VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Nº 70036490548 COMARCA DE PORTO ALEGRE TRANSPORTES PANAZZOLO LTDA



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Transcrição:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. DECISÃO MONOCRÁTICA. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE. DÉBITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PRECATÓRIO. AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA. AUSÊNCIA. INVIABILIDADE. De acordo com jurisprudência dominante, ausente autorização legislativa, inviável a compensação de débitos tributários com créditos representados em precatório. HIPÓTESE DE RETRATAÇÃO NÃO CONFIGURADA. AGRAVO VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE PORTO ALEGRE TRANSPORTES PANAZZOLO LTDA ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVANTE AGRAVADO A CÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, desprover o recurso. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores DES.ª REJANE MARIA DIAS DE CASTRO BINS (PRESIDENTE) E DES. CARLOS EDUARDO ZIETLOW DURO. Porto Alegre, 27 de maio de 2010. DES.ª MARA LARSEN CHECHI, Relatora. R E L ATÓRIO DES.ª MARA LARSEN CHECHI (RELATORA) 1

TRANSPORTES PANAZZOLO LTDA. vale-se de AGRAVO INTERNO, com vistas à retratação da decisão monocrática pela qual, ad referendum desse Colegiado, se antecipara o provimento da Apelação nº 70031485717. Argumenta: (I) os créditos representados nos títulos precatórios que já venceram mas não foram saldados pela Fazenda Pública (...) liberam o credor do pagamento de tributo, consoante resulta do art. 78, 2º, do ADCT norma constitucional (...) que recebeu do constituinte normatividade suficiente à sua incidência imediata, razão pela qual não há que se falar, no presente caso, em compensação prevista no art. 170 do CTN, através de lei ordinária do ente tributante ; (II) O Estado não paga os precatórios e tampouco tem interesse em fazêlo, muito menos está aberto a tratativas para resolver o problema ; (III) não se pode conceber que à Fazenda Pública seja reservado privilégio de cobrar o que lhe é devido, sem pagar o que deve. Colaciona aportes doutrinários e precedentes jurisprudenciais. É o relatório. V O TOS DES.ª MARA LARSEN CHECHI (RELATORA) O recurso é apresentado em mesa, porquanto não veio aos autos nenhum elemento capaz de ensejar solução diversa da apresentada na decisão monocrática, verbis: A teor do art. 170, caput, do Código Tributário Nacional, A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Do texto legal, sobressai: 1) só é admitida a compensação de créditos se existente expressa autorização legal; 2) a norma não consagra direito à compensação; considerando o verbo utilizado ( A lei pode ), não há 2

dúvida que ao legislador ordinário apenas foi conferida faculdade de autorizar a compensação de créditos tributários. Com efeito, na linha da jurisprudência do Eg. Superior Tribunal de Justiça, O artigo 170 do Código Tributário Nacional, ao tratar do instituto da compensação tributária, impõe o entendimento de que somente a lei pode atribuir à autoridade administrativa o poder de deferir ou não a referida compensação entre créditos líquidos e certos com débitos vencidos ou vincendos 1. E a implementação do art. 78, 2º, do ADCT, que atribui poder liberatório do pagamento de tributos da entidade devedora, depende de lei infraconstitucional 2. No âmbito do Estado do Rio Grande do Sul, a Lei Estadual nº 11.472/00, que autorizava a utilização de precatórios para a compensação de créditos inscritos em dívida ativa, foi revogada pela Lei Estadual nº 12.209, de 29/12/04. Se a compensação de créditos constantes de precatórios com débitos tributários vencidos não está autorizada em lei, Aplicar, pura e simplesmente, o regime da compensação prevista no direito privado para as relações de direito tributário, abriria perigosa via para fraudar o modo de pagamento dos precatórios previstos na Constituição, com desvirtuamento dos 1 Primeira Turma. RMS nº 19514/ES, j. em 21.02.2006, relator o Senhor Ministro FRANCISCO FALCÃO. 2 O art. 146, III, "b", da CF, dispõe que somente Lei Complementar pode tratar de obrigação, lançamento e crédito tributários. O art. 170, do CTN, ao exigir liquidez e certeza para ser efetivada a compensação, é lei complementar. Ainda mais, quando diz que a compensação só pode ser feita nos termos da lei ordinária. Fixa, assim, pressuposto nuclear a ser cumprido pelas partes, não dispensável pela lei ordinária, que é a existência de crédito líquido e certo. A seguir, exige que a lei ordinária autorize a compensação e fixe garantias e o modo da mesma se proceder. O art. 66 da Lei 8.383/91, em conseqüência, é derivado do Art. 170, do CTN. Não criou um novo tipo de compensação. Se o fizesse, não seria acolhido pelo sistema jurídico tributário, por violar norma hierarquicamente superior. (STJ. Primeira Turma. REsp 143201/SP, j. em 02.10.97, relator o Senhor Ministro JOSÉ DELGADO). A compensação de créditos na seara tributária consiste em poder discricionário da Administração, sendo vedado ao magistrado deferi-la sem expressa vênia legal (cf. 3º do artigo 16 da LEF) (STJ. Segunda Turma. REsp 157913/RS, j. em 10.09.2002, relator o Senhor Ministro FRANCIULLI NETTO). 3

valores jurídicos que com ele se buscou preservar, conforme advertiu o Eg. Superior Tribunal de Justiça 3. O mesmo Sodalício já assentara a absoluta impossibilidade de o Poder Judiciário invadir a esfera reservada à Administração Pública, e, por conseguinte, determinar a compensação 4. Seguindo essa orientação, a Vigésima Segunda Câmara Cível tem decidido, de forma unânime, pela inadmissibilidade da compensação de créditos representados em precatórios com débitos tributários relativos a Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, porquanto ausente autorização legislativa, na esfera estadual 5. 3 Primeira Turma REsp 842352/RS, j. em 17.08.2006, relator o Senhor Ministro JOSÉ DELGADO. 4 Primeira Turma. RMS 20526/RO, j. em 09.05.2006, relator o Senhor Ministro FRANCISCO FALCÃO. 5 APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. CESSÃO DE PRECATÓRIO DEVIDOS PELO IPERGS. Embora a Lei-RS nº 11.475/00 admitisse a compensação de créditos com débitos do contribuinte, foi revogada pela Lei-RS nº 12.209/04. A autorização judicial de compensação sem lei local não se afina aos arts. 170 e 170-A do CTN. Caso dos autos em que a empresa pretende opor ao crédito do Estado precatório em que se registra como devedor o IPERGS. Distinção entre a responsabilidade direta e a subsidiária. (Apelação Cível nº 70021445580, j. em 26.09.2007, relatora a Senhora Desembargadora REJANE MARIA DIAS DE CASTRO BINS). AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR. TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRECATÓRIO JUDICIAL. CESSÃO DOS CRÉDITOS. NECESSIDADE DE LEI AUTORIZADORA ESPECÍFICA. 1. Ausente prova da relevância do fundamento e do risco de ineficácia da medida, não é de ser deferida a medida liminar. Hipótese em que não há verossimilhança na alegação de direito à compensação de precatório judicial cujo devedor é o Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul com créditos tributários do Estado do Rio Grande do Sul. 2. No direito tributário, a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública depende de lei. Art. 170 do CTN. (Apelação Cível nº 70021930060, j. em 27.09.2007, relatora a Senhora Desembargadora MARIA ISABEL DE AZEVEDO SOUZA). AGRAVO INTERNO. DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL. DIREITO TRIBUTÁRIO E FISCAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM BASE EM PRETENSA COMPENSAÇÃO DOS DÉBITOS DE ICMS COM CRÉDITOS DECORRENTES DE CESSÃO PARCIAL DE CRÉDITOS DE PRECATÓRIOS, ORIGINADOS DE AÇÕES JUDICIAIS CONTRA O IPERGS. IMPOSSIBILIDADE. ART. 78, 2º, DO ADCT. NECESSIDADE DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. REVOGAÇÃO DA LEI ESTADUAL Nº 11.472/00 E DO CAPÍTULO IV DO TÍTULO IV, ABRANGENDO O ART. 134, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 6.537/73, PELA LEI ESTADUAL Nº 12.209/04. AUSÊNCIA DE PROVA DA EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO NA VARA DE ORIGEM EM NOME DO CEDENTE, DO DEFERIMENTO DA 4

Logo, a ordem de compensação incidiu em manifesto confronto com jurisprudência dominante. De conseqüência, sua modificação por decisão monocrática estava autorizada pelo art. 557 do CPC. Isso posto, nega-se provimento ao agravo. DES. CARLOS EDUARDO ZIETLOW DURO - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª REJANE MARIA DIAS DE CASTRO BINS (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª REJANE MARIA DIAS DE CASTRO BINS - Presidente - Agravo nº 70036490548, Comarca de Porto Alegre: "DESPROVERAM. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: GISELE ANNE VIEIRA DE AZAMBUJA JK INSCRIÇÃO DO PRECATÓRIO PELO PRESIDENTE DO TJ/RS, DE CESSÃO DE CRÉDITO JURIDICAMENTE VÁLIDA E DE DECISÃO DA HABILITAÇÃO DA CESSIONÁRIA NA VARA DE ORIGEM. Não é possível a suspensão da exigibilidade do crédito tributário de ICMS com base em valor a ser pretensamente compensado com débitos de precatórios devidos pelo IPERGS, obtidos mediante cessão de direitos creditórios, observada a natureza diversa das parcelas, bem como a diversidade de credor e devedor, além de implicar quebra na ordem cronológica de pagamentos, não se tratando de créditos oriundos do mesmo sujeito passivo. Precedentes do TJRGS, STJ e STF. Aplicação da Súmula 212 do STJ. Não auto-aplicabilidade do art. 78, 2º, do ADCT, diante da necessidade de legislação infraconstitucional. Ausência de fundamento legal a amparar a pretensão deduzida, observada a revogação da Lei Estadual nº 11.472/00, que autorizava a utilização de precatórios para a compensação de créditos inscritos em dívida ativa, bem como do Capítulo IV do Título IV, abrangendo o art. 134, caput e parágrafo único, da Lei nº 6.537/73, relativo à compensação, pela Lei Estadual nº 12.209, de 29/12/04. Hipótese em que não há comprovação, nos autos, da expedição do precatório na vara de origem em nome do cedente, do deferimento da inscrição do precatório pelo Presidente do TJ/RS, da cessão de crédito juridicamente válida, bem como de decisão da habilitação da cessionária na vara de origem, circunstância que impede a aceitação do precatório para suspender a exigibilidade do crédito. Agravo interno desprovido. (Agravo Interno nº 70023426414, j. em 20.03.2008, relator o Senhor Desembargador CARLOS EDUARDO ZIETLOW DURO). 5