RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL

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Turma e Ano: Responsabilidade Civil Ambiental 2016 Matéria / Aula: Responsabilidade Civil Ambiental / 01 Professor: Luiz Oliveira Castro Jungstedt Monitor: Victor R. C. de Menezes Aula 01 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL I - INTRODUÇÃO: O tema em estudo chama a atenção por sua relevância atual, sobretudo por conta do desastre ambiental recentemente ocorrido na cidade de Mariana/MG, ostensivamente divulgado pela mídia, motivo pelo qual poderá ser mais explorado nos Concursos de 2016. Como técnica de preparação, recomenda-se a leitura da legislação indicada com especial destaque para os dispositivos mencionados ao longo do curso. II AUTONOMIA E DISTINÇÕES De início é importante frisar que a responsabilidade civil ambiental desfruta de autonomia em relação a outros campos de responsabilidade, tais como a penal e a administrativa, o que é confirmado pelo art. 225, 3º da CF. Isto implica dizer que o reconhecimento da responsabilidade penal ambiental do infrator não impede que seja a ele imputada responsabilidade civil pelo mesmo fato, por exemplo. Há que se destacar, contudo, as principais diferenças entre referidas esferas de responsabilidade. Assim é que, pelo critério da necessidade de comprovação da culpa (em sentido amplo) do agente infrator, observa-se que a responsabilidade civil ambiental é objetiva, ao passo que as responsabilidades penal e administrativa são subjetivas. Tal se afirma porque a responsabilidade civil ambiental tem por finalidade última propiciar a reparação do dano ambiental, não a punição do infrator. Em razão disto, assume caráter propter rem, o que possibilita, v.g., sua transferência para terceiros ainda que de boa-fé.

Por outro lado, as responsabilidades administrativa e penal assumem caráter pessoal, já que objetivam impor uma sanção ao agente infrator. Sendo assim, tais esferas de responsabilidade assumem caráter pessoal 1 e, por isso, intransmissíveis a terceiros que não tenham de alguma forma participado da infração ambiental. Outro ponto de distinção, diz respeito ao tipo de ato que oferece suporte à imputação de responsabilidade por infração ambiental. Sob esse prisma, as responsabilidades penal e administrativa fundamentam-se, necessariamente, em conduta ilícita. Já a responsabilidade civil ambiental pode ser imputada ao agente independentemente de sua conduta ser considerada lícita ou ilícita, pois, como dito, o objetivo desta esfera de responsabilidade é permitir ao máximo que a situação de degradação seja restituída ao estado anterior, quando possível. Por fim, a responsabilidade civil ambiental é imprescritível, enquanto as responsabilidades penal e administrativa sujeitam-se a prazo prescricional. Particularmente sobre a responsabilidade administrativa, vale dizer que o art. 21 do Decreto 6.514/08, prevê prazo prescricional de 5 anos para a instauração de processo administrativo destinado à apuração do dano ambiental, com vistas à imposição de infrações administrativas. Em complementação, o enunciado 467 da súmula do STJ reconhece ser de 5 anos o prazo para executar multa imposta por infração ambiental administrativa. II COMPETÊNCIA LEGISLATIVA De acordo com o art. 24, VIII e 1º e 2º da CF, é concorrente a competência legislativa para disciplinar responsabilidade ambiental. Advirta-se que esta competência não se confunde com a previsão contida no ar. 22, I da CF que atribui à União competência privativa para legislar sobre direito civil, sendo certo que a natureza geral desta previsão cede lugar quando diante da competência prevista no art. 24, VIII da CF, em homenagem ao princípio da especialidade. 1- A reforçar esta análise, vale a leitura do art. 5º, LIV da CF.

Ao cuidar da disciplina da responsabilidade civil ambiental, coube à União traçar normas gerais de caráter nacional, o que já havia se materializado com a edição da lei 6.931/81 em seu art. 14. III - OBJETIVOS Conforme já antecipado, o principal objetivo da responsabilidade civil ambiental é proporcionar, sempre que possível, a recuperação da área degradada. Contudo, nas situações em que isso se mostrar improvável, no todo ou em parte, a responsabilidade civil assumirá subsidiariamente um caráter sancionatório. IV CONCEITOS BÁSICOS Um dos principais conceitos a assimilar remete ao do instituto da degradação da qualidade ambiental. Entende-se como tal quaisquer alterações adversas das características do meio ambiente, conforme se vê do art. 3º, II da lei 6.938/81. Também merece destaque o conceito de poluição, como sendo a espécie de degradação da qualidade ambiental resultante, direta ou indiretamente, de atividade humana, conforme se extrai do art. 3º, III da lei 6.938/81, dispositivo o qual enumera diversas formas pelas quais a atividade humana pode contribuir para a degradação ambiental. Chama-se a atenção, neste particular, para as previsões contidas nas alíneas a e b do art. 3º, III da referida lei, a saber: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; e b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas. Ao analisar mencionados dispositivos, a doutrina especializada acusa haver um contraste ideológico, uma vez que revelam a adoção de postura antropocêntrica, enquanto o art. 3º, I da mesma lei, ao conceituar o meio ambiente, assume postura ecocêntrica. É do conceito de poluição que emerge o de poluidor, como sendo aquele que realiza a atividade responsável pela degradação ambiental, conclusão esta confirmada pelo art. 3º, IV da lei 6.938/81. Perceba-se que mencionado dispositivo amplia a gama de atividades que podem dar ensejo à degradação, ao incluir não só aquelas que produzam diretamente este resultado, como também as que se vinculem indiretamente a ele.

Surge daí a ideia de poluidor indireto ou correspeonsável ambiental. A primeira forma de poluidor indireto a ser analisada verifica-se na figura do adquirente de imóvel rural com passivo ambiental. Mencionada situação decorre inicialmente da previsão do art. 2º, 2º do Código Florestal lei 12.651/12, de acordo com o qual ao adquirente ou possuidor de imóvel rural são transmitidas as obrigações previstas na referida lei. Veja-se que o art. 7º, 1º e 2º do Código Florestal, em harmonia com a previsão enunciada, ao tratar de Área de Preservação Permanente (APP), impõe a obrigação de o proprietário, possuidor ou ocupante recompor a vegetação indevidamente suprimida, obrigação esta que, por ser de caráter real, se transmite a terceiro sucessor com a mera transferência de domínio ou posse. Nestes casos o sucessor a qualquer título torna-se solidariamente responsável para com o proprietário ou possuidor anterior em relação às infrações ambientais anteriormente praticadas. Outro exemplo de poluidor indireto encontra-se no art. 2º, 4º da lei 11.105/05, ao impor à instituição financeira 2 o dever de exigir do financiado o certificado de qualidade em biossegurança (CQB) emitido pelo CTNBio, para concessão de crédito a ser utilizado em projeto que envolva organismo geneticamente modificado (OGM), sob pena de responder solidariamente com o financiado pelos danos ambientais que possam advir da implementação do projeto. Por fim, também se enquadra no conceito de poluidor indireto ou corresponsável ambiental, a Administração Pública que, por conduta desidiosa, defere licença ambiental sem adotar seus deveres de cuidado exigidos por lei, pouco importando o motivo da desídia. V ALCANCE DA RESPONSABILIDADE A responsabilidade civil ambiental abrange o dano ambiental e o dano suportado individualmente por terceiros em decorrência do mesmo fato. Entende-se por dano ambiental, por tanto, a lesão de caráter difusa e indivisível que afete o meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que não se confunde com aqueles danos individualmente suportados que derivam da degradação ambiental. 2 - Expressão utilizada fora do sentido técnico, devendo abranger organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos que envolvam OGM.

Mas como já afirmado, a responsabilidade civil ambiental alcança ambas as espécies de danos. Tal entendimento se sustenta no art. 14 caput da lei 6.938/81 e encontra guarida na jurisprudência majoritária do STJ. Nesse sentido, a reparação dos danos que ensejam a responsabilidade civil ambiental deve considerar tanto a esfera patrimonial quanto extrapatrimonial da sociedade como um todo e dos indivíduos interessados, observando-se que a doutrina e a jurisprudência têm agasalhado a tese do dano moral difuso, tudo em observância ao art. 1º, I e IV da lei 7.347/85 (LACP). VI NEXO CAUSAL TEORIA ADOTADA O disposto no art. 14, 1º da lei 6.938/81 sugere a adoção da teoria da responsabilidade objetiva, ao expressamente indicar que a responsabilidade civil ambiental deve ser apurada independentemente de culpa. Aplica-se, para tanto, o princípio da precaução, conforme entendimento consolidado no REsp 1.060.753/SP, bem como a inversão do ônus da prova com fundamento no art. 6º, VIII do CDC e no art. 1º, IV da LACP. Há, contudo, precedente mais recente do STJ materializado no REsp 1.114.398/PR em que se faz menção expressa à teoria do risco integral para apuração de responsabilidade civil ambiental. De acordo com esta teoria o nexo causal não precisa ser comprovado para que haja a imputação da responsabilidade. Prevalece na doutrina, porém, a adoção da teoria do risco criado ou suscitado em matéria de responsabilidade civil ambiental. De acordo com essa teoria, o nexo causal deve ser provado e principia com o início da atividade poluidora, não havendo que se falar em excludente de responsabilidade.