1. Distúrbios da voz 2. Fatores de risco 3. Condições do trabalho

Documentos relacionados
CONDIÇÃO DE PRODUÇÃO VOCAL PROFESSOR

DESCRIÇÃO DO PERFILVOCAL DE PROFESSORES ASSISTIDOS POR UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ

SOBRECARGA DO CUIDADOR DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL E DOENÇA DE ALZHEIMER.

ASSOCIAÇÃO ENTRE SENSAÇÕES LARINGOFARINGEAS E CAUSAS AUTORREFERIDAS POR PROFESSORES.

AVALIAÇÃO VOCAL NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES E FONOAUDIÓLOGOS: SIMILITUDES RELACIONADAS À QUALIDADE VOCAL

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

VOZ E CONDIÇÕES DE TRABALHO EM PROFESSORES

A disfonia é um processo multifatorial sendo definida como qualquer. dificuldade ou alteração na emissão natural da voz. Aspectos biológicos,

Estratégias em Telesserviços. Josimar Gulin Martins 1

CONTRIBUIÇÕES DE UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ PARA PROFESSORES

Análise dos instrumentos de avaliação autoperceptiva da voz, fonoaudiológica da qualidade vocal e otorrinolaringológica de laringe em professores.

Trabalho Docente entre a Educação do Campo e a territorialidade camponesa

FOZ DO IGUAÇÚ PR. 30/NOV á 02/12/2011

AUTOPERCEPÇÃO DE ALTERAÇÕES VOCAIS E DE ABSENTEÍSMO EM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Instrumento Condição de Produção Vocal do Ator - CPV-A. (Adaptação do CPV-P)

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM DISTURBIOS DO MOVIMENTO EM GOIÂNIA, GOIÁS, BRASIL.

PRODUTO TÉCNICO DO MESTRADO PROFISSIONAL INTRODUÇÃO

ESGOTAMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA CIDADE DE MONTES CLAROS

Luciana Lourenço Ana Paula Dassie Leite Mara Behlau. Correlação entre dados ocupacionais, sintomas e avaliação vocal de operadores de telesserviços

QUALIDADE DE VIDA DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA DA REDE PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS- PR

AÇÕES DE SAÚDE VOCAL O QUE O PROFESSOR UTILIZA NA ROTINA PROFISSIONAL EM LONGO PRAZO?

4. RESULTADOS Resultados Gerais da Amostra

GRANDE ÁREA CIENCIAS DA SAUDE ÁREA DE PESQUISA FONOAUDIOLOGIA

Percepção Ambiental dos alunos da Faculdade Brasileira UNIVIX, Vitória, ES

4. A Metodologia. 4.1 A Metodologia Qualitativa

Análise dos aspectos de qualidade de vida em voz. após alta fonoaudiológica: estudo longitudinal

TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA EM PROFISSINAIS DE ENFERMAGEM CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PSICOLOGIA

Multimorbidade e medidas antropométricas em residentes de um condomínio exclusivo para idosos

NÍVEL DE MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

A OCORRÊNCIA DE DISTURBIOS MUSCULARES ENTRE PROFESSORES: A NECESSÁRIA INTERVENÇÃO EM SAÚDE

RESUMO SIMPLES. AUTOPERCEPÇÃO DA VOZ E INTERFERÊNCIAS DE PROBLEMAS VOCAIS: um estudo com professores da Rede Pública de Arari MA

TEMPO DE UTILIZAÇÃO DO TREM. Declaração dos entrevistados sobre o tempo de utilização do trem (%) Canoas Esteio usuários Alegre

CAPITULO III METODOLOGIA

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEDENTÁRIOS ATRAVÉS DO QUESTIONÁRIO SF-36 RESUMO

Perfil de Participação e Atividades Vocais em Avaliação Vocal em Professores Universitários

RESOLUÇÃO N o 015, de 25 de novembro de Regulamenta o Programa de Dimensionamento. Federal de São João del-rei e dá outras providências.

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL EDITAL PET / PEDAGOGIA - PROGRAD Nº.83/2013

Levantamento Populacional de Distúrbios da Comunicação Auto- Declarados - Análise Preliminar de São Paulo

CENTRO DE PESQUISAS ECONÔMICAS CDL/ALFA PESQUISA EXPLORATÓRIA - DESTINO DA PRIMEIRA PARCELA 13º SALÁRIO DE 2010 GOIÂNIA

Metodologia III METODOLOGIA. Universidade da Beira Interior 51

PROFESSOR ESPECIALIZADO NA ÁREA DA DEFICIÊNCIA VISUAL: OS SENTIDOS DA VOZ

Pesquisa de Opinião Pública: Nível de Satisfação da FEJUNAV

INTRODUÇÃO. (83)

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM INDIVÍDUOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E SEDENTÁRIOS ATRAVÉS DO QUESTIONÁRIO SF-36

Relatório sobre a Pesquisa de Intenção de Compras para o Dia dos Pais 2014 em ARAPIRACA/AL IFEPD/AL

COMUNICAÇÃO E RECURSOS AMBIENTAIS: ANÁLISE NA FAIXA ETÁRIA DE 1 A 3 ANOS.

Pesquisa de Opinião Pública: Nível de Satisfação 2º Naviraí Motorcycle

Elienai de Alencar Menses Klécia Oliveira Medeiros

NÍVEL DE APTIDÃO FÍSICA E DESEMPENHO MOTOR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA PERIFERIA DE MOSSORO RN

Questionário Condição de Produção Vocal Professor (CPV-P): comparação. Autores: SUSANA PIMENTEL PINTO GIANNINI, MARIA DO ROSÁRIO DIAS

Um Estudo das Funções Executivas em Indivíduos Afásicos

PERFIL E MOTIVAÇÕES DOS MANIFESTANTES CONTRÁRIOS AO GOVERNO BOLSONARO, MACEIÓ-AL (30/05/19)

PERFIL DE USUÁRIOS DE PSICOFÁRMACOS ENTRE ACADÊMICOS DO CURSO DE FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

SINTOMAS VOCAIS RELACIONADOS À HIDRATAÇÃO MONITORADA

PERFIL PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DO CURSO DE ESTATÍSTICA NOTURNO

PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO DESTINADO À ELABORAÇÃO DE UMA DISSERTAÇÃO ORIGINAL NO ÂMBITO DO CURSO DE MESTRADO EM EPIDEMIOLOGIA (1ª EDIÇÃO)

Perfil epidemiológico do consumo de álcool entre os estudantes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

TÍTULO: EFEITOS DE UMA SESSÃO DE ATIVIDADE FÍSICA E CINSEIOTERAPIA PARA PESSOAS COM A DOENÇA DE ALZHEIMER

Percepções e manifestações dos torcedores no Mineirão (2015)

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURRICULAR OBRIGATÓRIO DO CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA TITULO I DO ESTÁGIO E SEUS OBJETIVOS

Palestrantes: Amábile Beatriz Leal (2º ano) Jéssica Emídio (4º ano) Orientação: Fga. Ms. Angélica E. S. Antonetti

Professores no Brasil

Título do Trabalho: Correlação entre dois instrumentos para avaliação do desenvolvimento motor de prematuros

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM CORREDORES DOS 10 KM TRIBUNA FM-UNILUS

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

EFEITOS DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIOS EM DUPLA-TAREFA SOBRE O EQUILÍBRIO E A COGNIÇÃO DE MULHERES IDOSAS

pesquisas PESQUISA DE MERCADO E OPINIÃO PÚBLICA PESQUISA PRESIDENCIAL 2018 MANAUS - OUTUBRO

RISCOS OCUPACIONAIS À SAÚDE E VOZ DE PROFESSORES: ESPECIFICIDADES DAS UNIDADES DE REDE MUNICIPAL DE ENSINO

INSTRUÇÃO NORMATIVA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE LICENCIATURA EM QUIMICA SECÃO I

SAÚDE E DISFONIA VOCAL, FATORES ASSOCIADOS EM PROFESSORES DE UMA ESCOLA ESTADUAL DO INTERIOR DO RS

Correlações entre idade, auto-avaliação, protocolos de qualidade de vida e diagnóstico otorrinolaringológico, em população com queixa vocal

TRAÇANDO O PERFIL VOCAL DE DOCENTES COM DISTÚRBIO DE VOZ: UM OLHAR PARA A EDUCAÇÃO VOCAL.

COMPOSIÇÃO CORPORAL: análise e comparação entre alunos do ensino fundamental do município de Muzambinho e Guaxupé

UMA ANÁLISE DO BEM-ESTAR SUBJETIVO EM IDOSOS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DISFÔNICOS ACOMPANHADOS PELO PROVOX

pesquisas PESQUISA DE MERCADO E OPINIÃO PÚBLICA 1º PESQUISA REGISTRADA COARI TSE AM /2016 CNPJ:

PRODUTO: PROPOSTA DE PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO SEMESTRAL DA DINÂMICA DO GRUPO TERAPÊUTICO INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE

MORTALIDADE POR ACIDENTE DE TRÂNSITO ENTRE JOVENS EM MARINGÁ-PR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

O PERFIL DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA, CIÊNCIAS E FÍSICA: UM ESTUDO A PARTIR DOS DADOS DO SAEB 97. Luciana Arruda Freire Julho de 1999.

TÍTULO: QUALIDADE DE VIDA DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS ÁREAS DE EXATAS, HUMANAS E SAÚDE

EDUCVOX - EDUCAÇÃO EM SAÚDE VOCAL: QUEIXAS E IMPRESSÕES VOCAIS DE PACIENTES PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO EM GRUPO

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Pró-Reitoria de Graduação Pró-Reitoria de Recursos Humanos. Projeto de Atualização Pedagógica - PAP

OCORRÊNCIA DE ANTECEDENTES FAMILIARES EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS NO ESTADO DE GOIÁS

SATISFAÇÃO COM ASPECTOS PSICOSSOCIAIS NO TRABALHO E SAÚDE DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA EM RECIFE, PERNAMBUCO

Relatório sobre a Pesquisa Intenção de Compra para o Dia dos Pais 2012 IFEPD/AL

FACULDADES ALVES FARIA - ALFA

ESTADO DE ALAGOAS SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEDUC SUPERINTENDÊNCIA DE VALORIZAÇÃO DE PESSOAS - SUVPE MANUAL DE SAÚDE VOCAL VOZ QUE ENSINA

Prevalência de alterações fonoaudiológicas em crianças de 5 a 9 anos de idade de escolas particulares

Consumo & Tecnologia 17 de julho e 4 de agosto margem de erro intervalo de confiança 95%

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS ATENDIDAS NA USF VIVER BEM DO MUNICIPIO DE JOÃO PESSOA-PB

RESULTADOS DO TRATAMENTO PARA CESSAÇÃO DO TABAGISMO EM UM PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITARIA

Estudos Estratégicos. Gerência de Desenvolvimento Institucional e Estudos Estratégicos GDIEE/PROPLAN PROPLAN / GDIEE

APLICAÇÃO DA ESCALA DE VALORES MILOV NO CONTEXTO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 1

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - PORTO VELHO

5 Análise dos resultados

Comparação dos parâmetros de oculomotricidade entre crianças com e sem distúrbios de aprendizagem.

Relatório sobre a Pesquisa Intenção de Compra para o Dia das Crianças 2014

DESAFIOS DA DOCÊNCIA: UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO BÁSICA SEGUNDO OS PROFESSORES DA ESCOLA ESTADUAL 19 DE MAIO, ALTA FLORESTA - MT

FREQÜÊNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO NO BRASIL, NAS MACRO- REGIÕES, ÁREAS URBANAS E RURAIS E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS.

Transcrição:

Associação entre fatores de risco ambientais e organizacionais do trabalho e distúrbios vocais em professores da rede estadual de ensino de alagoas estudo de caso-controle 1. Distúrbios da voz 2. Fatores de risco 3. Condições do trabalho INTRODUÇÃO Os agravos à comunicação humana já foram largamente descritos. Há que evoluir no conhecimento mais detalhado de questões ligadas aos fatores de risco para tais alterações, além da repercussão destes na vida do sujeito (Goulart e Chiari, 2006). No estado de Alagoas, a ausência de estudos sobre a associação entre os distúrbios vocais e os fatores de risco no ambiente de trabalho motivou o presente estudo. Acredita-se que o conhecimento da realidade enfrentada pelo professor no seu ambiente de trabalho proporcionará o desenvolvimento de ações mais eficazes. A realização de tal estudo também se torna necessária principalmente se considerarmos que se pode intervir em alguns fatores predisponentes para distúrbios vocais, mesmo que exista muita polêmica sobre a temática, em virtude do complexo contexto que o professor está inserido. O conhecimento dos fatores associados pode subsidiar atuações profissionais mais direcionadas e efetivas. O objetivo do estudo foi avaliar a associação entre os distúrbios vocais e os fatores ambientais e organizacionais do processo de trabalho dos professores da rede estadual de ensino de Alagoas. MÉTODOS Estudo do tipo descritivo-exploratório, sendo um grupo constituído por professores acometidos pelo distúrbio vocal que solicitaram afastamento de suas atividades docentes entre janeiro e dezembro de 2007 (grupo 1) e um grupo composto por docentes também vinculados à Secretaria do Estado de Educação e Esporte de Alagoas, sem histórico de queixa vocal ou afastamento do trabalho por fatores ligados a distúrbios vocais (grupo 2). Os critérios de inclusão para constituição do grupo 1 foram: diagnóstico de distúrbio vocal, lotação na rede estadual de ensino e afastamento de sala de aula através da Diretoria de Perícias Médicas e Saúde Ocupacional do Estado de Alagoas, no período de janeiro a dezembro de 2007. Para constituir o grupo 2, o professor não poderia apresentar queixas de alterações vocais. Os professores do último grupo foram pareados com o grupo 1 por faixa etária, sexo e escola. Os critérios de exclusão para o grupo 1 foram: déficits sensoriais, distúrbios cognitivos ou neurológicos, além

da falta de desejo de participar do estudo. Já no grupo 2: queixas e históricos de alterações vocais, além da presença de déficits sensoriais, distúrbios cognitivos ou neurológicos. Não foi realizado técnica de amostragem para formação do grupo 1, considerando que o estudo foi realizado com toda a população de professores (57) com diagnóstico de distúrbio vocal da rede estadual de ensino, afastada de sala de aula, no período de janeiro a dezembro de 2007, através da Diretoria de Perícias Médicas e Saúde Ocupacional do Estado de Alagoas. Para o grupo 2 foram utilizados critérios de pareamento por sexo, idade e escola, preenchimento de lista de sintomas (Behlau, Dragone e Nagano, 2004) e avaliação vocal. Os indivíduos elegíveis para pesquisa, de acordo com os critérios de inclusão, foram convidados a participar do estudo pela pesquisadora principal pessoalmente ou por telefone. Mesmo nessa última situação, a pesquisadora aplicou o instrumento da pesquisa pessoalmente, com a intenção de verificar as condições referidas pelo professor do ambiente de trabalho. O questionário auto-aplicado (Ferreira et al., 2003) foi entregue ao professor, em envelope individual e, para obter maior adesão ao estudo, em função das questões abordadas, não foi solicitada a identificação do participante. O instrumento já foi utilizado em outras pesquisas e é composto por 81 questões, dividido em seis blocos: identificação do questionário, identificação do entrevistado, situação funcional, aspectos gerais de saúde, hábitos e aspectos vocais. Os dados foram tabulados e processados pelo aplicativo para microcomputador Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 16.0. Para a descrição dos dados, fez-se uso da apresentação tabular e gráfica das médias. A normalidade das amostras foi observada através dos testes de Shapiro-Wilk. Após os dados obtidos serem caracterizados com a utilização de técnicas de estatística descritiva, aplicou-se o teste de Mann-Withney para análise dos fatores organizacionais e ambientais e dos hábitos vocais entre os grupos. Os valores foram considerados significativos para p menor ou igual que 0,05 (p 0,05). O valor do erro beta admitido foi de 0,1. RESULTADOS A amostra foi composta por 114 indivíduos, distribuídos em dois grupos (grupo 1 e grupo 2), pareados por idade, gênero e escola. Dentre os entrevistados, 102

(89,5%) professores eram do gênero feminino, a média de idade foi de 45,9 anos (dp± 5,37). As características da amostra referentes ao estado civil, escolaridade, tipo de ensino e carga horária semanal de trabalho podem ser visualizados na tabela 1. Tabela 1 Distribuição percentual de professores, por grupo, segundo estado civil, escolaridade, tipo de ensino e carga horária semanal Estado civil Variáveis Grupo 1 (casos) N (%) Grupo 2 (controles) N (%) Solteiro Casado Separado 3(5,3%) 12(21,1%) 49(86,0%) 29(50,9%) 5(8,8%) 16(28,1%) Escolaridade Superior Completo 41(71,9%) 24(42,1%) Superior em andamento 7(12,3%) 22(38,6%) Superior incompleto 0(0%) 11(19,3%) Médio completo 4(7%) 0(0%) Outros 5(8,8%) 0(0%) Tipo de ensino Fundamental + médio 35(61,4%) 16(28,1%) Infantil + fundamental 3(5,3%) 3(5,3%) Médio 0(0%) 13(22,8%) Fundamental 8(14%) 14(24,6%) Infantil 11(19,3%) 11(19,3%) Carga horário semanal de trabalho 10 a 20 horas 5(8,8%) 13(22,8%) 20 a 30 horas 11(19,3%) 28(49,1%) 30 a 40 horas 13(22,8%) 16(28,1%) > 40 horas 15(26,3%) 0(0%) Não atua 13(22,8%) 0(0%)

Na comparação dos fatores organizacionais, de forma geral, o nível de significância foi igual a 0,01. Pode-se, portanto, constatar diferenças destes fatores entre os dois grupos (tabela 2). Tabela 2 - Distribuição dos valores de p (Teste de Mann-Withney) para a comparação entre os grupos 1 e 2 das variáveis relacionadas ao fator organizacional. Fatores organizacionais Nível de significância (valor p) Tipo de ensino 0,01* Carga horária semanal < 0,01* Intervalos de descanso 0,35 Tempo de docência < 0,01* Quantidade de escolas na carreira <0,01* Quantidade de escolas atual < 0,01* Tempo da escola atual < 0,01* *estatisticamente significante (p 0,05) Quanto aos fatores ambientais, apenas as variáveis escola ruidosa, fonte de ruído e poeira apresentaram-se diferentes entre os grupos, com valores de p iguais a 0,01 (tabela 3). Tabela 3 Distribuição dos valores de p (Teste de Mann-Withney) para a comparação entre os grupos das variáveis relacionadas ao fator ambiental. Fatores ambientais Nível de significância (valor p) Ambiente de trabalho calmo 0,56 Escola ruidosa 0,01* Fonte de ruído 0,01* Poeira 0,01* Fumaça 0,79 Temperatura agradável 0,13

Tamanho adequado da sala 0,68 *estatisticamente significante (p 0,05) CONCLUSÕES O estudo identificou associação entre os distúrbios vocais em professores da rede estadual de ensino de Alagoas e fatores passíveis de intervenção ou modificação. Novos estudos são necessários para compreender melhor a presença das patologias vocais em docentes, em suas múltiplas manifestações e estágios. Tal conhecimento é fundamental para orientar propostas de melhorias nas condições ambientais e organizacionais de trabalho que minimizem a sobrecarga da voz no trabalho docente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Goulart BNG, Chiari BM. Construção e aplicação de indicadores de saúde na perspectiva fonoaudiológica contribuição para reflexão. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2006;11(3):194-204. 2. Behlau M, Dragone MLS, Nagano L. A voz que ensina: o professor e a comunicação oral em sala de aula. Rio de Janeiro: Revinter; 2004. 3. Ferreira LF, Giannini SPP, Figueira S, Silva EE, Karmann DF, Souza TMT. Condições de produção vocal de professores da prefeitura do município de São Paulo. Dist Comum. 2003;14:275-307.