RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA

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Avaliação dos impactos da tecnologia

Transcrição:

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA Nome da tecnologia: Cultivar BRS Pará Ano de avaliação da tecnologia: 2013 Unidade: Embrapa Amazônia Oriental Equipe de Avaliação Coordenação Jair Carvalho dos Santos Ana Laura dos Santos Sena Enilson Solano Abulquerque Silva Membros da Equipe Tiago Rolim Karla Cohen Patrícia Ledoux Rosana Cavalcante Sheila Melo Belém, Pará, Brasil, Março de 2014 1

Sumário 1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA... 3 1.1. Nome/Título: Cultivar BRS Pará... 3 1.2. Objetivo Estratégico PDE/PDU... 3 1.3. Descrição Sucinta... 3 1.4. Ano de Lançamento: 2005... 5 1.5. Ano de Início de Adoção: 2005... 5 1.6. Abrangência... 5 1.7. Beneficiários... 6 2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA... 6 3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS... 9 3.1. Avaliação dos Impactos Econômicos... 9 3.2. Análise dos Impactos Econômicos... 10 3.3. Fonte de Dados... 11 4. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIAIS... 12 4.1. Avaliação dos Impactos... 12 4.2.- Análise dos Resultados... 13 4.3.- Impactos sobre o Emprego... 14 4.4. Fonte de Dados... 15 5. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS... 15 5.1. Avaliação dos Impactos Ambientais... 15 5.2. Índice de Impacto Ambiental... 17 5.3. Fonte de Dados... 18 6. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO E POLÍTICO- INSTITUCIONAL... 18 6.2. Impactos sobre Capacitação: Esse item é opcional para os Centros Ecorregionais... 19 6.3. Impactos Político-Institucionais: Esse item é opcional para os Centros Ecorregionais... 19 7. AVALIAÇÃO INTEGRADA E COMPARATIVA DOS IMPACTOS GERADOS... 19 8. CUSTOS DA TECNOLOGIA... 21 8.1. Estimativa dos Custos... 21 8.2. Análise dos Custos... 22 9. AÇÕES SOCIAIS... 23 10. BIBLIOGRAFIA... 23 11. ENTREVISTADOS... 24 2

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DAS TECNOLOGIAS GERADAS PELA EMBRAPA 1. IDENTIFICAÇÃO DA TECNOLOGIA 1.1. Nome/Título: Cultivar BRS Pará 1.2. Objetivo Estratégico PDE/PDU Objetivo Estratégico PDE/PDU X Competitividade e Sustentabilidade do Agronegócio Inclusão da Agricultura Familiar Segurança Alimentar Nutrição e Saúde Sustentabilidade dos Biomas Avanço do Conhecimento Não se aplica 1.3. Descrição Sucinta A biodiversidade da Floresta Amazônica tem possibilitado o surgimento de novos produtos utilizados pelo homem para consumo e comercialização. O açaí é um desses produtos de origem amazônica que apresentou expressivo crescimento de mercado nas últimas duas décadas. Essa expansão se deu nos mercados local e, principalmente, nacional e internacional. A Região Norte, com uma produção de 186.676 toneladas concentra quase que a totalidade da produção nacional (Tabela 1). Desse total, o Estado do Pará é responsável por 55,76% da produção, tendo como base o ano de 2012. Tabela 1. Produção de Açaí no Brasil, na Região Norte e no Estado do Pará (toneladas de fruto). 2005 a 2012. Produção Localização geográfica Pará Norte Brasil Fonte: IBGE, 2013. 2005 92.088 95.494 104.874 2006 88.547 91.899 101.341 2007 93.783 97.632 108.033 2008 107.028 111.449 120.890 2009 101.375 106.296 115.947 2010 106.562 113.331 124.421 2011 109.345 203.113 215.382 2012 110.937 186.676 199.116 O açaí é obtido do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.), uma palmeira nativa da Amazônia. O açaí se destaca entre os diversos recursos vegetais da Região pela ocorrência abundante e se constituir em importante alimento para as populações locais, além de ser a principal fonte de matéria-prima para as agroindústrias de polpa/suco de açaí e de palmito. A produção de açaí é originária predominantemente de açaizais nativos que ocorrem no estuário amazônico, com base em sistemas extrativos e semi-extrativos. A forte expansão da demanda resultou na incorporação de grande parte das áreas de açaizais nativos e, ao mesmo tempo, no adensamento de açaizeiros nessas mesmas áreas de açaizais nativos e na 3

implantação de áreas de cultivo em solos de várzea e de terra firme, o que representa, nestes últimos casos, o avanço do processo de domesticação da espécie. O início da expansão das áreas cultivadas se deu com uso de sementes obtidas diretamente de áreas extrativas ou daquelas que resultam do processamento do fruto, especialmente nas chamadas batedeiras de açaí, que são mini-indústrias artesanais, que fornecem o suco ou vinho de açaí nas áreas urbanas e rurais. Contudo, o material genético utilizado nesses plantios, em princípio, não apresentou boa qualidade, por não ter sido selecionado para os caracteres de produção e qualidade desejáveis, e por possuir alta variabilidade para esses mesmos caracteres. Diante desse problema, a Embrapa Amazônia Oriental iniciou, ainda nos anos 1980, um programa de pesquisas envolvendo genética e melhoramento de açaí, que resultou na criação da cultivar BRS Pará, lançada em 2005, e que começou a ser utilizada na expansão das áreas cultivadas em terra firme, a partir desse ano. A cultivar BRS Pará foi obtida por meio de três ciclos de seleção fenotípica. As principais características dessa tecnologia são: produção de frutos precoce, com a primeira frutificação aos três anos após o plantio; produtividade estimada em torno de 10 t/ha/ano a partir do 8º ano de plantio e; rendimento de polpa variando de 15 a 25%. Esses dois últimos indicadores superam o que é registrado no sistema tradicional. Nesse contexto, esta avaliação objetiva identificar os impactos socioeconômicos e ambientais da utilização da cultivar BRS Pará como tecnologia inovadora no sistema de cultivo em solos de terra firme no Estado do Pará e em outros estados que estão utilizando essa cultivar. Esses impactos serão realizados em comparação ao sistema tradicional de cultivo, onde se utiliza material genético comum, conforme citado anteriormente. No sistema tradicional, modal em termos estatísticos, considera-se um sistema agrícola implantado em condições de solos de terra firme, tipo latossolo amarelo textura média, que predomina nas regiões onde a cultura está se expandido com maior velocidade (municípios do nordeste paraense); em áreas de vegetação secundária, ou seja, já alteradas anteriormente; cultivo solteiro, podendo ter aproveitamento de entrelinhas nos primeiros anos com cultivos de ciclo curto; uso de corretivo de solo e adubações de fundação e de produção. O sistema utiliza de controle de plantas invasoras, desbaste nas touceiras e colheita manual. Na formação de mudas para plantio são utilizadas sementes comuns. O sistema recomendado pela Embrapa Amazônia Oriental considera as mesmas situações do sistema tradicional, apresentando como inovação a utilização de sementes da cultivar BRS Pará, que define a única fonte de variação e cujos efeitos econômicos, sociais e ambientais foram avaliados neste relatório. Essa variação teve como base a melhoria do rendimento (produtividade) de frutos e de polpa e menor variabilidade desses caracteres produtivos. As sementes da cultivar BRS Pará têm sido adquiridas por produtores de diversos estados da Amazônia e do Brasil, incluindo unidades federativas como São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro, entre outros. No entanto, as maiores demandas e aquisições têm ocorrido nos estados da Amazônia, com destaque para os Estados do Pará, Tocantins e Maranhão. A região nordeste do Pará, conforme já mencionado, tem predominância de adoção, como microrregião, em plantios realizados em áreas de terra firme, muitos com irrigação. Visando ampliar a análise relativa à tecnologia cultivar BRS Pará, foi estabelecida uma análise comparativa (Quadro 1) entre a cultivar que representa essa tecnologia e o material tradicional nativo utilizado, evidenciando suas respectivas vantagens e desvantagens. 4

Quadro 1 Análise comparativa entre a cultivar BRS Pará e o material nativo VANTAGENS DESVANTAGENS Incremento de produtividade e renda Necessidade de irrigação e adubação para alcance dos índices de produtividade preconizados pela pesquisa, o que traz aumento do custo de implantação e manutenção dos cultivos BRS Pará Maior facilidade de acesso a linhas de crédito Maior custo para aquisição de sementes e/ou mudas Geração de maior número de empregos - Valorização da propriedade - Maior segurança alimentar - Aumento da oferta de açaí fruto no período da entressafra da produção manejada - VANTAGENS DESVANTAGENS Maior facilidade para obtenção de sementes e/ou mudas, a preço mais baixo que o Menor produtividade material recomendado pela pesquisa. Material - Torna-se obsoleto em função da tecnologia nativo alternativa - Perda de competitividade - Gera menos emprego em relação à tecnologia recomendada pela pesquisa Fonte: Elaboração da equipe de pesquisa. As informações do Quadro 1 revelam a análise comparativa entre a cultivar BRS Pará e o material nativo. A cultivar BRS-Pará possui como principais vantagens: i) maior produtividade; ii) maior facilidade para a obtenção de créditos e, iii) aumento da oferta na entressafra, quando manejado. A principal desvantagem dessa tecnologia está no seu custo de implantação, pois é necessário adquirir mudas e dependendo da localidade, implantar irrigação. Contudo, esse investimento inicial a maior tende a ser compensado pela maior produtividade de frutos. 1.4. Ano de Lançamento: 2005 1.5. Ano de Início de Adoção: 2005 1.6. Abrangência Nordeste Norte Centro Oeste Sudeste Sul AL AC X DF ES PR X BA X AM X GO MG RS CE AP X MS RJ SC MA X PA X MT X SP X PB RO X PE X RR X PI TO X RN SE 5

1.7. Beneficiários Produtores agrícolas Produtores agroindustriais Consumidores 2. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS NA CADEIA PRODUTIVA A fruticultura hoje é um dos segmentos mais importantes da agricultura brasileira, respondendo por 25% do valor da produção agrícola nacional. Com produção de 41,5 milhões de toneladas em 2010 (o que representa 5,7% do quantitativo mundial), o Brasil fica atrás apenas da China e da Índia tornando-se um dos três maiores produtores de frutas do mundo. A produção brasileira é destinada ao mercado de frutas processadas e ao mercado de frutas frescas com aproximadamente 50% para cada segmento. Existe ainda um mercado externo potencial e crescente à fruticultura brasileira de 28,3 milhões de toneladas (SEAB, 2012). No Pará, o açaí é o principal produto da fruticultura do Estado. A receita das exportações em polpa de frutas do Estado do Pará em 2009 foi de aproximadamente US$28 milhões, sendo o açaí responsável por 85,79% do volume total exportado, valor equivalente a U$$24 milhões (OLIVEIRA, 2011). Nesse contexto, ações que possibilitem aumento na produção de açaí têm impacto significativo na cadeia produtiva, uma vez que além do elo da produção, os elos industrial e comercial também são influenciados positivamente. A Figura 1, a seguir, apresenta a estrutura básica da cadeia produtiva de açaí, identificando os diversos segmentos e atores referenciados neste Documento. Convém ressaltar que a cadeia envolve o açaí oriundo de áreas extrativas e de áreas de cultivo. Adaptado de Santos et.al (2009) pelos autores do relatório. 6

Os efeitos da inovação tecnológica ao longo da cadeia têm como origem o aumento e a estabilidade do rendimento da cultura do açaí e da polpa de frutos em resposta tão somente ao emprego da cultivar BRS Pará, desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental, considerando-se o pressuposto de que os sistemas produtivos avaliados (tradicional e inovador) diferem entre si apenas pela adoção da cultivar pelo sistema inovador, sendo os demais caracteres semelhantes. Esse aumento de rendimento tem efeitos na maior demanda por insumos (inclusive trabalho) e no aumento de produto a transportar, comercializar, processar e consumir. Sendo assim, o Quadro 2 apresenta os impactos econômicos, sociais e ambientais da adoção da cultivar BRS Pará, bem como seu nível de intensidade, nos elos da cadeia produtiva do açaí. Os níveis de impacto foram distribuídos em: impacto alto; impacto médio; impacto baixo e; impacto não evidenciado. Quadro 2. Impactos econômicos, sociais e ambientais na cadeia produtiva do açaí Elos da cadeia Fornecedores de Insumos Impactos Econômicos Sociais Ambientais Impacto médio: crescimento da renda em decorrência do aumento nas vendas Impacto médio: geração de empregos devido ao aumento nas vendas Impacto baixo: equipamentos utilizados não geram grandes resíduos Extrativistas Não se aplica Não se aplica Não se aplica Agricultores Associações/ Cooperativas Intermediários Agroindústria de Frutos Varejistas Indústria de Alimentos, Fármacos e Cosméticos Feiras Livres Mercado Externo Impacto alto: aumento substancial da renda familiar, disponibilização de parte da produção na entressafra da produção manejada Impacto alto: aumento das receitas com crescimento do número de associados Impacto alto: aumento da renda Impacto alto: aumento das receitas Impacto alto: aumento da renda Impacto médio: aumento das receitas devido à maior comercialização de produtos e derivados Impacto alto: aumento na renda dos feirantes Impacto médio: aumento das receitas das exportações Impacto alto: geração de empregos na colheita e debulha do açaí Impacto médio: geração de empregos para a administração das cooperativas e associações Impacto alto: aumento do número de ocupações para intermediar a comercialização entre produtores e compradores Impacto alto: aumento da geração de empregos Impacto alto: aumento do número de empregos gerados Impacto médio: aumento do número de empregos gerados Impacto alto: aumento no número de empregos Impacto médio: geração de emprego nos segmentos exportadores, disponibilidade dos Impacto médio positivo: recuperação e melhor aproveitamento de áreas degradadas. Impacto baixo negativo*: geração de resíduos devido à utilização de adubos químicos na produção. Impacto não evidenciado Impacto não evidenciado Impacto alto: aumento na geração de resíduos Impacto médio: aumento na geração de resíduos Impacto médio: aumento na geração de resíduos Impacto alto: aumento na geração de resíduos Impacto não evidenciado 7

Mercado Interno Fonte: elaboração dos autores Impacto médio: geração de renda através da comercialização do açaí fruto e de seus produtos derivados produtos derivados do fruto do açaí no mercado Impacto alto: aumento do número de empregos diretos e indiretos; aumento da segurança alimentar (por disponibilizar uma parte da produção na entressafra da produção manejada), disponibilidade dos produtos derivados do fruto do açaí no mercado Impacto não evidenciado *Apesar de o resultado do índice de impacto ambiental na comparação entre os sistemas tradicional e o indicado pela pesquisa ter tido um resultado nulo, é importante ressaltar esse aspecto da geração de resíduos em razão da utilização de adubos químicos utilizados nos plantios de açaí pelos produtores nos dois sistemas comparados. Analisando de forma geral a cadeia produtiva do açaí, verifica-se que os impactos positivos da adoção da cultivar BRS Pará estão ligados ao aumento da renda e à geração de empregos, porém, em relação à questão ambiental, deve-se atentar para o descarte de resíduos que impactam negativamente o meio ambiente nos diversos elos da cadeia. Na avaliação dos impactos da cultivar BRS-Pará, sob as óticas econômica, social e ambiental, utilizou-se a abordagem incremental, ao se comparar os resultados com e sem a tecnologia, ou seja, os sistemas com e sem a cultivar. Esta avaliação buscou abranger, de forma sistêmica, o contexto da cadeia produtiva, sendo, no entanto, enfocado cada segmento individualmente, de acordo com a intensidade do impacto gerado pelo uso efetivo da tecnologia. Dessa forma, apropriaram-se os efeitos da tecnologia nos segmentos de insumos produtivos, de produção primária, agroindústria, transportes, comércio e serviços. Para avaliação econômica, estimou-se o valor da variação do rendimento devido à adoção da cultivar, de maneira agregada, ou seja, considerando a área total de sistemas produtivos de açaí com BRS-PA que já se encontrava em fase de produção no ano 2013. Na avaliação social, utilizou-se da ferramenta Ambitec Social para identificar os impactos da tecnologia nos aspectos qualitativos de emprego, de renda, de saúde e de gestão e administração. Na quantificação adicional de geração (e manutenção) de emprego, adotou-se a abordagem sistêmica e as informações de informantes-chave para estimação. O impacto sobre a geração de emprego nos diversos segmentos (insumos, produção agrícola, comércio, serviços e indústria) resulta do aumento da produção primária e que se irradia ao longo da cadeia. Na abordagem ambiental, utilizou-se da metodologia Ambitec para avaliar aspectos de eficiência tecnológica, de conservação e recuperação ambiental, identificando índices de impacto ambiental, de acordo com a classe de produtor avaliada. Por já existir uma base de avaliação, construída nas avaliações de anos anteriores, utilizou-se da estratégia metodológica de obter os dados e informações adicionais para 2013, a partir de informantes-chave, representados por produtores e técnicos com destacada experiência e conhecimento da tecnologia e dos segmentos ou da cadeia produtiva, definindo uma atualização das informações pré-existentes. 8

3. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS ECONÔMICOS 3.1. Avaliação dos Impactos Econômicos Se aplica: sim (X) não ( ) Os impactos econômicos da tecnologia, representada pelo uso da cultivar BRS-Pará no sistema de cultivo em terra firme, foram quantificados e analisados considerando-se o efeito do emprego da tecnologia no aumento da produtividade das áreas de cultivo de açaí, por ser o principal e mais expressivo efeito resultante. Na composição dos cálculos do impacto econômico para o ano de 2013, foi considerado o preço médio de safra, período em que os produtores realizam a maior parte de suas vendas. Os custos adicionais da tecnologia refletem os acréscimos de despesas com a maior produção e com a aquisição de sementes da nova cultivar. O percentual de participação da Embrapa (70%) reflete o forte papel da Embrapa Amazônia Oriental nas ações de pesquisa que resultaram na geração da cultivar e nas ações de transferência de tecnologia. A participação complementar decorre das ações de apoio financeiro de instituições como JICA e Fapespa, de produtores que apoiaram ações de consolidação da pesquisa e de associação de produtores, da Emater e de outras instituições de transferência de tecnologia, no processo de difusão junto aos produtores rurais. Tipo de Impacto: Incremento de Produtividade Tabela Aa - Ganhos Líquidos Unitários Ano Unidade de Medida Rendimento Anterior - kg/ha Rendimen to Atual - kg/ha Preço Unitário - R$ Custo Adicional R$ (A) * (B) * (C) (D) * Ganho Unitário - R$/ha E = { ((B - A) x C) - D} 2008 hectare 670 1.000 1,01 129,96 204,56 2009 (ha) 745 1.113 1,13 147,19 269,14 2010 967 1.444 0,98 172,42 294,96 2011 1.394 2.080 1,05 235,29 485,70 2012 1.998 2.982 1,02 314,55 686,39 2013 2.370 3.537 1,03 353,74 848,63 * Esses rendimentos e custos adicionais correspondem a média ponderada para os cinco primeiros anos de produção expressiva (terceiro ao sétimo anos de idade da lavoura após plantio). A ponderação foi com base na proporção de área em produção com cada idade. Convém lembrar que a cultivar foi lançada em 2005, com as primeiras áreas plantadas neste mesmo ano. Como exemplo, os primeiros plantios com BRS PA em 2005, estimados em 281 ha, iniciaram a produção econômica em 2008. Os valores das colunas Preço Unitário e Custo Adicional foram corrigidos pelo IGP-DI acumulado até novembro de 2013, dessa forma todos os valores monetários estão corrigidos. 9

Tabela Ba - Benefícios Econômicos na Região Ganho Líquido Participação Embrapa Unidade Ano Embrapa - % R$/ha * de Medida Área de Adoção ha ** Benefício Econômico R$ (F) G = (E x F)/100 (H) I = (G x H) 2008 70 143,19 281 40.189,15 2009 70 188,40 2.493 469.700,24 2010 70 206,47 hectare 6.886 1.421.704,03 2011 70 339,99 (ha) 11.514 3.914.484,15 2012 70 480,48 15.418 7.407.755,72 2013 70 594,04 21.672 12.873.737,71 *Ganhos relativos aos três primeiros anos de safra expressiva (terceiro ao sexto anos de idade no campo), conforme explicitado na Tabela 1. **Área acumulada de açaizal plantada com a cultivar BRS-PA, nos cinco primeiros anos após o lançamento da tecnologia (plantio em 2005 a 2010) e que são as áreas com impacto econômico de 2008 a 2013, por estarem em fase produtiva. Os valores das colunas Preço Unitário e Custo Adicional da Tabela Aa, foram corrigidos pelo IGP-DI acumulado até novembro de 2013, dessa forma todos os valores monetários estão corrigidos. Tipo de Impacto: Redução de Custos Não se aplica. Tipo de Impacto: Expansão da Produção em Novas Áreas Não se aplica. Tipo de Impacto: Agregação de Valor Não se aplica. 3.2. Análise dos Impactos Econômicos Tendo sido lançada em 2005 e início de plantio nesse mesmo ano, a tecnologia inovadora (cultivar BRS-Pará), que faz parte do sistema de produção de açaí sob avaliação, por ser uma cultura permanente, entra em fase produtiva de frutos (fase safreira) no terceiro ano de idade de cultivo (quarto ano de campo), o impacto econômico só se iniciou em 2008 se estendendo até 2013, ano que este Relatório avalia, de forma mais específica. Adicionalmente, a produção nesses seis primeiros anos de safra é evolutiva e as áreas safreiras são acumuladas a cada ano. Convém ressaltar que as áreas de produção de sementes da cultivar BRS-Pará estavam em início da fase safreira, disponibilizando poucas sementes para serem utilizadas nas novas áreas de plantio, nos primeiros anos de lançamento da tecnologia. Com base nas quantidades de sementes e mudas comercializadas aos produtores pela Embrapa e pelo produtor de sementes da cultivar, estima-se que, em 2013, exista cerca de 30,8 mil ha da cultivar implantada em diversos estados, mas apenas 21,6 mil ha, que foram implantados no período de 2005 a 2010 e que estavam em fase safreira em 2013. A área 10

restante, implantada a partir de 2011, encontrava-se em fase de desenvolvimento, sem produzir ou com produção incipiente. Os dados da Tabela Aa revelam os ganhos líquidos unitários proporcionados pela tecnologia. Com relação ao rendimento anterior, percebe-se que ele vem crescendo ao longo dos anos e teve uma evolução de 253%, passando de 670 kg/ha (2008) para 2.370 kg/ha (2013). O rendimento atual também cresceu e passou de 1.000 kg/ha em 2008 para 3.537 kg/ha em 2013, demonstrando um crescimento de 198%. Por sua vez, no que diz respeito ao custo adicional da tecnologia, verifica-se que, a partir do ano de 2008, ele vem aumentando conforme a variação do incremento a produção e do custo de aquisição de sementes. O custo adicional por hectare em 2013 ficou na faixa de R$ 353,74. Ainda na tabela Aa, os ganhos unitários proporcionados pela tecnologia também revelaram-se crescentes ao longo dos anos, fruto da maior adoção da inovação tecnológica. No ano de 2013 os ganhos líquidos por hectare alcançaram a marca de R$ 848,63. Os dados da tabela Ba revelam os benefícios econômicos na região proporcionados pela cultivar BRS-Pará. A participação da Embrapa foi estimada em 70%, em função da sua participação massiva processo de criação e de transferência da tecnologia. Com relação aos ganhos líquidos da Embrapa (calculados por meio do ganho unitário e do percentual de participação da Embrapa), no ano de 2013 eles foram de R$ 594,04 por hectare. Considerando a área de adoção de 21.682 hectares, o ganho para a região é de R$ 12,8 milhões. Esse impacto econômico no ano de 2013 pode ser considerado como um valor expressivo, considerando-se o período relativamente curto de geração da tecnologia. É importante reiterar que esse impacto (econômico) se refere apenas ao setor primário ou agroextrativo, não tendo sido, ainda, apropriados os efeitos sobre os demais elos da cadeia, o que caracteriza que o impacto econômico deva ser maior que o valor aqui estimado. No que tange à área de adoção da tecnologia cultivar BRS-Pará, em 8 anos, transcorreu o processo de concepção, geração, transferência e rápida/contínua adoção. De 2005 a 2013, como mostram os dados da tabela Ba, houve um elevado crescimento de 7.612% nessa adoção, saindo de 281 ha para 21.672 ha. 3.3. Fonte de Dados Tabela 3.3.1 - Número de Consultas Realizadas por Município Produtor Produtor Patronal Municípios Estado Familiar Total Pequeno Médio Grande Comercial Inhangapi Pará 04 02 0 0 06 Santo Antônio do Tauá Pará 0 03 0 0 03 Barcarena Pará 0 01 0 0 01 Terra Alta Pará 0 0 01 0 01 Santa Izabel Pará 0 02 0 0 02 Cametá Pará 0 0 01 0 01 Baião Pará 0 0 01 0 01 Tomé Açu Pará 01 01 0 0 02 Altamira Pará 02 0 0 0 02 Diversos Pará 0 0 0 0 11 Total 30 11

Tendo em vista que a avaliação para o ano de 2013 foi definida a partir das avaliações de anos anteriores, acrescentando-se os dados obtidos com informantes-chave, o quantitativo de consultas realizadas corresponde ao número de produtores consultados em anos anteriores, adicionado dos informantes do último ano analisado. 4. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIAIS 4.1. Avaliação dos Impactos A Unidade Utilizou a Metodologia AMBITEC-Social ( x ) sim ( ) não. 4.1.1. Tabela - Impactos Sociais Aspecto Emprego Se aplica Indicadores (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Capacitação Sim 0.00 0.00 0.00 Oportunidade de emprego local Sim qualificado 0.30 0.60 0.45 Oferta de emprego e condição do Sim trabalhador 0.50 0.70 0.60 Qualidade do emprego Sim 0.00 0.50 0.30 * Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial). Na análise do aspecto emprego, verifica-se que, em termos de capacitação, a adoção da nova tecnologia não traz alteração em relação à necessidade de os trabalhadores terem de passar por processos de treinamentos mais intensos e diferenciados do que acontece no plantio de material genético comum. Quanto à oportunidade de emprego local qualificado, há um impacto positivo, especialmente para os produtores patronais em razão do aumento da produção necessitar de maior emprego de mão-de-obra, especialmente no processo de colheita. A elevação do número de postos de trabalho é registrada para os dois tipos de produtores, mas, em relação à condição do trabalhador e qualidade do emprego, o emprego formal apresenta uma tendência de maior ocorrência entre os produtores do tipo 2, por possuírem áreas bem maiores de produção e necessitarem, no caso de aumento da produção, de um volume maior de mão-de-obra. 4.1.2. Tabela - Impactos Sociais Aspecto Renda Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Geração de Renda do estabelecimento Sim 0.80 0.80 0.80 Diversidade de fonte de renda Sim 0.00 0.00 0.00 Valor da propriedade Sim 0.30 0.30 0.30 * Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) Em relação à geração de renda no estabelecimento, o cultivo da BRS-Pará traz um efeito positivo, notadamente para os componentes segurança, estabilidade e montante, mas sem haver modificação em relação à diversidade de fontes de renda em comparação à 12

situação de outras plantações de açaizeiros. Quanto ao valor da propriedade, tende a haver uma maior valorização em decorrência de investimentos em benfeitorias e do aumento da capacidade produtiva. 4.1.3. Tabela - Impactos Sociais Aspecto Saúde Se aplica Indicadores (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Saúde ambiental e pessoal Sim 0.00 0.00 0.00 Segurança e saúde ocupacional Sim 0.00 0.00 0.00 Segurança alimentar Sim 0.30 0.30 0.30 * Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) A pesquisa sobre os componentes saúde, ambiental e pessoal e segurança e saúde ocupacional não apontou modificações entre propriedades que adotavam o plantio da cultivar BRS-Pará e aquelas que não faziam isso. No que se refere à segurança alimentar, observou-se que nas propriedades que estavam adotando a tecnologia, houve uma alteração positiva no componente garantia da produção, considerando-se que o açaí é um alimento básico da população local. 4.1.4. Tabela - Impactos Sociais Aspecto Gestão e Administração Se aplica Indicadores (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Dedicação e perfil do responsável Sim 0.00 0.00 0.00 Condição de comercialização Não Reciclagem de resíduos Sim 0.00 0.20 0.10 Relacionamento institucional Sim 0.00 0.00 0.00 *Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) A utilização da cultivar BRS Pará por parte dos produtores tem bem pouca influência na modificação do perfil de gestão e administração das propriedades. Esse indicador não sofre alterações, com exceção do componente reciclagem de resíduos, mais especificamente no reaproveitamento de resíduos provenientes dos açaizais, como adubos orgânicos, pelos produtores maiores. 4.2.- Análise dos Resultados Tipo 1 Tipo 2 Geral 0.32 0.69 0.51 A análise do resultado final do indicador social, com média geral de 0,51 (em uma escala que vai de -15 a +15) revela que a adoção da tecnologia BRS-Pará tem um impacto, que apesar de modesto é positivo para ambas as classes de produtores. No entanto, esse efeito é maior para os produtores patronais, que obtiveram um índice de 0,69. Esse índice maior para produtores empresariais (Tipo 2), se deve a maior capacidade de geração de 13

emprego e pela maior possibilidade de obter ganhos na comercialização com o uso de poder de barganha, devido ao maior volume de produção. Os índices indicam que a tecnologia, representada pela cultivar BRS-Pará, apresenta benefícios sociais adicionais em relação ao sistema tradicional, com valores positivos em diversos indicadores. Isso se deve ao efeito do aumento da produção, que se reflete na maior geração de renda e oportunidade de emprego aos adotantes da tecnologia. No aspecto emprego, é importante pontuar que a geração de empregos formais é mais aderente ao produtor patronal, que apresentou um índice de 0,50, enquanto o índice do produtor familiar foi nulo. Esse efeito decorre da maior capacidade de investimento e, como conseqüência, maior necessidade de mão-de-obra, para este perfil de produtor. Na questão da renda, que apresentou um índice de 0,80, a tecnologia mostrou-se benéfica tanto para o produtor familiar quanto para o patronal. Houve incremento em componentes importantes como segurança, estabilidade e montante da renda. O valor da propriedade também teve efeito positivo com a implantação do cultivo, que tem potencial econômico e agrega valor à terra. De modo geral, o aspecto saúde sofreu pouco efeito com a adoção da tecnologia, onde a maioria de seus componentes não foram alterados quando comparados ao sistema tradicional de cultivo. Contudo, do ponto de vista da segurança alimentar esse aspecto apresenta importante efeito sobre a garantia da produção para os dois tipos de produtores. Com relação às evidencias de melhorias proporcionadas pela tecnologia, percebe-se, que a qualidade do emprego, foi um dos componentes que tiveram melhores efeitos. Além de haver uma maior oferta, o número de trabalhadores com carteira assinada se elevou, chegando a 9.821 o incremento anual total de empregos gerados em 2013, segundo estimativas da equipe de avaliação. Em todos os indicadores relacionados ao aspecto emprego, o produtor patronal foi o que mais absorveu os efeitos. Para o produtor familiar também foram identificados efeitos positivos, contudo em menor intensidade. 4.3.- Impactos sobre o Emprego Número de empregos gerados ao longo da cadeia no ano 3.241 A metodologia para o cálculo do número de empregos gerados levou em consideração a quantidade de empregos acumulados ao longo da cadeia. Estimou-se que cada tonelada de fruto seja equivalente a 0,32 postos de trabalho (fator de geração de empregos). A quantidade de empregos acumulados ao longo da cadeia é obtida pela multiplicação do incremento na produção pelo fator de geração de empregos. No ano de 2013 o incremento da produção foi de 25.298.240 toneladas de frutos trazido pela adoção da tecnologia em análise, multiplicando-se esse valor pelo fator de 0,32 tem-se a quantidade de empregos acumulados ao longo da cadeia decorrente da adoção da tecnologia BRS-Pará no valor de 8.095 empregos. O acréscimo de emprego devido à tecnologia se dá pelo aumento de produção e pelo fato das primeiras áreas estarem sendo incorporadas à fase safreira, verifica-se evolução nos empregos gerados no ano sob análise (2013) em razão da adoção da tecnologia. Esses empregos estão diretamente relacionados ao processo de colheita (rendimento adicional) e nos demais segmentos (transporte, processamento, comércio e outros serviços) pelo efeito adicional da produção de frutos. Nos próximos anos esses valores tendem a continuar se 14

elevando, de forma expressiva, devido novas áreas de açaizais com a cultivar entrarem em processo produtivo. Esse valor de emprego gerado se refere apenas ao adicional de empregos surgidos no ano devido à adoção da tecnologia, não sendo computado o que fora gerado em nos anteriores, pelo efeito da tecnologia, e que foram mantidos neste ano (sob análise). O cálculo do incremento anual proporcionado pela cultivar BRS-Pará é obtido pela subtração da quantidade acumulada de empregos em 2013 (8.095) pela quantidade acumulada de empregos em 2012 (4.854), ou seja, o incremento de empregos gerado pela tecnologia no ano de 2013 foi de 3.241. 4.4. Fonte de Dados Tabela 4.4.1 Número de Consultas Realizadas por Município Produtor Produtor Patronal Municípios Estado Familiar Total Pequeno Médio Grande Comercial Inhangapi Pará 04 02 0 0 06 Santo Antônio do Pará 0 03 0 0 03 Tauá Barcarena Pará 0 01 0 0 01 Terra Alta Pará 0 0 01 0 01 Santa Izabel Pará 0 02 0 0 02 Cametá Pará 0 0 01 0 01 Baião Pará 0 0 01 0 01 Tomé Açu Pará 01 01 0 0 02 Altamira Pará 02 0 0 0 02 Diversos Pará 0 0 0 0 11 Total 30 Tendo em vista que a avaliação para o ano de 2013 foi definida a partir das avaliações de anos anteriores, acrescentando-se os dados obtidos com informantes-chave, o quantitativo de consultas realizadas corresponde ao número de produtores consultados em anos anteriores, adicionado dos informantes do último ano analisado. 5. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 5.1. Avaliação dos Impactos Ambientais A Unidade utilizou a metodologia AMBITEC ( x ) sim ( ) não. 5.1.1.Alcance da Tecnologia As sementes da cultivar BRS-Pará têm sido adquiridas por produtores de diversos estados da Amazônia e do Brasil, incluindo unidades federativas como São Paulo, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro, entre outros. No entanto, as maiores demandas e aquisições têm ocorrido nos estados da Amazônia, com predominância nos Estados do Pará, Tocantins e Maranhão. A Região Nordeste do Pará tem predominância de adoção, como microrregião. 15

Estima-se em 21,6 mil ha a área plantada atualmente com açaizais, utilizando a cultivar BRS- Pará, nos diversos estados do Brasil, grande parte ainda em fase não produtiva em 2013. 5.1.2. Eficiência Tecnológica Tabela 5.1.2.1 - Eficiência Tecnológica Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Uso de agroquímicos/insumos químicos e/ou materiais Sim 0.00 0.00 0.00 Uso de energia Sim 0.00 0.00 0.00 Uso de recursos naturais Sim 0.00 0.00 0.00 Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) A cultivar BRS-Pará necessita de pesticidas e fertilizantes como os demais plantios de açaizais tradicionais de terra firme. Dessa maneira não existe alteração nesse indicador. Semelhante situação pode ser identificada quanto ao uso de energia e de recursos naturais, uma vez que nesses indicadores encontram-se componentes necessários para o estabelecimento de tratos culturais das plantações de açaí em geral. Tanto açaizais tradicionais como os açaizais com BRS-Pará estão sendo cultivados, predominantemente, em áreas já antropizadas anteriormente e, portanto, sem provocar desmatamentos adicionais. 5.1.3. Conservação Ambiental Tabela 5.1.3.1 Conservação Ambiental para AMBITEC Agro Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Atmosfera Sim 0.00 0.00 0.00 Capacidade produtiva do solo Sim 0.00 0.00 0.00 Água Sim 0.00 0.00 0.00 Biodiversidade Sim 0.00 0.00 0.00 *Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) O item conservação ambiental não sofre nenhuma alteração nas propriedades que adotaram a cultivar BRS-Pará. Essas plantações de açaizais não trazem mudança sobre os componentes que formam os indicadores atmosfera, capacidade produtiva do solo, água e biodiversidade em relação ao que foi observado em plantações tradicionais de açaizeiros. 5.1.4. Recuperação Ambiental 16

Tabela 5.1.4.1. - Recuperação Ambiental Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Recuperação Ambiental Sim 0.00 0.00 0.00 *Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) No aspecto recuperação ambiental, a cultivar BRS-Pará também não traz alterações quanto à situação verificada em propriedades que não a adotam. Essa tecnologia contribui, como também a plantação de outros materiais genéticos, para a recuperação de solos e de ecossistemas degradados ao permitir uma nova utilização de áreas que não estavam mais sendo usadas produtivamente ou estavam subutilizadas. 5.1.5. Qualidade do Produto Tabela 5.1.5.1. Qualidade do Produto Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (*) Geral Qualidade do produto *Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) 5.1.6. Capital Social Não Tabela 5.1.6.1. Capital Social Indicadores Se aplica (Sim/Não) Tipo 1 (*) Tipo 2 (**) Geral Capital Social *Tipo 1 - Produtor familiar (pequeno). **Tipo 2 - Produtor patronal (médio e grande, comercial) Não 5.2. Índice de Impacto Ambiental Tipo 1 Tipo 2 Geral 0.00 0.00 0.00 O resultado do cálculo do índice de impacto ambiental mostra que a adoção da cultivar BRS-Pará não traz mudanças positivas ou negativas para o meio ambiente quando se analisa o sistema de produção comparativamente ao tradicional. Essa tecnologia é um elemento que vai interagir com outros no desenvolvimento das atividades de produção do sistema de cultivo de açaí, que não sofrem mudanças significativas com sua utilização. 17

Com a expansão do cultivo que se dá predominantemente em áreas antropizadas, como plantios decadentes e/ou pastagens e áreas degradadas, espera-se que o impacto ambiental dessa tecnologia tenha efeitos positivos com a ocupação desses ambientes em cultivos futuros. 5.3. Fonte de Dados Tabela 5.3.1 Número de Consultas Realizadas por Município Produtor Produtor Patronal Municípios Estado Familiar Total Pequeno Médio Grande Comercial Inhangapi Pará 04 02 0 0 06 Santo Antônio do Pará 0 03 0 0 03 Tauá Barcarena Pará 0 01 0 0 01 Terra Alta Pará 0 0 01 0 01 Santa Izabel Pará 0 02 0 0 02 Cametá Pará 0 0 01 0 01 Baião Pará 0 0 01 0 01 Tomé Açu Pará 01 01 0 0 02 Altamira Pará 02 0 0 0 02 Diversos Pará 0 0 0 0 11 Total 30 Tendo em vista que a avaliação para o ano de 2013 foi definida a partir das avaliações de anos anteriores, acrescentando-se os dados obtidos com informantes-chave, o quantitativo de consultas realizadas corresponde ao número de produtores consultados em anos anteriores, adicionado dos informantes do último ano analisado. 6. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOBRE CONHECIMENTO, CAPACITAÇÃO E POLÍTICO- INSTITUCIONAL 6.1. Impacto sobre o Conhecimento: Esse item é opcional para os Centros Ecorregionais Tabela 6.1.1. - Impacto sobre o Conhecimento Indicadores Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Nível de geração de novos conhecimentos Grau de inovação das novas técnicas e métodos gerados Nível de intercâmbio de conhecimento Diversidade dos conhecimentos aprendidos Patentes protegidas Artigos técnico-científicos publicados em periódicos indexados Teses desenvolvidas a partir da tecnologia Escala: Muito negativo (-3): redução de mais de 75%; Negativo (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; Sem mudança (0): sem alteração ou alterações que representam reduções ou aumentos menos de 25%; Positivo (1): aumento de mais de 25% e menos de 75%; Muito positivo (3): aumento de mais de 75%. 18

6.2. Impactos sobre Capacitação: Esse item é opcional para os Centros Ecorregionais Tabela 6.2.1 - Impacto sobre Capacitação Indicadores Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Capacidade de se relacionar com o ambiente externo Capacidade de formar redes e de estabelecer parcerias Capacidade de compartilhar equipamentos e instalações Capacidade de socializar o conhecimento gerado Capacidade de trocar informações e dados codificados Capacitação da equipe técnica Capacitação de pessoas externas Escala: Muito negativo (-3): redução de mais de 75%; Negativo (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; Sem mudança (0): sem alteração ou alterações que representam reduções ou aumentos menos de 25%; Positivo (1): aumento de mais de 25% e menos de 75%; Muito positivo (3): aumento de mais de 75%. 6.3. Impactos Político-Institucionais: Esse item é opcional para os Centros Ecorregionais Tabela 6.3.1 - Impacto Político-Institucional Indicadores Se aplica (Sim/Não) Avaliador 1 Avaliador 2 Avaliador 3 Mudanças organizacionais e no marco institucional Mudanças na orientação de políticas públicas Relações de cooperação público-privada Melhora da imagem da instituição Capacidade de captar recursos Multifuncionalidade e interdisciplinaridade das equipes Adoção de novos métodos de gestão e de qualidade Escala: Muito negativo (-3): redução de mais de 75%; Negativo (-1): redução de mais de 25% e menos de 75%; Sem mudança (0): sem alteração ou alterações que representam reduções ou aumentos menos de 25%; Positivo (1): aumento de mais de 25% e menos de 75%; Muito positivo (3): aumento de mais de 75%. 7. AVALIAÇÃO INTEGRADA E COMPARATIVA DOS IMPACTOS GERADOS A cultivar BRS Pará, apresenta de modo geral e até o momento, impacto medianamente positivo e crescente, especialmente nas abordagens econômica e social. Essa variação, comparativamente ao sistema tradicional, se deve ao fato das áreas em produção 19

estarem em fase inicial e os efeitos socioeconômicos derivarem do aumento de produção. A simples mudança de material genético para plantio (cultivar BRS-Pará) não resulta em diferença de impacto ambiental entre os sistemas comparados. Boa parte da área plantada inicialmente com a cultivar continuará entrando em fase de produção nos próximos anos, o que resultará avaliação mais diferenciada dos impactos econômicos e sociais da tecnologia, os quais são promissores com base nos dados disponíveis. O impacto econômico de R$ 12,8 milhões, em 2013, tende a crescer seguidamente nos próximos anos, assim como a geração de emprego. Esse valor representou um adicional de mais de 73% em relação ao impacto econômico estimado para o ano anterior, devido à adoção da tecnologia. O Uso de insumos químicos é comum nos dois sistemas comparados e é elevado em razão da baixa fertilidade dos solos nas regiões onde predominam os plantios e à alta exigência de nutrientes pelo açaizeiro. A demanda por água de irrigação também tende a se elevar nas áreas plantadas, também por exigência da espécie. O uso de sistemas agroflorestais e agroecológicos pode reduzir a demanda por fertilizantes, melhorando o desempenho ambiental dos sistemas em geral. Os dados integrados dos impactos estão demonstrados na Tabela 7.1. Os resultados conjugados das avaliações demonstram que a inovação tecnológica, representada pela cultivar BRS-Pará apresenta diferentes desempenhos, dependendo do tipo de impacto. Do ponto de vista econômico, o resultado positivo tem sido crescente, apresentando um benefício de R$ 12,8 milhões para 2013, com. ganho unitário por hectare foi de R$ 594,04, o que demonstra a atratividade da tecnologia para o setor produtivo. Por sua vez, a área de adoção passou de 15.418 para 21.672 hectares, com tendência de aumento crescente. Tabela 7.1 - Avaliação integrada dos impactos da cultivar BRS Pará. Ganho unitário por hectare 594,04 Área de adoção 21.672 Benefícios econômicos para a região 12.873.737,71 Social Índice final de impacto social 0,51 Econômico Empregos Número de empregos gerados ao longo da cadeia 3.241 Ambiental Índice final de impacto ambiental 0,0 Fonte: Elaboração dos autores. A análise do ponto de vista social demonstra também resultado positivo, mas de menor amplitude em comparação ao sistema tradicional. Obteve-se um índice social final de 0,51. Dessa forma, verifica-se que a tecnologia é socialmente vantajosa, mas essa vantagem não é de grande envergadura, com os efeitos mais relevantes ocorrendo nos aspectos de geração de empregos formais para o tipo de produtor patronal, aumento de renda no estabelecimento e de valorização da propriedade. Na abordagem ambiental, o resultado do cálculo do índice de impacto ambiental mostra que a adoção da cultivar BRS-Pará não traz mudanças positivas ou negativas para o meio ambiente quando se analisa o sistema de produção comparativamente ao tradicional. Essa tecnologia é um elemento que vai interagir com outros no desenvolvimento das atividades de produção do sistema de cultivo de açaí, que não sofrem mudanças significativas com sua utilização. 20

Estima-se em 21.672 ha, que equivale à área plantada com a cultivar BRS-Pará em 2013, como o total de solos amazônicos que deixaram de ser abandonados para recuperação, ou seja, e passaram a ser incorporados como áreas produtivas por conta dessa tecnologia. Essa área representa, também, estimativa de área com mata nativa ou secundária mais madura que deixou de entrar no processo de derruba e queima para novos plantios. Em resumo, considera-se que os benefícios econômicos e sociais crescentes, sobretudo na criação de empregos e na geração de renda, impulsionem a expansão dessa cultivar. Dessa forma, de modo geral, a tecnologia pode ser considerada de impacto positivo, como o sistema tradicional, atendendo aos princípios de desenvolvimento e sustentabilidade. Em última análise, tem-se verificado que as áreas tradicionais de exploração de açaizais nativos estão atingindo taxas de ocupação próximas ao seu limiar. As áreas naturais aptas para esse tipo de exploração estão cada vez mais distantes dos centros de comercialização e consumo, dificultando a logística da cadeia produtiva. Neste contexto, existe uma forte tendência da expansão de cultivos para áreas de terra firme, logicamente com utilização de cultivares adaptadas e com capacidade produtiva para esse novo ambiente, como é o caso da cultiva BRS-Pará. A adoção da cultivar BRS-Pará ocorre em duas vertentes. A primeira é visualizada em áreas de produtores que dispõem de maior capital, onde as áreas implantadas são maiores, seguem as orientações técnicas de plantio e, geralmente, são irrigadas. Em um segundo caso, a expansão das áreas de cultivo de açaizais ocorre em áreas de produtores familiares que são beneficiados por programas municipais de distribuição de mudas. Nessas áreas, os cultivos são pequenos e o manejo das plantas é deficitário. Ilustrando o ultimo caso, pode-se exemplificar que no município de Terra Alta, localizado no nordeste paraense, somente nos últimos dois anos foram distribuídas, pela prefeitura do município, cerca de 150.000 mudas da cultivar BRS-Pará às comunidades rurais. Dessa forma, percebe-se também a importância das ações de políticas públicas para a expansão da tecnologia. No processo de adoção da tecnologia observa-se também que a expansão dos cultivos ocorre com maior freqüência em áreas onde o índice pluviométrico é maior, pois o custo de implantação em áreas com período seco mais definido aumenta pela necessidade de irrigação. Assim, as áreas próximas à Região Metropolitana de Belém, que apresenta grande incidência de chuvas, concentram as maiores áreas de cultivo. Citam-se como exemplos os municípios de Santa Izabel, Santo Antônio do Tauá e Inhangapí. 8. CUSTOS DA TECNOLOGIA 8.1. Estimativa dos Custos Tabela 8.1.1. Estimativa dos custos Ano Custos de Pessoal Custeio de Pesquisa Depreciação de Capital Custos de Administração Custos de Transferência Tecnológica Total 1984 13.894,92 1.231,46 1.066,04 16.709,77-32.902,19 1985 14.626,22 1.296,34 1.122,16 17.226,60-34.271,32 1986 15.396,02 1.364,49 1.181,24 17.578,11-35.519,87 1987 16.206,34 1.436,33 1.243,38 17.755,66-36.641,71 21

1988 17.059,28 1.511,97 1.308,79 18.304,87-38.184,91 1989 17.957,16 1.591,52 1.377,68 18.678,44-39.604,79 1990 35.914,42 1.675,28 1.450,26 18.867,06-57.907,02 1991 37.410,78 1.763,48 1.526,53 19.653,22-60.354,01 1992 39.798,80 1.856,31 1.606,92 19.851,77-63.113,79 1993 14.107,70 1.954,00 1.691,53 20.256,87-38.010,11 1994 14.695,53 2.056,86 1.089,25 21.100,95-38.942,59 1995 15.388,01 2.165,10 2.293,91 53.607,00-73.454,01 1996 16.029,11 2.255,30 2.394,77 79.104,29-99.783,46 1997 16.697,00 2.349,30 3.327,04 58.764,29-81.137,63 1998 17.302,66 2.434,54 4.660,72 65.196,82-89.594,74 1999 19.013,91 2.946,30 4.741,21 46.219,83-72.921,26 2000 19.501,41 1.922,78 4.840,28 50.233,22-76.497,69 2001 19.899,45 1.834,16 4.997,78 74.278,26-101.009,65 2002 59.698,25 48.777,80 5.396,77 70.730,84-184.603,65 2003 62.384,60 25.305,92 5.257,20 60.021,28-152.969,00 2004 65.191,97 26.444,65 5.413,23 78.948,37 7.591,83 183.590,04 2005 21.730,66-2.797,34 44.521,02 8.237,05 77.286,06 2006 23.577,68-3.028,17 54.893,31 8.937,22 90.436,39 2007 24.756,61-2.810,84 54.231,64 9.384,11 91.183,19 2008 25.882,99-1.902,20 73.644,54 9.811,05 111.240,78 2009 27.694,89-2.738,68 85.308,63 10.497,83 126.240,04 2010 13.847,44-2.105,50 106.499,99 5.248,86 127.701,79 2011 14.575,79-2.648,59 102.072,21 5.525,05 124.821,64 2012 15.670,42-2.921,93 108.272,96 5.939,97 132.805,28 2013 16.531,71-3.643,35 123.458,28 6.266,45 149.899,79 * Os ajustes na estimativa dos custos da tecnologia foram obtidos a partir das variações dos reajustes salarias da Embrapa para os Custos de Pessoal e Custos de Transferência Tecnológica, e do INPC para o Custeio de Pesquisa, tomando-se por base os anos de 1992 e 2002, e 1999 e 2000, respectivamente, deduzindo-se os efeitos das variações para anos anteriores e considerando as variações para os anos posteriores. Os Custos de Transferência Tecnológica foram corrigidos a partir de 2004. O custo de Depreciação de Capital foi ajustado a partir da média dos anos de 1994 e 1995, deduzindo-se o efeito da variação de 5% aos anos antecedentes a 1993. Após o ano de 2004, adotou-se os percentuais de 0,025 e 0,01 para os Custos de Depreciação de Capital e de Administração, respectivamente. Além disso, todos os valores foram corrigidos pelo IGP-DI acumulado até novembro de 2013. 8.2. Análise dos Custos Observa-se que todos os projetos de pesquisa e de transferência de tecnologia com a cultivar BRS-Pará, conduzidos pela Embrapa Amazônia Oriental, foram encerrados em 2010. Dessa forma, os custos relativos à geração e transferência dessa tecnologia, para o ano de 2013, se referem à apropriação das despesas relativas à manutenção da área de produção de sementes, venda de sementes, ações de avaliação de impactos da tecnologia e eventos que envolvem esse tema, englobando também os itens depreciação de ativos fixos, pessoal (pesquisadores, analistas e assistentes) e outros elementos de custeio, todos de forma proporcional a ocupação. Para os demais anos, foram feitos pequenos ajustes, com base nas informações adicionais buscadas, reiterando-se as dificuldades na recuperação de dados mais completos (ausência de orçamentos nos relatórios finais, dificuldade para localização de propostas e aposentadoria de pesquisadores líderes no desenvolvimento da tecnologia), adotando-se a 22