II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores



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Transcrição:

II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: A VOZ DOS ALUNOS DO PARFOR Thais Cristina R Tezani Eixo 8 - Educação a distância na formação de professores - Relato de Pesquisa - Apresentação Oral Nossa proposta com esse trabalho é apresentar os resultados de uma discussão que surgiu diante do processo de articulação e reestruturação curricular dos cursos de Pedagogia realizado a pedido a Pró-Reitoria de Graduação da UNESP articulado com as especificidades dos alunos que cursam o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR). Com o objetivo de desencadear ações que levassem à constituição de organizações curriculares semelhantes para os cursos de mesma nomenclatura, os documentos apontaram que embora todos os cursos obedeçam mesma legislação, a organização curricular de cada um apresenta singularidades. No caso, nos atemos ao curso de Pedagogia de Bauru, iniciado em 2001, e dentre os demais é o único que se distingue pela presença de disciplinas que trabalham com a questão das TIC e possui uma turma com 20 alunos do PARFOR. Diante dessas especificidades, realizou-se estudo nos documentos oficiais do curso e uma ação experimental de uso da educação à distância na formação inicial de professores, especificamente no PARFOR em virtude da sua especificidade. São etapas do trabalho: 1) revisão da literatura sobre educação à distância e formação de professores; 2) estudo dos documentos oficiais do curso de Pedagogia da UNESP de Bauru; 3) elaboração e execução de uma proposta didática de ambiente virtual de aprendizagem; 4) descrição e categorização dos dados; 5) análise e interpretação dos resultados. Conclui-se, no caso específico do PARFOR o uso da EaD enquanto complemento das atividades presenciais apresentou ótimos resultados. A presença de disciplinas relacionadas as TIC na formação de professores é fundamental, pois o uso dos ambientes virtuais de aprendizagem possibilitam novas possibilidades de articulação teórica e prática. 11730

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: A VOZ DOS ALUNOS DO PARFOR Profa. Dra. Thaís Cristina Rodrigues Tezani. Universidade Estadual Paulista, UNESP, FC, Bauru. INTRODUÇÃO O trabalho apresenta como objetivos analisar o uso da educação à distância (EaD) como complemento das atividades presenciais, por meio do ambiente virtual de aprendizagem Moodle, na formação de professores num curso de Pedagogia, em específico com a turma de alunos do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica PARFOR; mapear os currículos dos cursos de Pedagogia das unidades da UNESP com relação as TIC e verificar há possibilidade de uso de um cenário virtual de aprendizagem na formação de professores. A ideia da pesquisa surgiu diante do processo de articulação e reestruturação curricular dos cursos de Pedagogia realizado a pedido a Pró- Reitoria de Graduação da UNESP e que no caso específico de Bauru apresentou algumas especificidades. Dentre os demais é o único que se distingue pela presença de disciplinas que trabalham com a questão das TIC e possui uma turma com 20 alunos do PARFOR. O processo de articulação e reestruturação curricular dos cursos de Pedagogia tinha como objetivo desencadear ações que levassem à constituição de organizações curriculares semelhantes para os cursos de mesma nomenclatura. Assim, conforme afirma Valdemarin (2009), após estudar os Projetos Político Pedagógico dos cursos de Pedagogia da UNESP, foi verificado que embora todos os cursos obedeçam a mesma legislação, a organização curricular de cada um apresenta singularidades. O curso de Pedagogia de Bauru SP, iniciado em 2002, e dentre os demais é o único que se distingue pela presença de disciplinas que trabalham com a questão das tecnologias. Conforme Valdemarin (2009, p. 23), o curso de Bauru distingue-se pela presença em sua organização das disciplinas: Educação e Tecnologia; Recursos Tecnológicos aplicados à educação [...]. O documento aponta ainda que as disciplinas de tecnologias não aprecem em nenhum bloco (Fundamentos da Educação e Conteúdos de Ensino da Escola Primária; Gestão Educacional; Estágios Supervisionados; Metodologia da 1 11731

Pesquisa ou Pesquisa em Educação), ficando seus conteúdos pulverizados nas práticas de ensino e na didática. Diante dessa especificidade do curso de Bauru, realizou-se estudo nos documentos oficiais do referido curso e uma ação experimental de uso da EaD como complemento das atividades presenciais na formação de professores, especificamente no PARFOR em virtude da sua singularidade. Os alunos do PARFOR são professores em exercício na educação básica e que não possuem o curso de Pedagogia. São alunos com vasta experiência docente, mas sem formação em nível superior. Tal proposta de pesquisa e uso da EaD foi baseada na Portaria nº 105 de 22 de março de 2007, que dispõe sobre orientações para a elaboração de propostas de cursos à distância na UNESP e na Resolução nº 74 de 27 de novembro de 2006, que fixa diretrizes para o oferecimento de cursos de graduação, pós-graduação, especialização, temáticos, atualização e de extensão universitária, na modalidade à distância na UNESP. Desta forma, solicitamos que 20% das atividades da disciplina Educação e Tecnologia fossem atividades no ambiente virtual de aprendizagem Moodle, como complemento dos estudos realizados em sala de aula. Nossa intenção com a proposta foi relacionar a teoria estudada sobre tecnologias com as possibilidades da cibercultura, pois acreditamos que essa seria uma rica possibilidade de aprimoramento da formação de professores e, conforme apontam Gatti e Barreto (2009) não pretendíamos de forma alguma aligeirar a formação docente com abertura de cursos à distância sem fundamento. Assim, o uso do ciberespaço constitui-se em 12 horas de atividades no Moodle, utilizando-se de suas diversas ferramentas: fórum, wiki, tarefas, chats, blogs, sendo estas síncronas e assíncronas, ou seja, atividades que envolviam a cibercultura e que complementavam os estudos teóricos realizados na disciplina presencialmente. CONVERSANDO SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E A EAD Na cibercultura, os atores da comunicação tendem à interatividade e não mais à separação da emissão e recepção própria da mídia unidirecional de massa. Para posicionar-se nesse contexto e aí educar, os professores precisarão operar com o hipertexto, isto é, trabalhar com o contexto nãosequencial, com a montagem de conexões em rede, o que permite uma multiplicidade de recorrências entendidas como conectividade, diálogo e participação colaborativa. Eles precisarão compreender que de meros disparadores de lições-padrão deverão se converter em formuladores de 2 11732

interrogações, coordenadores de equipes de trabalhos e sistematizadores de experiências em interfaces online desenvolvidas para contemplar a interatividade e não a unidirecionalidade (SILVA, 2006, p. 17). Falar sobre formação de professores e EaD exige cuidado, pois é um assunto polêmico e que tem gerado na academia discussões sobre seus aspectos positivos e negativos. Não há como negar que vivemos num processo de evolução constante e que as tecnologias proporcionaram ao homem a sistematização, organização e diversificação das informações, assim a comunicação proporcionou a capacidade de promover grandes avanços, pois com a troca de mensagens e consequentemente com a troca de experiência, grandes descobertas foram realizadas (LEVY, 1996). As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) estão hoje permeadas pela cibercultura, a qual permite a interação num processo contínuo, rico e insuperável que disponibiliza a construção criativa e o aprimoramento constante num movimento de novos aperfeiçoamentos. Podemos afirmar, portanto, que "o mais incrível, no entanto, é a maneira em que a era digital transformou o modo como as pessoas vivem e se relacionam umas com as outras e com o mundo que as cerca" (PALFREY e GASSER, 2011, p. 13). A educação escolar e como consequência a formação de professores vem acompanhando o ritmo do progresso das tecnologias, influenciando e sendo influenciada pela sociedade contemporânea e suas características, adaptando-se ao processo de evolução tecnológica. Tal situação exige novos redimensionamentos nesses processos: formar professores para o cenário atual, conforme aponta Pesce (2011). Para Barros (2009, p. 62), o uso das tecnologias no processo de ensino e aprendizagem é considerado complexo e exige dos professores habilidades e competências diferenciadas. Além de competências técnicas, exige também as competências pedagógicas, as mais importantes para a gestão das tecnologias para o ensino. As TIC no processo de formação de professores possibilita o desenvolvimento de ações de comunicação, agilidade e busca de informações, fomentando a autonomia individual e possibilitando a inserção na sociedade contemporânea. Para Levy (1993, 1999) a internet possibilitou o acesso de todos aos fatos, acontecimentos e conteúdos, assim não há como pensar em formar 3 11733

professores fora desse contexto, pois a educação não é mais vista como transmissão de conhecimentos, mas como um processo permanente que se desenrola no ser humano e o leva a apresentar-se a si mesmo, a comunicarse com outros, a questionar o mundo com base em experiências próprias (PETERS, 2001, p. 192). Diante desse cenário, a discussão sobre formação de professores não pode ficar alheia as possibilidades de construção de uma nova organização curricular, didática e pedagógica, enriquecida pelas possibilidades da cibercultura. Gatti, Barretto e André (2011), afirma que as novas condições de permeabilidade social das mídias e da informática, dos meios de comunicação e das redes de relações presenciais ou virtuais, alteram o processo de formação de professores. Nas palavras de Almeida e Prado (2006, p. 51): Com a integração das tecnologias e mídias na prática pedagógica se evidencia a importância de o professor compreender os processos de gestão da sala de aula, no que se refere ao ensino, à aprendizagem e às estratégias que desenvolve, na criação de situações que favoreçam ao aluno integrar significativamente os recursos das tecnologias e mídias, como forma de trabalhar a busca de informação, a pesquisa, o registro, as novas linguagens de expressão do pensamento, comunicação e produção do conhecimento. Assim, a formação de professores no paradigma da virtualidade exige novas demandas no sentido de desenvolvimento cognitivo, social e profissional, de modo que os professores se tornem autores argumentativos, refletindo e contextualizando suas práticas pedagógicas cotidianas de modo a investir num projeto de formação que articule de modo concreto teoria e prática. Sabemos que integrar as TIC na formação de professores esbarra ainda em atitudes resistentes e preconceituosas, porém Valente (2003) afirma que tal situação só poderá se enfrentada se os processos de formação docente forem alterados, de modo a integrar saberes e práticas diante das TIC em vista às necessidades da sociedade contemporânea. O PARFOR E SUAS ESPECIFICIDADES Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica i (PARFOR) possui duas modalidades: a presencial e a distância. Na 4 11734

Pedagogia da UNESP foi adotada a modalidade presencial sendo que em todos os campi, o PARFOR é espelho do curso regular. Esse programa, considerado emergencial, atende ao estabelecido no artigo 11, inciso III do Decreto n. 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e foi implementando em regime de colaboração entre a Capes, estados, municípios, Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior. Há a oferta de turmas para os seguintes cursos: licenciatura, segunda licenciatura, formação pedagógica. No caso da Pedagogia da UNESP, está enquadrado na categoria de licenciatura, sendo para docentes em exercício na rede pública de educação básica e que não tenham formação superior ou que mesmo tendo essa formação se disponham a realizar curso de licenciatura na etapa/disciplina em que atua em sala de aula. Seu objetivo é atender a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no que tange a formação exigida para a atuação no magistério da educação básica, introduzindo e fomentando a oferta de ensino superior, gratuita e de qualidade para os que ainda não possuem. Sua dinâmica de seleção baseia-se anualmente no calendário de atividades do programa divulgado pela CAPES, no qual são definidos os prazos e as atividades a serem realizadas pelas secretarias, consideradas pré-inscrições. Os professores candidatos às vagas devem realizar o cadastro exclusivamente pela Plataforma Freire, estarem cadastrados no Educacenso com a função de docente no sistema público de educação básica e ter sua inscrição validada pela Secretaria da educação a qual está vinculado. Em Bauru, o curso iniciou suas atividades em 2011 com uma turma com 37 alunos. Entretanto, muitos desistiram do curso quando souberam que o era espelho do regular com aulas presenciais, inclusive aos sábados, permanecendo assim os atuais 20 alunos. O Gráfico 1 apresenta o nível de atuação desses alunos na educação básica. 5 11735

Gráfico 1: Nível de Atuação Educação Infantil Anos Iniciais Coordenação Pedagógica Conforme o Gráfico 1, 60% dos alunos atuam na Educação Infantil, 20% nos anos iniciais doe 20% na coordenação pedagógica. Os alunos do PARFOR apresentam vasta experiência como docentes, interesse na realização das atividades, compromisso com o curso e discussões articuladas com o cotidiano da escola pública de educação básica. OS DADOS E SUA ANÁLISE Mas não se engane: estamos em uma encruzilhada. Há dois caminhos possíveis diante de nós: um em que destruímos o que é ótimo na internet e na maneira como os jovens a utilizam, e outro em que fazemos escolhas inteligentes e nos encaminhamos para um futuro brilhante na era digital (PALFREY e GASSER, 2011, p. 17). Na disciplina Educação e Tecnologia, ministrada em 2012, 20% das atividades da disciplina foram realizadas no ambiente virtual de aprendizagem Moodle, como complemento dos estudos realizados em sala de aula. Essas atividades não eram obrigatórias, contavam apenas como frequência. Foram 12 horas, das 68 horas que compõe a disciplina, de uso do ciberespaço em atividades no Moodle, com diversas ferramentas como: fórum, wiki, tarefas, chats, blogs, sendo estas síncronas e assíncronas. A última atividade presente no Moodle era um fórum que consistia no debate sobre as seguintes questões: Quais são os aspectos positivos e negativos dessa modalidade de ensino? Você conseguiria fazer um curso de primeira graduação por meio da EaD? Quais seriam suas dificuldades? E um curso de extensão ou de formação continuada? É possível aprender e ensinar usando a EaD? Qual a sua opinião sobre essa experiência? 6 11736

Em virtude do grande volume de dados coletados com a participação dos alunos nesse fórum, optamos por apresentar aqui algumas colocações, conforme análise baseada em Bardin (1977) e Franco (2003). Dos 20 alunos regulamente matriculados na disciplina Educação e Tecnologia, 16 realizam as atividades no Moodle, ou seja, 83%, conforme apresenta o Gráfico 2. Gráfico 2: Alunos Participantes Participantes Não Participantes Em relação à primeira questão Quais são os aspectos positivos e negativos dessa modalidade de ensino?, os alunos apontaram vários aspectos como flexibilidade de horário (30%), flexibilidade de local (30%), organização do aluno (19%) e saber usar o computador (22%), conforme pode ser visto no Gráfico 3. Gráfico 3: Aspectos Positivos Flexibilidade de horário Flexibilidade de local Organização do aluno Uso do computador Destacamos sobre os aspectos positivos a fala de da aluna A: Sabemos que a tecnologia está cada dia mais presente na nossa vida cotidiana, para facilitar e ganhar tempo e não poderemos fugir. Na era virtual, surge a oportunidade de termos o acesso aprendendo, inovando com técnicas e utilização de computadores. Várias pessoas, de diversas faixas etárias estão utilizando essa modalidade. As afirmações da aluna estão em conformidade com o que aponta Pesce (2011) sobre a questão da formação do professor diante do cenário da sociedade da informação e do conhecimento. Sobre os aspectos negativos, os alunos apontaram com unanimidade a falta de interação física e a falta do contato direto com o professor e os 7 11737

demais alunos. Destacaram também que as discussões presenciais são fundamentais para o processo de formação. Tal situação pode ser comprovada pela fala da aluna B: Por não ter o compromisso de estar na sala de aula todos os dias, pode acabar deixando para última hora a realização das atividades; a falta de contato direto com outros alunos e com o professor; se o aluno não tiver o mínimo de conhecimento em computação, não conseguirá fazer as tarefas; aguardar as respostas para solucionar suas dúvidas que podem ser imediatas ou demorar. Para Patto (2013, p. 307) a EaD exige um aluno com algumas características discrepantes da nossa realidade, são elas motivado a competir; disciplinado (capaz de evitar dispersão e de cumprir horários); organizado (apto a dividir o tempo entre o estudo e os horários de atividades on-line); e disposto a ler textos virtuais ou apostilados, cabendo ao aluno adequar-se. Em relação à segunda questão Você conseguiria fazer um curso de primeira graduação por meio da EaD? Quais seriam suas dificuldades?, todos os alunos afirmaram que não conseguiriam fazer um curso de primeira graduação à distância. O que pode ser verificado na fala da aluna C: Acredito que uma primeira graduação é bem complicado. Ter contato, produzir conhecimento científico, construir pensamento crítico, aprender a aprender... à distância? É bem difícil!!! Sobre a terceira questão E um curso de extensão ou de formação continuada?, a resposta dos alunos foi unanime, ou seja, todos os alunos afirmaram que sim. Já em relação à quarta questão É possível aprender e ensinar usando a EaD?, apresentamos as respostas por meio do Quadro 1. Aluno A B C D E F Resposta Sim, com certeza. Toda experiência no começo parece difícil. Com treino tudo passa a ficar mais fácil. Sim. Talvez numa primeira graduação, os conteúdos fiquem defasados; mas em outro momento, seria possível sim. Sim, é possível aprender e ensinar usando a EAD desde que haja interesse, empenho e desejo. É inegável a possibilidade de ensino e aprendizado utilizando EAD, porém para que essa modalidade ocorra com qualidade faz-se necessário: planejamento, conhecimento da ferramenta, disciplina, entre outras coisas. Sim, é possível aprender e ensinar usando a EAD, mas requer muito comprometimento, a experiência foi boa muito válida. É possível ensinar e aprender usando EAD, vai muito da dedicação e do esforço do aluno e de orientações adequadas. 8 11738

G H I J K L M N O P Bom tenho que admitir que sou suspeito para falar sobre EAD, sempre fui fã do uso de novas tecnologias a serviço da Educação [...]. A máquina nunca irá além por si só. O professor sempre estará a frente do processo filtrando o que serve ou não serve a sua prática docente. Sim é possível aprender e ensinar utilizando EAD, desde que o individuo tenho conhecimento em computação e vá sempre se atualizando para tal. Sim. É possível, basta para isso ter disciplina, organização e estar aberta para apropriar e aprender. Sim com certeza temos como base esse esta disciplina. Sim, mas depende da organização do aluno. Sim! É possível aprender e ensinar usando EAD. Sim, aprendi com o Moodle, é de fácil acesso e prático para navegar e desenvolver as atividades. Sim, desde que haja vontade do aluno. Aprender e ensinar a através da Educação à distância é possível, porém tem de ser estruturado e articulado com a realidade atual, recursos disponibilizados, e formação adequada para professores... Sim, porém os assuntos devem ser interessantes. Em relação à quinta e última questão Qual a sua opinião sobre essa experiência?, todos os alunos afirmaram que a experiência foi válida. Destaco a fala da aluna D: Educação a distância pode ser considerada com meio de inclusão social, pois a Educação vive atualmente uma mudança de paradigma de uma sociedade letrada e tecnológica que requer um novo perfil de cidadão. Educação a Distância tornou-se uma forma de aprendizagem que dispões das atuais tecnologias de comunicação como forma de interação, também dá oportunidade as pessoas se especializarem sem se deslocarem de seu ambiente isso facilita e aumenta a adesão por esse meio de aprendizagem. Nessa mesma direção, Valente (2003) afirma que há necessidade de integrar a informática nas atividades pedagógicas e, portanto na prática docente. Esse processo articula o saber e prática docente ao uso das tecnologias, sendo essencial em virtude das necessidades da sociedade contemporânea. CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabemos que infelizmente, a EaD ainda sofre com a falta de credibilidade e preconceito, por parte de alguns, que acreditam que toda EaD é aligeirada de teoria e fraca em conteúdo. Concluímos que há necessidade de reorganização curricular dos cursos de Pedagogia da UNESP em virtude da incorporação de disciplinas específicas sobre tecnologias e, que os ambientes virtuais de aprendizagem na formação de professores são possibilidades de articulação teórica e prática diante do cenário atual da sociedade contemporânea. 9 11739

Essa pesquisa nos fornece indicativos para acreditar que há necessidade de disciplinas específicas sobre tecnologias na formação de professores, principalmente sobre EaD. Destacamos ainda que o ambiente virtual de aprendizagem Moodle, por ser gratuito e de fácil manuseio, é o mais adequado como recurso da cibercultura. A sociedade da informação e do conhecimento requer um professor que faça reflexões sobre o as demandas do presente e do futuro, de modo a agir englobando o uso das tecnologias na sua prática pedagógica cotidiana. Pensar num processo de formação docente que impulsione a prática reflexiva e que o capacite a enfrentar criticamente os contextos sociais e educacionais e, além disso, impulsione a interação crítica com os modos e estilos de aprendizagem é um desafio atual. Portanto, no caso específico do PARFOR o uso da EaD enquanto complemento das atividades presenciais apresentou ótimos resultados. Assim, cabe ao professor fazer o uso pedagógico dos recursos da cibercultura em favor do processo de ensino e aprendizagem, mostrando novas possibilidades e proporcionando novas informações. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.E. B. de; PRADO, M. E. B. B. A importância da gestão nos projetos de EAD. In: Debates: mídias na educação. Boletim 24 Salto para o futuro. Novembro/Dezembro, 2006, p. 49-57. BARROS, D. M. V. Guia didático sobre as tecnologias da comunicação e informação: material para o trabalho educativo na formação docente. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2009. GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. de S. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009. GATTI, B. A.; BARRETO, E. S. de S.; ANDRÉ, M. E. D. de A. Políticas docentes no Brasil: um estado da arte. Brasília: UNESCO, 2011. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. PALFREY, J.; GASSER, U. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração dos nativos digitais. Porto Alegre: ARTMED, 2011. PATTO, Maria Helena Souza. O ensino a distância e a falência da educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 303-318, abr./jun. 2013. 10 11740

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