ANDRÉ RICARDO BUTTENDORF TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE DE IMPLANTES DENTÁRIOS



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Transcrição:

ANDRÉ RICARDO BUTTENDORF TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE DE IMPLANTES DENTÁRIOS FLORIANÓPOLIS (SC), 2005

ANDRÉ RICARDO BUTTENDORF TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE DE IMPLANTES DENTÁRIOS Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Especialização em Impl antodonti a da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para obtenção do titulo de Especialista em Implantodontia. Orientador: Prof. Ricardo de Souza Magini Co-orientadora: Aline Franco Siqueira FLORIANÓPOLIS (SC), 2005

ANDRÉ RICARDO BUTTENDORF TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE DE IMPLANTES DENTÁRIOS Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado para obtenção do titulo de Especialista em Implantodontia e aprovado em sua forma final pelo curso de Especialização em Implantodontia da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, de de 2005. Banca Examinadora Prof. Ricardo de Souza Magini Prof. Aline Franco Siqueira Prof. Gustavo dos Santos Coura

Dedico este trabalho a DEUS e a todas as pessoas que me auxiliam na eterna jornada. Em especial ao Bianchini por ter me incentivado na minha escolha profissional.

AGRADECIMENTOS A doutoranda Aline Franco Siqueira pela orientação deste trabalho de pesquisa. Ao amigo e doutorando César Augusto Benfatti pelo apoio nos passos iniciais. Aos professores do CEPID, pelos ensinamentos e experiências transmitidos. Aos amigos de turma e aos doutorandos e mestrandos que auxiliaram na caminhada em busca de um aperfeiçoamento profissional de alta qualidade. Aos funcionários do CEPID pela colaboração e confiança.

BUTTENDORF, A.R. Tratamento de superficie de implantes dentários. 2005. nf. Trabalho de conclusão (Especialização em Implantodontia) Curso de Especialização em Implantodontia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. RESUMO 0 objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre os tipos de tratamento de superfície para implantes dentdrios de titfinio e ligas de titfinio e demonstrar suas aplicações clinicas baseado em suas características de superficie. Os ótimos resultados dos estudos clínicos, onde implantes de superfície usinada lisa eram instalados somente na região anterior de mandíbula, não foram alcançados da mesma forma no momento em que passaram a ser instalados nas regiões posteriores. Esta limitação estimulou a pesquisa e desenvolvimento de novas superfícies de implantes. Dando inicio a uma busca pela superfície ideal, empregando diversas tecnologias. Hoje muitos são os tipos de tratamentos em uso, ataque Acido, jateamento de partículas, aceleração supersônica de partículas, jateamento de partículas associado com tratamento ácido, raios laser, oxidação anódica são alguns dos tratamentos empregados. Buscar um melhor e maior contato osso/implante é uma forma de tornar o tratamento mais seguro, rápido e viável. Otimizar a superficie do implante é uma forma de influenciar diretamente a união osso/implante, pois tal tratamento têm importância fundamental na resposta cicatricial do tecido ósseo. Aumento na velocidade e na'.quantidade de deposição óssea sobre o implante são passíveis de serem afetados por características da superfície dadas pelo tratamento empregado. Apesar de resultados promissores, novos estudos são necessários para analisar a viabilidade longitudinal desses tratamentos e sua real empregabilidade. Palavras-chave: tratamento de superfície, biomateriais, implante dentário.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 9 2 PROPOSIÇÃO 10 3 REVISÃO DE LITERATURA 11 3.1 OSSEOINTEGRAÇÃO 11 3.2 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE 14 3.2.1 PLASMA SPRAY 14 3.2.2 ACELERAÇÃO SUPERSÔNICA DE PARTÍCULAS 14 3.2.3 JATEAMENTO DE PARTÍCULAS 15 3.2.4 ATAQUE ACIDO 16 3.2.5 OXIDAÇÃO AN6DICA 16 3.2.6 LASER 16 3.2.7 ASSOCIAÇÃO DE TÉCNICAS 16 3.3 ESTUDOS COMPARATIVOS 17 4 DISCUSSÃO 22 5 CONCLUSÃO 26 REFERÊNCIAS 28

9 1 INTRODUÇÃO Na história recente da odontologia, a perda do elemento dental vem sendo tratada por meio de implantes dentais. Estes produzidos com uma larga variedade de materiais, que estão em constante evolução, buscando um equilíbrio entre resistência física e biocompatibilidade. Com a descoberta da osseointegraç'do por Branemark e colaboradores a previsibilidade de sucesso nos tratamentos reparadores usando implantes dentais ficou mais aceitável. Estudos comprovam bons resultados em implantes ósseo-integrados instalados a mais de 20 anos (SYKARAS et al., 2000). Busca-se aumentar a taxa de sucesso dos tratamentos, principalmente em sítios receptores menos favoráveis, como osso do tipo IV ou quantidade óssea limitada (altura/espessura), geralmente encontrados em regiões posteriores de maxila. Nesses sítios a quantidade de contato osso/implante pode não ser suficiente para garantir a estabilidade, esta podendo então comprometer o prognóstico. Como conseqüência disso, há um maior tempo de cicatrização sem carga no implante, tornando o tratamento mais longo (LEE B. et al., 2004). Buscar um melhor e maior contato osso/implante é uma forma de tornar o tratamento mais seguro, rápido e viável, e assim, a otimização da superfície do implante é uma forma de influenciar diretamente essa união. Estimular o processo de reparo, agilizando e aumentando a aposição óssea é passível de ser afetada pela superfície do implante. Com esse intuito tenta-se alterar a superfície usinada para uma superfície com melhores características de estimulaçâo no processo de reparo (GOTO et al., 2004).

lo 2 PROPOSIÇÃO 0 objetivo deste estudo foi realizar uma revisão critica da literatura sobre os tipos de tratamento de superficie para implantes dentários de titânio e ligas de titânio e demonstrar suas aplicações clinicas baseado em suas características de superfície.

11 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 OSSEOINTEGRAÇÃO 0 grande objetivo quando da escolha do material para implantes é que este tenha sucesso por um tempo indeterminado, suportando uma prótese em função (LEE et al., 2004). Os primeiros critérios de seleção de materiais inorgânicos para implante basearam-se em suas propriedades mecânicas e na resistência à corrosão. Posteriormente foi reconhecido que as propriedades de superfície, em nível de átomo, devem ser também consideradas (KASEMO e LAUSMAA, 1988). Os materiais usados para a confecção de implantes dentários podem ser classificados como: biotolerante, bioinerte e bioativo. Os diferentes níveis de biocompatibilidade enfatizam o fato de nenhum material ser completamente aceito pelo meio biológico. Para otimizar a performance biológica, materiais artificiais são escolhidos tentando sempre minimizar uma resposta biológica negativa (GROISMAN e VIDIGAL, 2005). Materiais biotolerantes são todos os que não necessariamente são rejeitados quando implantados em um tecido vivo, mas é sempre envolvido por um tecido fibroso em forma de cápsula. Material bioinerte tem uma justa posição quando em contato com tecido vivo, não apresentando encapsulamento. Material bioativo apresenta a propriedade de quando em contato com tecido vivo, estimular a proliferação do mesmo, obtendo-se uma união entre o material e o tecido adjacente (GROISMAN e VIDIGAL, 2005). A escolha do titfinio como material de excelência no uso em implantes se deve a uma soma de fatores. A grande passividade, controle de espessura, resistência a ataques químicos,

12 ação catalítica em reações químicas e módulo de elasticidade compatível ao tecido ósseo são características apresentadas pelo metal. Dentre as principais pode-se citar a excepcional biocompatibilidade do titânio, que se deve a estabilidade da camada de oxidação superficial. Quando o titfinio entra em contato com o ar, imediatamente forma-se uma camada de óxidos extremamente resistente à corrosão (TEIXEIRA, 2001). A boa interação entre o material do implante com as células ósseas ou as células do epitélio oral contribui para o sucesso clinico dos implantes dentários (GOTO et al., 2004). Os ótimos resultados dos estudos clínicos, onde implantes de superfície usinada eram instalados somente na região anterior de mandíbula, não foram alcançados da mesma forma no momento em que passaram a ser instalados nas regiões posteriores. Esta limitação estimulou a pesquisa e desenvolvimento de novas superfícies de implantes. Deu-se inicio a busca pela superfície ideal, empregando-se diversas tecnologias, sendo que todas apresentam um aspecto em comum: aumentar a texturização da superfície usinada do titânio; uma vez que o aumento da superfície resulta em aumento de contato com o tecido ósseo (WENNERBERG et al., 1998). Estudos com culturas de células ósseas mostraram que os osteoblastos tem predileção pelas superfícies texturizadas, apresentando melhor disposição de seus processos citoplasmáticos, aumento do número de mitoses e produção de componentes da matriz orgânica do que em superfícies somente usinadas (GROISMAN e VIDIGAL, 2005). 0 aumento da texturização foi estudado por Wennerberg et al. (1998) que avaliaram os resultados histomorfométricos e de ensaio mecânico de remoção ao torque de implantes com diferentes graus de rugosidade. Os implantes foram jateados com partículas de óxido de alumínio de diferentes tamanhos, resultando em diferentes valores de rugosidade média. Os autores mostraram que o aumento da rugosidade não leva necessariamente b. melhora da osseointegração

13 e que os melhores valores de contato ósseo e de remoção ao torque foram maiores para implantes jateados com partículas de tamanho entre 25 e 75 pm. Um dos fatores primordiais para se determinar o sucesso da osseointegração é a textura da superfície, elemento chave para acelerar a cicatrização óssea periimplantar. Para entender como os materiais de implante influenciam a formação óssea in vivo, é necessário determinar a resposta celular A superfície do implante dentro do contexto da cicatrização da ferida. Tres propriedades inter-relacionadas da superfície afetam as células osteogênicas: composição química, energia e morfologia. A unido celular, migração, proliferação e diferenciação são sensíveis a uma ou mais propriedades (GEHRKE, 2004). A atividade funcional das células em contato com um implante é determinada pelas propriedades da superfície (GOTO et al., 2004 e Sul et al., 2005). A topografia da superfície promove orientação para específicos tipos de células agindo diretamente sobre a formação e função celular (CHOU et al., 1998). 0 design geométrico e a composição química da superfície do implante afetam diretamente a estabilidade e influenciam a resposta tecidual (LEE B. et al., 2004). As alterações na superfície dos implantes podem minimizar a deficiência de contato quando em areas de baixa qualidade óssea (HUANG et al., 2005). O propósito inicial para a obtenção da osseointegração foi a colocação de implantes de Ti comercialmente puro com superfícies lisas instalados em um tecido ósseo viável em maxilas ou mandíbulas edêntulas, com um determinado período de submersão. Logo a indicação passou a englobar reabilitações parciais e unitárias. Implantes imediatos pós -exodontias tornaram-se também indicados. Paralelamente vieram As indicações de implantes em regiões de baixa densidade óssea, redução do período de submersão e o uso em estágio único. Essa agregação de novas indicações foi possível devido a mudanças na macro e micro-estrutura dos implantes dentários (BECKER et al., 1997). Na busca de melhorar e/ou aumentar o contato osso/implante

14 foram desenvolvidos os primeiros tratamentos de superfície. Hoje muitos são os tipos de tratamento em uso, ataque Acido, jateamento de partículas, aceleração supersônica de partículas, jateamento de partículas associado com tratamento Acido, raios laser e oxidação anódica são alguns dos tratamentos empregados. Esses novos processos podem ser divididos em métodos de adição, quando acrescentam algo A superfície do implante, ou de subtração, se removem parte da camada superficial (GROISMAN e VIDIGAL, 2005). 3.2 TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE 3.2.1 PLASMA SPRAY Camada de plasma spray é um dos tratamentos de superfície mais comuns. Neste método, a chama ionizada de um gas é aquecida a temperaturas muito altas, entre 10.000 e 30.000 C, e, partículas aquecidas do material de recobrimento são lançadas em altas velocidades contra o corpo do implante; após o contato com o corpo do implante as partículas resfriam e solidificamse. Plasma-spray é utilizado para aplicar Ti ou HA formando rugosidades devido A aderência dessas partículas à superfície. A textura depende do tamanho das partículas, tempo, velocidade de impacto, temperatura e distância do implante ao disparador (SYKARAS et al., 2000). 3.2.2 ACELERAÇÃO SUPERSÔNICA DE PARTÍCULAS Partículas de HA são aceleradas e lançadas em velocidades supersônicas sobre a superfície do implante através de um propelente que mantém as partículas sobre pressão. A velocidade é controlada pela variação da pressão do Os entre 40 A 200 psi. Normalmente são obtidas superfícies com espessura de 1 A 5 podendo variar o grau de cristalinidade. A

15 vantagem desta técnica sobre o plasma spray é que não há uso de calor, sendo menor a alteração das características do material de impregnação (GROISMAN e VIDIGAL, 2005). 3.2.3 JATEAMENTO DE PARTICU LAS Nesse método, a superfície do implante é bombardeada com partículas de óxido de alumínio (A1 203) ou óxido de titânio (Tio 2), e pela ação é obtida uma superfície com depressões irregulares. Nesta técnica não deve haver aderência das partículas A. superfície do implante. Um cuidado especial deve ser tomado para haver a total descontaminação da superfície do implante com o material jateado, visto que este pode afetar diretamente a camada superficial de óxidos. A rugosidade depende do tamanho das partículas, tempo de jateamento, pressão e distância da superfície ao disparador (GROISMAN e VIDIGAL, 2005). 3.2.4 ATAQUE ACIDO Ataque Acido é outro processo para obter uma superfície texturizada. 0 implante é imerso em uma solução Acida, formando erosões em sua superfície de tamanho e forma específicos. A concentração da solução Acida, tempo, temperatura e número de ataques são fatores determinantes da micro-estrutura da superfície. 0 processo mais utilizado é o duplo ataque-ácido com Acido hidrocloridrico e sulfúrico sobre superfícies usinadas lisas (LAZZARA et ai, 1998). Segundo Teixeira (2001), um cuidado especial deve ser tomado para haver uma completa neutralização dos agentes ácidos utilizados no processo de texturização, podendo haver alteração na formação da camada de óxidos do implante afetando diretamente o processo de osseointegração.

16 3.2.5 OXIDAÇÃO ANODICA Modificações na superfície do implante podem ser obtidas por acréscimo de ions na camada de óxido. Esta técnica é denominada como oxidação anódica. Consiste num processo eletro-químico que aumenta A Area e a rugosidade da superfície do implante. A incorporação de Ions de magnésio, cálcio ou fósforo são relatados na literatura. Segundo Groisman e Vidigal (2005), a camada de oxidação pode ser aumentada em até 95% com a técnica de oxidação an6dica. Em outro estudo, os resultados apresentados comprovam que a presença de ions de magnésio na camada de óxido de Ti aumentou sensivelmente o contato de osso ao implante (SUL et al., 2005). A causa do reforço na unido implante/osso desencadeada pelo acréscimo do magnésio ainda não esta devidamente esclarecida (SUL et al., 2005). 3.2.6 LASER Técnica de subtração que utiliza um feixe de luz. Tem a vantagem de não envolver diferentes elementos químicos, não contaminando a camada de óxidos. As rugosidades podem ter tamanhos e formas variadas dependendo da intensidade do pulso da fonte emissora (TEIXEIRA, 2001). Sua vantagem sobre outros tipos de tratamento de superfície é o controle sobre a angulaçã'o das rugosidades produzidas, criando micro-retenções regularmente orientadas na superfície do implante (SYKARAS, 2000). 3.2.7 ASSOCIAÇÃO DE TÉCNICAS Associações de técnicas também podem serem empregadas, buscando uma superfície híbrida, possuindo características de macro e micro-retenções (TEIXEIRA, 2001). Lee T. et al. (2004) apresentou um estudo analisando uma superficie tratada com plasma spray de Ti e posteriormente com oxidação anódica. Cheng et al., (2002) avaliou uma superfície tratada com

17 plasma spray de HA e oxidação anádica. Uma superfice tratada com plasma spray de Ti e ataque acido foi utilizada no estudo de Sunho et al., (2005). 3.3 ESTUDOS COMPARATIVOS Um comparativo entre três diferentes superfícies avaliando superfície usinada, superfície tratada com plasma spray de titânio e superfície tratada com oxidação anódica após tratamento com plasma spray de titânio foi realizado comparando-as quanto a resistência a força de tração. resultado obtido demonstrou que as superfícies tratadas são três vezes mais resistentes a força de tração quando comparadas a superfícies usinadas. Não houve diferença significante entre as duas superfícies tratadas. 0 estudo concluiu que a escolha por uma superficie tratada pode aumentar a união osso/implante e também induzir e acelerar a resposta óssea (LEE B. et al., 2004). Num comparativo a resposta biológica, frente a superfícies tratadas com HA e superfícies tratadas com acréscimo de zircônia na camada de HA, foram instalados implantes no fêmur de cães. Após doze semanas foram feitas analises através de microscopia eletrônica e se observou que havia osseointegração somente na superfície de HA. A força de tração nos implantes tratados somente com HA foi estatisticamente superior. Concluiu-se que a adição de zircônia a HA interfere nas propriedades mecânicas da superfície, tendo a biocompatibilidade da HA comprometida devido a mudança nas características da superfície (LEE T. et al., 2004). Ha possibilidade de um mecanismo de retenção por união bioquímica entre os cristais de carboapatita do osso com os cristais de HA da superfície do implante, condição definida como biointegração (MEFFERT et al., 1992). Apesar da vantagem da união bioquímica, os implantes recobertos com HA apresentam desvantagens potenciais do ponto de vista mecânico. 0

18 descolamento da camada de HA pode ser observado em estudos in vivo, através de cortes histológicos (GOTTLANDER et al., 1992). 0 efeito da cristalinidade da HA e do método de impregnação à superfície do implante sobre o processo de osseointegração também já foram estudados. Superfícies tratadas com HA de 1 a 5 i.tm foram produzidas usando um tratamento por aceleração supersônica de partículas (SPA). Nesse processo as partículas são lançadas sobre a superfície do implante em alta velocidade devido a grande pressão do gas disparador. 0 grau de cristalinidade usado foi de 30%, 50%, 70% e 90%. Um total de 128 implantes foram instalados em tibias de ratos e a osseointegração foi avaliada por cortes histológicos e teste de força à tração em 3 e 9 meses após a instalação. 0 resultado apresentado demonstrou que em 70% ocorreu uma maior união osso/implante, sendo superior quando comparada a implantes tratados com plasma spray de HA. 0 estudo sugeriu que o grau de cristalinidade da HA e o método de impregnação podem influenciar diretamente à osseointegração (SUNHO et al., 2005). Outro estudo também ressaltou a importância da cristalinidade para o sucesso da osseointegração (YANG E ONG, 2003). 0 estudo também sugeriu que a técnica usada para tratar a superfície pode ser uma alternativa para o uso da técnica de plasma spray de HA. Huang et al. (2005) estudou a resposta do tecido ósseo frente a três superfícies tratadas com oxidação an6dica. Implantes foram alojados em regiões posteriores de maxila de macacos, onde a qual idade óssea apresentada era do tipo IV. Biopsias após 2, 3, 4 e 16 semanas revelaram que houve um acréscimo de 30% na deposição óssea quando comparada à regido dos implantes sem tratamento de superfície. Concluiu-se que a superfície anodizada tem características que aumentam e aceleram a deposição óssea na regido de osso tipo IV. 0 estudo de Cheng et al. (2002) revela uma associação de oxidação anódica em superfícies tratadas com plasma spray de HA e tratamento térmico em autoclave, comparando a

19 resposta do tecido ósseo a superfícies usinadas. Vinte ratos foram divididos em 3 grupos, em cada grupo foram instalados 12 implantes. Após 4, 8 e 16 semanas o tecido ósseo foi analisado por microscopia eletrônica. Os resultados apresentados demonstraram uma maior deposição óssea nas superfícies com tratamento do que nos implantes de superfície lisa usinada. Num estudo comparativo Zechner et al. (2003) onde analisaram a resposta do tecido ósseo frente a 3 diferentes superfícies de implante, um total de 24 implantes de superfície usinada, 24 implantes de superfície tratada com plasma spray de HA e 24 implantes tratados por oxidação anódica foram inseridos na mandíbula de 12 porcos após a extração dos pré-molares. Quatro animais eram sacrificados em 3, 6 e 12 semanas pós-cirurgia. Exames histológicos e histomorfométricos foram realizados revelando uma unido mais estreita nos implantes com superfícies tratadas. A deposição óssea foi estatisticamente igual quando comparados implantes tratados com HA ou Oxidação anódica. Son et al. (2003) avaliaram 8 superfícies tratadas com oxidação anódica e tratamento hidrotérmico. Implantes de superfície usinada foram usados como grupo controle. Análises histológicas foram realizadas após 6 e 8 semanas da colocação dos implantes em tecido ósseo de ratos. Os resultados obtidos não demonstraram diferença entre as 8 superfícies quanto ao percentual de contato ósseo. A força para remoção dos implantes com tratamento de superfície foi duas vezes maior que nos implantes com superfície lisa usinada. Concluiu-se que implantes com superfície tratada com oxidação anódica resultam em uma unido osso/implante mais forte podendo-se diminuir o período de latência do implante. Uma análise de 9 implantes com 3 diferentes tipos de tratamento foi realizada para comparar as características das superfícies. Os tipos de superfícies analisados foram, usinada, ataque Acido e um novo tipo de tratamento chamado de Avantblast. Os resultados demonstraram que superfícies tratadas com ataque Acido apresentaram maior rugosidade quando comparadas as

20 superfícies usinadas lisas. 0 novo tratamento denominado Avantblast apresentou uma redução na quantidade de impurezas e um aumento na espessura da camada de óxido (RODRIGUEZ e GARCIA, 2005). Hallgreen et al., (2003) compararam clinica e histologicamente implantes de superfície usinada com implantes tratados com laser. 0 estudo foi realizado em fêmur e tibias de ratos analisando a força necessária para remoção dos implantes após 12 semanas de cicatrização. Os resultados demonstrara uma maior deposição óssea nos implantes tratados com laser. Um estudo de Jemt et al., (2003), com 42 voluntários divididos em dois grupos, analisou a sobrevida de implantes dentários com três tipos de superfícies, usinada, tratada com HA e tratada com laser. Próteses fixas foram confeccionadas sobre múltiplos implantes que apresentavam diferentes tratamentos de superfície. Exames clínicos e radiográficos realizados anualmente para observaram o sucesso do tratamento. Após cinco anos os resultados apresentados demonstraram que não havia diferença significante na perda óssea nos três tratamentos de superfície analisados. Concluíram que as três superfícies apresentaram resultado clinico semelhante. Aalam e Nowzari (2005) compararam 2 diferentes tratamentos de superfície, oxidação am:mica e duplo ataque-ácido, com implantes de superfície usinada lisa. Em seu estudo foram incluídos 74 voluntários, instalados 58 implantes com superficie tratada com oxidação anódica, 52 implantes tratados com duplo ataque ácido e 88 implantes com superfície usinada. Setenta e quatro pacientes com idade entre 23 A 80 anos foram escolhidos. Os únicos critérios para exclusão dos voluntários foram A presença de inflamação e/ou infecção bucal e condições sistêmicas que comprometessem a saúde geral. Exames radiogrificos e tomografias computadorizadas foram utilizadas para escolher as Areas receptoras. Os implantes foram divididos e instalados em regiões anteriores e posteriores de maxila e mandíbula e apresentavam de 7 mm A 15 mm de comprimento. Do total de 88 implantes de superficie usinada, 64% foram

11 instalados em locais de osso tipo III ou IV. Levantamento de seio maxilar traumático, implantes imediatos com uso de osteótomos e enxertos de osso autógeno foram realizados previamente em áreas onde havia indicação. Radiografias periapicais foram obtidas no ato cirúrgico, na colocação da prótese e dois anos após o término do tratamento. 0 critério de sucesso era obtido pela ausência de inflamação, dor, mobilidade e sinais de radiolucência periimplantar. Os resultados demonstraram que os 3 tipos de superfície apresentaram o mesmo resultado clinico em curto período de tempo (dois anos). Nenhuma significante diferença estatística na perda de altura da crista óssea foi encontrada. Todos os implantes alcançaram sucesso clinico.

22 5 DISCUSSÃO Estudos comprovam que a espessura da camada de óxido, textura e composição da superfície afetam diretamente na qualidade, quantidade e velocidade de formação óssea na união osso/implante (SIKARAS et al., 2000; SUL et al. 2003; AALAM e NOWZARI, 2005). A grande variedade e constante evolução do design dos sistemas de implantes, dirigidos por estudos científicos, refletem a atenção dos pesquisadores para agregar sucesso a uma estrutura artificial dentro de um sistema biológico. Estudos que revelem os eventos celulares e moleculares relacionados à osseointegração são a chave para o desenvolvimento da superfície ideal de um implante dentário (SYKARAS et al., 2000). Segundo Teixeira (2001) as técnicas de texturização podem influenciar várias etapas do processo de desenvolvimento e estabelecimento da osseointegração, tanto na diferenciação das células presentes na interface implante/osso, imediatamente após a inserção do implante, como na quantidade de matriz óssea calcificada depositada na superfície do implante. A primeira grande mudança na superfície dos implantes dentários foi à impregnação com materiais cerâmicos (SYKARAS et al., 2000). Diversos estudos revelando a melhor união entre o tecido ósseo e a HA, sendo essa uma união além de física, química (GOTO et al., 2004). Os cristais de fosfato de cálcio, principalmente a HA, assemelham-se à fase mineral do osso. Estudo de Cheng et al. (2002) demonstrou que implantes de Ti cobertos com uma fina camada de HA apresentam maiores quantidades de osso mineralizado na interface osso/implante, em período curto de tempo quando comparados a implantes de superficie usinada lisa. Além disso, Meffert et al. (1992) sugeriram a possibilidade de um mecanismo de retenção por unido bioquímica entre os cristais de apatita do osso com os cristais impregnados ao implante. A aplicação de HA foi

23 questionada em diversos estudos devido à fragilidade da união entre a HA ao implante. Na tentativa de melhorar essa unido acrescentou-se Zircônia (Zr0 2) na fase dois de impregnação da HA. Esta composição alterou a biocompatibilidade da superfície, não havendo uma unido química direta entre osso/implante (LEE T. et al., 2004). Já na avaliação no estudo de Trisi et al. (2005) onde ocorreu perda e/ou degradação da camada de HA houve um novo contato direto entre osso/implante. Na avaliação clinica os dois implantes apresentavam sucesso em suas funções, não sendo significante a perda de 20% da camada de HA. Deve-se observar que apenas dois implantes foram avaliados, sendo esta uma amostragem insuficiente para uma conclusão definitiva do uso ou não de superfícies tratadas com HA. 0 grau de cristalinidade da HA em superfícies tratadas e o método de tratamento da superfície empregado podem influenciar diretamente na resposta tecidual e também na resistência da unido HA/implante (SUNHO et al., 2005). Este estudo pode vir de encontro a resultados promissores que melhorem a sobrevida da unido HA/implante. Estudos longitudinais são necessários para viabilizar novamente o uso da HA, visto que os estudos revisados apresentam uma avaliação de alguns meses ou poucos anos e sugerem que ainda existam outros fatores que podem influenciar essa união. Segundo Teixeira (2001) o grande número de variáveis relacionados a HA, como técnica de impregnação, composição, graus de solubilidade em meio orgânico e densidade de cobertura contribuem significativamente para um quadro de indefinição das pesquisas clinicas quanto a real indicação de seu uso em tratamentos de superficie. Segundo Sykaras et al. (2000) implante com superfície tratada com adição de partículas pode influenciar na adaptação do trabeculado ósseo, podendo ser usado com menor comprimento devido ao acréscimo da area superficial obtida do tratamento da superfície.

24 Morra et al. (2005) estudaram o efeito da topografia da superfície na habilidade do osteoblasto em produzir matriz óssea e concluíram que esta pode afetar diretamente a resposta celular. Superfícies tratadas promovem um volume e espaço para a migração celular facilitando a osteogênese. Cheng et al. (2002) encontraram como resultado, numa comparação entre superfícies tratadas com ataque Acido contra superfícies usinadas, uma força de torque para remoção dos implantes quatro vezes maior nos implantes de superfície tratada. Esse resultado também foi encontrado no estudo de Lee B. et al. (2004). Independentemente do tipo de tratamento de superfície empregado, certas características da superfície do implante são de extrema importância. Baseado na resposta óssea obtida, concluiu-se que: a camada de oxidação deve ter espessura variando entre 1,0 a 5,0 pm. A porosidade média ideal é de 24% com poros iguais ou menores que 2 1.1M (SUL et al., 2005). Segundo Sykaras et al. (2000), após uma revisão de estudos que comparavam tratamentos de superfície, concluíram que: uma análise clinica critica da qualidade e quantidade óssea, local da colocação do implante e tipo de prótese a ser confeccionada são importantes considerações a serem analisadas para se fazer a escolha do tipo de superfície a ser empregada. Somando a esse estudo, Aalam et al. (2005) avaliaram 3 diferentes tratamentos de superfície empregando-os em osso do tipo I ao IV. Concluíram que o mais importante é realizar uma cirurgia e prótese de alta qualidade, não sendo o resultado influenciado diretamente pelo tipo de superfície escolhida. Há um consenso em todos os estudos revisados, a busca pela superfície que tenha uma união bioquímica ao osso é a forma mais eficaz de unir implante ao meio biológico. Acredita-se que a união bioquímica ao osso possa promover um imediato uso do implante e/ou seu uso em tecido ósseo comprometido (SUL et al., 2005). 0 futuro dos tratamentos de superfície sera a

15 impregnação com fatores de crescimento celular. A alteração das características biomoleculares da superficie do implante pode aumentar a velocidade e o inicio da deposição óssea sobre a superficie do implante visando sempre uma unido bioquímica entre implante/osso. HA resultados promissores quando do emprego de fatores de crescimento 0, proteínas bioativas e coldgeno (MORRA et al., 2005). Teixeira (2001) relata que apesar de resultados positivos serem largamente encontrados na literatura, não se encontra respaldo definitivo sobre as reais conseqüências a longo prazo, tanto locais como sistêmicas, da texturização de superficie e suas vantagens objetivas em relação aos implantes de superfície usinada lisa. Estudos longitudinais são necessários para obter conclusões definitivas quanto A real necessidade e à aplicabilidade clinica da texturização de superfícies.

26 6 CONCLUSÃO Os tratamentos de superfície de implantes tem importância fundamental na resposta cicatricial do tecido ósseo. Aumento na velocidade e na quantidade de deposição óssea sobre o implante são passíveis de serem afetados por características da superfície dadas pelo tratamento empregado. Apesar de resultados promissores, novos estudos são necessários para analisar a viabilidade longitudinal desses tratamentos e sua real aplicabilidade.

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