JOVENS, ESCOLA E CULTURA DA PAZ: PERCEPÇÕES DOS JOVENS ACERCA DE VIOLÊNCIA NA ESCOLA

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Transcrição:

JOVENS, ESCOLA E CULTURA DA PAZ: PERCEPÇÕES DOS JOVENS ACERCA DE VIOLÊNCIA NA ESCOLA Milene de Oliveira Machado Ramos Jubé¹ Cláudia Valente Cavalcante² Joaquim Fleury Ramos Jubé³ Resumo: O presente trabalho é resultado da dissertação em andamento, da linha de pesquisa: Educação, Sociedade e Cultura, do Mestrado em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e tem como objetivo compreender a percepção dos jovens em relação à violência escolar e analisar o impacto das políticas públicas e programas/projetos de combate à violência, adotados nas escolas da Rede Estadual de Educação. Nosso campo de pesquisa é o Instituto de Educação de Goiás- IEG, escola pública da Rede Estadual de Educação, indicada pela Subsecretaria Metropolitana como referência em situações de conflitos violentos. Inicialmente, para apreender o objeto de estudo, foi analisado o balanço das produções acadêmicas de pós-graduação elaboradas no período de 1999 a 2006 sobre juventude; a seguir foi realizado o levantamento entre os anos de 2007 a 2013 no banco de dados da CAPES, de teses e dissertações de mestrado em Educação, sobre jovens e violência escolar. A perspectiva metodológica é qualitativa, sendo a pesquisa bibliográfica e de campo, com aplicação de questionários e entrevistas com jovens do Ensino Médio matriculados, frequentando a escola regularmente, com idade entre 17 e 24 anos. Também foram realizadas análise de dados dos seguintes documentos da escola: Atas de Registros, Regimento Escolar e Projeto Político Pedagógico, com o intuito de conhecer quais as principais ocorrências de violência na Escola, como tratam as situações de conflito por ela registradas, e se utiliza os procedimentos da cultura da paz como estratégia de resolver conflitos. Palavras-chaves: Escola. Cultura da paz. Violência Introdução O trabalho ora apresentado se justifica pela preocupação e inquietação que o tema violência nos remete, no ambiente escolar, no mundo contemporâneo. O interesse pela temática se deu devido minha trajetória profissional, durante anos de experiência como professora na Rede Municipal de Educação, Tutora Pedagógica em escolas da Rede Estadual de Ensino e coordenadora do Projeto Justiça Restaurativa no Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, onde o maior índice de ocorrências recebidas se referia a violência entre adolescentes matriculados nas escolas de Goiânia. Assim, relatos e estatísticas, demostraram que cada dia mais, é perceptível o aumento de violência nas escolas e a dificuldade com que professores, grupo gestor, comunidade escolar e os próprios jovens têm em tratar com o problema. Também a dificuldade que algumas famílias possuem em estabelecer limites e uma determinada parcela de jovens em acatar regras e normas preestabelecidas pela escola, família

e sociedade, desencadeando e agravando a violência, assim como a inabilidade da escola em resolver casos inerentes do cotidiano escolar, como a indisciplina. Buscou-se fazer um levantamento do conhecimento já produzido sobre os estudos realizados sobre violência e juventude, onde no primeiro Balanço do Estado da Arte realizado entre os anos 1999 a 2006, sobre juventude, foram encontrados 31 trabalhos sobre juventude e violência. Em seguida, no segundo estudo realizado entre anos 2007 a 2013, foi feita uma busca no banco de dados da CAPES, onde foram encontradas 18 teses de doutorado e 16 dissertações em Educação sobre jovens e violência escolar. A perspectiva metodológica é qualitativa, sendo a pesquisa bibliográfica e de campo. Para a construção do conhecimento acerca da juventude e violência, nosso estudo foi subsidiado por teóricos especialistas no assunto, dentre eles: Dayrell(2003), Abramo (2005), Sposito ( 2009), Carrano(2014), Paes(2005),Jaccoud(2005),Raposo(2008), Novaes (2007), Abramovay(2002), Charlott(2005), Jaccoud(2005),Foucault(1987),Zaluar(2004) que têm se dedicado nessas áreas do conhecimento, buscando entender sobre esses temas tão debatidos há décadas e que continuam cada dia mais presentes e atuais no cenário nacional. A violência estampada nas ruas das cidades - a violência doméstica, os latrocínios, os contrabandos, os crimes de colarinho branco - têm levado os jovens a perder credibilidade quanto a uma sociedade justa e igualitária, capaz de promover o desenvolvimento social em iguais condições para todos, podendo torná-los violentos, conforme esses modelos sociais. Todos os tipos de violência social, de alguma maneira, refletem na escola e na forma como os jovens a percebem. A crise de valores humanos, agressões, ameaças e abusos, ausência de regras de convivência também contribuem para a desenfreada onda de violência. Percebe-se assim, que a violência é um problema social que está presente nas escolas e se manifesta de diversas formas entre os envolvidos no processo educativo. Isso não deveria acontecer, pois escola é lugar de formação da ética e da moral dos sujeitos ali inseridos, sejam eles alunos, professores, ou demais funcionários, mas é, ao mesmo tempo, uma instituição social que reflete a própria sociedade. A violência que presenciamos na escola, geralmente, assemelha-se à vivenciada na sociedade. O jovem reproduz na sala de aula aquilo que vive no convívio com a família e nas ruas. Há, de modo geral, uma crescente banalização da violência.

Em consequência das situações de violência na sociedade, a escola também tem sido palco de violência apresentando altos índices de casos no Sistema Educacional do país e no Estado de Goiás, o que comprova a pesquisa da UNESCO, intitulada Violência nas escolas de ABRAMOWAY (2002), a autora trata sobre as percepções de alunos, pais e membros do corpo técnico-pedagógico de escolas públicas e privadas em 14 capitais brasileiras. A pesquisa foi desenvolvida nas áreas urbanas das capitais dos Estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo e em Brasília (DF). Além de todos os tipos de violência externa à escola, que atingem frontalmente nas relações internas e interpessoais, percebe-se a violência simbólica, arraigada e muito presente nas instituições escolares. A violência simbólica ocorre no meio educacional, na medida em que exclui o aluno que não se enquadra nos padrões impostos pela instituição educacional, logo o deixando às margens do processo, o que posteriormente, se transforma em desestímulo e finalmente a exclusão permanente. Com frequência, a escola não busca incluir os diferentes e desiguais, esses são tidos como preguiçosos, fracos ou incapazes. Para o sociólogo Pierre Bourdieu (1983), violência simbólica é vista como a forma de coação que se apoia no reconhecimento de uma imposição determinada, seja esta econômica, social ou simbólica. A violência simbólica se dá na criação contínua de crenças no processo de socialização, que levam o indivíduo a se posicionar no espaço social, seguindo os padrões e costumes do discurso. E a escola, como um agente de autoridade pedagógica, exerce a violência simbólica naqueles que não possuem o capital cultural que a escola valoriza. Diante da problemática, nosso objetivo ao término do trabalho, é esclarecer ao leitor e demonstrar através dos resultados finais da pesquisa ainda em andamento, a compreensão e percepção dos jovens em relação à violência na escola e aos programas de Cultura da Paz lá desenvolvidos. Propõe-se ainda, conhecer e compreender as ações de pacificação dos programas para Cultura da Paz desenvolvidos e adotados pelo Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte de Goiás e o impacto dessas políticas públicas.

Considerações Finais O presente trabalho, aqui apresentado, é resultado parcial de uma pesquisa de mestrado em andamento sobre jovens, as representações sobre violência escolar e Cultura da Paz. Está em fase de conclusão e análise de dados para ser apresentado à Banca de Qualificação no mês de maio do corrente ano. Ao fim do trabalho pretende-se demonstrar através dos dados colhidos, a percepção que os jovens pesquisados no IEG possuem sobre a juventude, a violência escolar e os programas de pacificação. Os estudos sobre a escola, como espaço de relações desiguais, revelam que há uma legitimação da cultura dominante por meio do poder simbólico por meio da violência simbólica, segundo a perspectiva de Bourdieu (1983). A educação, na teoria do autor, passa a ser vista como uma das instituições por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais, o que reforça ainda mais a violência. A Cultura da Paz, como forma de amenizar tal violência, tanto produzida pela escola quanto pelos jovens, tem sido uma das orientações das políticas públicas educacionais internacionais, que visam minimizar os conflitos gerados por essa relação tensa entre distintos grupos culturais e sociais presentes na sociedade. Referências ABRAMOVAY, Miriam e CASTRO, Mary G. Caleidoscópio das Violências nas Escolas Brasília: Missão Criança, 2006., Miriam e RUA, Maria das Graças. Violências nas Escolas. Brasília (UNESCO), 2002 BOURDIEU, Pierre. A juventude é apenas uma palavra. Questões de Sociologia, 1983. CHARLOT. B, Relação com o saber: formação de professores e globalização. Porto Alegre: Artmed, 2005. DAYRELL, J; CARRANO, P. C. Jovens no Brasil: Difíceis travessias de fim de século e promessas de outro mundo. 2003. FOUCALT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. Petrópolis, Vozes, 1987. MISSE, Michel. Dizer a violência. Revista Katályses, Florianópolis, UFSC, v. 11, nº 2, 2008

SPOSITO. Marília Pontes. Estado da Arte sobre Juventude: uma Introdução. In: O Estado da Arte sobre Juventudes, pós-graduação brasileira: educação, ciências sociais e serviço social (1999-2006). Belo Horizonte: Argumentum, v.1. 2009. SPOSITO, M. P. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Educação e Pesquisa. Revista da Faculdade de Educação da USP. São Paulo: USP, v 27, n.º 1, p. 87-103, jan./jun. 2001. Revista da Faculdade de Educação da USP Educação e Pesquisa. São Paulo: USP, v.27, nº 1, pp.87-103. Janjul.2001. Disponível: www.scielo.br. Acesso em 07 de agosto de 2006. Dos autores ¹ Mestranda no Programa de Pós graduação. Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino. email: milenejube@hotmail.com ²Professora do Programa de Pós graduação em Educação da PUC Goiás. Doutora em Educação. email: cavalcante.70@hotmail.com ³Mestrando no Programa de Pós graduação em Educação. Especialista em Direito Processo Penal e Direito Constitucional. email: jfrjube@hotmail.com Penal,