A GESTÃO DA POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: perspectivas de implementação no âmbito nacional ao municipal

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Transcrição:

A GESTÃO DA POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS: perspectivas de implementação no âmbito nacional ao municipal Alini Cristini Pedrini 1 Bruna Tereza Pereira 2 JulianaTheisen 3 Thaís Regina Chehban 4 Questão Agrária, Urbana e Ambiental INTRODUÇÃO O presente artigo tem como objetivo trazer alguns determinantes da implementação e gestão da política de gestão de resíduos sólidos no âmbito nacional até o âmbito municipal, em que se configura como Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Diante do contexto global de aceleração do esgotamento dos recursos naturais, de condições efetivas de proteção, deu-se entrada a uma crise civilizatória relacionada à degradação do meio ambiente. A adoção de um modelo capitalista e dominante de desenvolvimento in sustentável, vinculando diretamente as relações sociais e ambientais aos padrões de produção e consumo desejáveis as necessidades humanas, são determinantes para a degradação do meio ambiente. Assim, diante desta realidade faz-se necessário a mobilização e sensibilização da sociedade para a tomada de consciência acerca das consequências de suas ações e impactos sobre a natureza, surgindo assim diversas estratégias a fim de refletir e 1 Acadêmica do 4º ano do curso de Serviço Social da Unioeste / Campus de Toledo. Núcleo Temático: Meio Ambiente,, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental. Bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/ Serviço Social. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade GEPPAS ICV Voluntária. Integrante do Programa de Extensão SEIPAS/Unioeste/Campus de Toledo. alinic_pedrini@hotmail.com (45)9982-6182 2 Acadêmica do 4º ano do curso de Serviço Social da Unioeste / Campus de Toledo. Núcleo Temático: Meio Ambiente,, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental. Bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/ Serviço Social. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade GEPPAS ICV Voluntária. Integrante do Programa de Extensão SEIPAS/Unioeste. btereza@hotmail.com (45)9924-7967 3 Acadêmica do 4º ano do curso de Serviço Social da Unioeste / Campus de Toledo. Núcleo Temático: Meio Ambiente,, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental. Bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/ Serviço Social. Pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Ambientais e Sustentabilidade GEPPAS ICV Voluntária. Integrante do Programa de Extensão SEIPAS/Unioeste. juliana13_theisen@hotmail.com (45) 99687032 4 Acadêmica do 4º ano do curso de Serviço Social da Unioeste / Campus de Toledo. Núcleo Temático: Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental. thais_chehban@hotmail.com (45)9967-2513

2 discutir sobre valores e experiências que são capazes de transformar atitudes cotidianas, para solucionar questões ambientais atuais e futuras, o que se define por Educação Ambiental. Deste modo, assim como resultante do sistema capitalista em que vivemos, do estimulo à compra de produtos que lançam todos os dias no mercado, o lixo produzido toma proporções ilimitadas, compartilhando o espaço habitado pelo homem e demais formas de vida. Hoje, a crise econômica e ecológica se traduz em um montante de pobreza e risco para as populações mais vulneráveis [...] (LEFF, 2010, p.176). Além disso, o crescimento populacional trouxe consigo a expansão tecnológica e, assim, aumento também no consumo desses produtos. Somados a esses fatores e a deterioração dos recursos naturais, faz-se necessário a elaboração de projetos que visem desenvolver nos sujeitos a conscientização da importância de se construir um meio ambiente mais saudável, sendo necessária a preservação dos recursos naturais e medidas que visem a sustentabilidade ambiental. Entendendo que Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 2015), torna-se indispensável ações políticas no enfrentamento das expressões das questões socioambientais, e defesa da garantia do direito fundamental ao meio ambiente. Sendo assim, surge a necessidade da criação de Políticas Públicas que visem à sustentabilidade ambiental, bem como a qualidade de vida da população, criando assim, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com vistas a gestão integrada e ao gerenciamento correto dos resíduos sólidos em âmbito Estadual e Municipal. 1. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS A proposta instituída da nova Política Nacional de Resíduos Sólidos começou a ser discutida no final da década de 1980, porém a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei Federal N 12.305, de 02 de agosto de 2010. Segundo Teixeira (2013, p.10) após 21 anos de negociações e ampla participação social. A discussão em torno desta política marcou o início de uma forte articulação institucional envolvendo a União, estados e municípios, o setor produtivo e a sociedade civil, na busca de soluções para os problemas causados pela gestão inadequada dos resíduos sólidos urbanos, que compromete a qualidade de vida da população, de acordo com Teixeira (2013).

3 A PNRS dispõem sobre seus princípios, objetivos, diretrizes, instrumentos, metas e ações tomadas pelo governo federal que busca a colaboração dos Estados e Municípios para a sua efetivação, visando à gestão e gerenciamento correto dos resíduos sólidos. Ainda, a PNRS integra a Política Nacional do Meio Ambiente e se articula com a Política Nacional de Educação Ambiental e, ainda, com a Política de Saneamento Básico. No primeiro artigo a PNRS traz que é necessário disciplinar a gestão integrada dos resíduos sólidos, fazendo uso de princípios, objetivos e instrumentos que a viabilizem, transferindo as responsabilidades aos geradores, ao poder público e às pessoas físicas ou jurídicas responsáveis. No artigo quarto a Política traz o conjunto de princípios, diretrizes, metas e ações. Já artigo sexto diz respeito aos seus princípios, importa-se destacar o inciso VIII: o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promoção de cidadania. (BRASIL, 2010). Por conseguinte, trata da questão do desenvolvimento sustentável, em que o mesmo busca minimizar os impactos ambientais na forma de meios que visem à qualidade de vida. No artigo sétimo sobre seus objetivos, podemos ver sobre a proteção da saúde pública e da qualidade de vida, bem como a reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, o estímulo a padrões sustentáveis tanto de produção, quanto de consumo, a gestão integrada de resíduos sólidos, o incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental no reaproveitamento de resíduos sólidos, entre outros. Atualmente a meta da PNRS está sendo elaboração de estudos e projetos que estejam relacionados com a implantação da coleta seletiva, ou seja, a erradicação e reabilitação de lixões, além disso, que se tenham equipamentos próprios para a realização do trabalho. Assim, Bringhenti (2004, p.21) define a coleta seletiva como: Etapa de coleta de materiais recicláveis presentes nos resíduos sólidos urbanos, após sua separação na própria fonte geradora, seguido de seu acondicionamento e apresentação para coleta em dias e horários prédeterminados, ou mediante entrega em Postos de Entrega Voluntária (PEVs), em Postos de Troca, a catadores, sucateiros e entidades beneficentes. Outra meta é induzir a compostagem e o aproveitamento energético do biogás gerado nos aterros sanitários, fazendo com que se tenha promoção de desenvolvimento tecnológico para ambas formas de tratamento e incentivo a compostagem domiciliar e de grandes geradores.

4 A PNRS traz ainda em suas disposições a respeito do Plano Nacional, Estaduais e os Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, os quais devem ser elaborados para que os Estados e Municípios possam ter acesso aos recursos da União destinados ao manejo de resíduos sólidos a serviços relacionados à limpeza urbana. 2. A POLÍTICA ESTADUAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO PARANÁ De acordo com o Portal da Secretária do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná, a gestão de resíduos solido é de responsabilidade da SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e recursos Hídricos através da Coordenadoria de Resíduos Sólidos CRES, este que tem como condições estabelecer argumentos para a elaboração de politicas, normas, programas, projetos e ações em conjunto com os interesses da sociedade. Além disso, a CRES realiza sua atuação com as demais coordenadorias da SEMA e com os institutos que são vinculados 5 a Secretária, contudo para garantir a segurança e o cuidado com o meio ambiente do Estado, a Coordenadoria estabeleceu a Política Estadual de Resíduos Sólidos, esta que se limita a Agenda 21 e a Educação Ambiental. Desta maneira, a Politica de Resíduos Sólidos tem como premissa básica um conjunto de esforços institucionais e para com a sociedade na discussão sobre a questão dos resíduos sólidos. (PARANÁ, 2013a s/p). Nesta perspectiva, o Estado aprovou e sancionou a Lei de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo Decreto Estadual de nº 6.674 de 2002, que objetiva alternativas para solucionar a disposição final inadequada dos resíduos nos municípios do Estado do Paraná, além disso, a lei estabelece princípios, normas e critérios para geração, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos: [...] princípios, procedimentos, normas e critérios referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos no Estado do Paraná, visando controle da poluição, da contaminação e a minimização de seus impactos ambientais e adota outras providência. (PARANÁ, 2013b s/p). Além do controle da poluição, contaminação e minimização dos impactos ambientais a lei ainda indica ações implementares, como o estabelecimento de parcerias, destinação adequada dos resíduos, gestão diferenciada de resíduos domésticos, educação ambiental, 5 Instituto ambiental do Paraná (IAP), O Instituto das Águas do Paraná e o Instituto das Terras, Cartografia e Geociência (ITCG). (PARANÁ, 2013 s/p).

5 busca de soluções regionais, recuperação do passivo ambiental, qualidade de recursos hídricos, e outros. Logo, é através das ações implementadas pela Política Estadual de Resíduos que o Estado busca se adequar aos requisitos postos pela PNRS, esta que ainda descreve que o alicerce para alcançar os resultados que se espera com a implementação de uma politica é a integração entre Estados e Municípios, desta maneira que se da o respeito ao meio ambiente imediato além do bem estar da população envolvida neste processo de implementações. 3. PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS A PNRS contém instrumentos para enfrentar os principais problemas ambientais, sociais e econômicos resultantes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Na elaboração dos princípios desta Política está imposto a preocupação com a prevenção e a redução da geração de resíduos, tendo a proposta de práticas de hábitos de consumo sustentável, além de instrumentos que visam o aumento da reciclagem, reutilização dos resíduos sólidos e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. A PNRS ainda cria metas para contribuir com a eliminação dos lixões e estabelece instrumentos para o planejamento dos níveis nacional, estadual, microrregional, intermunicipal e metropolitano e municipal, assim como atribuir que particulares elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. (BRASIL, s/d). A elaboração dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, é estabelecido pela PNRS no art.18 da lei, sendo visto como condição para que o Distrito Federal e os Municípios tenham acesso aos recursos da União e que por ela possam ser controlados, ou destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade. Ainda no mesmo artigo desta lei, no parágrafo primeiro, inciso II da seção IV estabelece-se que são priorizados no acesso aos recursos da União, os Municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda. (BRASIL, 2010). Nesta perspectiva, o Município de Toledo foi solicitado já em 2005 para elaborar o Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PMGRS), em outubro deste mesmo ano foram iniciados os levantamentos preliminares, que compreenderam os levantamentos de

6 campo e de pesquisa das informações para elaboração do mesmo. Os trabalhos de campo para a caracterização dos resíduos sólidos domiciliares foram iniciados em janeiro e concluídos no final de março de 2006. A codificação das informações do ensaio de caracterização foi concluída na primeira quinzena de abril de 2006, quando iniciou-se a redação final do documento. O Plano foi atualizado em outubro de 2011 para atender determinações da PNRS, passando a ser denominado por Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos PMGIRS (TOLEDO, 2011). O PMGIRS é visto como resultado do envolvimento de diferentes setores da administração pública e da sociedade civil do Município de Toledo, que têm por finalidade realizar a limpeza urbana, que envolve: [...] a coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos, melhorando a qualidade de vida da população e promovendo a limpeza da cidade. Na elaboração do PGRS é levado em consideração as características dos geradores, os volumes e os tipos de resíduos produzidos, para que estes recebam a correta disposição final. (TOLEDO, 2011 p. 08) Segundo informações contidas no PMGIRS, o objetivo principal do mesmo é caracterizar os resíduos sólidos produzidos no Município, buscando a redução e orientar o correto acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e a disposição final destes. E trouxe como objetivos específicos: Realizar o ensaio gravimétrico dos resíduos sólidos domiciliares no momento de sua chegada no aterro sanitário municipal de Toledo-PR, para conhecer os resíduos que são dispostos no aterro; Descrever a situação atual da geração, coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos produzidos no Município de Toledo, abrangendo tanto os resíduos domiciliares, quanto os industriais; Definir diretrizes, de acordo com a legislação ambiental vigente, para adequar o gerenciamento de resíduos produzidos no Município de Toledo-PR, visando proteger a saúde humana e a qualidade ambiental, além de incentivar a produção limpa, incentivando a política dos 3 R s reduzir, reutilizar e reciclar; Propor atividades para ampliar a coleta seletiva e conduzir ações educativas sobre resíduos e o meio ambiente, com a finalidade de minimizar o passivo ambiental e ampliar a vida útil do aterro sanitário municipal. (TOLEDO, 2011, p. 09) Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), censo de 2010, a população do Munícipio de Toledo era de 119.353 habitantes, sendo, 58.359 do sexo

7 masculino e 60.994 do sexo feminino e destes, 108.287 habitantes residiam na área urbana e 11.066 habitantes eram residentes na área rural do Município (IBGE, 2010). No Município os serviços de coleta, transporte e disposição final dos resíduos sólidos domiciliares e compatíveis, e os resíduos provenientes da varrição dos logradouros no Município de Toledo-PR, são realizados pela Transportec - Coleta e Remoção de Resíduos Ltda. Além dos serviços de coleta, esta empresa realiza o serviço de transporte e disposição final dos resíduos sólidos e compatíveis nos distritos de Vila Nova, Novo Sarandi, São Luiz do Oeste, Dez de Maio, Dois Irmãos, Vila Ipiranga, Concórdia do Oeste, Novo Sobradinho, e nas localidades de Boa Vista, Bom Princípio e Ouro Preto. A regularidade da recolha dos resíduos sólidos na zona urbana do Município é efetuada de forma diária na região central, e 3 vezes por semana nos demais bairros. Nos distritos, a coleta é realizada 2 vezes por semana em Vila Nova e Novo Sarandi, e 1 vez por semana nos demais distritos e localidades, Toledo (2011). Quanto aos serviços de limpeza no Município, inclui se as tarefas de varrição poda de árvores, limpeza em estabelecimentos públicos com serviços de roçada e capina de terrenos, raspagem de vias públicas, limpeza de parques de exposição, limpeza de cemitério, limpeza de feiras, limpeza de bocas-de-lobo, lavagem de logradouros públicos, corte de grama, pintura de meio fio; desobstrução de ramais e galerias, e demais serviços relacionados. Para realização dessas tarefas, conta-se com equipes-padrão, distribuídas pelos diversos setores da sede do Município, além de 8 distritos e 3 localidades. Ainda, está disponibilizada para a população diversas lixeiras para depósito de resíduos, havendo a supremacia de lixeiras convencionais, sem compartimentos para a segregação dos resíduos. E em menor escala, existem conjuntos compostos por quatro lixeiras individuais, identificadas pela cor internacional de reciclagem para papel, vidro, plástico e metal (TOLEDO, 2011). Quanto a geração per capita de resíduos sólidos domiciliares, o cálculo teve por base a média de resíduos dispostos no aterro sanitário de Toledo-PR, nos anos de 2003 a 2005, e dividiu-se pela população urbana do Município. A quantidade de resíduos domiciliares dispostos no aterro sanitário entre 2003 a 2005 foi de respectivamente, 14.456.365 kg, 14.916.875 kg e 15.382.040 kg. A população urbana do Município de Toledo-PR, segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, para o ano de 2000 era de 85.920 habitantes. Dividindo-se o valor médio de resíduos gerados nos três anos

8 analisados, pela população urbana em 2000, obtêm-se o valor de 173,63 kg de resíduos/habitante/ano. Portanto, a geração per capita no Município de Toledo-PR era de 0,476 kg de resíduos/habitante/dia. 4. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL FRENTE ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS Conforme Iamamoto (1999), o profissional Assistente Social atua no campo social a partir de aspectos particulares da situação de vida da classe trabalhadora, relativos á saúde, moradia, educação, relações familiares, infraestrutura urbana, entre outros. Deste modo, está inserido na divisão social técnica do trabalho e tem como objeto de sua intervenção as expressões da questão social, e o ser social inserido em uma determinada realidade social, atuando assim sob o processo de reprodução das relações sociais. Sendo assim, entendendo que o meio ambiente na sociedade não se apresenta de forma isolada, mas sim, a partir da articulação com as relações sociais, relação está entre homem e natureza e seus diversos elementos. O profissional atua diretamente nas questões relacionadas ao meio social e ambiental uma vez que, nas relações entre o homem e o meio ambiente, também estão presentes as contradições sociais inerentes ao modo de produção capitalista. (SANTOS, 2007, p. 44). Deste modo, diante da perspectiva de se construir uma sociedade justa socioambientalmente, percebe-se a necessidade de imprimir o elo que o Serviço Social tem com as questões ambientais. A temática ambiental a partir das ações do Serviço Social, de forma específica ou interdisciplinar, assume um caráter inovador, democrático e transformador na perspectiva dada a educação ambiental como política pública e de defesa transversal dos direitos fundamentais. Assim, a intervenção profissional deve-se pautar pelos objetivos profissionais expostos no projeto ético-político da profissão, para que as ações desenvolvidas estejam de acordo com as regulamentações das leis que norteiam a profissão, a exemplo o Código de Ética Profissional, de 1993, e a Lei de Regulamentação da Profissão (Lei nº 8.662/93), pois o envolvimento dos Assistentes Sociais nas questões ambientais está relacionado ao seu comprometimento com os princípios colocados pelo Código de Ética Profissional de 1993 e que se vincula a um projeto societário (SANTOS, 2007, p. 45). Para Aguado; Gómez e Perez (2005, p. 45), o assistente social deve buscar conscientizar a população sobre os seus direitos

9 sociais, políticos e ambientais, pois tratar sobre as questões ambientais é incentivar processos de participação social da população e acima de tudo viabilizar direitos. CONSIDERAÇÕES Compreendem-se então que, a Política Nacional de Resíduos Sólidos vem para consolidar a educação ambiental, sendo uma das estratégias para reduzir os impactos causados pelo homem no meio ambiente. Esta Lei, como cita o art. 1º, dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010), portanto, compreende-se que os problemas relacionados á questão ambiental surgem da insustentabilidade dos padrões de produção e de consumo nomeados pela sociedade. Deste modo, a questão ambiental está diretamente vinculada às condições de qualidade de vida dos sujeitos sociais e de cidadania, dadas pela relação homem/natureza e proteção do meio ambiente. Faz-se necessário assim, uma mudança na cultura coletiva que afeta a forma de pensar, sentir e agir e nossa forma de nos relacionar com a natureza e entre nós mesmos. E que envolve aprendizagem social crítica, ética, democrática, e mudanças nos padrões de produção e consumo ambientalmente sustentáveis. Logo, cabe ao poder público e a coletividade assegurar a preservação ambiental para que as gerações futuras possam desfrutar de um ambiente sustentável, conforme artigo 225 da Constituição Federal de 1988. REFERÊNCIAS AGUADO, O. V.; GÓMEZ, J. A. D.; PÉREZ, A. G. (Orgs.). Necessidade de Formação do Assistente Social no Campo Ambiental. In: Serviço Social e Meio Ambiente. São Paulo: Cortez, 2005. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 07 de nov. de 2015. BRASIL, Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em 07 de nov. de 2015.

10 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em <http://www.mma.gov.br/pol%c3%adtica-de-res%c3%adduos-s%c3%b3lidos> Acesso em: 11 de nov. de 2015 BRINGHENTI, JR. Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos Urbanos: Aspectos Operacionais e da Participação da População. São Paulo, 2004 [ Tese de Doutorado Faculdade de Saúde Pública da USP]. IAMAMOTO, M. I. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. São Paulo, Cortez, 1999. LEFF, E. Discursos sustentáveis. São Paulo: Cortez, 2010. PARANÁ. Política de Resíduos Sólidos do Estado do Paraná a. Disponível em: <http://www.meioammbiente.pr.br/modules/conteuudo/conteudo.php> Acesso em: 07 de novembro de 2015. PARANÁ. Resíduos Sólidos no Estado do Paraná b. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/46_11112008102446.pdf> Acesso em: 07 de novembro de 2015. SANTOS, R. dos. Serviço Social e Meio Ambiente. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Filosofias e Ciências Humanas. Escola de Serviço Social. Rio de Janeiro, RJ, 2007. TEIXEIRA, I. Vamos Cuidar do Brasil: 4 Conferência Nacional do Meio Ambiente Resíduos Sólidos. Texto Orientador. 2 Edição. Brasília, maio de 2013. TOLEDO. Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. 2 edº. 2011. Disponível <http://www.toledo.pr.gov.br/sites/default/files/book/schererpmgrstoledo06setembro2007alter acao02.pdf> Acesso em: 08 de nov. 2015. em