais, homens e mulheres no casamento vêm tentando equilibrar em suas relações cotidianas de poder, os laços que vêm construindo na sua vida a dois.

27 Ano Autor(res) Título do artigo 2001 - Raquel Souzas. - Augusta Thereza de Alvarenga. Da negociação às estratégias: relações conjugais e de gênero no discurso de mulheres de baixa renda em São Paulo. Nome da Revista Saúde e sociedade Palavras Chave indicada no artigo - Socializaçã o conjugal, intimidade conjugal, espaço de vida, saúde reprodutiva, gênero. Objetivos do artigo Analisar as concepções sobre casamento e intimidade, procurando articular, na discussão, as concepções de poder, sexualidade e gênero. Tipo/Métod o Instrumento s de coleta - Pesquisa qualitativa, utilizando a técnica de história oral do tipo temática. Participante s: identificar - 16 mulheres Principais resultados - A administração financeira indica que o jogo de poder se materializa na provisão e na administração da economia familiar. - A cooperação financeira funciona como meio de equilíbrio do poder no casamento, impedindo a aglutinação do poder em um único cônjuge. Conclusão

28 As pesquisas mostram que toda relação exige de uma negociação para que dê certo. Para que uma relação conjugal perdure ao longo dos anos é necessário investir na vida a dois tentando encontrar um equilíbrio na conjugalidade e na individualidade. É relevante apontar que algumas pesquisas informam que grande parte das famílias contatas não se dispuseram a participar das pesquisas que estavam sendo feita sobre os temas que envolvam casal e dinheiro, isso confirma que embora esse tema seja atual ele ainda é pouco abordado e discutido em algumas famílias. Também é interessante ressaltar que os estudos apontam que muitos casais dividem as despesas em partes iguais e essa cooperação funciona como equilíbrio no casamento, não acumulando essa obrigação e poder a um único cônjuge. Os autores relatam em sua maioria que a relação com o dinheiro de fato influencia na dinâmica familiar.

29 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS As principais conclusões encontradas nos estudos foram que a relação do casal com o dinheiro é um fator que pode interferir ou não na dinâmica familiar, isso depende das relações de poder e das distribuições de papéis que muitos casais adotam no dia a dia. Alguns estudos apontam que as mulheres se sentem mais satisfeitas no casamento quando se estabelece o poder de igualdade nas decisões, o que de fato vem ocorrendo com mais frequência nos últimos tempos. A ascensão da mulher e a conquista de direitos tem muitos prós e contras e foi possível observar que atualmente muitas mulheres estão extremamente sobrecarregadas pois o fato de trabalhar fora e participar ativamente da administração financeira do lar não tirou as obrigações que já eram impostas, como cuidar da casa e dos filhos. Assim os jogos de poder e as negociações são ferramentas utilizadas pelos casais para tentar equilibrar suas relações conjugais de maneira proveitosa e atender as expectativas de cada um. Quando o casal decide investir no relacionamento e lutar contra o que vem trazendo a insatisfação conjugal uma nova proximidade começa a existir na relação sendo possível inverter a situação e encontrar a satisfação conjugal ou a estabilidade do casamento, tornando a relação conjugal fonte de conhecimento pessoal e aprendizagem. Compreender a vida amorosa e conjugal, assim como avaliar a qualidade dos relacionamentos do século XXI é um fator ainda muito complexo e subjetivo, pois envolve diversos fatores e não somente o casal, destaco aqui, a confiança, o prazer, a cooperação, a liberdade sexual e a reciprocidade. O dinheiro no casamento de fato pode trazer desequilíbrio na vida conjugal e familiar sendo um fator que muitas vezes torna a relação conturbada e conflituosa. O casamento tem passado por transformações ao longo dos anos e a maneira dos casais se relacionar tem sido fruto, resultado de tais mudanças. É interessante reconhecer que hoje a satisfação conjugal depende de inúmeras variáveis, no qual o dinheiro é somente uma delas. Não existe mais a ideia de que o casamento é indissolúvel, existem várias modelos de relações conjugais, e investir no casamento deve ser uma atitude diária, que deve ser encarada pelo casal, não como uma obrigação e uma imposição dada pela sociedade, mas sim, porque a pessoa quer estar ao lado do parceiro e sentir-se bem, ter alguém onde possa encontrar companheirismo, contentamento, afeição e segurança.

30 REFERÊNCIAS BOLZE, Simone Dill Azeredo; CREPALDI, María Aparecida, SCHMIDT, Beatriz, & VIEIRA, Mauro Luís. (2013). Relacionamento Conjugal e Táticas de Resolução de Conflito entre Casais. Actualidades en psicología, 27(114), 71-85. Recuperado em 01 de junho de 2016, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0258-644420130001 00006&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 25 fev. 2016. BORIS, G. D. J. B. (2012). As múltiplas facetas do poder nas relações conjugais. Psicologia & Sociedade, 24(2), 487-490. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado. htm>. Acesso em: 13 nov. 2015.. Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 12 mar. 2016. Carvalho Maia Vasconcelos Rodrigues, Suzana, O dinheiro da mulher e suas implicações no casamento contemporâneo: um estudo exploratóriopsicologia Clínica [en linea] 2008, 20 (Sin mes) : [Fecha de consulta: 23 de junio de 2016] Disponible en:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=291022017033> ISSN 0103-5665 COURDURIÈS, Jérôme. (2011). O dinheiro no casamento: questões de gênero. Revista Estudos Feministas, 19(2), 623-624. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1590/s0104-026x2011000200025. Acesso em: 12 mar. 2016. COURDURIÈS, Jérôme. HENCHOZ, Caroline. O casal, o amor e o dinheiro: a construção conjugal das dimensões econômicas da relação amorosa.. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 623, jan. 2011. ISSN 0104-026X. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/s0104-026x2011000200025>. Acesso em: 08 nov. 2015. FERNANDES, A.R.. A Visão de Moreno Sobre o Desenvolvimento do Poder nas Relações Conjugais. Universidade de Fortaleza, 2005. FLECK, Ana Cláudia; WAGNER, Adriana - A mulher como a principal provedora do sustento econômico familiar. Psicologia em Estudo. Vol. 8, nº esp. 2003, p. 31-38.

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