A UTILIZAÇÃO DA QUÍMICA FORENSE NA CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA EM UMA ESCOLA PÚBLICA FEDERAL DE BELÉM PA



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Transcrição:

A UTILIZAÇÃO DA QUÍMICA FORENSE NA CONTEXTUALIZAÇÃO DO ENSINO DE QUÍMICA EM UMA ESCOLA PÚBLICA FEDERAL DE BELÉM PA Jéssica Proência dos Santos DELGADO 1 - jeproencia@hotmail.com Camilla Roberta Marinho PEREIRA 1 - camilla_roberta003@hotmail.com Jorge Raimundo da Trindade SOUZA 2 - jrts@ufpa.br 1 Universidade Federal do Pará (UFPA) 2 Universidade Federal do Pará / Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemáticas Resumo. Este trabalho teve como objetivo analisar a contextualização como estratégia de ensino de Química, procurando dar significado aos conteúdos desenvolvidos em sala de aula por meio de uma abordagem que utiliza os conceitos de Química Forense. Para isto, utilizou-se uma pesquisa quantitativa e qualitativa, envolvendo 22 alunos do convênio da Escola Tenente Rêgo Barros, localizada no município de Belém-PA. Como instrumento de coleta de dados utilizou-se dois questionários aplicados antes e depois de uma aula experimental contextualizada. Os resultados discutidos basearam-se nas respostas dos questionários, que exploraram conhecimentos que os alunos possuíam a respeito dos temas abordados antes e após a aula. Observou-se que os alunos apresentavam ideias incompletas e erradas a respeito do processo de contextualização e que apesar de muitos conhecerem a ciência forense através da mídia, não sabiam a relação existente entre esta área da ciência e a Química. Contudo, após a metodologia, os alunos obtiveram um esclarecimento em relação aos temas abordados. Concluiu-se que a contextualização aplicada com elementos e conceitos da Química Forense é um instrumento didático eficaz para o ensino de Química, podendo ser utilizada como um tema social para que haja uma educação transformadora, comprovando, assim, sua eficácia quanto ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos na formação cidadã e do pensamento científico, bem como sua formação intelectual e pessoal. Palavras-Chave: Química Forense. Contextualização. Ensino de Química. INTRODUÇÃO No Brasil são bastante perceptíveis as falhas no ensino. Tal problemática na educação traz como consequência um déficit na aprendizagem, tornando o país fadado ao subdesenvolvimento. A atual educação em Química é criticada, por ainda, supervalorizar a forma tradicional de ensino, mediante a memorização de fórmulas, regras e cálculos, tornando o conteúdo incompreensível e desmotivante ao aluno. Uma das maiores barreiras enfrentadas pelos professores de Química é a falta de atenção, aprendizagem e motivação dos alunos, por conta do ensino ainda ser baseado no acúmulo de informações (BRASIL, 1999). Os alunos não conseguem identificar a relação entre o que estudam em sala de aula e o seu cotidiano e, por isso, entendem que o estudo de Química se resume a memorização de nomes complexos, classificações de fenômenos e resolução de problemas por meio de algoritmos (SANTOS 2007). Existem diversas maneiras de introduzir às aulas recursos que a enriqueçam promovendo aos alunos interesse para a aprendizagem e a compreensão adequada para a sua formação intelectual e pessoal, objetivando a formação do cidadão e seu senso crítico. A contextualização funciona como uma dessas maneiras, fazendo a conexão entre os conteúdos científicos e o contexto social gerando assim motivação para a aprendizagem e melhoria dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997). De acordo com Chassot (1993) a contextualização no ensino de Química pode permitir que o aluno também delibere questões clássicas de química principalmente se elas forem elaboradas buscando avaliar não a evocação de fatos, fórmulas ou dados, mas a capacidade de trabalhar o conhecimento Gil (2008) relata que, motivação constitui a força que nos move para alcançar determinado objetivo. Assim, o estudante que está motivado para aprender, é o que tem um motivo para isso Uma forma de promover aos alunos interesse para a aprendizagem é utilizar a Química forense como tema gerador para contextualizar o ensino de Química, devido a grande repercussão desse tema em programas de televisão e documentários na mídia relacionados à perícia criminal. Para Freire (1987) o tema gerador de ensino é uma metodologia fundamentada na teoria dialética do 213

conhecimento, onde o ensino deixa de ser reprodutivo para ser transformador da realidade, permitindo, assim, estruturar e desenvolver todo processo de conhecimento. Segundo Farias (2007), de uma forma mais completa e apropriada, podemos definir Química forense como aplicação dos conhecimentos da ciência Química à atividade forense, com especial ênfase na interdisciplinaridade. A inserção dessa temática possibilitará aos alunos relacionar conteúdos de Química com aspectos utilizados em uma investigação criminal, funcionando como uma ferramenta instigadora de reflexões, motivadora e auxiliadora no Ensino Médio para educação em Química. Este tema possibilita também o uso da experimentação como metodologia relevante na contribuição da aprendizagem em Química, desde que seu uso esteja ligado aos conceitos, bem como na abordagem de temas sociais do cotidiano. Para Guimarães (2009) a experimentação constitui um recurso pedagógico importante que auxilia na construção de concepções, além de representar uma estratégia eficiente para a criação de problemas reais que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação. OBJETIVO Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é analisar a contextualização como estratégia no ensino de Química, envolvendo os alunos da Escola Tenente Rêgo Barros, como sujeito ativo na construção do conhecimento, procurando dar significação aos conteúdos desenvolvidos em sala de aula por meio de uma abordagem que utiliza conceitos da Química forense, avaliando, assim, sua eficácia quanto ao desenvolvimento da aprendizagem dos alunos na formação cidadã e do pensamento científico e compreensão adequada para a sua formação intelectual e pessoal. METODOLOGIA O presente trabalho consistiu em uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo, realizada com uma turma de 22 alunos do ensino médio da rede pública federal da Escola Tenente Rêgo Barros, localizada em Belém-PA. Foram selecionados alunos de uma turma de convênio, justamente por estes já terem um conhecimento mais amplo sobre a maioria dos conceitos químicos, e com isso haver maior facilidade para se trabalhar qualquer assunto. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados: Um questionário preliminar contendo 7 questões cujo objetivo foi de obter informações a respeito da ideia que os alunos possuíam sobre contextualização e a relação da Química com a ciência forense; Uma aula experimental contextualizada ministrada por mim para a explanação do tema Química forense juntamente com o conceito de reações químicas no qual foi utilizada uma apresentação de slides acompanhada de exposição oral e discussão interativa com os alunos seguido de dois experimentos realizados pelos alunos; Um questionário experimental contendo 3 perguntas; Um questionário final contendo 5 questões, com o objetivo de abordar se a aula influenciou nos conhecimentos adquiridos. Todos os questionários, perguntas abertas e fechadas. Após a coleta de dados procedeu-se a análise dos resultados efetuada pela observação e interpretação dos alunos, durante a aula e na realização do experimento, e na análise da evolução conceitual dos alunos por meio da comparação entre as respostas do questionário preliminar e do questionário final, expressas nos resultados em forma de gráficos, elaborados com dados percentuais no programa Excel, e discutidas baseando-se na fundamentação teórica apresentada neste trabalho. 214

RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta secção, apresenta-se a análise de discussão da pesquisa obtida por intermédio de dois questionários usados como instrumento de coleta de dados, e uma atividade experimental. A priori os questionários foram realizados separadamente, e em seguida foram comparados os resultados, para avaliar como a contextualização relacionada à Química forense pode influenciar no processo de ensino aprendizagem. Análise do questionário preliminar O questionário preliminar teve o objetivo de obter as informações prévias que os alunos possuíam, em geral, sobre contextualização, e conceitos relacionados à Ciência forense. Junto a ele foi solicitado as informações sobre idade e sexo, desta maneira foi possível traçar um perfil dos alunos, no qual, entre os 22, 16 são homens e 6 são mulheres e estavam na faixa etária de 16 a 18 anos. A partir das respostas da pergunta 1, Qual a concepção que você tem sobre o significado de Contextualização?, observou-se que as respostas, em sua totalidade, mostraram que os alunos já possuíam alguma noção a respeito do tema contextualização, o que não significa que tais concepções estivessem corretas. A análise mostrou que 54% dos alunos possuíam um entendimento incompleto, no qual julgaram ser apenas os conceitos vistos em sala de aula, relacionados a algo do cotidiano e exemplos práticos. Uma possível justificativa para este resultado se deve ao fato do ensino de Química, na maioria das escolas, ser trabalhado de forma descontextualizada, e muitos professores considerarem o tema contextualização apenas como sinônimo de abordagem de situações do cotidiano. Em seguida, foi explicado o conceito de contextualização baseando-se em (SELBACH, 2010; WHARTA E ALÁRIO 2005). Segundo estes autores, quando algo que aprendemos fica em nosso cérebro, por algum tempo sem interagir com algo relevante à nossa vivência, armazenando-se de forma arbitrária, afirma-se que essa foi uma aprendizagem mecânica ou automática, ao contrário, a aprendizagem significativa ocorre quando a informação conquistada se relaciona de forma pertinente a algo que já se conhece. Uma perspectiva de contextualização, frequente no ensino, é a de vincular o conteúdo ministrado em sala de aula com a realidade vivenciada pelo estudante em sua vida diária. Desse modo, nas respostas obtidas na pergunta 2, Você já teve alguma aula contextualizada? Justifique, foi possível analisar que apenas explicar o conceito de contextualização não foi o suficiente para os alunos compreenderem de forma correta, pois a maioria continuou com a ideia errada e parcial do tema, e outros apresentaram confusão ao não conseguirem relacionar o significado com alguma aula que já tenham assistido. De acordo com Fogaça [s.d] a ideia de contextualização requer a intervenção do estudante em todo o processo de aprendizagem, para tal é necessário que o professor crie situações comuns ao dia a dia do aluno e o faça interagir ativamente de modo intelectual e afetivo, trazendo o cotidiano para a sala de aula e aproximando a vivência dos alunos ao conhecimento científico. Como pôde ser observado nas respostas da pergunta 3, você conhece ou já ouviu falar do termo forense? De que modo?, os dados obtidos mostram que 59% responderam que já conheciam o termo e alegaram conhecerem por meio de seres de TV, documentários, jornais e conversas, evidenciando, conforme já citado neste trabalho, a crescente divulgação da ciência forense através da mídia, porém, existe uma evidente confusão para os alunos quanto aos conceitos relacionados à ciência forense. Baseando-se nas respostas das três questões anteriores, provou-se que apesar de os alunos conhecerem os termos: forense, investigação criminal e perito criminal separadamente, não sabem a relação que existem entre eles. Com as respostas obtidas nas questões 6 e 7, você acredita que os conceitos de Química são utilizados na ciência forense, como por exemplo, na investigação criminal? ; cite algum dos procedimentos químicos utilizado no trabalho dos peritos, a maioria dos alunos afirmou acreditar 215

que procedimentos químicos poderiam ser utilizados na ciência forense e alguns não souberam citalos ou os reconhecerem de maneira correta. Observou-se que muitos alunos entendem que a Química pode estar presente na investigação criminal, mas não conseguem distinguir como. Embora o assunto faça parte do cotidiano e realidade do aluno o mesmo não consegue perceber a relação existente entre os temas e nem mesmo imaginam que tal entretenimento possa ter relação com conceitos que estudam em sala de aula. A associação do que os alunos aprendem em sala de aula com seu meio social é importante para o desenvolvimento de um bom conhecimento, pois, para que este se efetive defende-se que é fundamental que o estudante se torne íntimo do objeto de conhecimento. Segundo Vygostky (1987,1988) a interação social possibilita ao aluno experiências, reflexões e questionamentos contribuindo para o melhoramento cognitivo por favorecer o processo contínuo de descobertas do conhecimento já formalizado. Análise da atividade experimental Após a aplicação do questionário preliminar, foi realizado a aula contextualizada, conforme já citado neste trabalho, em uma apresentação de slides envolvendo os conceitos de reações químicas aplicados na ciência forense, e posterior atividade prática de identificação de digitais com o uso de vapores de iodo e nitrato de prata, realizada pelos alunos. Os alunos puderam vivenciar um pouco do trabalho dos peritos e perceber como os conceitos podem ser utilizados nesta profissão, o que antes só viam na televisão, e afirmar os conteúdos que aprenderam de forma teórica, identificando uma reação química, observando os fatores que a caracterizam, e sabendo distinguir quando uma reação está ocorrendo ou não. Junto ao roteiro experimental os alunos responderam a 3 questões que envolviam os conceitos químicos para verificar seu entendimento em relação ao experimento. As respostas basearam-se no assunto que foi visto durante a aula, e notou-se que a maioria dos alunos conseguiu entender como os experimentos puderam ser explicados por meio das reações químicas. A experimentação, portanto, é vista como um processo participativo onde os alunos podem desenvolver melhor sua compreensão conceitual e com isso aprender mais a cerca da natureza das ciências. Análise do questionário final Foi aplicado o questionário final, a fim de saber se a metodologia, utilizando o uso da contextualização, pôde influenciar e contribuir para o processo de ensino aprendizagem dos alunos. Na análise das respostas obtidas na pergunta 1, Em que situação real você poderia aplicar essa aula?, observou-se que todas encaixaram-se em relação à investigação criminal, e em como poderiam ser utilizados os conceitos químicos para desvendar crimes e solucionar casos como assassinatos, roubos, incêndios. Este resultado mostra que os alunos puderam entender a relação existente entre os conceitos que antes conheciam de maneira dispersa. Observando as respostas obtidas na pergunta 2, Com a contextualização apresentada o processo de aprendizagem em Química foi facilitado? ( ) SIM ( ) NÃO Justifique., notou-se que com a aula realizada os alunos puderam entender o real significado de contextualização, e discernir dos conceitos errôneos que apresentaram no questionário preliminar. Nas respostas da pergunta 3, Cite algum procedimento químico utilizado no trabalho dos peritos, todos responderam de maneira correta e utilizaram exemplos vistos durante a aula como uso do luminol para identificar manchas de sangue não visíveis e o uso de nitrato de prata e vapor de iodo para o procedimento de identificação de digitais, e alguns não mencionados. 216

Análise geral Foi perceptível o interesse que o tema despertou nos alunos, no modo como eles voltaram sua atenção para a aula, nos questionamentos, e no despertar do senso crítico com relação aquilo que é apresentado em seres televisivas que possuem a ciência forense como tema. Por meio da comparação entres as repostas de ambos os questionários analisou-se de maneira geral se os objetivos propostos foram alcançados. Gráfico 1: Comparação das respostas obtidas nos questionários em relação à contextualização. 86% 100% Concepções corretas 14% 0% Concepções errôneas preliminar final Observa-se no gráfico 1 que após a aula ministrada os alunos puderam compreender melhor sobre contextualização e como ela pode contribuir para facilitar o processo de ensino aprendizagem em Química. Gráfico 2: Comparação das respostas obtidas nos questionários em relação aos procedimentos químicos utilizados na Ciência forense. 100% 45% 55% 0% Responderam corretamente Responderam errado preliminar final Observa-se no gráfico 2, um aumento na compreensão dos alunos, no qual os mesmos demonstraram aprender quais os procedimentos químicos a serem utilizados corretamente. A realização da pesquisa com os alunos da Escola Tenente Rego Barros sobre contextualização utilizando os conceitos da Química forense revelou que o uso desta ferramenta permitiu a eles clareza quanto a conceitos sobre ciência forense, ao trabalho dos peritos, e como conceitos químicos podem ser aplicados e relacionados com algo que vivenciam diariamente. 217

Nessa perspectiva, BRASIL (2000) afirma que a aprendizagem significativa pressupõe a existência de um referencial que permita aos alunos identificar e se identificar com questões propostas. Essa postura não implica em permanecer no nível de conhecimento que é dado pelo contexto mais imediato, mas visa gerar a capacidade de compreender e intervir na realidade, numa perspectiva autônoma. CONCLUSÃO Neste trabalho abordou-se a importância de empregar a contextualização quando a mesma estabelece um vínculo do conhecimento à sua origem e aplicação. Juntamente a esta ideia, observou-se como associá-la à Química forense pôde torná-la uma ferramenta valiosa para a construção do conhecimento no ensino de Química. Com base nos resultados obtidos por meio dos questionários constatou-se que a realização da pesquisa com os alunos da Escola Tenente Rego Barros, sobre contextualização utilizando os conceitos da Química forense, revelou que o uso desta ferramenta permitiu a eles clareza quanto aos conhecimentos sobre ciência forense e de como conceitos químicos podem ser aplicados e relacionados com algo que vivenciam diariamente. O fascínio que o tema despertou nos alunos, inclusive pela possibilidade em aplicar experimentos relacionados à Química forense, foi essencial para a compreensão, resultando numa melhora no ensino, na fixação dos conteúdos e numa aprendizagem efetiva. O conceito de reações químicas constitui uma importante ferramenta utilizada no campo da ciência forense, possibilitando facilidade na reprodução de experimentos, e desse modo, tornandose uma maneira viável para trabalhar junto à Química forense com alunos do Ensino Médio. Nessa perspectiva, conclui-se que utilizar uma metodologia pautada no uso da contextualização utilizando a temática Química forense, para aguçar e instigar a motivação para o ensino, seja uma alavanca para que haja uma educação transformadora por meio dos temas químicos sociais, e com isso tornar o processo de ensino aprendizagem de Química mais eficaz, voltado à cidadania, contribuindo para gerar uma consciência crítica, uma visão universalista e uma sede de aprender pelo prazer de aprender. REFERÊNCIAS BRASIL. MEC. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. PCN: Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 1997 BRASIL. Ministério da educação MEC, Secretaria de Educação Média e Tecnológica Semtec. PCN + Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC/Semtec, 1999. BRASIL. Ministério da Educação MEC, Secretária de Educação Média e Tecnológicas Semtec. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC/Semtec, 2000. CHASSOT, Attico Inácio. Catalisando transformações na educação. Ijuí: UNIJUÍ, 1993. CHEMELLO, Emiliano. Química virtual: Ciência Forense: Impressões digitais. Dezembro 2006. CHEMELLO, Emiliano. Química virtual: Ciência Forense: Manchas de sangue. Janeiro 2007 FARIAS, Robson Fernandes. Introdução à Química Forense. Campinas, Editora Átomo, 2007. 218

FOGAÇA, Jennifer. A contextualização no ensino visa colocar o aluno como protagonista, trazendo o contexto do seu dia a dia para a sala de aula. Disponível em http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/contextualizacao.htm. Acesso em 30 de janeiro de 2014. FREIRE, Paulo. A pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987. FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 10 edições. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 2002. GIL, Antonio Carlos. Didática do ensino superior. 1 ed. 3 reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. GUIMARÃES, C. C. 2009. Experimentação no ensino de química: caminhos e descaminhos rumo à aprendizagem significativa. Química Nova na Escola, 3: 198-202. SANTOS, Wildson Luiz Pereira. Contextualização no ensino de ciências por meio de temas CTS em uma perspectiva crítica. Ciência e Ensino, vol. 1, número especial, novembro 2007. SELBACH, Simone. Ciências e Didática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 1 ed. brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1987 WARTHA, Edson José; ALÁRIO, Adelaíde Faljone. El concepto de contextualización presente em los libros texto de química brasileños. Educación Química, v.16, p.2, 2005. ENSINO DA QUÍMICA (ENQUI) 219