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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOSÉ REYNALDO (Presidente sem voto), ROBERTO MAC CRACKEN E ARALDO TELLES.

Transcrição:

ACÓRDÃO Registro: 2016.0000521423 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108, da Comarca de Jundiaí, em que é apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE CAJAMAR, são apelados LILIANA COCITO ARMANINO, MATTEO COCITO ARMANINO e NÍCOLAS COCITO ARMANINO. ACORDAM, em 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento à apelação da Municipalidade e deram parcial provimento ao recurso oficial, para reduzir a verba honorária, nos termos preconizados, mantida, no mais, a sentença, v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores RICARDO ANAFE (Presidente sem voto), BORELLI THOMAZ E SOUZA MEIRELLES., 27 de julho de 2016. DJALMA LOFRANO FILHO RELATOR Assinatura Eletrônica

Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 Apelante: Prefeitura Municipal de Cajamar Apelados: Liliana Cocito Armanino, Matteo Cocito Armanino e Nícolas Cocito Armanino Comarca: Jundiaí Juiz: Adriana Nolasco da Silva RELATOR: DJALMA LOFRANO FILHO Voto nº 8068 APELAÇÃO CÍVEL. APOSSAMENTO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. Prescrição. Inocorrência. Considerando que a desapropriação indireta pressupõe a realização de obras pelo Poder Público ou sua destinação em função da utilidade pública/interesse social, com base no atual Código Civil, o prazo prescricional aplicável às expropriatórias indiretas passou a ser de 10 (dez anos). No caso dos autos, como não decorreu mais da metade do prazo vintenário do Código revogado, consoante a regra de transição prevista no art. 2.028 do CC/2002, incide o prazo decenal do atual Código, contado a partir de sua entrada em vigor (11.1.2003). O desapossamento ocorreu em 25.05.1994 e ação foi proposta em 12.04.2011, antes, portanto, do transcurso de 10 anos da vigência do novo Código Civil, não se verificando a prescrição. Outrossim, o prazo prescricional foi interrompido com notificação ocorrida em 19.10.2006, sendo seu termino prorrogado para 19.10.2016. MÉRITO - Firmado acordo entre as partes, deveria a Municipalidade, após a obtenção de todos os documentos necessários, realizar a desapropriação por utilizada pública, que, todavia, não foi efetivada. Prefeitura Municipal que se imitiu na posse do terreno, nele edificando um campo de futebol, sem nenhuma contraprestação aos proprietários. Esbulho caracterizado. Indenização devida. Laudo pericial conclusivo no sentido de que a Municipalidade adentrou em 1994, no terreno dos autores. Mantida a indenização fixada na sentença, com amparo no laudo elaborado pela perita de confiança do juízo, no importe de R$ 8.728.941,96. JUROS COMPENSATÓRIOS. Aplicação do art. 3.º da Medida Provisória n.º 1577-3, de 04.09.97, o qual definiu o percentual de 6%, ante a concessão de liminar na ADI n.º 2.332 para o período de setembro de 1997 a setembro de 2001 e no percentual de 12% a partir de setembro de 2001, nos termos da Súmula 618, do STF. Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa de juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano. JUROS Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 2

MORATÓRIOS. Incidência da Medida Provisória nº 2.183-53 de 2001. Termo inicial em 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser efetuado. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. Incidência das Leis 9.494/97, 11.960/2009 e 12.703/2012, conforme orientação do STF sobre a matéria. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Valor muito elevado fixado na sentença, tendo por parâmetro percentual sobre a indenização. Considerando-se que não se trata de demanda complexa, mas de fácil solução, e que não demandou maiores esforços dos profissionais que nela atuaram, determinada a redução da verba honorária para R$ 15.000,00, consoante o disposto no 4º do artigo 20 do CPC/73, vigente à época em que prolatada a sentença. Recurso de apelação da Municipalidade não provido e recurso oficial parcialmente provido. Vistos. Trata-se de recursos oficial e de apelação interpostos nos autos da ação de rito ordinário ajuizada por Liliana Cocito Armanino e outros em face da Prefeitura Municipal de Cajamar. Na sentença de fls. 197/202, foi julgado parcialmente procedente o pedido da autora de indenização por desapropriação indireta e, em consequência, foi incorporada ao patrimônio da ré a área indicada no laudo pericial, mediante o pagamento de R$ 8.728.941,96 para julho de 2012, acrescidos de juros moratórios de 6% ao ano contado nos termos do art. 15-B, do Decreto-Lei n.º 3365/41, até o efetivo pagamento, bem como juros compensatórios de 12% ao ano, que serão devidos a partir de 28/06/06. A parte vencida foi condenada, ainda, ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da indenização. A apelante sustentou o seguinte: a) ocorrência de prescrição; b) fixação de valor desproporcional em relação à área utilizada; c) a Municipalidade não pode ser penalizada por causa da inércia dos Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 3

requerentes; d) o laudo pericial não levou em conta todos os elementos necessários; e) afastamento dos juros moratórios e compensatórios (fls. 209/214). Contrarrazões (fls. 218/224). É o relatório. Em respeito às garantias e direitos fundamentais conferidos pelo art. 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal de 1988 e art. 6º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, a presente decisão será analisada sob a ótica da lei processual vigente ao tempo de sua prolação - CPC/1973 -, e em atenção ao disposto no art. 14 do Código de Processo Civil de 2015 do seguinte teor: a norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Inicialmente, não há falar em prescrição. O Código Civil de 2002 reduziu o prazo prescricional para pleitear indenização por desapropriação indireta, outrora de 20 anos (art. 550 do CC/1916 e Súmula n.º 119, do STJ), para 10 anos (art. 205, do CC/2002). De acordo com a regra de transição prevista no art. 2.028, do Código Civil/2002, serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. Portanto, são dois os requisitos exigidos para aplicação Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 4

do prazo prescricional antigo em detrimento do atual: redução do prazo prescricional e transcurso de mais da metade do antigo prazo. No caso em exame, o Municipalidade entrou na posse do terreno em 25.05.94 (fls. 35/36), primeiro marco do prazo prescricional. Quando entrou em vigor o novo Código Civil, em janeiro de 2003, ainda não havia transcorrido metade do prazo prescricional vintenário, razão pela qual, aplicando-se a aludida regra de transição, o prazo prescricional passou a ser decenal. Conforme entendimento que se solidificou no STJ, em hipóteses como a dos autos, em que há redução do prazo, o termo a quo do novo lapso prescricional passa a ser a vigência do novo Código Civil, que se deu em 11.01.2003, não mais a data em que nasceu a pretensão. Nesse sentido, confira-se o seguinte julgado do STJ: ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA. MITIGAÇÃO DA SÚMULA 119/STJ. CÓDIGO CIVIL DE 2002. REDUÇÃO DO PRAZO. ART. 1.238. PRESCRIÇÃO DECENAL. TERMO INICIAL. ENTRADA EM VIGOR DO NOVO CÓDIGO. SÚMULA 83/STJ. 1. O Código Civil de 2002 reduziu o prazo do usucapião extraordinário para 15 anos (art. 1.238, caput) e previu a possibilidade de aplicação do prazo de 10 (dez anos) nos casos em que o possuidor tenha estabelecido no imóvel sua moradia habitual, ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 2. Considerando que a desapropriação indireta pressupõe a realização de obras pelo Poder Público ou sua destinação em função da utilidade pública/interesse social, com base no atual Código Civil, o prazo prescricional aplicável às expropriatórias indiretas passou a ser de 10 (dez anos). 3. No caso dos autos, como não decorreu mais da Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 5

metade do prazo vintenário do Código revogado, consoante a regra de transição prevista no art. 2.028 do CC/2002, incide o prazo decenal do atual Código, contado a partir de sua entrada em vigor (11.1.2003). Assim, tendo em vista que a ação foi proposta em 19/09/2011, antes do transcurso de 10 (dez) anos da vigência do novo Código Civil, não se configurou a prescrição. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 815.431/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/02/2016, DJe 11/02/2016). Assim, o término do mencionado prazo ocorreria apenas em janeiro de 2013. Sendo a ação ajuizada em 12.04.2011, evidente que não se verificou a prescrição. Outrossim, vale destacar também que com a notificação ocorrida em 19.10.2006 o prazo prescricional foi interrompido (fls. 166/193), sendo seu término, no caso em exame, prorrogado para 19.10.2016. Logo, por qualquer ângulo que se analise a questão, não há que se falar em prescrição, ficando, pois, rejeitada esta alegação da apelante. No que tange ao mérito, os autores ajuizaram ação de indenização por apossamento administrativo em face da Prefeitura de Cajamar, aduzindo, em resumo, que são proprietários da área descrita na exordial; em 25.05.1994, firmaram um acordo (fls. 35/36), no qual cediam a área de aproximadamente 16.000 m², para a instalação de um campo de futebol, sendo a ocupação realizada pelo tempo necessário para organização de um dossiê com os documentos imprescindíveis para fins de desapropriação amigável. Ficou ainda acertado que tão logo ocorresse a Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 6

apresentação dos documentos pertinentes à área, a Prefeitura Municipal de Cajamar iria realizar a desapropriação e o subsequente acordo para pagamento da indenização devida, a ser combinada entre as partes. Ocorre que, apresentados os documentos de propriedade que ensejariam o decreto expropriatório, a apelante não desapropriou o imóvel e utilizou-se do bem, por mais de 10 anos, sem o pagamento da devida indenização. Por tal motivo, os apelados notificaram judicialmente a Municipalidade para sujeitar-se à ação de reintegração de posse e ao pagamento de aluguel mensal de R$ 20.000,00 (fls. 168/169). Passados 30 dias da notificação, os apelados ajuizaram a presente ação de indenização contra a Prefeitura Municipal de Cajamar. Determinada a realização de laudo pericial, este concluiu que o valor total do imóvel é de R$ 8.728.941,96 para o mês de julho de 2012, tudo conforme pesquisa efetuada no mercado imobiliário local, fundamentado pelas Normas descritas no trabalho realizado (fls. 60/70). Constitui esbulho possessório a ocupação pela Administração, de propriedade privada, sem observância de prévio processo de desapropriação para implantar obra ou serviço público. Implantada a obra ou o serviço e, portanto, afetado o bem, e a destinação de interesse público, surge o conflito de interesse entre o proprietário (esbulhado) e a Administração. Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 7

A solução dada pelo Judiciário é a de converter a prestação específica (de restituir o bem) em prestação alternativa, de pagar o equivalente em dinheiro, um 'justo preço'. Daí a denominação de desapropriação indireta. (Carlos Ayres de Britto e José Sérgio Monte Alegre, 'Desapropriação Indireta - Inconstitucionalidade', Revista de Direito Público, nº 74, p. 244). O laudo pericial foi muito bem elaborado por expert da confiança do Juízo (fls. 60/88), que utilizou o Método Comparativo de Valores de Mercado e chegou ao quantum indenizatório de R$ 8.728.941,96, com ajustes apoiados na Norma para Avaliação de Imóveis Urbanos IBAPE/SP (fls. 67). O valor encontrado compensa a perda da propriedade dos autores. Relativamente aos acréscimos, os juros compensatórios são devidos conforme determinado na r. sentença. Mostra-se aplicável o disposto no art. 3.º, da Medida Provisória n.º 1577-3, de 04.09.97, o qual definiu o percentual de 6%, ante a concessão de liminar na ADI n.º 2.332, rel. MIN. MOREIRA ALVES, j. 05.09.01, para o período de setembro de 1997 a setembro de 2001 e no percentual de 12% a partir de setembro de 2001, nos termos da Súmula 618, do STF. Confira-se a jurisprudência: O Egrégio Supremo Tribunal Federal decidiu suspender a expressão 'de até seis por cento' constante do artigo 1º da Medida Provisória n. 1.577/97 (cf. ADInMC 2.332/DF, Rel. Moreira Alves, julgado em 5.9.2001, Informativo STF n. 240). Resta, portanto, prejudicada a aplicação dessa norma, razão pela qual merece ser mantido o entendimento já pacificado pelo Supremo Tribunal Federal, no sentido de que, 'na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 8

(doze por cento) ao ano' (Súmula n. 618/STF). (Resp 703.818/MS, rel. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 09.05.2005). Os juros moratórios são fixados em 6% ao ano e devidos a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição. Cumpre notar que a mora só se verifica se o pagamento deixou de ser efetuado no prazo previsto nesse dispositivo constitucional, conforme o art. 15-B do Decreto-Lei nº 3.365/41, acrescido pela MP nº 2.183-56. Confira-se a jurisprudência: DESAPROPRIAÇÃO - Justa indenização fixada consoante laudo pericial. Juros moratórios de 6% ao ano - Seu marco inicial conta-se a partir de 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ocorrer Juros moratórios cumuláveis com os compensatórios de acordo com as Súmulas 12 e 102 do STJ Juros compensatórios devidos à razão de 12%, a teor da Súmula 618 do STF, desde a imissão na posse Honorários advocatícios que se mantém a 5% sobre a diferença entre a oferta e a indenização, ambas corrigidas - Custas e despesas a cargo do expropriante Sentença confirmada - Recurso não provido. (Reexame Necessário 0005168-03.2009.8.26.0637 Relator(a): Peiretti de Godoy,Comarca: Tupã Órgão julgador: 13ª Câmara de Direito Público Data do julgamento: 09/02/2011 Data de registro: 21/02/2011). JUROS MORATÓRIOS TERMO INICIAL DE INCIDÊNCIA. NOS TERMOS DO ARTIGO 15-B, DO DECRETO-LEI 3.365/41 (...) Primeiramente, no que tange aos juros moratórios (pelo atraso no pagamento da indenização), embora correto o percentual fixado (6% ao ano), o marco inicial para seu cômputo, revendo posicionamento meu anterior, deve ser em 1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, conforme dicção do artigo 15-B, do Dec.-lei 3.365/41. Até porque não consta qualquer declaração de inconstitucionalidade pelo STF acerca do referido dispositivo. (Apelação 0100062-11.2008.8.26.0053 Relator(a): Ferraz de Arruda Comarca: Órgão julgador: 13ª Câmara de Direito Público Data do julgamento: 02/03/2011 Data de registro: 02/03/2011). Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 9

Quanto aos consectários legais, nas condenações impostas à Fazenda, a correção monetária e os juros de mora deverão observar o artigo 1º-F da Lei 9.494/97 e as Leis n os 11.960/09 e 12.703/2012, conforme a orientação atual do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria (RE 747.703, AgR, rel. Min. Luiz Fux, j. 24.2.2015, bem como as ADI s de n os 4357 e 4425, inclusa a decisão do Plenário de 25.3.2015, que conferiu eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade pronunciada nestas ADI s - 12 do art. 100 da Constituição da República, introduzido pela EC nº 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 -, observando que essa decisão é limitada ao regime dos precatórios, e não ao do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, que ainda não foi objeto de pronunciamento expresso pelo STF: em trâmite, para tanto, na Corte Suprema, novo tema referente à Repercussão Geral, de nº 810, atrelado ao RE 870.947, apontado como leading case). Por derradeiro, no que se refere aos honorários advocatícios sucumbenciais, observa-se que não se trata de demanda complexa, mas de simples solução, e que não demandou maiores esforços dos profissionais que nela atuaram. Todavia, a remuneração do advogado foi fixada em 10% do valor da indenização, patamar muito alto e desproporcional ao trabalho realizado, porque a indenização foi fixada em quase nove milhões. A verba honorária deve ter por regramento o disposto no 4º do artigo 20 do Código de Processo Civil/73, vigente à época em que prolatada a sentença e incidente nas causas em que a Fazenda Pública é vencida, sem que isso implique na inobservância dos parâmetros contidos nas alíneas do 3º do mesmo artigo. Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 10

Deste modo, observado o grau de zelo do profissional, o lugar da prestação do serviço, a natureza, importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para a sua execução, razoável reduzir-se a verba honorária de sucumbência para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), quantia suficiente para remunerar condignamente o trabalho realizado pelo patrono dos autores. Diante do exposto, nega-se provimento à apelação da Municipalidade e dá-se parcial provimento ao recurso oficial, para reduzir a verba honorária, nos termos acima preconizados, mantida, no mais, a sentença. DJALMA LOFRANO FILHO Relator Apelação nº 0001903-57.2011.8.26.0108 -Voto nº 8068 11