Palavra-chave: densidade de árvores, Eucalyptus urophylla, sistemas agroflorestais

Documentos relacionados
RELAÇÃO ENTRE A DENSIDADE DE Eucalyptus urophylla B.T. Blake EM SISTEMAS SILVIPASTORIS E OS TEORES DE FIBRAS EM Brachiaria decumbens Stapf.

RELAÇÕES ENTRE A SERRAPILHEIRA E A MATÉRIA SECA DE

Deposição e Acúmulo de Serapilheira em sistema de ilpf no município de Ipameri Goiás

Produção de milho (Zea mays) sob três arranjos estruturais do eucalipto (Eucalyptus spp.) no Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

Trabalho executado com recursos do Programa de Transferência de Tecnologias de Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

Quantificação da serapilheira acumulada em um povoamento de Eucalyptus saligna Smith em São Gabriel - RS

Avaliação da fertilidade de um Latossolo Vermelho-Amarelo em diferentes profundidades em sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ilpf)

MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIAS EM ESPAÇAMENTO NORMAL E REDUZIDO

Acidez do solo em plantios de Eucalyptus grandis sob efeito residual da adubação com diferentes lodos de esgoto

PRODUÇÃO E CRESCIMENTO DE BRACHIARIA DECUMBENS

PRODUÇÃO DE SERRAPILHEIRA E TEOR DE MAGNÉSIO NO SOLO DE UM SISTEMA SILVIPASTORIL SOB DIFERENTES ESPAÇAMENTOS DE EUCALIPTO

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Acadêmico do Curso de Agronomia, Bolsista PIBIC- CNPq. 3

Influência de Arranjos e Clones de Eucalipto sobre as Características Agronômicas do Milho no Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta 1

Crescimento de quatro espécies florestais submetidas a diferentes formas de manejo de Urochloa spp. em área de restauração florestal

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Atributos químicos do solo sob diferentes tipos de vegetação na Unidade Universitária de Aquidauana, MS

Acadêmicos Carla Regina Pinotti (UNESP/Ilha Solteira) Maria Elisa Vicentini (UNESP/Jaboticabal)

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

DESEMPENHO DE NOVILHAS MESTIÇAS EM DIFERENTES NÍVEIS DE SUPLEMENTAÇÃO NA ÉPOCA DA SECA, SOBRE INFLUÊNCIA DO ACÚMULO DE PASTAGEM DIFERIDA.

MANEJO DO SOLO EM SISTEMA DE ILPF

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHOS HÍBRIDOS CONSORCIADOS COM Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

DINÂMICA DO POTÁSSIO NO SISTEMA SOJA-MILHO EM ÁREA DE ALTA PRODUTIVIDADE EM SORRISO-MT.

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

ACIDEZ DO SOLO E PRODUÇÃO DE SOJA EM FUNÇÃO DA CALAGEM SUPERFICIAL E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM PLANTIO DIRETO

Escolha da área para plantio Talhonamento Construção de aceiros e estradas

CULTIVO DE FORRAGEIRAS SOBRE EFEITO DE SOMBREAMENTO

ANAIS. Artigos Aprovados 2014 Volume I ISSN:

EVAPOTRANSPIRAÇÃO E COEFICIENTES DE CULTIVO DO CONSÓRCIO MILHO E BRAQUIÁRIA NAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE MATO GROSSO DO SUL

Efeito do sombreamento em Brachiaria decumbens na produtividade de proteína bruta (PB).

Ciclagem biogeoquímica de nutrientes.

VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS S 5 DE MILHO

EFEITOS FÍSICOS E BIOLÓGICOS DO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA (ilp)

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA SUCESSÃO SOJA-MILHO SAFRINHA

Partição de biomassa em clones de Eucalyptus na região litorânea do Rio Grande do Norte

MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIA EM SEMEADURA TARDIA

PRODUÇÃO DE SERAPILHEIRA DE PINUS ELLIOTTII ENGELM EM UM SISTEMA SILVIPASTORIL (SSP) EM DIFERENTES NÍVES DE DESBASTE 1

Gessi Ceccon, Luís Armando Zago Machado, (2) (2) (3) Luiz Alberto Staut, Edvaldo Sagrilo, Danieli Pieretti Nunes e (3) Josiane Aparecida Mariani

Calagem no Sistema Plantio Direto para Correção da Acidez e Suprimento de Ca e Mg como Nutrientes

CEP , Aquidauana, MS. 3 UNESP Ilha Solteira, Rua 3, nº 100, CEP , Ilha Solteira, SP.

Produção e Acúmulo de Serrapilheira em Área de Caatinga no Seridó Oriental da Paraíba

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE PLANTAS DANINHAS EM CANOLA SEMEADA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS. RESUMO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

IMPACTO DA APLICAÇÃO DO LODO DE INDÚSTRIA DE GELATINA NA PERCOLAÇÃO DE FÓSFORO E POTÁSSIO EM COLUNAS DE SOLO CULTIVADAS COM MILHO

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE "BRACHIARIA" SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

COMPARAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE EUCALYPTUS UROPHYLLA X EUCALYPTUS GRANDIS 1 INTRODUÇÃO

Quadro 1 - Fatores para conversão de unidades antigas em unidades do Sistema Internacional de Unidades.

Desempenho do Consórcio Milho-braquiária: Populações de Plantas e Modalidades de Semeadura de Urochloa brizantha cv. Piatã

Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem em Patrocínio, MG

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM POPULAÇÕES DE PLANTAS DE MILHO E DE BRAQUIÁRIA

DECOMPOSIÇÃO DE ACÍCULAS DE Pinus NO AMBIENTE DE FLORESTA NATURAL E DE PLANTIO FLORESTAL

CRESCIMENTO INICIAL DA MAMONEIRA EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE PLANTAS DE Brachiaria decumbens*

SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS EM SISTEMAS INTEGRADOS DE CULTIVO COM MILHO SAFRINHA

Uso de Resíduos em Plantios Florestais: Presente e Futuro

MANEJO DE RESĺDUOS E CICLAGEM DE NUTRIENTES EM FLORESTAS PLANTADAS

DISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES EM LATOSSOLO APÓS O USO DE ADUBAÇÃO VERDE

Tecnologia em Gestão Ambiental Bolsista do PIBICT IFPB, Instituto Federal da Paraíba, 2

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E TEORES DE BORO FOLIAR E SERRAPILHEIRA NA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA EM NOVA CANAÃ DO NORTE MT.

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO EM SISTEMA SILVIPASTORIL EM REGIÃO DE ECÓTONO CERRADO- AMAZÔNIA

INFLUÊNCIA DE Pterodon emarginatus SOBRE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM UM SISTEMA SILVIPASTORIL.

VII Semana de Ciência Tecnologia IFMG campus

Estabelecimento de pastagem na entrelinha de eucalipto após consórcio com plantas de cobertura manejadas com rolo faca¹

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO NO CERRADO

Consorciação de Culturas com o Eucalipto no Sistema de Integração Lavoura-Pecuária- Floresta 1

PRODUÇÃO DE FITOMASSA DE ADUBOS VERDES DE VERÃO EM CULTIVO EXCLUSIVO E CONSORCIADO

Estado da Arte do Sistema Plantio Direto em 2010: Palha e Fertilidade

INFLUÊNCIA DA IRRIGAÇÃO SOBRE O DESENVOLVIMENTO INICIAL DA CULTURA DO EUCALIPTO, NO MUNICÍPIO DE AQUIDAUANA MS

BPUFs para milho em Mato Grosso do Sul informações locais. Eng. Agr. M.Sc. Douglas de Castilho Gitti

Palavras-chave: química do solo, mobilização mecânica, práticas conservacionistas

Produtividade, Estrutura e Morfogênese do Panicum maximum cv. Mombaça Produzidos em Sistemas Silvipastoris com diferentes densidades de plantas nativa

Avaliação de cultivares de milho para produção de silagem em Patos de Minas

CONSÓRCIO DE MILHO SAFRINHA COM Brachiaria ruziziensis EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS

Densidade populacional de Pratylenchus brachyurus na produtividade da soja em função de calagem, gessagem e adubação potássica

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

Ocorrência de artrópodes em área recuperada com o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária 1. Paulo A. Viana 2 e Maria C. M.

COBERTURA FLORESTAL DO PARANÁ FLORESTAS NATIVAS E PLANTADAS

QUALIDADE NUTRICIONAL DE Brachiaria decumbens EM UM SISTEMA SILVIPASTORIL NA SUB-BACIA DO RIO MIRANDA

Avaliação de cobertura de solo em sistemas intensivos de cultivo 1

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016

DEPOSIÇÃO DE SERAPILHEIRA DE PINUS ELLIOTTII EM UM SISTEMA SILVIPASTORIL 1 DEPOSITION OF LITTER OF PINUS ELLIOTTII IN A SILVOPASTORIL SYSTEM

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO COM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA SOB PLANTIO DIRETO

Produção do milho para silagem em sistema agrossilvipastoril em diferentes arranjos estruturais do eucalipto 11

O USO DA ESTATÍSTICA NA ENGENHARIA ENGENHARIA AMBIENTAL

DESENVOLVIMENTO INICIAL DE ESPÉCIES DE EUCALIPTO DE MÚLTIPLO USO EM MATO GROSSO DO SUL

TEOR E EXTRAÇÃO DE NPK EM DOIS GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

Desempenho Operacional de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Sorgo Forrageiro

SELEÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE GENÓTIPOS DE EUCALIPTO CITRIODORA (Corymbia citriodora) QUANTO À PRODUÇÃO DE ÓLEO ESSENCIAL NA REGIÃO SUL DO TOCANTINS

Produção e distribuição de biomassa de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. em resposta à adubação

Potencial de Mineralização de C em Solos com e sem Adição de Serapilheira sob Diferentes Coberturas Vegetais

ANÁLISE FUNCIONAL DA PRODUÇÃO E ESTOCAGEM DE SERAPILHEIRA NO MACIÇO DA PEDRA BRANCA, RJ. Dados preliminares

Análise Comparativa do Crescimento Inicial de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden (MYRTACEAE) e Guazuma ulmifolia Lam. (Malvaceae)

Taxa de Semeadura do Capim-piatã em Consórcio com Sorgo de Corte e Pastejo em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária, na Safrinha 1

RECUPERAÇÃO DE PASTAGEM DEGRADADA ATRAVÉS DO CONSÓRCIO COM FEIJÃO GUANDU

SUPRESSÃO QUÍMICA DO CRESCIMENTO DE Panicum maximum CV. ARUANA CULTIVADO EM CONSÓRCIO COM A SOJA

LEVANTAMENTO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE SOLO SOB PASTAGENS DA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA - LÁBREA/AM

ÍNDICE DE PRODUTIVIDADE DA LAVOURA DE SOJA CONSORCIADA COM EUCALIPTO EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA- PECUÁRIA-FLORESTA

Transcrição:

INTERAÇÕES ENTRE ESPAÇAMENTO DE ÁRVORES DE EUCALIPTO, PRODUÇÃO DE SERRAPILHEIRA E NÍVEIS DE PH NO SOLO DE UM SISTEMA AGRISSILVIPASTORIL Igor Murilo Bumbieris Nogueira 1 ; Omar Daniel 2 ; Antônio Carlos Tadeu Vitorino 3 ; Murilo Veloso 4 ; Flávia Araujo Matos 5 1 Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq, Acadêmico do curso de Agronomia FCA/UFGD 2 Orientador, Prof. Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/UFGD 3 Co-orientador, Prof. Associado da Faculdade de Ciências Agrárias/UFGD 4 Acadêmico do curso de Agronomia, bolsista PET/Agronomia, UFGD/FCA 5 Doutoranda do PPG em Agronomia, UFGD/FCA RESUMO Com o objetivo de estudar a influência da densidade de árvores de Eucalyptus urophylla sobre a deposição de serrapilheira e sua interferência no ph de um Latossolo Vermelho distroférrico, o presente trabalho foi conduzido em um Sistema Agrissilvipastoril consorciado com Brachiaria decumbens implantado em diferentes arranjos espaciais no município de Dourados, Mato Grosso do Sul. Foram coletadas amostras de solo a 0-5 cm de profundidade e recolhida a serrapilheira depositada na superfície do solo, em pontos distanciados a 2,5 m e 5,5 m das linhas das árvores. Observou-se que o acúmulo de serrapilheira decresceu linearmente com a redução da densidade das árvores. Menor foi a acidez do solo nas maiores densidades de árvores. Conclui-se que a deposição de serrapilheira pelas árvores de E. urophylla aumenta com a diminuição dos espaçamentos sob pastagens consorciadas com B. decumbens, influenciando positivamente os níveis de ph na camada superficial do solo e nas proximidades das árvores. Palavra-chave: densidade de árvores, Eucalyptus urophylla, sistemas agroflorestais INTRODUÇÃO A integração da árvore em sistemas agropecuários é válida por proporcionar maior aporte de serrapilheira estimulando o processo de ciclagem de nutrientes, que por sua vez altera as características físicas, químicas e biológicas do solo, refletindo sobre a qualidade e

quantidade produzida nos diversos componentes, conduzindo o agroecossistema a um modelo caracterizado por uma maior sustentabilidade (CASTRO et al., 2009). A decomposição da serrapilheira varia conforme sua composição, quantidade de material depositado e condições ambientais. Nos trópicos apresentam rápida liberação de nutrientes, promovendo uma reciclagem contínua durante o ano todo (ARATO, 2003). Normalmente, este material vegetal é rico em bases, que minimizam a condição ácida dos solos tropicais, influenciando sobre o nível de ph do solo, principalmente nas camadas superficiais. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o aporte e a interferência da serrapilheira produzida em variados arranjos espaciais de árvores de Eucalyptus urophylla sobre os níveis de ph do solo em um sistema agrissilvipastoril. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Fazenda Campo Belo, localizada no Município de Dourados MS, sobre um Latossolo Vermelho distroférrico, de textura argilosa e topografia plana coberto por Brachiaria decumbens. A implantação do sistema foi realizada em novembro de 2000, utilizando como componente arbóreo o Eucalyptus urophylla. Foram implantadas quatro linhas de árvores espaçadas 16 metros, no sentido Leste-Oeste, sendo desenhadas em quatro espaçamentos distintos de 12 plantas cada um: 1,5 m; 3,0 m; 4,5 m e 6,0 m (DANIEL et al., 2004). Nos primeiros anos foram realizadas quatro safras de milho nas entre linhas das árvores. Em janeiro de 2010, foi realizada a locação dos pontos de coleta de solo e serrapilheira da árvore na área a partir de uma grade de 8 m x 8 m, de modo que as amostras fossem coletadas a 2,5 m e 5,5 m de distância das linhas de árvores. As amostras de solo para avaliação química foram obtidas a partir de oito sub-amostras por ponto, na profundidade de 0-5 cm, com auxílio de trado tipo holandês. Para a serrapilheira foi utilizado um quadrado delimitador de 0,5 m x 0,5 m, onde foram coletadas da superfície do solo: folhas, galhos com diâmetro < 2 cm, cascas, restos florais e frutos oriunda das árvores. O ph foi determinado em CaCl 2 por potenciometria, segundo metodologia proposta por Claessen (1997). As amostras de serrapilheira foram submetidas ao secamento em estufa

de ventilação forçada a 65ºC durante 72 horas, para estimativa de matéria seca. Para as análises estatísticas foram aplicadas regressões, representadas graficamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados indicam que, nas amostras coletadas mais próximas das árvores (2,5 m), onde houve maior acúmulo de serrapilheira (Figura 1), a tendência foi de redução dos níveis de ph em relação direta com a diminuição da densidade arbórea. Também foi notável a correlação positiva (0,9393) existente entre a quantidade de serrapilheira produzida e o ph, indicando que quanto maior a massa de restos vegetais do eucalipto, maior a tendência de redução da acidez do solo. FIGURA 1 - Valores médios de massa de serrapilheira coletadas a 2,5 m e 5,5 m das linhas das árvores de E. urophylla em função de diferentes espaçamentos entre plantas. Por outro lado, nas amostras coletadas a 5,5 m de distância das linhas das árvores, que receberam menor aporte de serrapilheira (Figura 1) quando comparada com as amostras de 2,5 m, a correlação entre serrapilheira e ph considerando os espaçamentos crescentes foi inversa (- 0,9878). Há possibilidade de que, para que haja efeito de redução da acidez do solo a partir da influência da serrapilheira do eucalipto, a quantidade desta deve apresentar um valor mínimo, que não foi atingido quando a coleta de dados foi realizada a maior distância das árvores.

FIGURA 2 - Níveis médios de ph em CaCl 2 na profundidade de 0-5 cm na distância de 2,5m e 5,5 m das linhas de E. urophylla em função de diferentes espaçamentos entre plantas. Observando a Figura 2 foi possível notar também que na camada superficial do solo (0-5 cm), o espaçamento de 4,5 m foi o ponto de equilíbrio para o ph, tanto na distância de coleta de 2,5 m quanto de 5,5 m. Neste espaçamento, o valor de ph foi de aproximadamente 5,10. A partir da Figura 1 e considerando a distância entre indivíduos arbóreos de 4,5 m, foi possível determinar que a massa de serrapilheira mínima para que houvesse efeito de elevação do ph do solo próximo às árvores foi de aproximadamente 170 g m -2, enquanto a maiores distâncias o valor foi de 120 g m -2. Segundo Gama-Rodrigues & Barros (2002) a serrapilheira de povoamentos de E. grandis e E. urophylla é composta principalmente por N > Ca > K > Mg > P. Esta maior presença de bases (Ca, Mg e K) na composição da serrapilheira pode ter influenciado sobre os níveis de ph do solo. CONCLUSÕES O aumento da densidade de E. urophylla promove aumento no aporte de serrapilheira depositado sobre a superfície do solo. O aumento da proporção de resíduos arbóreos do eucalipto na serrapilheira influencia de forma direta os níveis de ph na camada superficial do solo.

REFERÊNCIAS ARATO, H. D.; MARTINS, S. V.; FERRARI, S. H. de S. Produção e decomposição de serapilheira em um sistema agroflorestal implantado para recuperação de área degradada em Viçosa-MG. Revista Árvore, Viçosa, v.27, n.5, p.715-721, 2003. CASTRO, C. R. T.; PACIULLO, D. S. C.; GOMIDE, C. A. M.; MÜLLER, M. D.; JUNIOR, E. R. N. Características agronômicas, massa de forragem e valor nutritivo de Brachiaria decumbens em sistema silvipastoril. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n. 60, p. 19-25, dez. 2009. CLAESSEN, M. E. C. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, 2ª ed. 212p. 1997. DANIEL, O.; BITTENCOURT, D.; GELAIN, E. Avaliação de um sistema agroflorestal eucalipto-milho no Mato Grosso do Sul. Agrossilvicultura (Viçosa), v.1, n.1, p.15-28, 2004. GAMA-RODRIGUES, A. C.; BARROS, N. F. Ciclagem de nutrientes em floresta natural e em plantios de eucalipto e de dende no sudeste da Bahia, Brasil. R. Árvore,Viçosa, v.26, n.2, p.193-207, 2002.