Paulo Haus Martins - OAB/SC - Florianópolis 06/08/18. Compliance e Terceiro Setor

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Transcrição:

Paulo Haus Martins - OAB/SC - Florianópolis 06/08/18 Compliance e Terceiro Setor

Histórico EUA início dos anos 2000 - Escândalos financeiros 2001 - Concordata da Enrom - Auditoria Arthur Andersen (simulou lucro e ocultou de dívidas de 25bilhões por dois anos) Fraudes contábeis, Manipulação de Balanços 2002 - Sarbanes-Oxley Act (lei Sarbanes-Oxley ou SOX)

objetivos (SOX) conceder simetria de informações normas de transparência estabelecer normas mínimas de gestão (governança) evitar o desinvestimento causado pela desconfiança de investidores obrigar a normas de gestão de riscos

elementos tradicionais de gestão Transparência Equidade Prestação de Contas Responsabilidade Corporativa elementos de compliance Antecipação Prevenção Gestão de riscos Uniformidade de informações

o que significa To comply = Cumprir Compliance = Cumprimento Conformidade Não cumprimos a lei? Não teríamos lei suficiente? Precisaríamos de lei nova para cumprir as leis antigas? E como isso afeta Brasil

..e como isso afeta ao Brasil

Conformidade? Mais do que normas e leis: processos (internos e externos) mapeamento de processos, tomadas de decisão regulamentos internos formas de transparência Controle interno atento para os riscos operacionais

e, como resultado normas internacionais contra lavagem de dinheiro normas internacionais anticorrupção modificações nas regras de sigilo bancário programas internos para detecção de inconformidades ouvidorias e procedimentos para recepção de denúncias

e o Brasil acompanhou Lei 12813/13 - Conflito de interesses em cargo público Decreto 3678/00 - Convenção de Combate à Corrupção Lei 12846/13 - Lei anticorrupção - empresa limpa Lei 9613/98 - Lavagem de dinheiro (lei 12683/12) Res.Bacen 4327/14 - Responsabilidade socioambiental de instituições financeiras etc

e o terceiro setor?

O setor da solidariedade O setor da conexão

No terceiro setor se conectam os outros setores em ações de solidariedade O terceiro setor trabalha no campo antissistêmico O que o mercado dá conta, dá lucro, não precisa de solidariedade

que muitos entendem como enxugar gelo Será que o enfrentamento concreto dos desafios típicos das atividades do terceiro setor são possíveis sem uma ação organizada do estado e o compromisso das empresas.ou, pior, por vezes contra a ação organizada do estado e contra o compromisso do setor privado.

Assim, em primeiro lugar, falar de legalidade restrita é um desafio para o setor Depois, falar em controles para o que é considerado externalidade é outro desafio para o setor Por fim, quem paga o custo dos controles?

Algumas consequências Nossas fontes de recursos tendem a ser diversas de nossas atividades A partir de 1997 no Brasil passamos a viver um modelo de desincentivo às doações de pessoas físicas e, portanto, o terceiro setor costuma depender de editais de governo e das doações de grandes empresas e, portanto, as normas que submetem o poder público e as grandes empresas tendem a ser transitadas para o Terceiro Setor

Estaria o Terceiro Setor preparado para uma revolução em sua gestão?

quantas prestações de contas? Esse é o setor menos preparado para procedimentos burocráticos do Brasil, com menos pessoal administrativo Esse é o setor que mais presta contas para diferentes demandantes Não há normas de prestações de contas disciplinadas por lei, não há segurança histórica

Desafios Transparência Assumir as agendas do terceiro setor que não são nossas (de cada organização) melhorar a gestão do setor (muito se melhorou desde fins dos anos 90, mas certamente ainda se está longe do ideal) Formar profissionais especializados no setor (advogados, gestores, contadores ) popularizar o acesso às leis e regulações e, antes de tudo, à constituição

Como cada um pode iniciar? estabelecer manuais internos de identificação de processos tentar manter um canal de relacionamento estreito com os controles internos das empresas e antecipar problemas estabelecer em acordos os métodos de prestação de contas satisfatórios autoregulação do setor?

autoregulação, talvez, mas antes Precisamos merecer o título de Sociedade Civil ORGANIZADA Poucos setores são tão desorganizados quanto o nosso Poucos setores são tão desarticulados e, por vezes, incapazes de prover solidariedade entre os seus Não representamos todos os indivíduos, mas somos a representação da promessa de liberdade e de democracia: liberdade associativa e possibilidade de agir em prol do bem público!

Paulo Haus Martins www.hausmartins.com.br Advogado especializado em direito do Terceiro Setor Professor do MBE/RTS-IE - UFRJ - Responsabilidade Social e Terceiro Setor Presidente da Federação de Fundações e Associações de Interesse Público do Estado do Rio de Janeiro Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Fundações