DIREITO CONSTITUCIONAL

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Transcrição:

DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Fundamentais Direito à vida Profª. Liz Rodrigues

- Legislação infraconstitucional: o Código Penal prevê excludentes de antijuridicidade (arts. 23 a 25), quando o ato não será considerado crime são as situações em que a pessoa age em estado de necessidade (salvar de perigo atual, que não provocou e não podia evitar), legítima defesa ou estrito cumprimento de dever legal ou em exercício regular de direito.

- Aborto: como já visto, via de regra, a vida embrionária é protegida desde a concepção. - Porém, em alguns casos, a prática do aborto não será punida. - Aborto necessário (art. 128, I, CP): realizado para salvar a vida da gestante. - Aborto sentimental (art. 128, II, CP): realizado quando a gravidez resulta de estupro.

- Note que, nestes casos, o aborto só não será punido se praticado por médico e se, em caso de estupro, o ato for precedido do consentimento da gestante ou de seu representante legal, se ela for incapaz. - ADPF n. 54: a antecipação terapêutica de gestação de feto anencéfalo é considerada conduta atípica, em razão da inexistência de bem jurídico a ser protegido (o feto não tem vida viável após o nascimento).

- Término da proteção da vida: a Lei n. 9.434/97 (Lei de Transplantes) autoriza a retirada post mortem de tecidos, órgãos e partes do corpo humano após o diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos que não integrem as equipes de remoção e transplantes.

- Morte digna: se a vida e morte são indissociáveis, e sendo esta última um dos mais elevados momentos da vida, não caberá ao ser humano dispor sobre ela, assim como dispõe sobre a sua vida? (Meirelles e Teixeira). - Recusa de tratamento: ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O paciente maior, autônomo e devidamente informado pode decidir sobre o seu tratamento.

- Resolução do CFM n. 1.805/06: trata da limitação ou suspensão de procedimentos ou tratamentos na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis. - A vontade da pessoa ou de seu representante legal devem ser respeitadas.

- Diagnosticada a terminalidade da vida, qualquer terapia extra se afigurará ineficaz. Assim, já não se pode aceitar que o médico deva fazer tudo para salvar a vida do paciente (beneficência), se esta vida não pode ser salva. [...] Daí é que se pode concluir que, nessa fase, o princípio da não-maleficência assume uma posição privilegiada em relação ao princípio da beneficência visto que nenhuma medida terapêutica poderá realmente fazer bem ao paciente (ACP).

- Ortotanásia: morte em seu devido tempo, ocorre em razão de causas naturais; são providos cuidados paliativos, mas não são adotados tratamentos fúteis ou desproporcionais nem se tenta apressar a morte do paciente. Não é crime. - Eutanásia: pode ser feita por ação ou omissão e é motivada por sentimentos nobres (compaixão ou piedade). Para ser considerada eutanásia, o paciente deve estar experimentando forte sofrimento ou doença incurável.

- Suicídio assistido: alguém ajuda o paciente a por fim à vida, prestando-lhe assistência material. - Assim como a eutanásia, pode ser caracterizado como homicídio privilegiado (relevante valor moral) ou auxílio ou instigação ao suicídio.

- Testamento vital: a Res. n. 1995/2012 dispõe sobre as diretrizes antecipadas de vontade dos pacientes. - Conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer ou não receber no momento em que estiver incapacitado de expressar a sua vontade.

- Lei Estadual n. 10.241/99 (São Paulo): - Artigo 2º - São direitos dos usuários dos serviços de saúde no Estado de São Paulo: XXIII - recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida; XXIV - optar pelo local de morte.