CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA EM ANIMAIS 1 CAUSES OF DEATH AND REASONS FOR EUTANASIA IN ANIMALS

Documentos relacionados
ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1 STUDY OF MAMMARY NEOPLASMS IN DOGS

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1 STUDY OF MAMMARY NEOPLASMS IN DOGS

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 1

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS 1

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS 1

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR EM PORQUINHO-DA-ÍNDIA (Cavia porcellus): Relato de Caso RESUMO INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES¹ 1. Juliana Costa Almeida2, Maria Andreia Inkelmann3, Daniela Andressa Zambom4,

Data Projeto (título) Responsável 1º sem/2014 Inquérito epidemiológico de doenças da reprodução em rebanhos bovinos leiteiros do Rio Grande do Sul

Pesquisa Institucional desenvolvida no Departamento de Estudos Agrários, pertencente ao Grupo de Pesquisa em Saúde Animal, da UNIJUÍ 2

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0167

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1

Anais do 38º CBA, p.0882

PREVALÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM GATOS DOMÉSTICOS JOVENS COM DIARREIA PREVALENCE OF INTESTINAL PARASITES IN YOUNG DOMESTIC CATS WITH DIARRHEA

COLANGIOCARCINOMA EM UM CANINO COM MÚLTIPLAS METÁSTASES1 1 CHOLANGIOCARCINOMA IN A CANINE WITH MULTIPLE METASTASES

Laboratórios de diagnóstico veterinário: função e desenvolvimento no Brasil

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E HISTOPATOLÓGICO DE NEOPLASMAS CUTÂNEOS EM CÃES E GATOS ATENDIDOS NA ROTINA CLÍNICA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA 1

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Agente etiológico. Leishmania brasiliensis

Causas de óbito e razões para eutanásia em uma população hospitalar de cães e gatos

Nome do Componente Curricular: Curso: Semestre: Carga Horária: Horas Teóricas: Horas Práticas: Docente Responsável Ementa Objetivos Geral

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

ANÁLISE HISTOQUÍMICA DE TUMORES DE PELE EM CÃES NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO 1

LUIZ CLAUDIO FERREIRA

Introdução à Histologia e Técnicas Histológicas. Prof. Cristiane Oliveira

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Toxoplasmose. Zoonoses e Administração em Saúde Pública. Prof. Fábio Raphael Pascoti Bruhn

ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASMAS FELINOS DIAGNOSTICADOS DURANTE O PERÍODO DE 1980 A INTRODUÇÃO

ROTINA DO LABORATÓRIO DE PATOLOGIA DA FOA / UNESP

Tipos de estudos epidemiológicos

GABARITO OFICIAL. Área de concentração: ANESTESIOLOGIA

Processamento Histológico

Professora Especialista em Patologia Clínica UFG. Rua 22 s/n Setor aeroporto, CEP: , Mineiros Goiás Brasil.

Evento: XXV SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Ano VI Número 10 Janeiro de 2008 Periódicos Semestral ESPOTRICOSE FELINA. DABUS, Daniela Marques Maciel LÉO, Vivian Fazolaro

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM MISSÃO SALESIANA DE MATO GROSSO MANTENEDORA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

Atividade Complementar

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE BARRETOS DR. PAULO PRATA

GABARITO OFICIAL. Área de concentração: ANESTESIOLOGIA

AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM GATOS DOMÉSTICOS (Felis catus domesticus).

ANÁLISE RETROSPECTIVA DO DIAGNÓSTICO DE MICOPLASMOSE ANIMAL PELA PCR NO PERÍODO

Campus Universitário s/n Caixa Postal 354 CEP Universidade Federal de Pelotas.

Clarisse Alvim Portilho et all

HISTOLOGIA. Introdução ao Estudo dos Tecidos

QUADRO GERAL DE HORÁRIOS MEDICINA VETERINÁRIA

Associação Brasileira de Patologia Veterinária - ABPV

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA LABORATÓRIO DE PATOLOGIA VETERINÁRIA

ETUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE NEOPLASIAS DE CÃES E GATOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO

Universidade Federal de Pelotas Departamento de Veterinária Preventiva Toxoplasmose Zoonoses e Administração em Saúde Pública

SORODIAGNÓSTICO DE ANTICORPOS ANTI-Neospora caninum EM CÃES DA ÁREA URBANA E RURAL DO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

ANEXO I-B DO EDITAL N o 079/ PRORH LISTA DE PONTOS E AVALIAÇÃO DA PROVA PRÁTICA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO ANATOMIA

RESSALVA. Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 04/04/2016.

PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA MEDICINA VETERINÁRIA

ESTUDO DE CASOS DE LEPTOSPIROSE NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIJUÍ 1 CASE STUDY OF LEPTOSPIROSIS IN THE UNIJUÍ VETERINARY HOSPITAL

PREVALÊNCIA DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS EM AMOSTRAS DE FEZES CANINAS ANALISADAS NA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA SP

PAPILOMATOSE BUCAL CANINA

do Vale do Araguaia UNIVAR - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA HUMANA NO MUNICÍPIO DE GENERAL CARNEIRO MATO GROSSO

FREQUÊNCIA DO CORONAVIRUS E PANLEUCOPENIA FELINA EM GATOS DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS-MA

UTILIZAÇÃO DE TESTES DIAGNÓSTICOS RÁPIDOS NA DETECÇÃO DE ENFERMIDADES EM GATOS

CONTROLE DA RAIVA ANIMAL NO MUNICÍPIO DE APARECIDA DE GOIÂNIA

FREQUÊNCIA DE NEOPLASIA EM CÃES NA CIDADE DO RECIFE NO ANO DE 2008.

POLIOENCEFALOMALACIA

PROJETO DE PESQUISA ASPECTOS ANÁTOMO-PATOLÓGICOS DE DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO E TUMORES MÚSCULO-ESQUELÉTICOS

Doenças de animais de produção na região centro-norte do Estado de Tocantins: 85 casos

Lucas Nicácio Gomes Médico Veterinário UNESC Colatina-ES. Imunodeficiência Viral Felina FIV Revisão de Literatura

Programa Analítico de Disciplina VET375 Clínica Médica de Cães e Gatos

MANUAL DE ORIENTAÇÃO COLETA, ACONDICIONAMENTO E PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS

Programa Analítico de Disciplina VET340 Doenças Bacterianas

PROCESSO SELETIVO - Mestrado acadêmico 2017 Horário da Entrevista Dia: 28/11/2016 (Segunda-feira) Linha de Pesquisa:

CORRELAÇÃO ENTRE A CITOLOGIA ASPIRATIVA COM AGULHA FINA E HISTOPATOLOGIA: IMPORTÂNCIA PARA O DIAGNÓSTICO DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS 1

ESTUDO DOS CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DOS TUMORES MISTOS MAMÁRIOS CANINOS

Embriologia e Histologia Animal I

Programa Analítico de Disciplina VET171 Semiologia Veterinária

CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS

Técnica Básicas para Análises de Células e Tecidos

Prevalência de Raiva Herbívora no Estado do Paraná em 2015

PROCESSOS PATOLÓGICOS GERAIS. Prof. Archangelo P. Fernandes

ESTUDO ANATÔMICO DAS LESÕES DE ENDOCARDIOSE EM CÃES ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO UNIJUÍ: PREVALÊNCIA E CASUÍSTICA 1

INFORME TÉCNICO 005/2014

MASTECTOMIA COMO TRATAMENTO DAS NEOPLASIAS MAMÁRIAS DE CADELAS: FREQUÊNCIA E CORRELAÇÃO COM O TIPO HISTOLOGICO

PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES RAIVA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ COORDENADORIA DE CONCURSOS CCV

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE NOTA TÉCNICA CCZ/CIEVS/DVIS/SMS N.º 03/2018 DE 23 DE FEVEREIRO DE 2018

Médico Veterinário, PhD, Professor Titular, Departamento de Patologia UFSM;

ASSOCIAÇÃO DA CARGA PARASITÁRIA NO EXAME CITOLÓGICO DE PUNÇÃO BIÓPSIA ASPIRATIVA DE LINFONODO COM O PERFIL CLÍNICO DE CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL.

Leishmanioses. Zoonoses e Administração em Saúde Pública Universidade Federal de Pelotas. Prof. Fábio Raphael Pascoti Bruhn

QUADRO GERAL DE HORÁRIOS MEDICINA VETERINÁRIA ISCIPLINAS OPTATIVAS

Uma breve galeria de fotos

PROJETO DE CAPACIDADE TECNOLÓGICA COM ÊNFASE EM SANIDADE AQUÍCOLA PARA MICRO E PEQUENOS CARCINICULTORES DO RIO GRANDE DO NORTE

ESTUDO RETROSPECTIVO DE 267 AFECÇÕES POR PROTEUS MIRABILIS E PROTEUS VULGARIS EM CÃES (2003 A 2013)

Prevalência de sorologias positivas para BVD, Neospora e IBR em rebanhos bovinos leiteiros do Sul de Minas Gerais

TÍTULO: FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DO DIAGNÓSTICO CITOPATOLÓGICO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

AULA PRÁTICA 3-02/06/2015. Roteiro de aula prática. Infecção de macrófagos por Leishmania (Leishmania) amazonensis

FACULDADE PIO DÉCIMO COORDENAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA EDITAL DE SELEÇÃO INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2014/1

Ocorrência de Cicatrizes e Abscessos Causados pela Linfadenite Caseosa em Caprinos do Rebanho da Embrapa Semiárido

BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS de ZOONOSES e SAÚDE PÚBLICA

Transcrição:

CAUSAS DE MORTE E RAZÕES PARA EUTANÁSIA EM ANIMAIS 1 CAUSES OF DEATH AND REASONS FOR EUTANASIA IN ANIMALS Simoni Janaína Ziegler 2, André Lucca Pizutti 3, Beatriz Zanfra Sereno 4, Maria Andréia Inkelmann 5 1 Projeto de pesquisa realizado no curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ 2 Bolsista PROBIC/FAPERGS, acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, e-mail: simoni.jz@hotmail.com 3 Acadêmico e voluntário de pesquisa do Curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, e-mail: andre.pizutti@hotmail.com 4 Bolsista PIBIC/CNPq, Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, e-mail: beatrizzsereno@gmail.com 5 Professora Orientadora Doutora em Medicina Veterinária da UNIJUÍ, e-mail: mariamedpath@gmail.com Introdução: Conhecer a prevalência das diferentes doenças que afetam determinadas populações de animais é útil no momento de estabelecer os diagnósticos diferenciais de determinadas enfermidades. É importante conhecer as principais causas de morte e saber as diferenças entre as raças, o sexo, o porte ou a idade para uma melhor ação de controle e prevenção das diversas doenças que afetam os animais (PROSCHOWSKY; RUGBJERG e ERSBOLL, 2003), além de poder se comparar as prevalências de padrões de mortalidade das espécies de animais domésticos estudadas (BONNETT et al., 2005). Em poucos estudos disponíveis realizados em populações de cães e gatos, as doenças de origem infecciosa, traumática, degenerativa ou neoplásica são descritas como causa de morte espontânea ou razão para eutanásia (FIGHERA et al., 2008). Entretanto, na maioria dos estudos as doenças ou lesões de cada sistema orgânico são descritos em geral de forma específica ao sistema e a espécie animal afetada. Como exemplos disso pode-se citar estudos sobre doença viral em cães (OLIVEIRA et al., 2009) e doença viral em gatos (TEIXEIRA et al., 2012). Diferentes estudos divergem nos resultados em relação, por exemplo, a prevalência das doenças infecciosas em pequenos animais. Aparentemente há relação com o tipo de população e os programas de vacinação utilizados para a prevenção de tais doenças (FIGHERA et al., 2008). Casos de intoxicação também são relatados em determinadas populações caninas (OLSEN e ALLEN, 2000). Em grandes animais há poucos estudos determinando a prevalência das principais doenças que acometem, principalmente, equinos e bovinos. Em ruminantes no sul do Brasil, um estudo obteve como principais ocorrências as intoxicações e doenças inflamatórias e parasitárias (LUCENA et al., 2010). Já na espécie equina as doenças do sistema digestivo, muscular e nervoso foram as

principais em uma determinada população (PIEREZAN et al., 2009). Na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul se faz necessário um estudo que possa abranger as doenças que afetam os diversos sistemas orgânicos para se estabelecer as enfermidades mais prevalentes como causa de morte ou razão para eutanásia dos animais domésticos. Com estudos desta natureza podemos determinar um perfil das enfermidades relacionando-o com as espécies acometidas e assim aumentar a eficácia do diagnóstico e prevenção. Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar o perfil epidemiológico das doenças dos animais domésticos na região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, possibilitando uma pesquisa que pudesse abranger as doenças que afetam os diversos sistemas orgânicos, estabelecendo assim as enfermidades mais prevalentes como causas de morte ou razão para eutanásia dos animais. Metodologia: As necropsias realizadas em aula prática de Patologia Veterinária Especial do Curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ e casos de necropsia de rotina do Laboratório de Patologia da UNIJUÍ foram utilizadas para a pesquisa de lesões em todos os sistemas orgânicos dos animais. Das lesões foi realizado um registro fotográfico para compor os dados descritos no diagnóstico final. Das lesões foram colhidas amostras de 1 cm³ para fixação em formol a 10%. Cada animal recebeu um número de registro e foram anotadas todas as alterações macroscópicas, dados epidemiológicos tais como, espécie, raça, sexo e idade. A informação fornecida pelo clínico sobre a morte do animal (se foi morte espontânea ou submetida à eutanásia) também constaram dentre os dados coletados. Para o processamento das amostras os órgãos fixados por no mínimo 24 a 48 horas, e as amostras foram clivadas em espessura de 3 mm e colocadas em cassetes histológicos identificados com número de protocolo e postos no histotécnico. Depois de retirados do histotécnico, os tecidos foram postos em formas de inox sob placa aquecida a 70ºC, e após as formas foram completadas com parafina entre 60 a 70ºC. Os blocos foram colocados em um freezer, e, depois de gelados foram retirados das formas de inox e colocados no micrótomo para fazer os cortes histológicos a espessura de 3 a 5 μm. Estes foram postos em banho-maria a temperatura entre 38ºC e 40ºC e então colocados em lâmina de vidro com ponta fosca identificada com o número do protocolo de identificação da amostra no laboratório. As lâminas permaneceram secando por 15 minutos e então foram levadas para a estufa por 30 minutos em temperatura entre 60º e 70ºC. Após este processo, passadas por uma bateria de coloração, sendo que a coloração utilizada como rotina é a hematoxilina-eosina (HE). Após passadas em sequência de álcool, xilol e nos corantes as lâminas eram montadas com lamínulas coladas com adesivo sintético (Entelan ). As mesmas permaneciam secando por 20 minutos sendo então analisadas em microscópio de luz e anotada a descrição das lesões.

Resultados e Discussão: De agosto de 2017 a maio de 2018 foram recebidos 71 casos pelo Laboratório de Patologia Veterinária, sendo eles tanto de necropsia de aula prática da disciplina de Patologia Veterinária Especial como necropsias de rotina. Destes 71 casos foram 50 casos de morte espontânea (70,42%) e 21 casos de eutanásia (29,58%), e, destes 51 eram caninos (71,83%), 14 felinos (19,72%), dois bovinos (2,82%), dois porquinhos da índia (2,82%), um coelho (1,41%) e um ovino (1,41%). Os casos foram divididos em dois grupos: pelo tipo de morte (morte espontânea e eutanásia) e espécie. Também foram agrupados em categorias de doenças diagnosticadas. Abaixo, estas divisões são citadas juntamente com a quantidade de casos em cada grupo ou categoria, sendo os casos de caninos e felinos dispostos nas Tabelas 1 e 2.

Em poucos estudos disponíveis realizados em populações de cães e gatos, as doenças de origem infecciosa, traumática, degenerativa ou neoplásica são descritas como causa de morte espontânea ou razão para eutanásia (FLEMING; CREEVY e PROMISLOW, 2011). Os processos neoplásicos estão entre as causas mais frequentes de morte, sendo que esta incidência aumenta na população geriátrica (MARTINS; OLIVEIRA e CAMERA, 2011). O que difere do presente estudo em que as maiores causas de morte foram por doenças do sistema urinário, do sistema circulatório e outros distúrbios. Os bovinos foram dois fetos, um de aborto com lesões compatíveis em casos de aborto por Neospora caninum e o outro por parto distócico. O ovino teve morte espontânea com causa inconclusiva. Estima-se que entre 10 e 35% dos rebanhos bovinos no Brasil sejam soropositivos para N. caninum. A neosporose tem como principal manifestação clínica o aborto em bovinos, que pode ocorrer em qualquer fase gestacional. A frequência desta patologia causada pela neosporose é alta. Pesquisas apontam que entre 15 e 43% das perdas por abortamento em bovinos são causados pela neosporose (GONDIM, 2016). O coelho foi por morte espontânea com causa inconclusiva. Tiveram também dois porquinhos da índia, um com morte espontânea por doenças do sistema urinário e o outro eutanásia por doença infecciosa, Leishmaniose. O porquinho da índia é comumente infectado pela L. enriettii que não é considerada uma zoonose (ALMEIDA, 2006). Segundo Teixeira (2014), os porquinhos da índia apresentam lesões normalmente cutâneas, ulceradas ou não, com evolução, em geral, auto resolutiva e localizadas nas orelhas dos indivíduos. O protocolo utilizado para animais positivos para Leishmaniose é a eutanásia (LANGONI, 2016). A leishmaniose é uma doença causada por protozoários intracelulares do gênero Leishmania. É uma doença infecciosa que afeta humanos, animais domésticos e selvagens (BANETH e GALLEGO, 2012). Considerações Finais: Com os casos estudados conclui-se que em pequenos animais os neoplasmas foram a principal razão para eutanásia ocorridas no período. Dentre as causas de morte espontânea podem-se destacar as doenças do sistema circulatório e doenças do sistema urinário. Dos casos de grandes animais foi possível obter o diagnóstico de neosporose e morte por parto distócico. Palavras-chave: necropsia; laboratório; mortalidade; diagnóstico. Key-works: necropsy; laboratory; mortality; diagnosis. Referências Bibliográficas: ALMEIDA, F. G. Leishmaniose visceral e tegumentar canina. 2006. 63f. Revisão de literatura (Curso de pós-graduação) - Universidade Castelo Branco, Campo Grande, nov., 2006. BANETH, G. e GALLEGO, L. Leishamaniasis. In: GREENE, C. E. Infectious Diseases of the Dog and Cat. 4ª ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2012. p. 734 746.

BONNETT, B. N. et al. Mortality in over 350,000 insured swedish dogs from 1995-2000: I. Breed-, gender-, age- and cause-specific rates. In: Acta Veterinaria Scandinavica, v. 46, n. 3, p. 105-120, 2005. FIGHERA, R. A. et al. 2008. Causas de morte e razões para eutanásia de cães da Mesorregião do Centro Ocidental Rio-Grandense (1965-2004). Pesquisa Veterinária Brasileira. 28(4):223-230. FLEMING, J. M.; CREEVY, K. E. e PROMISLOW, D. E. L. 2011. Mortality in North American Dogs from 1984 to 2004: An investigation into age, size and breed-related causes of death. Journal of Veterinary Internal Medicine 25:187-198. GONDIM, L. F. P. Neosporose. In: MEGID, J.; RIBEIRO, M. G. e PAES, A. C. Doenças Infecciosas em Animais de Produção e de Companhia. Ed: Roca RJ, 2016. 1ª ed. cap 99, p 1032 1039. LANGONI, H. Leishmaniose. In: MEGID, J.; RIBEIRO, M. G. e PAES, A. C. Doenças Infecciosas em Animais de Produção e de Companhia. Ed: Roca RJ, 2016. 1ª ed. cap 97, p 1013 1024. LUCENA, R. B. et al. 2010. Doenças de bovinos no Sul do Brasil: 6.706 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira. 30(5):428-434, maio 2010. MARTINS, D. B.; OLIVEIRA, D. T. e CAMERA, L. 2011. Comportamento tumoral em cães. XVI Mostra de Iniciação Científica e IX Mostra de Extensão Unicruz. OLIVEIRA, C. E. et al. 2009. Achados clínicos e patológicos em cães infectados naturalmente por herpesvírus canino1. Pesquisa Veterinária Brasileira. 29(8):637-642. OLSEN, T. F. e ALLEN, A. L. 2000. Causes of sudden and unexpected death in dogs: A 10-year retrospective study. The Canadian Veterinary Journal. 41:873-875. PIEREZAN, F. et al. 2009. Achados de necropsia relacionados com a morte de 335 equinos: 1968-2007. Pesquisa Veterinária Brasileira. 29(3):275-280. PROSCHOWSKY, H. F.; RUGBJERG, H. e ERSBOLL, A. K. 2003. Mortality of purebred and mixedbreed dogs in Denmark. Preventive Veterinary Medicine, 58:63-74. TEIXEIRA, B. M. et al. 2012. Feline Immunodeficiency Virus in South America. Viruses. 4, 383-396. TEIXEIRA, V. N. Rodentia Roedores Exóticos (Rato, Camundongo, Hamster, Gerbilo, Porquinhoda- Índia e Chinchila). In: CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. e DIAS, J. L. C. Tratado de Animais Selvagens. 2ª ed. São Paulo: Editora Roca Ltda. Cap 55, 2014.