15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental PROPOSTA DE CONTEUDO PARA LAUDO GEOLÓGICO Hermam Vargas Silva 1 Resumo O trabalho apresenta uma série de cartas produzidas a partir de sondagens SPT e de levantamento planialtimétrico da área a ser loteada. Mostra as análises das características do meio físico, tais como, geologia, hidrogeologia e caracterização geotécnica, através de cartas que podem ser comparáveis entre si, através do uso de programas de extrapolação de dados e de GIS (gerenciamento de informação geográfica). Abstract The work presents a series of maps produced from SPT drilling and of topographic lifting of the area that will be housing. It shows the analyses of the characteristics of the physical environment, such as, geology, hydrogeology and geotechnical characterization, through maps that can be comparable, or by the use of SIG software. Palavras-Chave Laudo geológico, laudo geotécnico, parecer técnico. 1 Geólogo,Engenheiro de Segurança, mestre em Engenharia de Produção, coordenador técnico do CEPPA e Professor dos cursos de engenharia civil, engenharia sanitária e ambiental e engenharia de produção, da UniCesumar, Maringá, Pr. (44) 9123-1213, hermam.vargas@unicesumar.edu.br. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1
1. INTRODUÇÃO O processo de elaboração de laudos técnicos, principalmente os laudos geológicos para loteamentos vem num desenvolvimento crescente em complexidade e em conteúdo técnico. Este trabalho procura organizar a apresentação de dados em relatório consistente e de apresentação clara e compreensível. Vem da experiência da elaboração destes trabalhos técnicos ao longo de anos de exercício profissional para o licenciamento de loteamentos na região noroeste do Paraná. 2. O LAUDO Segundo o sítio eletrônico de Espindola (2015): Para embasarmos nossa discussão, vamos descrever a seguir o significado vernacular de algumas expressões que merecerão a nossa atenção na presente análise. Laudo: Escrito em que um perito ou um árbitro emite seu parecer e responde a todos os quesitos que lhe foram propostos pelo juiz e pelas partes interessadas. Parecer do louvado ou árbitro; peça escrita, fundamentada, em que os peritos expõem as observações e estudos que fizeram e consignam as conclusões da perícia. Perícia: Qualidade de perito. Destreza, habilidade, proficiência. Exame de caráter técnico e especializado. Perito: Experiente, hábil, prático, sabedor, versado. Aquele que é prático ou sabedor em determinados assuntos. Aquele que é judicialmente nomeado para exame ou vistoria. Experimentado; sabedor; hábil; douto; prático. Aquele que é prático ou sabedor; aquele que está habilitado para fazer perícias. O nomeado judicialmente para exame ou vistoria. Parecer: Opinião. Opinião técnica sobre determinado assunto. Relatório: Descrição minuciosa de fatos de administração pública ou de sociedade. Parecer ou exposição dos fundamentos de um voto ou apreciação. Exposição prévia dos fundamentos de um decreto, decisão, etc. Exposição de todos os fatos de uma administração ou de uma sociedade. Técnico: Próprio de uma arte ou ramo específico de atividade. Aquele que é perito numa atividade. Próprio de uma arte ou ciência; O que é perito numa arte ou ciência. Técnica: Conhecimento prático. Conjunto dos métodos e pormenores práticos essenciais a execução perfeita de uma 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2
arte ou profissão. A parte material ou o conjunto de processos de uma arte; prática. Nos trabalhos de licenciamento ambiental deve-se apresentar um laudo das condições geológicas e geotécnicas, para que o órgão ambiental tome as providencias. Com o desenvolvimento das propostas de carta geotécnica para uso dos municípios (SANTOS, 2014) e através de documentos cartográficos que exprimem a compartimentação e as recomendações técnicas. Neste âmbito, tem-se CULSHAW, 2013, designa o tema geologia urbana, como o estudo da interação entre processos humanos e naturais com o ambiente geológico em áreas urbanizadas e os seus impactos, além do fornecimento de informações necessárias para o desenvolvimento sustentável, recuperação e conservação. A geologia é o suporte deste contexto e os loteamentos, a efetivação da alteração das condições originais da área, desta maneira, o laudo deve refletir, em primeiro lugar, as condições originais e, consequentemente, as recomendações que os riscos de intervenção irão acarretar. 3. PROPOSTA DE APRESENTAÇÃO DE DADOS COLIGIDOS 3.1 a localização da área Para a localização da área de estudos, nada melhor que utilizar um recorte do sítio eletrônico Google Earth, tem uma aproximação excelente, apresenta coordenadas e pode se ter uma visão regional, tanto das características de uso do solo, como das formas do relevo que se apresentam regionalmente e localmente. Se pode observar na figura abaixo (figura1) que apresenta uma área nas proximidades da cidade de Paranavaí, estado do Paraná, onde se nota uma drenagem em arenitos, e que esta em conflito com o meio urbano. Observar ponto de erosão, na parte superior, centro direita. Figura : 1 - Localização da área de estudo. Fonte : CEPPA, Google Earth, consultado em 20/11/2009. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3
Junto a esses dados coletados pela internet e para uma boa localização dos pontos de sondagens, também se é realizado um bom estudo topográfico, ou como chamado, planialtimétrico, em campo, com equipamentos dos mais modernos, que se pode encontrar na região. Este estudo vai direcionar muitas das informações e dados a serem trabalhados no relatório. Este levantamento topocadastral ou planialtimétrico é, geralmente feito, em escala 1:5000, ou próxima disto e, como seu nome ressalta, vai cadastrar todos os acidentes e/ou feições geomorfológicas presentes na área (erosão, sulcos, pontos de surgência, entre outros). Dai, sim, os pontos de sondagem são planejados (como na figura abaixo, de número 4 e 5) para que se possa retirar as informações que se desejar. 3.2 A hidrogeologia A localização dos corpos d'água deverá ser visual, ou por meio do programa Google (figura 1) ou por meio de informação disponível em cartas do IBGE. Com os dados das sondagens prepara-se a carta de tendência de fluxo das águas que estão subterrâneas (figura 2 e 3), neste caso, tomou-se como condição limite a altitude do córrego e o nível do lençol freático obtidos em somente duas sondagens. Figura 2: Localização dos pontos de sondagem, onde se observou lençol freático e a inferência da superfície piezométrica Figura 3: A partir da carta de declividades se determina direção do fluxo superficial das águas. Fonte: CEPPA, 2010. Para o caso de não se apresentar o NA nas sondagens, pode-se tomar como referência o nível da interface solo-rocha, pois vão provocar um fluxo subterrâneo, embora diferente do nível piezométrico, mas que poderá ser levado em consideração para a análise da movimentação da água no solo. É esta a realidade da região noroeste do Paraná, uma transição entre basaltos (formação Serra Geral) e areias (formação Caiuá). 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4
3.3 A geotecnia A partir de locadas e realizadas as sondagens, inicia-se a fase de descrição das amostras de solo/rocha e a interpretação das características geotécnicas. Figura : 4 - localização das sondagens e do teste de infiltração. Figura : 5 - localização das sondagens e sua composição com as curvas de nível obtidas no levantamento planialtimétrico Fonte: CEPPA, 2010. As sondagens estão apresentadas com as suas coordenadas georeferenciadas em UTM e aplicadas em uma imagem google para melhor identificação dos pontos pelos profissionais envolvidos. A grande discussão vem se ser a quantidade de sondagens que se deve planejar para um bom conhecimento da área. Primeiro deve-se levar em conta a regularidade da geologia da área, em segundo plano, o quanto se tem para investir e em terceiro, pelo conceito dos três pontos (número mínimo de informações por onde se pode traçar um plano), pode-se planejar a localização das amostragens. Como forma de resolver a questão a proposta é, utilizar três sondagens a cada forma de terreno que se levar em consideração e estiver diretamente relacionada com a área do loteamento. Assim numa vertente, no mínimo, utilizar três sondagens, no vale, no mínimo, realizar três amostragens e assim por diante, até estar com informações suficientes para entender o substrato da região ou do local. Uma vez feitas e interpretadas as sondagens (figura 4 e 5), embora possam ser utilizadas qualquer tipo de sondagem que forneçam informações por meio diretos ou indiretos, as do tipo SPT (standart penetration test, NBR 6484) fornecem vários tipos de dados que são importantes pelo tipo de informação que promovem e pelo custo reduzido que proporcionam ao investidor. Pode ser conhecido o tipo de solo e sua granulometria (tanto expedita, como com amostras para teste de granulometria - NBR 7181), interface solo - rocha, nível do lençol freático e, através da contagem do número de golpes necessários à cravação de cada trecho nominal de 15 centímetros do amostrador, em função da penetração correspondente (NBR 6484), estabelece uma classificação geotécnica e uma caracterização do comportamento destes solos. A classificação das rochas é feita através de observação manual e leitura das NBR 6502 e NBR 13441. Com estas informações formulam-se modelos através de programas de computador especializados em extrapolações. para este trabalho foi utilizado o programa "surfer". 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5
Figura : 6 - Carta hipsométrica. Fonte: CEPPA, 2010 Figura : 7 - Modelo digital do terreno Fonte: CEPPA, 2010. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6
Nas figuras acima (de número 6 e 7), através da análise do mapa com as curvas de nível pode-se ter uma ideia da hipsometria do terreno ou, do seu comportamento em relação as altitudes do terreno. Também com as informações do mapa topográfico ou topo cadastral, pode-se conseguir um modelo em três dimensões, chamado MDT (modelo digital do terreno). Com a análise, pelo programa "surfer", dos dados de declividade do terreno, classifica-se o loteamento segundo as classes relacionadas no trabalho de SEIGNEMARTIN, 1979, como a figura 8, abaixo. Pode-se visualizar a declividade ocorrente no loteamento e a sua média, em relação a área. Figura :8 - Classes de declividade Fonte : CEPPA, 2010. Pode-se também produzir cartas de espessura do solo, que são importantes para a execução de futuras escavações e trabalhos no subsolo. 4. CONCLUSÕES O que se apresentou veio da experiência em trabalhos multidisciplinares para o licenciamento de loteamentos que permitiram identificar características básicas da geologia e das estruturas e feições mais importantes para que o órgão ambiental e a prefeitura do município possam tomar a decisão de aprovação ou não dos projetos. Estes resultados auxiliam na manutenção ou nas discussões de alteração do plano diretor, uma vez que para que isto aconteça somente são levados em consideração as condicionantes políticas do processo, se esquecem no calor da disputa, dos condicionantes do meio físico. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7
AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a CEPPA pela cessão dos dados e ao UniCesumar pelo suporte oferecido pelo laboratório de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto e a Diretoria de Pesquisa que proporcionou o deslocamento ao evento. BIBLIOGRAFIA ABNT NBR 13.441. Rochas e solos. Simbologia. 1983. NBR 7181. Solo. Análise granulométrica - Método de ensaio. 1984. NBR 6502. Rochas e solos. Terminologia. 1995. NBR 6484. Sondagem de simples reconhecimento com SPT - método de ensaio. 2001. CEPPA - Projetos. Laudo geológico do Loteamento FLV Loteamentos Ltda. 2010. CULSHAW, M.G. e PRICE, S. J. A contribuição da geologia urbana ao desenvolvimento, recuperação e conservação de cidades (org. Kátia Canil e Francisco Nogueira de Jorge). São Paulo: ABGE, 2013. ESPINDOLA, Alberi. Laudo Pericial e outros Documentos Técnicos. 2015. Disponível em: <(http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/laudo-pericial-e-outros-documentos-técnicos,>. Acesso em: 29 jun. 2015. OREA, Domingo Gomez. El medio físico y la planificacion. Madrid: Cifca - Centro Internacional de Formacion en Ciencias Ambientales, 1980. SANTOS, Alvaro Rodrigues dos. Manual Básico para elaboração e uso da CARTA GEOTÉCNICA. São Paulo: Editora Rudder, 2014. 109 p. SEIGNEMARTIN, Claudio Lisias. Geologia de áreas urbanas: O exemplo de Ribeirão Preto, SP.. 1979. 126 f. Tese - Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1979. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 8