DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO II PROFESSOR: EMERSON SPIGOSSO AULA: FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO 1. INTRODUÇÃO

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Transcrição:

DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO II PROFESSOR: EMERSON SPIGOSSO AULA: FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO 1. INTRODUÇÃO O ordenamento jurídico trabalhista, fundado nos princípios da proteção e da irrenunciabilidade, é composto por diversas normas de ordem pública, obstando condutas que objetivem afastar a aplicação do Direito do Trabalho (CLT, arts. 9.º, 444 e 468). De acordo com o art. 21, inciso XXIV, da Constituição Federal de 1988, compete à União organizar, manter e executar a inspeção do trabalho. Trata-se, portanto, de atividade de natureza administrativa, exercida pelo Estado, por meio dos órgãos competentes da Administração Pública Federal, integrantes do Ministério do Trabalho e Emprego (Lei 10.683, de 28 de maio de 2003, art. 27, inciso XXI, alínea c). Nesse sentido, o art. 626 da CLT estabelece incumbir às autoridades competentes do Ministério do Trabalho e Emprego a fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho. O art. 628, caput, da CLT, revela, ainda, que a fiscalização do trabalho é uma atividade administrativa vinculada, a ser exercida de acordo com o princípio da legalidade. A inspeção federal do trabalho, no entanto, tem por incumbência não apenas sancionar as violações das normas de proteção do trabalho, mas também orientar a respeito do cumprimento da legislação trabalhista, prevenir infrações e regularizar as condutas passíveis de correção. 2. AUTORIDADES COMPETENTES De acordo com o art. 2.º do Regulamento de Inspeção do Trabalho (Decreto 4.552/2002), compõem o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho: Autoridades de direção nacional, regional ou local (aquelas indicadas em leis, regulamentos e demais atos atinentes à estrutura administrativa do Ministério do Trabalho e Emprego); Auditores-Fiscais do Trabalho (redação determinada pelo Decreto 4.870, de 30 de outubro de 2003); Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, em funções auxiliares de inspeção do trabalho.

A estrutura organizacional do Ministério do Trabalho, no que tange à inspeção do trabalho, obedece ao seguinte modelo, nos termos do Decreto nº 8.894/2016: a) Secretaria de Inspeção do Trabalho SIT Órgão específico singular, representa a cúpula do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho. O titular da Secretaria é a autoridade nacional em matéria de inspeção do trabalho. Está subdividida em dois departamentos: o Departamento de Fiscalização do Trabalho DEFIT, cuja atribuição é planejar, coordenar e normatizar as atividades de fiscalização da legislação trabalhista; o Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho DSST, ao qual cabe planejar, coordenar e normatizar as atividades de fiscalização da legislação de saúde e segurança do trabalho. b) Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego SRTE Antigas Delegacias Regionais do Trabalho DRTs, são as unidades descentralizadas do MT nos Estados. O Superintendente Regional é a autoridade de direção regional. As SRTEs têm sua sede nas capitais de cada Estado da federação. c) Gerências Regionais do Trabalho e Emprego GRTE Para fins de inspeção, o território de cada unidade federativa é dividido em circunscrições, sendo fixadas as correspondentes sedes (art. 4º do RIT). As sedes são denominadas Gerências Regionais do Trabalho e Emprego GRTE, antigas Subdelegacias do Trabalho SDT. Desse modo, cada GRTE tem a sua respectiva circunscrição, a qual abrange diversos municípios adjacentes. O Gerente Regional é a autoridade de direção local. Os Auditores Fiscais do Trabalho são subordinados tecnicamente à Secretaria de Inspeção do Trabalho SIT e administrativamente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego SRTE do Estado onde está lotado. A lotação pode se dar na própria SRTE ou em uma das Gerências Regionais da unidade da federação. Os ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho têm por atribuições assegurar, em todo o território nacional (art. 11 da Lei 10.593/2002): a) O cumprimento de disposições legais e regulamentares, inclusive as relacionadas à segurança e à medicina do trabalho, no âmbito das relações de trabalho e de emprego; b) A verificação dos registros em Carteira de Trabalho e Previdência Social CTPS, visando à redução dos índices de informalidade; c) A verificação do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, objetivando maximizar os índices de arrecadação; d) O cumprimento de acordos, convenções e contratos coletivos de trabalho celebrados entre empregados e empregadores; e) O respeito aos acordos, tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil seja signatário;

f) A lavratura de auto de apreensão e guarda de documentos, materiais, livros e assemelhados, para verificação da existência de fraude e irregularidades, bem como o exame da contabilidade das empresas. O art. 35 do RIT estabelece diversas condutas vedadas aos Auditores Fiscais do Trabalho, sob pena de responsabilização civil, penal e administrativa. São vedadas as seguintes condutas: Revelar, sob pena de responsabilidade, mesmo na hipótese de afastamento do cargo, os segredos de fabricação ou comércio, bem como os processos de exploração de que tenham tido conhecimento no exercício de suas funções. É claro que o Auditor Fiscal deve guardar segredo sobre tudo aquilo que tiver conhecido em virtude de seu mister. E não seria diferente em relação aos chamados segredos industriais, cuja divulgação pode causar grandes prejuízos ao fiscalizado. Revelar informações obtidas em decorrência do exercício das suas competências. No mesmo sentido da proibição anterior, o Auditor Fiscal não pode revelar informações obtidas em virtude do exercício de suas atribuições e em relação às quais se impõe o sigilo de sua profissão. Revelar as fontes de informações, reclamações ou denúncias. Uma das formas de provocação da ação fiscalizadora do Estado é exatamente a denúncia, normalmente feita pelo sindicato, via ofício, ou mesmo pelo próprio trabalhador, seja por escrito, seja comparecendo pessoalmente ao plantão fiscal. Neste caso, não pode o Auditor Fiscal revelar a ninguém, e muito menos ao empregador, a fonte de tal denúncia ou informação, tendo em vista a necessidade de proteger a fonte, por dois motivos principais: a) para evitar retaliações por parte do empregador; b) para que a fonte se sinta segura de sempre denunciar as irregularidades de que tenha conhecimento. Inspecionar os locais em que tenham qualquer interesse direto ou indireto, caso em que deverão declarar o impedimento. Em homenagem ao princípio da impessoalidade, que rege a Administração Pública, não pode o Auditor Fiscal inspecionar quaisquer estabelecimentos em que tenha interesse, seja ele direto ou indireto. Presume-se, neste caso, que o agente público não tenha a isenção suficiente para agir de forma impessoal. No caso do desrespeito a qualquer uma destas proibições, o agente de inspeção responderá civil, penal e administrativamente.

Os arts. 31 e 32 do RIT tratam das atividades auxiliares à inspeção do trabalho, nos seguintes termos: Art. 31. São atividades auxiliares de apoio operacional à inspeção do trabalho, a cargo dos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho: I levantamento técnico das condições de segurança nos locais de trabalho, com vistas à investigação de acidentes do trabalho; II levantamento de dados para fins de cálculo dos coeficientes de frequência e gravidade dos acidentes; III avaliação qualitativa ou quantitativa de riscos ambientais; IV levantamento e análise das condições de risco nas pessoas sujeitas à inspeção do trabalho; V auxílio à realização de perícias técnicas para caracterização de insalubridade ou de periculosidade; VI comunicação, de imediato e por escrito, à autoridade competente de qualquer situação de risco grave e iminente à saúde ou à integridade física dos trabalhadores; VII participação em estudos e análises sobre as causas de acidentes do trabalho e de doenças profissionais; VIII colaboração na elaboração de recomendações sobre segurança e saúde no trabalho; IX acompanhamento das ações de prevenção desenvolvidas pela unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego; X orientação às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho sobre instalação e funcionamento das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) e dimensionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT); XI prestação de assistência às CIPA; XII participação nas reuniões das CIPA das pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, como representantes da unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego; XIII devolução dos processos e demais documentos que lhes forem distribuídos, devidamente informados, nos prazos assinalados; XIV elaboração de relatório mensal de suas atividades, nas condições e nos prazos fixados pela autoridade nacional em matéria de inspeção do trabalho; XV prestação de informações e orientações em plantões fiscais na área de sua competência. 1º As atividades externas de que trata este artigo somente poderão ser exercidas mediante ordem de serviço expedida pela chefia de fiscalização. 2º Para o desempenho das atribuições previstas neste artigo, será fornecida aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho credencial específica que lhes possibilite o livre acesso aos estabelecimentos e locais de trabalho. Art. 32. Aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho poderão ser ministra dos cursos necessários à sua formação, aperfeiçoamento e especialização, conforme instruções a serem expedidas pelo

Ministério do Trabalho e Emprego, expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho. Naturalmente, os Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho não podem lavrar autos de infração, pois esta prerrogativa é privativa dos Auditores Fiscais do Trabalho. 3. MODALIDADES DE FISCALIZAÇÃO Conforme a classificação adotada pelo Regulamento da Inspeção do Trabalho RIT, a qual é exigida no concurso para Auditor Fiscal do Trabalho, temos as seguintes modalidades de fiscalização: a) Direta: o Auditor Fiscal procede à inspeção física do local de trabalho e verifica os documentos pertinentes no próprio local, normalmente em dia diverso daquele em que se inicia a ação fiscal. b) Indireta: realizada por meio de sistema de notificações para apresentação de documentos nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho (art. 30, 1º, do RIT). Dispõe o 2º do art. 30 o seguinte: Art. 30. (...) 2º Poderá ser adotada fiscalização indireta: I na execução de programa especial para a ação fiscal; ou II quando o objeto da fiscalização não importar necessariamente em inspeção no local de trabalho. (...) Exemplo: fiscalização da regularidade do recolhimento do FGTS, a qual demanda apenas análise documental e consulta aos sistemas informatizados disponíveis à fiscalização. Neste caso, como é desnecessária a inspeção no local de trabalho, pode a notificação para apresentação de documentos ser enviada ao empregador por via postal, com a designação de data e hora para apresentação dos documentos na unidade descentralizada do Ministério do Trabalho (SRTE ou GRTE, conforme o caso). c) Mista: o Auditor Fiscal realiza a inspeção física no local de trabalho e notifica o empregador a apresentar os documentos sujeitos à inspeção do trabalho na unidade descentralizada do MT (art. 30, 3º, do RIT). Trata-se da combinação dos dois critérios anteriores e é a modalidade mais comum de fiscalização, até porque a grande maioria dos estabelecimentos fiscalizados não oferecem condições adequadas para a análise documental. 4. O LIVRO DE INSPEÇÃO DO TRABALHO

Ficam as empresas obrigadas a possuir o livro intitulado Inspeção do Trabalho, cujo modelo será aprovado por portaria ministerial. As microempresas e as empresas de pequeno porte estão dispensadas de ter o referido livro de inspeção do trabalho, conforme previa o art. 11 da revogada Lei 9.841/1999, e atualmente prevê o art. 51, inciso IV, da Lei Complementar 123/2006. No livro de inspeção, o auditor-fiscal do trabalho registra a sua visita ao estabelecimento, declarando a data e a hora do início e término, bem como o resultado da inspeção, nele consignando, se for o caso, todas as irregularidades verificadas e as exigências feitas, com os respectivos prazos para seu atendimento, e, ainda, de modo legível, os elementos de sua identificação funcional. O art. 352 da CLT determina que a proporcionalidade de 2/3 se aplica às empresas que exerçam atividades industriais e comerciais. Por exclusão: não se aplica proporcionalmente às sociedades civis e atividades rurais. 5. INSPEÇÃO CRITÉRIO DA DUPLA VISITA Como mencionado, o Auditor Fiscal do Trabalho tem o dever de orientar e advertir as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, bem como os trabalhadores, quanto ao cumprimento da legislação trabalhista (art. 23 do RIT). A exteriorização máxima deste dever está consubstanciada no critério da dupla visita, segundo o qual, nas hipóteses legais, o Auditor Fiscal não deve autuar imediatamente o empregador diante da constatação de infração à legislação trabalhista. Ao contrário, deve primeiro conceder prazo para regularização, e somente a partir da segunda visita, permanecendo a situação irregular, lavrar o auto de infração. Exemplo: o Auditor Fiscal recebeu ordem de serviço para inspecionar uma lanchonete que conta com apenas dois empregados. Verificada a documentação da empresa, constatou-se que o empregador não paga aos empregados o adicional noturno referente às horas trabalhadas a partir das 22h. Neste caso, a lei veda ao Auditor Fiscal a lavratura imediata do auto de infração, cabendo-lhe notificar o empregador a regularizar sua conduta mediante pagamento do que deixou de ser pago e regularização do procedimento a partir da fiscalização. Neste caso, expirado o prazo concedido para regularização abrem-se duas possibilidades: a) O empregador cumpriu as determinações da fiscalização, razão pela qual não há se falar em autuação; b) O empregador não cumpriu as determinações, pelo que será autuado. A lei estabelece taxativamente as hipóteses em que se aplica o critério da dupla visita. Vejamos cada uma delas:

a) Lei nova Dispõe o art. 627 da CLT: Art. 627. A fim de promover a instrução dos responsáveis no cumprimento das leis de proteção do trabalho, a fiscalização deverá observar o critério de dupla visita nos seguintes casos: a) Quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, regulamentos ou instruções ministeriais, sendo que, com relação exclusivamente a esses atos, será feita apenas a instrução dos responsáveis. (...) O art. 23, I, do Regulamento da Inspeção do Trabalho reproduz literalmente o dispositivo celetista. Com efeito, presume-se que o empregador necessita de algum tempo para se adequar às mudanças da legislação e às novas exigências. Embora o texto celetista seja omisso a respeito, este prazo é de 90 dias, nos termos do art. 23, 1º, do RIT. Portanto, sempre que for fiscalizado atributo trabalhista cuja legislação de regência tenha menos de 90 dias de vigência, dever-se-á observar o critério da dupla visita. b) Primeira inspeção de empreendimentos recentemente inaugurados Trata-se da outra hipótese de dupla visita prevista no art. 627, b, da CLT, segundo o qual a fiscalização deverá observar o critério da dupla visita em se realizando a primeira inspeção dos estabelecimentos ou dos locais de trabalho, recentemente inaugurados ou empreendidos. A hipótese também é repetida pelo RIT (art. 23, II), e tem por objetivo permitir a adequação do empregador às exigências legais nos primeiros meses após a inauguração do estabelecimento. Tal qual ocorre em relação à lei nova, o prazo é de 90 dias, nos termos do art. 23, 1º, do RIT. Destarte, o empregador tem 90 dias, contados da inauguração do estabelecimento, para se adequar à legislação trabalhista. c) Empresa com até dez empregados A terceira hipótese de aplicação do critério da dupla visita leva em consideração o porte da empresa, notadamente em relação à quantidade de empregados. Neste sentido, dispõem os 3º e 4º do art. 6º da Lei nº 7.855/1989: Art. 6º (...) 3º Será observado o critério de dupla visita nas empresas com até dez empregados, salvo quando for constatada infração por falta de registro de empregado, anotação de sua Carteira de Trabalho e Previdência Social e na ocorrência de fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. 4º Na empresa que for autuada, após obedecido o disposto no parágrafo anterior, não será mais observado o critério da dupla visita em relação ao dispositivo infringido. Portanto, em empresas pequenas, que contem com até dez empregados, deverá ser observado, em regra, o critério da dupla visita. Ocorrendo uma das infrações arroladas como

exceção a esta regra, a autuação será direta, independentemente de notificação para regularização. É o caso da infração por falta de registro, falta de anotação da CTPS, reincidência ( 4º, acima), fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. No mesmo sentido, o art. 23, III, do RIT. d) Microempresa e Empresa de Pequeno Porte A quarta hipótese de aplicação do critério da dupla visita é prevista genericamente pelo art. 23, IV, do RIT, nos seguintes termos: Art. 23. (...) IV quando se tratar de microempresa e empresa de pequeno porte, na forma da lei específica. Atualmente, a lei específica é a Lei Complementar nº 123/2006 (Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte), que, em seu art. 55, trata da dupla visita: Art. 55. A fiscalização, no que se refere aos aspectos trabalhista, metrológico, sanitário, ambiental, de segurança e de uso e ocupação do solo das microempresas e empresas de pequeno porte deverá ter natureza prioritariamente orientadora, quando a atividade ou situação, por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse procedimento. 1º Será observado o critério de dupla visita para lavratura de autos de infração, salvo quando for constatada infração por falta de registro de empregado ou anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social CTPS, ou, ainda, na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. (...) O dispositivo obedece a mandamento constitucional (art. 179, CRFB/88) no sentido do tratamento diferenciado das microempresas e empresas de pequeno porte, e tem como objetivo fomentar o empreendedorismo e o desenvolvimento do país. As exceções são as mesmas aplicáveis à empresa que conta com até dez empregados, a saber: falta de registro, falta de anotação da CTPS, reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. e) Doméstico Tendo em vista as peculiaridades do trabalho doméstico, o legislador dispensou tratamento especial ao empregador doméstico inclusive criando nova hipótese de aplicação do critério da dupla visita. Neste sentido, o art. 11-A da Lei nº 10.593/2002, com redação dada pela Lei Complementar nº 150/2015: Art. 11-A (...) 1o A fiscalização deverá ter natureza prioritariamente orientadora. 2o Será observado o critério de dupla visita para lavratura de auto de infração, salvo quando for constatada infração por falta de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social ou, ainda, na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização. 6. PROCEDIMENTO ESPECIAL PARA A AÇÃO FISCAL

O procedimento especial para a ação fiscal está previsto no art. 627-A da CLT, nos seguintes termos: Art. 627-A. Poderá ser instaurado procedimento especial para a ação fiscal, objetivando a orientação sobre o cumprimento das leis de proteção ao trabalho, bem como a prevenção e o saneamento de infrações à legislação mediante Termo de Compromisso, na forma a ser disciplinada no Regulamento da Inspeção do Trabalho. No mesmo sentido, dispõe o art. 28, caput, do Regulamento da Inspeção do Trabalho, que o procedimento especial para a ação fiscal poderá ser instaurado pelo Auditor Fiscal do Trabalho quando concluir pela ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o cumprimento da legislação trabalhista por pessoas ou setor econômico sujeito à inspeção do trabalho, com a anuência da chefia imediata. 7. AUTUAÇÃO Salvo a hipótese de dupla visita (art. 627 da CLT) e o caso do art. 627-A da CLT (acrescentado pela Medida Provisória 2.164-41/2001), a toda verificação em que o agente da inspeção concluir pela existência de violação de preceito legal deve corresponder, sob pena de responsabilidade administrativa, a lavratura de auto de infração (art. 628 da CLT). O auto de infração deve ser lavrado em duplicata, nos termos dos modelos e instruções expedidos, sendo uma via entregue ao infrator, contrarrecibo, ou ao mesmo enviada, dentro de 10 (dez) dias da lavratura, sob pena de responsabilidade, em registro postal, com franquia e recibo de volta (art. 629 da CLT). O auto não terá o seu valor probante condicionado à assinatura do infrator ou de testemunhas, e será lavrado no local da inspeção, salvo havendo motivo justificado que será declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, sob pena de responsabilidade. Lavrado o auto de infração, não pode ser inutilizado, nem sustado o curso do respectivo processo, devendo o agente da inspeção apresentá-lo à autoridade competente, mesmo se incidir em erro. O infrator terá, para apresentar defesa, o prazo de 10 (dez) dias, contados do recebimento do auto. O auto de infração deve ser registrado com a indicação sumária de seus elementos característicos, em livro próprio que deverá existir em cada órgão fiscalizador, de modo a assegurar o controle do seu processamento. 8. MULTA

A imposição das multas incumbe (na falta de disposição especial) às autoridades regionais competentes em matéria de trabalho, ou seja, ao Delegado Regional do Trabalho (art. 634 da CLT), atualmente denominado Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, conforme Decreto 6.341/2008. A aplicação da multa não eximirá o infrator da responsabilidade em que incorrer por infração das leis penais. As multas previstas na legislação trabalhista devem ser, quando for o caso, e sem prejuízo das demais cominações legais, agravadas até o grau máximo, nos casos de artifício, ardil, simulação, desacato, embaraço ou resistência à ação fiscal, levando-se em conta, além das circunstâncias atenuantes ou agravantes, a situação econômico-financeira do infrator e os meios a seu alcance para cumprir a lei (art. 5.º da Lei 7.855/1989). Não será considerado reincidente o empregador que não for novamente autuado por infração do mesmo dispositivo, decorridos dois anos da imposição da penalidade. De toda decisão que impuser multa por infração das leis e disposições reguladoras do trabalho, e não havendo forma especial de processo, caberá recurso para a Secretaria de Inspeção do Trabalho/Coordenação de Análise de Recursos, em Brasília DF (do Ministério do Trabalho e Emprego), que é atualmente competente nessa matéria (art. 635 da CLT). As decisões devem ser sempre fundamentadas. A notificação somente será realizada por meio de edital, publicado no órgão oficial, quando o infrator estiver em lugar incerto e não sabido (art. 636, 2.º, da CLT). Essa notificação também deve fixar o prazo de 10 (dez) dias para que o infrator recolha o valor da multa, sob pena de cobrança executiva. A multa será reduzida de 50% (cinquenta por cento) se o infrator, renunciando ao recurso, a recolher ao Tesouro Nacional dentro do prazo de 10 (dez) dias contados do recebimento da notificação ou da publicação do edital.