Criança e Comunicação: Nosso Bairro em Pauta 10 Anos 1. Michael da SILVA 2 Tiago FIORAVANTE 3 Saraí SCHMIDT 4 Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS



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Transcrição:

Criança e Comunicação: Nosso Bairro em Pauta 10 Anos 1 Michael da SILVA 2 Tiago FIORAVANTE 3 Saraí SCHMIDT 4 Universidade Feevale, Novo Hamburgo, RS RESUMO O Livro Criança Comunicação é uma publicação que resgata uma década do projeto de extensão Nosso Bairro em Pauta, apresentando as diferentes fases, os desafios e as conquistas desta experiência universitária no campo da Comunicação. Criado em 2002 o projeto é um espaço que se caracteriza pelo comprometimento da universidade e a discussão dos ensinamentos midiáticos. O estudo analisa as atividades desenvolvidas a partir das relações entre mídia, educação e cultura. O foco de análise são as oficinas de Mídia e Educação e a produção dos jornais comunitários Folha Martin Pilger e Fala Kephas. Esta experiência oportuniza uma maior articulação dos acadêmicos de Comunicação Social com a comunidade, buscando resgatar o respeito e valorização da opinião da escola pública na reconstrução de sua realidade. PALAVRAS-CHAVE: mídia; comunicação; criança; educação INTRODUÇÃO O presente artigo apresenta uma reflexão a partir dos registros do Livro Criança e Comunicação: Nosso Bairro em Pauta 10 anos. A publicação reúne a trajetória das atividades realizadas desde o surgimento do projeto de extensão Nosso Bairro em Pauta em 2002. O livro traz uma síntese das atividades realizadas por acadêmicos do curso de Comunicação Social nas escolas da rede pública, onde são abordadas, principalmente, questões sobre mídia, consumo e infância. Dividido em cinco sessões, além da trajetória e síntese do projeto de extensão, o livro apresenta depoimentos de professores e acadêmicos da Universidade, assim como professores e alunos da rede pública, participantes da experiência em seus dez anos de existência. O projeto da Universidade Feevale atende as comunidades dos bairros Vila Nova/ Martin Pilger, Kephas/São José em Novo Hamburgo, 1 Trabalho submetido ao XX Prêmio Expocom 2013, na Categoria: Produção Editorial e Produção Transdisciplinar em Comunicação, modalidade: Edição de Livro (avulso). 2 Aluno líder do grupo e estudante do 5º. Semestre do Curso de Jornalismo, email: michael@feevale.br 3 Estudante do 6º. Semestre do Curso de Jornalismo, email:. 4 Orientador do trabalho. Docente do Curso de Comunicação Social e do Mestrado em Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale, email saraischmidt@feevale.br 1

RS. Cabe esclarecer que a publicação deste livro integra o II Seminário Criança na Mídia e contou com o financiamento da Fapergs como possibilidade para materializar o encontro da experiência da extensão e da pesquisa na Universidade Feevale. A produção contou com a participação de acadêmicos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda sob a orientação dos professores que integram a equipe do Projeto. OBJETIVO A proposta desta publicação, que envolveu um grupo de acadêmicos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo com orientação de professores em diferentes etapas, é divulgar as atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão em sintonia com as atividades de pesquisa. O livro busca a possibilidade de compartilhar alguns momentos desse trabalho realizado em parceria com as escolas municipais e comunidade dos bairros Vila Nova e São José. O desafio foi registrar as múltiplas ações realizadas ao longo de uma década com a proposta de discutir a pedagogia da mídia e sua relação com a constituição das identidades. JUSTIFICATIVA O Livro Criança Comunicação: Nosso Bairro em Pauta 10 Anos comemora uma década de trabalho no campo da Comunicação Social. A leitura do livro possibilita conhecer mais sobre as atividades realizadas com jovens e crianças das escolas das comunidades ditas de periferia. Este projeto tem significativa relevância social, uma vez que aproxima a universidade e a escola pública. O livro registra a produtividade deste encontro apresentando as percepções dos participantes sobre esta experiência, tanto na produção de jornais comunitários, como na realização de oficinas de Mídia e Educação. A experiência acontece em sintonia com as reflexões do campo dos Estudos Culturais que são norteadoras no desenvolvimento da pesquisa realizada a partir desta experiência. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS Esse trabalho interdisciplinar resulta da troca de sabres entre o conhecimento dos acadêmicos e as vivências e experiências da comunidade. É o encontro também entre as dimensões de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade. O trabalho é realizado em permanente discussão da equipe de bolsistas da extensão com os professores. Cabe ressaltar que enquanto a equipe da extensão planeja e realiza as atividades relacionadas com a mídia e consumo em parceria com a equipe da escola, a equipe da pesquisa participa oferecendo suporte para sistematizar a coleta de dados (registro fotográfico, audiovisual, transcrição) 2

durante a realização das oficinas e demais atividades. Assim como as ações do projeto são discutidas e ampliadas a partir do debate realizado nas salas de aulas de disciplinas dos cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo. Neste sentido, o livro foi organizado em cinco sessões que apresentam uma síntese desse encontro entre a extensão, a pesquisa e o ensino: Apresentação e Seminário Criança na Mídia; Oficinas Mídia e Educação e Jornais; Pesquisa; Ensino; Eventos. DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU PROCESSO Na primeira sessão temos a Apresentação do projeto Nosso Bairro em Pauta, escrita pela Diretora do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Feevale, Maria Cristina Bohnenberger (2012). Ela faz um resgate sobre o significado da extensão na Universidade e, sobretudo experiências voltadas a temática da Comunicação Social relacionados a comunidade local. Conforme o texto de apresentação do livro: O Nosso Bairro em Pauta nasceu por meio de um projeto de extensão vinculado a atividades de ensino. A extensão, na Universidade Feevale, é um espaço que se caracteriza, essencialmente, pelo comprometimento com os direitos da cidadania e ultrapassa uma perspectiva meramente assistencialista. Ainda na sessão de abertura o livro apresenta a proposta do II Seminário Criança na Mídia que integra o projeto de extensão, reunindo profissionais e acadêmicos, bem como professores da educação básica na discussão sobre a relação entre mídia e criança/juventude. Segundo a líder do projeto Nosso Bairro em Pauta, professora Saraí Schmidt: Esta experiência aposta na pertinência de envolver e comprometer a universidade e, em especial, os cursos de Comunicação Social, na discussão sobre a pedagogia da mídia e o universo infantil em cuja construção ela está implicada. Após dez anos de um trabalho sistemático a partir da experiência com as oficinas de Mídia e Educação e a reflexão teórica com a contribuição da pesquisa, acreditamos no desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar que envolva o olhar de diferentes áreas. Nosso muito obrigado a generosidade de todos que participaram desta construção coletiva. 3

Na segunda sessão temos um relato sobre a proposta e organização das Oficinas de Mídia e Educação realizadas ao longo destes dez anos. Essas oficinas ocorrem no período letivo em sete escolas públicas dos bairros São José/Kephas e Vila Nova/Martin Pilger. A seguir compartilhamos uma síntese das seguintes oficinas: Campanhas de leitura na TV, Saúde na Pauta, Capas de Caderno, Por uma Escola Melhor, Comunicação Visual, Cinema na Feevale, Ilustração e Imagens do São José. Incentivar a leitura na comunidade e na universidade. Esse foi o objetivo da Oficina Campanhas de Leitura na TV. Os alunos foram desafiados a produzir comerciais televisivos que mobilizassem para a importância da leitura. Durante a realização dessa oficina as crianças (alunos da rede pública) foram responsáveis pela produção do roteiro, a escolha da trilha, o figurino e os objetos de cena. Os acadêmicos acompanharam o processo de edição na TV Feevale. As oficinas buscam focos diferenciados, mas discutem, principalmente, a relação entre o consumo e a educação. Alimentação saudável foi um dos temas discutidos nas oficinas realizadas com estudantes do 5º ano. Utilizando o espaço da cozinha do curso de Nutrição da Universidade Feevale, a oficina Saúde na Pauta possibilitou aos alunos discutir a relação consumo, publicidade e hábitos alimentares. Essa oficina ainda gerou um programa de TV no canal da universidade, onde os alunos participaram de um quiz (jogo) de perguntas e respostas sobre alimentação saudável. Desenvolver nas crianças sua criatividade e incentivá-los a perceber o valor de possuir algo exclusivo. Essa foi a proposta da oficina Capas de Caderno. As crianças confeccionaram diferentes tipos de capas, expressando seus gostos, preferências e estilo de cada um. A rotina das escolas e dos estudantes foi privilegiada durante a oficina Por uma Escola Melhor. Com intuito de incentivar o cuidado com a escola e o respeito com o próximo, foram realizadas campanhas publicitárias. As crianças tiveram contato com profissionais da área da Publicidade e Propaganda quando conheceram o processo de criação de uma campanha. O resultado foram anúncios produzidos no estúdio de fotografia da Universidade Feevale e divulgados nas escolas da rede municipal. Já nas oficinas de Comunicação Visual e Ilustração os alunos tiveram contato com diferentes materiais, técnicas e recursos visuais utilizados na publicidade. Nessas oficinas as crianças foram estimuladas a resolver problemas e explorar a sua criatividade. Além de aprender técnicas fotográficas, os alunos participantes da oficina Imagens do São José foram estimulados a 4

valorizar seu bairro e o lugar onde vivem. Por meio de registros feitos pelos próprios alunos no bairro foram produzidos fanzines e cartões postais. Esta experiência inda resultou em vinhetas veiculadas no canal de TV da Universidade Feevale. A oficina de Cinema é uma ramificação das oficinas de Mídia e Consumo que surgiu em 2010 tendo como foco crianças da Educação Infantil da rede pública. A partir da apresentação de filmes busca-se discutir a relação da mídia e a educação, ou seja, a pedagogia do cinema. Após assistir o filme são realizadas atividades na escola para ampliar o debate a sala de aula. Esta experiência de aproximar os alunos do ensino fundamental da discussão da mídia, oportunizando a produção de outras narrativas fazendo o contraponto as representações da grande mídia tem sido muito enriquecedora para os acadêmicos. As atividades possibilitam que os alunos do ensino fundamental estimulem a sua criatividade e expressem sua opinião. Neste sentido torna-se fundamental oferecer outras possibilidades, tanto para os estudantes da escola pública, como para os acadêmicos de Comunicação: A partir de um veículo dito alternativo, os jovens podem ter a oportunidade de colocar em evidência outras formas de se ver e pensar a cultura jovem, sendo esta uma forma de discutir e inverter a pauta imposta pela grande mídia. Dessa forma, a comunicação pode acontecer de forma mais democrática, possibilitando que o próprio jovem possa apresentar outras formas de representar a si mesmo (SCHMIDT E HANSEN, 2008, s/p). Ainda nesta sessão temos um relato sobre o surgimento e a trajetória dos jornais comunitários Fala kephas, Folha Martin Pilger, Folha da Igrejinha. Esta sessão traz depoimentos dos acadêmicos que atuaram na produção dos textos, fotos e diagramação dos jornais. Assim como os relatos de professores e comunidade leitora dos periódicos que circulam nos bairros. Outro aspecto a se destacar é que o livro apresenta a experiência dos ilustradores que desenvolveram ou iniciaram a colaboração nos jornais comunitários que hoje ocupam lugar de destaque no mercado jornalístico gaúcho. Na terceira sessão são apresentadas as etapas de realização da Pesquisa institucional A criança Nossa de cada dia: Um estudo sobre consumo, publicidade e cultura infantil. Esta sessão busca compartilhar a experiência da realização da pesquisa acadêmica em parceria com a extensão universitária e apresenta uma descrição da construção metodológica desta proposta: O começo, Infâncias, Pedagogia da Mídia, Jovens, Trocatroca de brinquedos e Criança na Mídia. 5

Já na quarta sessão o livro aborda a integração do Ensino com o projeto. Em um conjunto de disciplinas do curso de Comunicação Social da Universidade Feevale, foram desenvolvidos trabalhos em relacionados à temática do consumo/infância. Na disciplina de Mídia e Cultura foram produzidas peças publicitárias promovendo reflexão sobre o uso da imagem infantil nos comerciais. Na disciplina de Campanhas Publicitárias, os acadêmicos produziram junto aos alunos das escolas municipais cada etapa do processo de uma campanha publicitária. Ainda nesta sessão são apresentadas a proposta de Identidade Visual desenvolvidas pelos acadêmicos de Publicidade e Propaganda da Universidade para as escolas da rede pública. Conforme os diferentes relatos que integram o livro, podemos afirmar que as atividades realizadas pelo Projeto Nosso Bairro em Pauta buscam inquietar as crianças e os jovens sobre as lições da mídia. A experiência levanta questionamentos, promove reflexões para que crianças e jovens percebam de uma maneira crítica aquilo que a mídia vem ensinando como a única verdade. Ou seja, o projeto evidencia que não precisamos ser todos iguais ou pensar de forma homogênea seguindo sempre os ensinamentos midiáticos. Neste sentido, cabe lembrar que: Num planeta que tem aproximadamente 6,2 bilhões de pessoas de diferentes idades, herdando e constituindo milhares de culturas, uma parcela significativa da população mundial consome as mesmas coisas. São reconhecidos objetos e signos comuns, seja na Finlândia, em Bali, na Itália ou no Peru. Nos mais diversos espaços socioculturais, são procurados e usados os mesmos produtos, as pessoas se pautam por formas de relacionamento similares e se situam de maneira parecida perante as novidades: como ativos consumidores ou em pleno desejo (DREIFUSS, 2003, p. 123). E finalmente, na quinta e última sessão é apresentada uma retrospectiva de todos os eventos realizados pelo projeto Nosso bairro em Pauta nos últimos anos. São eles: Espetáculo de Dança Atelier Livre, Projeto Guri, Osquestra da Prefeitura, Gincana, Feevatchê e Encontro Repórter Mirim. Esta sessão apresenta ainda a programação do II Seminário Criança na Mídia e, em especial, a descrição dos panelistas que discutiram a estreita relação da mídia e a constituição das identidades infantis. E no encerramento da sessão temos os agradecimentos a todos que fazem parte da trajetória dos dez anos do projeto de extensão. 6

CONSIDERAÇÕES A partir da nossa experiência integrando a equipe que produziu este livro, foi possível ter uma melhor noção da abrangência e da história do projeto de extensão. Considerando que mesmo na condição de bolsistas, às vezes não temos a dimensão de todas as atividades que já foram desenvolvidas com o passar dos anos. Foi interessante também conhecer a visão dos professores das escolas participantes, que por meio de depoimentos, compartilharam suas vivências relacionadas ao projeto. Outra experiência positiva foi o trabalho na criação do projeto gráfico do mesmo, realizado sob orientação e supervisão da professora Vera Dones. Foi um desafio encontrar um projeto gráfico conseguisse expressar a proposta da equipe. Foram diversas tentativas, muitas vezes recomeçando do zero, mas sempre acrescentando novas possibilidades para o projeto final. Como bolsistas e acadêmicos, vemos a inciativa de reunir em um livro toda esta bagagem do projeto como uma oportunidade que enriquece nosso currículo. Cabe ressaltar que este livro é ao mesmo tempo o resultado de um árduo processo (reunir imagens, depoimentos, trabalhos dos alunos, editar,...) como também uma experiência gratificante. É compensador ter o registro destas vivências materializadas em cada página. É importante destacar que o resultado desse trabalho serviu de grande aprendizado para nós. Além de contribuir em nossa formação acadêmica, nos impactou de forma peculiar, pois nos demos conta de quão importante é esta experiência da extensão na área da Comunicação Social. Sensibilizamo-nos para questões que antes talvez passassem despercebidas e ficamos inquietos para as questões da mídia, principalmente relacionadas a cultura e consumo. Ver nosso trabalho relatado nas páginas do livro, as oficinas, os jornais produzidos é, de certa forma, um orgulho, pois conseguimos por em prática aquilo que aprendemos não só em sala de aula, mas na troca de vivências com a comunidade e a equipe do projeto. E este aprendizado, ou esta troca de saberes nos faz refletir sobre o valor que cada indivíduo tem na sociedade. Ou, como nos ensina a jornalista Eliane Brum: somos todos mais iguais do que gostaríamos. E, ao mesmo tempo, cada um é único, um padrão que não se repete no universo, especialíssimo. Nossa singularidade só pode ser reconhecida no universal. Tudo é um jeito de olhar (BRUM, 2006, p.195). E talvez pudéssemos arriscar dizer que é justamente esta a proposta deste livro: multiplicar a experiência da extensão no campo da Comunicação Social tentando trazer um olhar mais atento para a singularidade da comunidade que está em pauta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7

BOHNENBERGER, Maria Cristina. Introdução In: SCHMIDT, Saraí. Criança e Comunicação: Nosso Bairro em Pauta 10 anos. Feevale: Novo Hamburgo, 2012. BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Ed. Arquipélago Editorial, 2006. DREIFUSS, René. Tecnobergs globais, mundialização e planetarização. In: MORAES, Denis de. Por uma outra comunicação. São Paulo: Ed. Record, 2003. SCHMIDT e HANSEN. Juventude, Mídia e Identidade: A experiência da Folha Martin Pilger. Artigo. Universidade Feevale. Novo Hamburgo. 2008, s/p. 8