LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO

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Transcrição:

LESÕES CORPORAIS SOB O PONTO DE VISTA JURÍDICO DANO CORPORAL DE NATUREZA PENAL As lesões corporais, quando estudadas no tocante à avaliação quantitativa e qualitativa do dano, de natureza penal, têm o significado médico-jurídico de caracterizar, no dolo ou na culpa, um ato ilícito contra a integridade física ou a saúde da pessoa, como proteção da ordem pública e social. O objetivo fundamental do estudo médico-pericial das lesões corporais é a caracterização de sua extensão, de sua gravidade ou de sua perenidade, ou seja, de sua quantidade e de sua qualidade. Um fato de grande interesse médico-pericial é a distinção entre causa e concausa. Se um homem agride outro, lesando um vaso calibroso, e em decorrência surge uma grande hemorragia, existe nesse fato uma perfeita relação de causa e efeito. Isso não constituirá dificuldades maiores para o perito nem para o juiz. Porém, nem sempre assim acontece. Podem surgir outras conseqüências independentes do ferimento produzido, anteriores ou posteriores à agressão. A isto chamou-se concausas. A causa seria o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinadas lesões, suscitando sempre, por sua vez, uma relação de causa e efeito. Por concausa, entende-se o conjunto de fatores, preexistentes ou supervenientes, suscetíveis de modificar o curso natural do resultado, fatores esses que o agente desconhecia ou não podia evitar. Legislação As lesões corporais estão compreendidas em um dos dispositivos dos Crimes Contra a Pessoa. Qualquer alteração física ou psíquica decorrente da ação violenta exercida sobre o ser humano, Estado pune, e o objeto da tutela penal é esta integridade biopsíquica. Não apenas a incolumidade individual, mas o interesse social representado na vida e na saúde de todos os membros de uma comunidade. O Código Penal vigente, com suas reformas, no tocante às Lesões Corporais assim preceitua: Lesão corporal Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: (LEVE) Pena detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Lesão corporal de natureza grave 1o Se resulta: I Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias; II Perigo de vida; III Debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV Aceleração de parto: Pena reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. 2o Se resulta: (GRAVÍSSIMA) I incapacidade permanente para o trabalho; II enfermidade incurável; III perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV deformidade permanente; V aborto: Pena reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos. Lesão corporal seguida de morte 3o Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

Diminuição de pena 4o Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena 5o O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: I se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa 6o Se a lesão é culposa: (NÃO EXISTE CLASSIFICAÇÃO DE LEVE/GRAVE/GRAVÍSSIMA) Pena detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano. Aumento de pena 7o Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, 4o. 8o Aplica-se à lesão culposa o disposto no 5o do art. 121. Violência doméstica 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 10o Nos casos previstos nos 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 11o Na hipótese do 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. As lesões corporais dividem-se em dolosas e culposas, e somente as primeiras têm a subdivisão de leves, graves e gravíssimas. Lesões corporais dolosas Lesões leves Seu conceito é tido por exclusão, isto é, as lesões leves não apresentam nenhum requisito estabelecido nos parágrafos 1o e 2o do artigo 129 do Código Penal. Em geral, as lesões leves estão representadas por pequenos danos superficiais, comprometendo apenas a pele, a tela subcutânea e pequenos vasos sanguíneos. São de pouca repercussão orgânica e de recuperação rápida. Hoje, no entanto, a tendência legispericial é afastar da lesão corporal sob o ponto de vista jurídico o que se poderia chamar de lesão insignificante, representando estas pequenas alterações, de caráter transeunte, sem qualquer comprometimento à normalidade orgânica do indivíduo, seja do ponto de vista anatômico, fisiológico, psíquico, social ou moral. Isso, para impedir que a rotulada criminalidade de ninharia venha a obstruir a administração judiciária, já tão sobrecarregada, evoluindo-se para as ações penais inúteis e inconsequentes. Tal pensamento é baseado no princípio da insignificância, em que certos danos físicos menores sejam considerados inexpressivos ao bem jurídico protegido. Isso não quer dizer que a perícia deixe de consignar tais resultados ( Se forem levíssimas as lesões corporais sofridas pela vítima, é de se aplicar a teoria da insignificância JTACRIM, 88/107). Assim, uma pequena lesão relatada em um laudo médico-legal, reportando-se às vezes a uma modestíssima equimose produzida por um beliscão, não pode ter o entendimento punitivo do art. 129 do Código Penal vigente, onde se tutela a integridade corporal ou a saúde de outrem. Nesse particular, mesmo tratando-se de uma lesão de natureza leve, para refletir uma infração ela deve retratar um dano estrutural ou funcional capaz de alterar, mesmo sensivelmente, as condições

orgânicas da vítima, sendo portanto ausente de justa causa para uma ação penal. Desta forma, a transação penal passa a ser um novo instrumento de política criminal de que dispõe o Ministério Público para quando entender conveniente ou oportuna resolução sumaríssima do litígio penal, propor ao autor infração de menor potencial ofensivo a aplicação sem denúncia e instauração de processo de uma pena não privativa da liberdade. Lesões graves As lesões corporais de natureza grave estão referidas no parágrafo primeiro do citado artigo e se caracterizam quando diante de UMA das seguintes eventualidades: Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. O velho código republicano falava de inabilitação para o serviço ativo, o que levava a entender o caráter lucrativo do trabalho. O conceito atual não se limita tão somente à profissão, mas a qualquer atividade funcional habitual. E nisto estão amparados o recém-nascido, o desempregado, o estudante e o ancião aposentado, que podem ser, indiscutivelmente, sujeitos passivos dessa modalidade criminosa, quando diante de tal circunstância. Essa incapacidade não tem que ser total, bastando unicamente o comprometimento de uma ocupação habitual que incapacite a vítima, mesmo parcialmente, afastando-a, física ou psiquicamente, de suas atividades. Portanto, nem se exige uma incapacidade absoluta, nem uma privação econômica, basta que a vítima fique impossibilitada de exercer suas ocupações habituais por mais de trinta dias. Essa incapacidade deve ser real. Não uma incapacidade sugerida, determinada, muitas vezes, pela indisposição de a vítima apresentar-se de público antes de completamente curada. Perigo de vida. Entende-se por perigo de vida um conjunto de sinais e sintomas clinicamente demonstrável de uma condição concreta de morte iminente, ou seja, uma ameaça imediata de êxito letal. Tem como características principais a possibilidade concreta de morte (fundamento clínico), de ser um quadro objetivo-subjetivo de uma realidade atual e iminente e de representar uma situação passada ou presente e nunca futura. Não pode ser condicionada a possíveis resultados. Mesmo que esse juízo de presunção esteja fundado em conceitos objetivo-subjetivos, exige-se uma realidade palpável, demonstrando de maneira atual e iminente que a vítima esteja ou tenha estado em perigo de vida, em face da gravidade da lesão. O perigo decorre de um diagnóstico e não de mero prognóstico de peritos. É preciso, para que ocorra essa gravidade de lesão, que pelo menos em determinado momento do processo patológico, mais ou menos longo, tenha se verificado uma efetiva probabilidade de êxito letal. O perigo, em suma, há de ser sério, atual e efetivo. Não remoto ou presumido (TACRIM SP RT 447/414). Para haver o perigo de vida, os sintomas devem ser tão graves e evidentes que a vida esteja inquestionavelmente ameaçada. Severi dizia: Perguntar sempre ao coração, ao pulmão e ao cérebro o grau de perturbação existente. Debilidade permanente de membro, sentido ou função. Por debilidade, deve-se entender enfraquecimento ou redução ou debilitação da capacidade funcional ou de uso. Deve ser de caráter permanente, incidindo sobre um membro, sentido ou função. Para alguns autores existe diferença entre debilidade e debilitação. A primeira seria o enfraquecimento funcional relativo à média das pessoas. E a debilitação, o enfraquecimento funcional que o indivíduo sofre em relação a si próprio. A debilidade transitória não caracteriza tal situação. Sempre que possível, deve a perícia estabelecer o grau dessa debilidade, a fim de dar com a labilidade da pena, a oportunidade de atribuir um critério mais justo. A sequência do dispositivo penal ainda fala de membro, sentido ou função. Membros são os quatro apêndices do corpo, os superiores e os inferiores; sentido é a faculdade pela qual percebemos as manifestações da vida de relação; e função, o mecanismo de atuação dos órgãos, aparelhos e sistemas. A lei atual suprimiu a expressão órgão e o fez muito bem, visto que todo seu valor está na função, pelo menos no que diz respeito ao assunto. Quem perde uma mão ou um olho, ficou debilitado nas funções de apreensão e da visão. A perda de um dos órgãos duplos constitui uma debilidade. A perda de um pulmão ou de um rim incide na

debilidade da função respiratória e da função renal, respectivamente. Desclassifica-se o crime de lesão corporal gravíssima para grave quando ocorrer ablação ou inutilização de apenas um dos elementos componentes de determinada função ou sentido, como acontece em relação àqueles que se apoiam em órgãos duplos, acarretando tão só a diminuição funcional do organismo e não a sua perda (TAMG AC RT 611/407). A perda de um olho, de um ouvido, de um rim, quando mantido o outro, íntegro, não configura a lesão gravíssima, mas apenas a grave, pois a função ficou debilitada e não abolida (TJSP, RT 504/382). E quem perde um testículo? Para alguns, se o testículo restante é funcionalmente perfeito, houve debilidade de função. No nosso entendimento, não resultou debilidade, pois não houve nenhum prejuízo funcional, e o indivíduo continuará sem nenhuma restrição da função reprodutora. Quanto aos dentes, há necessidade de que a perícia venha a distinguir com sutileza o valor de cada peça, levando em conta as suas funções mastigatória, estética e fonética, de acordo com o interesse de cada exame. Também é bom que se diga não ser toda debilidade permanente de membro, sentido ou função rotulada como lesão grave. Se ela não chega a 3% de redução da capacidade funcional, considerando o indivíduo como um todo, é lesão leve. No entanto, se uma debilidade permanente ultrapassa o limite teórico dos 70%, deve ser considerada como perda ou inutilização e, como tal, deve ser vista como uma lesão gravíssima. Aceleração do parto. Em primeiro lugar, a expressão aceleração está mal colocada. Acelerar é aumentar a velocidade. E não é a isso que o Código se refere, mas à expulsão precoce do feto com vida. Os termos antecipação do parto ou prematuridade do parto seriam mais próprios. No entendimento do legislador, haveria aceleração do parto quando o feto fosse expulso, com vida, antes do termo normal, motivada por sua agressão física, ou psíquica à parturiente, continuando a viver fora do álveo materno. O correto seria existir um dispositivo próprio, de natureza preterdolosa, com o título Lesões corporais seguidas de parto prematuro ou aborto. Isto se o dano inferido a uma gestante causar consequências nocivas a sua saúde ou à do recém-nascido. Para tanto seria necessário que esta gravidez fosse conhecida ou manifesta e que o autor não quisesse o resultado, mas apenas que assumisse o risco de produzi-lo. Se o desejo do autor era provocar a morte do feto por meio de agressão, deve responder por crime de lesão corporal seguida de aborto. Se ele desconhecia o estado de gravidez da vítima não se deveria imputar o delito de natureza grave ou gravíssima, a não ser pelo que viesse causar à vida do feto ou da mãe. Lesões gravíssimas As lesões corporais de natureza gravíssima estão agrupadas no parágrafo 2o do artigo 129 do Código Penal. Sua caracterização está no fato de ter a lesão resultado em: Incapacidade permanente para o trabalho. Situação definitiva em que o indivíduo fica privado de exercer qualquer atividade lucrativa. Por invalidez, são considerados danos graves permanentes e incapacitantes, ou altamente restringentes, que impedem o servidor ou o trabalhador de exercer qualquer atividade laborativa e ainda podem o onerar pela dependência de terceiros para atos essenciais da vida e da sua sobrevivência. Hoje alguns danos antes considerados irreversíveis já encontram respostas satisfatórias tanto para seu diagnóstico como para seus tratamentos. Todavia, os danos oriundos de agressões encefálicas e medulares, e a cegueira, entre outros, que ainda continuam sem solução. Os critérios para avaliação da invalidez devem ser norteados pela persistência ou agravamento dos sinais e sintomas, pela constatação dos exames subsidiários, pelo tempo de doença, pelo insucesso terapêutico e pelo local e extensão do dano. É a invalidez que é sempre total e permanente. Tem-se a distinguir duas formas de trabalho: o trabalho genérico e o trabalho específico. Aquele é o exercido por todas as pessoas independentemente de especialização; este é o desempenhado por indivíduos de certa qualificação profissional. A lei se refere, sem dúvida, ao trabalho genérico. Na incapacidade permanente, o ofendido deve ficar privado da possibilidade

física ou psíquica, de aplicar-se a qualquer atividade lucrativa. E a incapacidade, além de total, deverá ser permanente, ou seja, duradoura no tempo, sem previsibilidade de cessação (TJSP RJTJSP 71/331). Enfermidade incurável. Para enquadrar-se nesta situação, é necessário que do dano resulte uma enfermidade grave e de caráter incurável. Desse modo, tal enfermidade deve ser representada por um distúrbio ou perturbação que possa repercutir de maneira intensa sobre uma ou mais funções orgânicas, que comprometa a saúde e exija cuidados especiais e que tenha sido resultado de uma ação dolosa. Além disso, que fique demonstrada pelos meios disponíveis a sua incurabilidade. Na lei vigente que rege tal matéria não existe uma gradação na pena entre o que se considera como uma enfermidade grave (tuberculose) e uma enfermidade grave e incurável (síndrome de imunodeficiência adquirida AIDS). O correto seria haver penas diferentes nos casos de enfermidades graves e de enfermidades graves e incuráveis. É necessário não confundir debilidade nem inutilização permanente com enfermidade incurável, o que nem sempre é fácil. A primeira compromete a parte, e a segunda, o todo. Uma não repercute sobre a saúde e a outra perturba a higidez. A debilidade é um resíduo, um reliquat. A enfermidade é um processo. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Aqui, não é a simples debilidade a que se reportou anteriormente nas Lesões Graves. É uma contingência mais séria que acarreta um dano em grau muito elevado ou máximo em sua funcionalidade. Tanto faz a perda de membros, sentido ou função, como suas permanências inúteis. O limite entre uma debilidade e uma perda ou inutilização nem sempre é fácil. Se sua debilidade excede o limite teórico de 70% da função, já se considera perdida ou inutilizada. Por perda, deve-se aceitar a ablação. Na inutilização, existe a presença do órgão, mas ele se mostra em inaptidão ou em insignificante funcionamento. A perda da visão, a paralisação das pernas, a ablação dos testículos são paradigmas dessa espécie aludida ao parágrafo 2o do artigo 129 do Código Penal brasileiro. É polêmica a hipótese de que um homem ferido no abdome, privando-se do baço, implique perda de função ou tão somente debilidade. Para nós, nem uma coisa nem outra. Primeiro, porque o baço não é um órgão indispensável para a vida. Depois, porque as sensíveis modificações surgidas com a sua extirpação têm caráter transitório e não limitam o indivíduo nas suas atividades triviais. A perda de um dos órgãos duplos não caracteriza lesão gravíssima e sim lesão grave. Deformidade permanente. Seria interessante que no novo Código Penal houvesse uma gradação de pena entre um dano estético e uma deformidade permanente. E ainda: uma diferença entre deformidade duradoura (o tipo de deformidade para a qual não existe reparação, verbi gratia, a enucleação de um olho) e deformidade permanente (aquela que permanece, caso não haja tratamento, como uma cicatriz na face). Recomenda-se que os laudos relativos às lesões corporais de natureza gravíssima por deformidade permanente devam ser sempre ilustrados com fotografias coloridas, a fim de demonstrar de forma mais convincente a existência do dano estético considerável (JTACRIM 50/231 e RT 586/307). As razões são sociais por excelência em função do dano visível e deprimente. No entanto, não existe entre nós um padrão médico, médico-legal ou jurídico uniforme capaz de caracterizar uma lesão deformante sob o aspecto criminal, a não ser alguns elementos particularizados pelos tratadistas e editados pelos acórdãos dos nossos tribunais. Na verdade, essa avaliação tem sido aleatória por parte dos peritos e, por isso mesmo, traz motivos para divergências na sua avaliação e na sua reparação penal. Mesmo assim, recomendamos como características agravantes da deformidade: localização, extensão, cor, profundidade, mutilação, retração e afundamento. Em suma, seus elementos mais essenciais são: a face, a qualidade e a quantidade da deformação e a sua permanência. Todavia, a deformidade não se restringe ao rosto, podendo ser em outra parte do corpo (TJSP, RJTJSP 74/325, RT 554/325).

Por face, considera-se desde a linha frontal superior, até o bordo inferior da mandíbula e lateralmente, incluindo as orelhas. Por deformação, admitem a grave repercussão sobre a estética, a ponto de chamar a atenção, de constranger e magoar a quem olha e a quem é visto. E, finalmente, por permanência, a condição de a deformidade não ser passível de modificações espontâneas e que tenha chegado ao seu estado definitivo. Caracteriza-se a lesão gravíssima ainda que o defeito seja corrigível por cirurgia plástica (TJSP, RJTJSP 112/501). A lei brasileira não atendeu ao caráter exclusivista do rosto, acatando a harmonia estética como um todo. Não viu somente a face, mas o conjunto individual. A desarmonia estética por um desvio saliente de coluna vertebral ou uma anquilose coxofemoral em uma jovem fazendo-a coxear são alterações tão sensíveis que não podem deixar de passar sem reparo. Não importa a parte do corpo em que esteja localizada a deformidade. Basta que ela possa eventualmente ser vista, até porque os costumes permitem a visualização cada vez mais ampla do corpo. Do ponto de vista penal, não deve a deformidade sofrer a discriminação do sexo e condição social, pois, quanto à pessoa, tem ela uma só interpretação. A lesão não varia, variando apenas o prejuízo do ofendido no alcance de sua posição ou de sua vida profissional. Este último aspecto, contudo, tem sua projeção no campo do Direito. O que importa estabelecer no processo criminal é a objetividade do dano do prejuízo estético determinado pela ofensa corporal, a fim de que a função repressiva da lei encontre a medida exata da punição (RT 274/166-167). Seria providencial que no futuro Código Penal fosse criada uma condição de prejuízo estético de média relevância, menor do que se entende por deformidade permanente, com a denominação dano estético. Não seria leve nem gravíssima tal lesão, mas tão somente grave. Dentes. Não se podem esquecer o valor estético da face no conjunto da harmonia da vida social e os dentes que se apresentam neste contexto de forma muito significativa. Sendo assim, é imperioso lembrar que os elementos dentários, principalmente os incisivos e caninos, constituem pontos qualitativos na estética individual. A ausência destas peças dentárias traz prejuízo e comprometimento da função estética. A perda dos incisivos, principalmente dos superiores, contribui também de forma negativa na emissão das palavras, levando-se em conta a existência de um grupo de consoantes oclusivas linguodentais (D, N e T) e fricativas labiodentais (F e V). Este dano fonético produz prejuízo ao indivíduo, pois a voz é um elemento de muita importância na estética individual. Aborto. A lesão corporal seguida de aborto (aborto preterintencional), quando a gravidez é conhecida ou manifesta, classifica a ofensa como lesão corporal de natureza gravíssima, qualquer que seja a idade do feto. Pouco importa qual seja a idade do ovo, embrião ou do feto prestes ao parto. A lei brasileira não adotou a espécie feticídio (a morte do feto viável). No Código atual, esta condição de lesão gravíssima tem em conta proteger dois interesses: a saúde da mulher e a continuidade da vida do concepto, valores significativos de tutela e proteção. O papel da perícia será o de estabelecer a existência da gravidez, do aborto, as condições anteriores do produto da concepção, o nexo da causalidade entre a lesão e o resultado, as condições da gestante, e, se possível, a intenção do agente. Lesões corporais culposas Diz-se que uma lesão corporal é de natureza culposa quando o agente lhe deu causa por imprudência, negligência ou imperícia. O artigo 129 do Código Penal, no capítulo referente às Lesões Corporais, apenas no parágrafo 6o afirma: Se a lesão é culposa: pena detenção de 2 meses a 1 ano. No parágrafo 7o acrescenta que no caso da lesão culposa, aumenta-se a pena de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses do artigo 121, 4o, e no parágrafo 8o diz que também aplica-se à lesão culposa o disposto no 5o do artigo 121. Como se vê, no estudo das lesões corporais de natureza culposa não existe a graduação de pena referente à quantidade e à qualidade do dano, como ocorre nas lesões corporais de natureza dolosa,

as quais se classificam, por certos critérios, em leves, graves e gravíssimas, atendendo aos imperativos do artigo 129, no caput e em seus parágrafos 1o e 2o. Lesões corporais seguidas de morte O parágrafo 3o do artigo 129 do Código Penal brasileiro trata das lesões corporais seguidas de morte que a doutrina italiana conhece pelo nome de homicídio preterintencional (delitto preterintenzionale) e os alemães denominam crime qualificado pelo resultado (durch erfolg qualifiziert delikt). Aqui, o agente, alheio ao dolo, lesa a vítima, produzindo-lhe a morte; e as circunstâncias evidenciam que ele não assumiu o risco do desfecho nem o quis. A ação é dolosa, mas o resultado morte é culposo. Seu propósito era ferir de maneira insignificante, sendo, no entanto, traído por um resultado inesperado.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. Em relação ao resultado das lesões corporais, assinale a alternativa correta. a) Caracteriza uma lesão corporal grave a ocorrência de, por exemplo, debilidade permanente da função renal, incapacidade para o trabalho por 60 dias, presença de zona de tatuagem na face após disparo de arma de fogo a curta distância, tetraplegia e hemorragia aguda com choque hipovolêmico após trauma abdominal fechado. b) A incapacidade caracteriza-se pela impossibilidade de execução ou mesmo inaptidão para realizar ocupações habituais, podendo ser total ou parcial, porém a caracterização do dano só encontra amparo, no Código Penal, quando são afetadas as ocupações de natureza laborativa ou lucrativa. c) O corte forçado dos cabelos e pelos corporais configura uma lesão corporal leve, não importando a quantidade ou as consequências estéticas. Trata-se de posicionamento já pacificado na jurisprudência pátria. d) A aceleração de parto tem como sujeito passivo a mulher grávida, caracterizando-se pela ocorrência do parto de maneira antecipada, provocado por uma lesão corporal (física ou psíquica), não importando o fato de o feto nascer com vida ou não. e) Na caracterização de uma deformidade permanente, deve-se avaliar a presença ou não de um dano estético aparente que gere repulsa em quem observa e atinja a autoestima da vítima, causando-lhe vergonha ou prejuízo a sua sociabilidade; do ponto de vista penal, devem ser avaliados os aspectos objetivos da lesão: localização, extensão, aspecto, cor, relação e desvios da normalidade anatômica. A sua comprovação implica no enquadramento legal de lesão corporal gravíssima. 2. Mulher grávida de 32 semanas foi vítima de atropelamento, tendo entrado, em seguida, em trabalho de parto. A criança nasceu prematura, teve desconforto respiratório, vindo a óbito por anoxia logo após o parto. É correto afirmar que tal lesão corporal foi a) gravíssima, pois houve antecipação do parto com sub-sequente morte do concepto. b) não é possível caracterizar a relação nexo-causal entre o atropelamento e a morte do concepto com esses dados. c) grave, pois houve aborto. d) grave, pois houve aceleração do parto. e) gravíssima, pois houve aceleração do parto. 3. As seguintes situações médico-legais são consideradas lesões corporais graves, COM EXCEÇÃO DE: a) incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. b) risco de vida. c) debilidade permanente de membro. d) debilidade permanente de sentido ou função. e) aceleração de parto. 4. Quanto ao dano provocado, uma lesão por arma branca em uma mulher em que se lesionou a região bucinadora e, como consequência, ocorre presença de cicatriz deformante, com formação de queloide medindo 100 mm nesta região, é classificada como: a) lesão leve. b) lesão culposa. c) lesão cortante. d) lesão gravíssima. e) tentativa de homicídio.

05. Considerando as lesões corporais dolosas graves relativas à eventualidade perigo de vida", pode-se afirmar que a)constitui prognóstico de morte futura. b)constitui provável complicação letal vindoura. c)constitui situação concreta de morte iminente. d)todas as opções listadas acima contemplam o conceito perigo de vida. 06. As lesões corporais estão compreendidas nos dispositivos dos Crimes contra a Pessoa do Código Penal. Sobre esse assunto, analise as afirmativas. I. As lesões corporais dividem-se em dolosas e culposas e ambas são subdivididas em leves, graves e gravíssimas. II. O conceito legal de lesão leve é obtido por exclusão. III. A incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias está relacionada à lesão corporal grave. Assinale a alternativa correta. a)todas as afirmativas estão corretas b)estão corretas apenas as afirmativas I e II c)estão corretas apenas as afirmativas I e III d)está correta apenas a afirmativa II e)estão corretas apenas as afirmativas II e III 07. Uma mulher de 75 anos, portadora de cardiopatia e osteoporose acentuada, foi intencionalmente empurrada por um funcionário no interior de um estabelecimento comercial e sofre uma queda da própria altura, que resulta em fratura do osso fêmur. Foi hospitalizada, submetida a tratamento cirúrgico e evoluiu de forma favorável, comalta para a residência em 15 dias. O exame de corpo de delito de lesão corporal evidenciou encurtamento permanente do membro afetado e dificuldade motora, com marcha claudicante. As alterações decorrentes dessa agressão podem ser caracterizadas como lesões de natureza: a)leve. b)grave. c)gravíssima. d)leve, agravada por concausa preexistente. e)grave, complicada por concausa superveniente. 08. Em relação ao resultado das lesões corporais, assinale a alternativa correta. a)caracteriza uma lesão corporal grave a ocorrência de, por exemplo, debilidade permanente da função renal, incapacidade para o trabalho por 60 dias, presença de zona de tatuagem na face após disparo de arma de fogo a curta distância, tetraplegia e hemorragia aguda com choque hipovolêmico após trauma abdominal fechado. b)a incapacidade caracteriza-se pela impossibilidade de execução ou mesmo inaptidão para realizar ocupações habituais, podendo ser total ou parcial, porém a caracterização do dano só encontra amparo, no Código Penal, quando são afetadas as ocupações de natureza laborativa ou lucrativa. c)o corte forçado dos cabelos e pelos corporais configura uma lesão corporal leve, não importando a quantidade ou as consequências estéticas. Trata-se de posicionamento já pacificado na jurisprudência pátria. d)a aceleração de parto tem como sujeito passivo a mulher grávida, caracterizando-se pela ocorrência do parto de maneira antecipada, provocado por uma lesão corporal (física ou psíquica), não importando o fato de o feto nascer com vida ou não. e)na caracterização de uma deformidade permanente, deve-se avaliar a presença ou não de um dano estético aparente que gere repulsa em quem observa e atinja a autoestima da vítima, causando-lhe vergonha ou prejuízo a sua sociabilidade; do ponto de vista penal, devem ser avaliados os aspectos

objetivos da lesão: localização, extensão, aspecto, cor, relação e desvios da normalidade anatômica. A sua comprovação implica no enquadramento legal de lesão corporal gravíssima. 09. A figura do "perigo de vida" nas lesões corporais diz respeito: a).ao perigo decorrente da situação em que esteve a vítima por ocasião da agressão. b)ao perigo resultante do dano pessoal ocasionado pelo ato criminoso. c).à situação de prognóstico médico de grave dano d)a situação de expectativa de risco de vida relacionada à agressão. e).todo tipo de atividade relativa a vítima em seu cotidiano. 10. Trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima, conforme o Artigo 129 do Código Penal Brasileiro: a)perigo de vida b)deformidade permanente. c)debilidade permanente de membro, sentido ou função. d)incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias.

GABARITO 1. E 2. D 3. B 4. D 5. C 6. E 7. E 8. E 9. A 10. B