DIREITO CONSTITUCIONAL Organização Político-Administrativa do Estado Organização do Estado Municípios Profª. Liz Rodrigues
- Municípios: entidades federativas dotadas de autonomia e voltadas para assuntos de interesse local. Cada Estado é dividido em vários Municípios, todos com autonomia política e administrativa. - Nos termos do art. 1º da CF/88, integram a República Federativa do Brasil.
- Auto-organização: municípios são regidos por Leis Orgânicas, que são votadas em dois turnos, com intervalo mínimo de dez dias e devem ser aprovadas por 2/3 da Câmara Municipal (que também é responsável por sua promulgação). - A LO deve respeitar os princípios da Constituição Federal e da Constituição Estadual (veja o art. 29 da CF/88).
- A LO é hierarquicamente superior às demais leis municipais. - Autogoverno: os munícipes elegem o chefe do executivo local e seus representantes no legislativo. - Os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores são eleitos para mandatos de 4 anos. Os prefeitos e vices podem ser reeleitos uma vez (consecutiva) e não há limite para os mandatos dos vereadores.
- A eleição é realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato e, em se tratando de municípios com mais de 200.000 eleitores, é possível a realização de segundo turno, caso nenhum dos candidatos obtenha a maioria absoluta dos votos válidos. - Composição da Câmara de Vereadores: observe os limites estabelecidos no art. 29, IV da CF/88.
- Inviolabilidade dos vereadores por opiniões, palavras e votos: apenas dentro da circunscrição do município e durante o exercício do mandato (veja o art. 29, VIII, CF/88). - Lei de Iniciativa Popular Municipal: é possível, nos termos do art. 29, VIII da CF/88 projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, 5% do eleitorado.
- Autolegislação (art. 30, I a III, CF/88): cabe aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local, suplementar a legislação federal e a estadual no que couber e instituir os tributos de sua competência. - A fiscalização do Município (controle externo) é exercida pelo Poder Legislativo municipal, com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados (ou do Município, onde houver veja o art. 31 da CF/88).
- Competências materiais (art. 30, CF/88): III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; [...]
- Responsabilidade do prefeito: são julgados, em suas infrações penais, pelos Tribunais de Justiça. - Súmula 702, STF: a competência dos tribunais de justiça, no caso, restringe-se aos crimes da justiça comum estadual. Nos demais casos, a competência cabe ao respectivo tribunal de segundo grau.
- Crimes de responsabilidade: são julgados pela Câmara de Vereadores (veja o art. 4º do DL n. 201/67). - Bens do Município: não são mencionados na Constituição Federal. - Autoadministração: o Município deve dispor de um corpo próprio de funcionários e servidores, capazes de atender à realização de seus encargos.
- Observe que não existe Poder Judiciário Municipal. - Criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios: é permitida, nos termos do art. 18, 4º da CF/88. - Observe os requisitos:
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
- Antes da EC n. 15/96, a criação de municípios era bem mais livre, o que gerou alguns abusos. - Com a alteração do texto constitucional, a criação de novos municípios ficou na dependência da criação de uma Lei Complementar Federal (inexistente até o momento) e da realização do estudo de viabilidade municipal.
- O art. 18, 4º da CF/88 é uma norma constitucional de eficácia limitada e a inexistência da LC impede a produção de seus efeitos ou seja, o STF entendeu que a criação de novos municípios está inviabilizada até que a Lei Complementar venha ser criada (ADI n. 2.240). - No entanto, entre a EC e a decisão da ADI, diversos municípios foram criados.
- A fim de solucionar a questão, a EC n. 57 acrescentou, ao ADCT, o art. 96, convalidando os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios cuja lei houvesse sido publicada até 31/12/2006, desde que atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado vigente à época de sua criação.
- Desde então (2007 em diante), o STF tem entendido que a criação de novos municípios está inviabilizada até que a Lei Complementar Federal venha a ser criada. - Assim, no julgamento da ADI n. 4.992 (que discutiu a criação do município de Extrema, em Rondônia), o STF suspendeu a lei que criava o município em questão.