EDUCAÇÃO FÍSICA NA EJA NO MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO/SE



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Transcrição:

1 EDUCAÇÃO FÍSICA NA EJA NO MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO/SE GT1 Educação de Crianças, Jovens e Adultos Guadalupe de Moraes Santos Silva 1 Faculdade São Luís de França Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Socorro e-mail: guadalupe.silva@hotmail.com RESUMO A Educação de Jovens e Adultos - EJA é uma modalidade de ensino que precisa ser revista e repensada a partir de uma ação coerente com sua função política, cultural e social. Partindo desse pressuposto, a Educação Física Escolar, inserida neste contexto, e dentro dos novos parâmetros curriculares, deveria contribuir para a formação de cidadãos críticos, participativos e com responsabilidade social. Neste sentido, a finalidade deste artigo é relatar quais procedimentos metodológicos estão sendo utilizados nas aulas ministradas na disciplina de Educação Física na EJA, nas escolas municipais de Nossa Senhora do Socorro/Se, atentando para as condições da estrutura física, dos recursos humanos, materiais didático-pedagógicos, entre outros. Este estudo é uma pesquisa descritiva, na modalidade de campo, com abordagem qualitativa. Nesta perspectiva, este trabalho procurou de maneira investigativa descrever o resultado dos dados encontrados, realizada em 39 escolas da rede municipal de Nossa Senhora do Socorro/SE, que ofertam turmas na modalidade de ensino da EJA. Observou-se que algumas escolas não têm professor, nem estagiário de educação física para as turmas da EJA. Em todas as escolas observadas existiam pouco ou quase nenhum material didático. A maioria das aulas observadas seguia uma estrutura de planejamento bem similar ao padrão da escola tradicional. As observações realizadas nas escolas nos direcionam para a idéia de que cada vez mais a área da Educação precisa ser revista, especificamente no tocante a EJA. No que se refere à educação física escolar, notamos a necessidade de uma formação continuada que atenda a demanda da EJA, com aulas pensadas para atendimento a um público diferenciado e uso de materiais didáticopedagógicos específicos. Palavras-Chave: Educação Física, Educação de Jovens e Adultos, Políticas Públicas, Nossa Senhora do Socorro. 1 *Mestranda em Educação Física UFS/SE; Especialista em Competência e Docência em Nível Superior FSLF (2009) em Psicopedagogia FSLF (2005), e em Metodologia do Ensino em Educação Física Escolar ECMAL/AL (2001). Licenciada em Pedagogia-FSLF (2007). Licenciatura Plena em Educação Física-UFS (1997). Professora da Graduação e Pós-Graduação da Faculdade São Luís de França. Professora efetiva da rede municipal de Nossa Senhora do Socorro/SE. E-MAIL:guadalupe.silva@hotmail.com

2 ABSTRACT Education for Youth and Adults - EJA is a type of education that needs to be revisited and rethought from an action consistent with its role political, cultural and social. Based on this assumption, the Physical Education, inserted in this context, and within the new curriculum guidelines should contribute to the formation of critical citizens, participatory and social responsibility. In this sense, the purpose of this article is to report the methodological procedures which are being used in classes taught in Physical Education in EJA, in schools of Nossa Senhora do Socorro / SE / If, noting the conditions of physical infrastructure, human resources, materials didactic teaching, among others. This study is a descriptive research method in the field, with a qualitative approach. In this perspective, this study sought to describe the way investigative data result found held in 39 municipal schools of Nossa Senhora do Socorro / SE, that offer classes in the teaching mode of EJA. It was observed that some schools have no teacher, or trainee physical education classes for the EJA. In all schools there observed little or no teaching materials. Most classes observed followed a planning structure very similar to the pattern of the traditional school. The observations made in the schools direct us to the idea that increasing the area of Education needs to be revised, specifically regarding the EJA. With regard to physical education, noted the need for continuing education that meets the demands of the EJA, with classes designed to serve a different audience and use of didactic-pedagogic specific. Keywords: Physical Education, Youth and Adult Education, Public Policy, Nossa Senhora do Socorro. 1 *Mestranda em Educação Física UFS/SE; Especialista em Competência e Docência em Nível Superior FSLF (2009) em Psicopedagogia FSLF (2005), e em Metodologia do Ensino em Educação Física Escolar ECMAL/AL (2001). Licenciada em Pedagogia-FSLF (2007). Licenciatura Plena em Educação Física-UFS (1997). Professora da Graduação e Pós-Graduação da Faculdade São Luís de França. Professora efetiva da rede municipal de Nossa Senhora do Socorro/SE. E-MAIL:guadalupe.silva@hotmail.com

3 INTRODUÇÃO O presente estudo é resultado de uma pesquisa de campo realizada em escolas da rede municipal da cidade de Nossa Senhora do Socorro/Se, e tem como principal meta, analisar quais metodologias estão sendo empregadas nas aulas de educação física, destinadas a EJA no referido município. Porém, antes, se faz necessário compreendermos o que é a EJA, assim como, o processo histórico dessa modalidade de ensino. A EJA tem sua história iniciada com a colonização do Brasil, quando os jesuítas alfabetizavam através da catequização. O foco do método de ensino dos jesuítas era preparar as pessoas para os trabalhos manuais, que garantiam o funcionamento da economia colonial. Somente durante o Império, foram criados cursos noturnos para homens adultos analfabetos nas escolas públicas de educação básica. No entanto, somente a partir da década de 40, é que a EJA, começou a se delinear como política educacional. Desde então, as principais ações do governo brasileiro, têm sido políticas com enfoques assistencialistas, e compensatórias. Nesta perspectiva, percebe-se que a legislação vigente no Brasil, ainda permanece pautada em políticas públicas que mascaram o principal objetivo a ser alcançado pelo sistema educacional. A Constituição Federal em seu art. 208 afirma que, a EJA tem como primeira referência, à garantia de ensino público fundamental obrigatório, para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria. As Diretrizes Curriculares Nacionais abrangem os processos formativos da EJA como uma das modalidades da Educação Básica nas etapas dos ensinos fundamental e médio, nos termos da LDBEN 9.394/96. Partindo desse pressuposto, este artigo discutirá, através dos dados encontrados, a metodologia, e os recursos utilizados nas aulas de educação física na modalidade da EJA, tomando como base a legislação, resoluções, planejamentos e práxis pedagógica adotadas pelos professores de educação física do município em questão.

4 Nesse sentido, este estudo se justifica por estar pondo em discussão a prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos, especificamente, nas aulas de educação física, por entender que a corporeidade e o movimento dos alunos que compõem essa modalidade de ensino, necessita de maiores elaborações e cuidados nas aulas, uma vez que o aluno da EJA tem uma estrutura corporal diferente e que precisa ser adequada a realidade deles.

5 REFERENCIAL TEÓRICO A EJA deve considerar as situações, o perfil sócio-cultural, e a faixa etária do seu público alvo, por ser uma modalidade de ensino da educação básica que vai atender pessoas jovens e adultas, com corporeidade diferente de crianças. Dessa forma, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, no Título V, Capítulo II, Seção V: Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho, mediante cursos e exames. Já o Plano Nacional de Educação PNE, tem como objetivo a erradicação do analfabetismo no país, dando ênfase a alfabetização de jovens e adultos. Percebe-se que esse Plano precisa ser revisto para que haja uma reformulação com o objetivo de melhorar a alfabetização e o letramento na EJA. Importante salientar que as Políticas Públicas em curso, que estão voltadas à EJA no Brasil são: Brasil Alfabetizado (Sergipe Alfabetizado), Pró-Jovem, Fazendo Escola, e FUNDEB. Devemos lembrar que, o aluno da Educação de Jovens e Adultos já desenvolve os conteúdos, se envolvendo nas práticas sociais. Falta-lhe sistematizar. A dimensão política e social deve fazer parte das discussões em aula a partir do momento em que o interesse do jovem e do adulto, trabalhador ou não, é estar engajado e participante no contexto social e cultural em que está inserido (MANFREDI, 1978). Inserido no universo da EJA, o professor de Educação Física Escolar, enfrenta várias problemáticas para atuar nessa modalidade de ensino, que vão desde a falta de estrutura à dificuldades de acesso. Além disso, a capacitação para atuar com a corporeidade e o movimento corporal do jovem e do adulto, sofre alterações importantes a serem observadas e ajustadas nas aulas práticas de educação física.

6 A Educação Física é uma área do conhecimento que trabalha com o corpo e o movimento como parte da cultura humana, favorecendo a vivência de diversas atividades corporais, as quais poderão auxiliar na melhoria da qualidade de vida do ser humano. Assim, entende-se como uma das metas da Educação Física Escolar, promover a autonomia, valorizando, em tese, conceitos, tais como: cooperação, inclusão social, participação, criatividade, diversidade, qualidade de vida entre outros. No caso da Educação de Jovens e Adultos essas características se recobrem de mais valor. Partindo desse pressuposto, este estudo analisou os dados coletados, através de visitas as escolas do município de Nossa Senhora do Socorro/SE, da observação das aulas de educação física nas turmas de EJA e entrevistas informais com professores de educação física, gestores e alunos. Neste sentido, a finalidade deste estudo é descrever as situações encontradas nas escolas visitadas com relação à execução das aulas ministradas na disciplina de educação física na EJA, atentando para as condições de estrutura física, dos recursos humanos, materiais, didático-pedagógicos, entre outros. EJA é composta por pessoas que trabalham o dia inteiro e já chegam às aulas cansadas e, em alguns casos, por pessoas que já estão fora da sala de aula há algum tempo. Por isso é importante capacitar e motivar os professores em relação a novas práticas e projetos para que trabalhem com esses alunos de forma diferenciada, estimulando a permanência dos estudantes na escola. A disciplina de educação física faz parte da grade curricular das turmas do EJA nas unidades de ensino, como reza a Lei 9394/96 em seu Art. 26, parágrafo 3 o a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno : que tenha uma jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; seja maior de trinta anos de idade; que esteja prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, e estiver obrigado à prática da educação física. O município de Nossa Senhora do Socorro/SE, possui aproximadamente 70 professores que trabalham com a EJA, distribuídos em 12 escolas. Essa modalidade de ensino é formada por um público a partir de 15 anos, que por algum motivo abandonou o curso

7 regular de ensino. Segundo os educadores, a EJA possui muitas particularidades, sendo necessário compreender e trabalhar com a realidade dos alunos. Analisando os dados, observamos que, das 12 escolas da rede municipal, somente duas têm o funcionamento das turmas da EJA no período da tarde. Algumas escolas não têm professores licenciados de educação física, mas contam com estagiários desta área. Em todas as escolas observadas existiam pouco, ou quase nenhum material didático, para a realização das aulas práticas de educação física nas escolas, percebeu-se também em quase todas as escolas a falta de estrutura física apropriada à prática de atividades físicas, sem os quais a qualidade do processo de ensino-aprendizagem fica comprometida. Um fator importante a ser mencionado diz respeito à composição das turmas nas escolas. Muitas delas são formadas por um número maior de jovens do que de adultos e/ou idosos. Algumas são compostas somente por jovens com faixa etária entre 15 e 17 anos. Existem escolas com uma média de 6 turmas de EJA, onde se trabalha desde o Programa Sergipe Alfabetizado, até a EJAEM (EJA no nível médio). Outras têm de 1 a 2 turmas do referido programa, que é destinado a alfabetização de jovens e adultos. Algumas escolas não têm professor, nem estagiário de educação física para as turmas da EJA. Essa demanda prejudica ainda mais a qualidade de ensino nesta modalidade de ensino. Nesse sentido, ARBACHE (2001, p. 19) afirma que a educação de jovens e adultos requer do educador conhecimentos específicos no que diz respeito ao conteúdo, metodologia, avaliação, atendimento, entre outros, para trabalhar com essa clientela heterogênea e tão diversificada culturalmente. A maioria das aulas observadas seguiam uma estrutura de planejamento bem similar, com prática de exercícios físicos, alongamentos, aulas teóricas e atividades folclóricas, com predominância de jogos pedagógicos. A EJA necessita de aulas de educação física mais adequadas à realidade de seus alunos. Infelizmente, com base nas observações realizadas, o que detectamos foram aulas convencionais, pensadas para a educação básica regular. Não houve diferença na estrutura e na didática das aulas de educação física na EJA. Esse fato pode ser um indicativo da evasão dos alunos, tanto nas aulas de educação física teórica, quanto nas práticas.

8 Nessa perspectiva, corroboramos com Paulo Freire, quando ele afirma que a alfabetização é uma estratégia de liberação que ensina as pessoas a lerem não só a palavra, mas também o mundo (FREIRE 1994, p. 42). Assim, podemos entender que a educação do corpo deveria seguir essa linha de pensamento. O trabalho do e com o corpo na Educação de jovens e adultos pode trazer novamente aos alunos desta modalidade, um gosto, uma redescoberta pelo próprio corpo, assim como para os cuidados com o próprio corpo. Muitos alunos nunca tiveram essa preocupação, assim as aulas podem despertar para a saúde corporal.

9 CONCLUSÃO Este artigo analisou e discutiu os dados da pesquisa realizada em escolas da rede municipal da cidade de Nossa Senhora do Socorro/Se, buscando conhecer e entender quais metodologias estão sendo empregadas nas aulas de educação física, destinadas a EJA nesse município. As observações realizadas nas escolas nos direcionam para a ideia de que cada vez mais a área da Educação precisa ser revista, especificamente no tocante a EJA. No que se refere à educação física escolar, nota-se a necessidade de uma formação continuada que atenda a demanda da EJA, com aulas pensadas para atendimento a um público diferenciado e uso de materiais didático-pedagógicos específicos.. O ensino de jovens e adultos possui muitas particularidades, e é preciso trabalhar com a realidade desses alunos para tentar evitar problemas corriqueiros encontrados na EJA; exemplo disso é a questão da evasão escolar. Nesse sentido, o ensino dessa modalidade deve ser diferenciado do regular, uma vez que o público alvo se constitui de pessoas jovens e adultas, com vivências e perspectivas de vida diferentes, é a diversidade nas singularidades, o que nos leva a mencionar a necessidade de discutir novas e possíveis ações, no processo de ensino-aprendizagem, motivadoras que levem o aluno a ver o mundo com outros olhos. A formação dos educadores da EJA precisa ser melhorada, as metodologias precisam ser adequadas à realidade do aluno da EJA, assim como há a necessidade dos professores da área repensarem a sua formação, e de que forma estão atuando profissionalmente.

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARBACHE, A P B. A formação do educador de pessoas jovens e adultas numa perspectiva multicultural crítica. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro. Papel Virtual Editora, 2001. BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 10 março 2012.. Plano Nacional de Educação. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 10 março 2012..Lei de Diretrizes e Base da Educação nº 5692 de 11.08.71, capítulo IV. Ensino Supletivo. Legislação do Ensino Supletivo, MEC, DFU, Departamento de Docu-mentação e Divulgação, Brasília, 1974..PARECER nº 699/71. Regulamenta o capítulo IV da Lei 5.692/71. 06 de julho de 1972. Constituição Federal de Educação. Rio de Janeiro. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1994. MANFREDI, Silvia Maria. Política: educação popular. São Paulo. Ed. Símbolo. 1978.