RELAÇÃO ENTRE A DENSIDADE DE Eucalyptus urophylla B.T. Blake EM SISTEMAS SILVIPASTORIS E OS TEORES DE FIBRAS EM Brachiaria decumbens Stapf.
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1 RELAÇÃO ENTRE A DENSIDADE DE Eucalyptus urophylla B.T. Blake EM SISTEMAS SILVIPASTORIS E OS TEORES DE FIBRAS EM Brachiaria decumbens Stapf. Michele Lopes Yoshiy 1 ; Omar Daniel 2, Flávia Araujo Matos 3 ; Igor Murilo Bumbieris 4 ; Murilo Veloso Gomes 5 ; Thais Cremon 6 1 Acadêmica do curso de Agronomia da Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD, bolsista PIBIC/CNPq. micheleyoshiy@hotmail.com, 2 Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD, Dourados-MS. omar.daniel@pq.cnpq.br. 3 Aluna no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD matos_flavia@hotmail.com, 4 Aluno no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD. igorbumbieris@hotmail.com, 5 Aluno no Programa de Pós Graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal do Paraná., 6 Aluna no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Agrárias, UFGD. thaiscremon@hotmail.com. RESUMO O objetivo do trabalho foi avaliar a influência da densidade de árvores de Eucalyptus urophylla B.T. Blake sobre a composição bromatológica de Brachiaria decumbens Stapf. em um sistema silvipastoril. O trabalho foi realizado na Fazenda Campo Belo, Município de Dourados, MS. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, apresentando baixa fertilidade natural, textura argilosa, topografia plana, coberto por braquiaria e E. urophylla. Linhas simples de árvores, distantes 16 m entre si foram dispostas em quatro espaçamentos distintos entre plantas (1,5 m; 3,0 m; 4,5 m e 6,0 m) e a locação dos pontos de coleta de forragem na área se deu a partir de uma grade de 8 m x 8 m, de modo que as amostras fossem coletadas a 2,5 m e 5,5 m de distância das linhas. A composição bromatológica não foi influenciada significativamente pelos espaçamentos e distâncias de coleta, nem pelos fatores isolados. Palavras-chave: Sistema agroflorestal, sombreamento de pastagem, densidade arbórea INTRODUÇÃO
2 A agricultura e pecuária são as principais atividades econômicas do Mato Grosso do Sul. Porém, o estado apresenta áreas de pastagens degradadas resultando no balanço negativo da sustentabilidade na cadeia produtiva da carne. Considerando-se apenas a fase de engorda de bovinos, a produtividade de carne de uma pastagem degradada pode ser seis vezes inferior ao de uma pastagem recuperada ou em bom estado de manutenção (MACEDO et al., 2000) A fim de se utilizar essas áreas têm se introduzido e praticado sistemas de uso da terra alternativos ao tradicional. Os sistemas silvipastoris têm se destacado pelos inúmeros benefícios ambientais, sociais e econômicos que oferecem. Este sistema é uma modalidade de sistema agroflorestal, que se refere às técnicas de produção nas quais se integram os animais, as árvores e as pastagens numa mesma área. Tais sistemas representam uma forma de uso da terra onde as atividades silviculturais e pecuárias são combinadas para gerar produção de forma complementar, por meio da interação dos seus componentes (GARCIA e COUTO, 1997). Em 2007 o estado do Mato Grosso do Sul recebeu forte estímulo ao desenvolvimento do setor do florestal aumentando a área de plantios florestais, com vistas ao abastecimento das indústrias de papel e celulose. Esse fato faz com que os sistemas silvipastoris sejam uma alternativa promissora aos produtores, que podem combinar os arranjos produtivos que melhoram a rentabilidade da pecuária, sem abandonarem sua atividade tradicional. Com o crescimento das árvores em sistemas agroflorestais, há uma diminuição progressiva da luminosidade disponível para o sub bosque que influencia a produtividade e qualidade do pasto. O sombreamento excessivo pode, portanto, comprometer a produção de forragem (CASTRO et al., 1999; GUENNI et al., 2008). Quando se refere à pastagem em sistemas silvipastoris, Castro et al. (1998) citam a necessidade de maiores informações sobre o comportamento das principais forrageiras tropicais, como as do gênero Brachiaria spp. que, sob luminosidade reduzida, têm sua composição química e digestibilidade afetadas. Diversos autores classificam como média a tolerância da Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich.) Stapf ao sombreamento e recomendam esta forrageira para implantação de sistemas silvipastoris e agrissilvipastoris (COSTA e TOWNSEND, 2002; RIBASKI e RAKOCEVIC, 2002) Diante do exposto, desenvolveu-se este estudo com o objetivo de avaliar a influência da densidade de árvores de E. urophylla sobre a composição bromatológica de B. decumbens em um sistema silvipastoril.
3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido na Fazenda Campo Belo, localizada no Município de Dourados MS, sobre um Latossolo Vermelho distroférrico, de textura argilosa e topografia plana coberto por Brachiaria decumbens. A implantação do sistema foi realizada na segunda quinzena de novembro de 2000, utilizando como componente arbóreo o Eucalyptus urophylla. Foram implantadas quatro linhas de árvores espaçadas 16 metros, no sentido Leste-Oeste, totalizando aproximadamente 1,7 hectare (DANIEL et al., 2004). As linhas de eucalipto, com bordaduras nas extremidades, foram desenhadas em quatro espaçamentos distintos de 12 plantas cada um: 1,5 m; 3,0 m; 4,5 m e 6,0 m com quatro repetições, sendo nos primeiros anos realizadas quatro safras de milho nas entre linhas das árvores utilizando-se toda tecnologia necessária para a produção de milho, onde o solo foi corrigido e adubado conforme resultado de análise de solo. Foi realizada a locação dos pontos de coleta de solo e serrapilheira da árvore na área a partir de uma grade de 8 m x 8 m, de modo que as amostras fossem coletadas a 2,5 m e 5,5 m de distância das linhas de árvores.a coleta da forragem foi realizada com auxílio de um quadrado delimitador (0,5 m x 0,5 m), onde no momento das coletas foram obtidos os dados de altura de planta. Em laboratório foram obtidos o peso fresco e a área foliar das lâminas foliares. Posteriormente as amostras foram submetidas ao secamento em estufa de ventilação forçada a 65ºC durante 72 horas, para estimativa de matéria seca e processadas em moinho tipo willey. As analises bromatológicas foram feitas na Embrapa Gado de Corte pelo método de espectroscopia de reflectância de infravermelho proximal (NIRS). Os componentes químicos da forragem analisados foram FDN e FDA submetidas à análise de variância sendo as médias comparadas pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO O teste de média aplicado não detectou diferenças significativas entre as médias das variáveis bromatológicas, considerando os diversos espaçamentos em linha do componente
4 arbóreo, nem quando as amostras de forragem foram coletadas a 2,5 m de distância destas linhas (Tabela 1), nem quando a coleta foi feita a 5,0 m (Tabela 2). Tabela 1 - Teores médios (%) de FDN e FDA em lâminas foliares de Brachiaria decumbens em sistema agrissilvipastoril a 2,5 m de distância das linhas de árvores Esp. FDN FDA 1,5 75,45 a 35,46 a 3 75,59 a 35,22 a 4,5 75,36 a 35,98 a 6 CV (%) 75,32 a 1,00 35,96 a 1,41 *Valores nas colunas seguidos das mesmas letras não diferem significativamente pelo teste Tukey (5 %);FDN fibra em detergente neutro, FDA fibra em detergente ácido. Tabela 2 - Teores médios (%) de FDN e FDA em lâminas foliares em foliares de Brachiaria decumbens em Sistema Agrossilvipastoril à 5,5 m de distância das linhas de árvores Esp. FDN FDA 1,5 75,86 a 36,52 a 3 75,41 a 36,07 a 4,5 75,66 a 36,39 a 6 CV (%) 76,24 a 1,28 36,44 a 2,59 * Valores nas colunas seguidos das mesmas letras não diferem significativamente pelo teste Tukey (5 %), FDN fibra em detergente neutro, FDA fibra em detergente ácido. O estudo corrobora em parte com Araujo (2010) que, ao avaliar a composição química de B. decumbens sob diferentes densidades em um sistema silvipastoril, observou que não houve efeito do espaçamento nos teores de FDN. Oliveira et al. (2007) e Coelho (2012) encontraram resultados semelhantes em estudos com B. brizantha e B. decumbens, respectivamente. Isso pode ter ocorrido por terem sido analisadas apenas as lâminas foliares, que apresentam naturalmente, menor teor de FDN em comparação ao colmo. Os teores de FDA apresentados no trabalho estão de acordo com Pacciulo et al (2007) e Coelho (2012) que não encontraram diferenças nos teores quando comparado aos resultados a pleno sol ou sob copa das árvores. É importante destacar, entretanto, que o experimento não testou distâncias entre as linhas de eucalipto, tendo sido esse fator fixado em 16 m para evitar prejuízos à forragem, provocados pelo sombreamento das linhas contíguas. Porém, as coletas foram feitas a 2,5 m e 5,5 m das linhas, sendo as amostras mais próximas, consequentemente mais susceptíveis aos efeitos da sombra do que as mais distantes. Para testar o efeito das distâncias de coleta a partir das linhas de árvores aplicou-se o teste t entre os dados bromatológicos obtidos a 2,5 m e 5,5 m (Tabela 3). Observa-se que não
5 houve diferença entre as médias das variáveis analisadas nessas duas distâncias, em nenhum dos espaçamentos entre árvores adotados. Tabela 3 Teores médios (%) da composição bromatológica em lâminas foliares de Brachiaria decumbens em sistema silvipastoril a 2,5 e 5,5 m de distância das linhas de eucalipto, para cada espaçamento entre árvores Espaça mento entre árvores FDN ns FDA ns 2,5 5,5 2,5 5,5 1,5 75,4 75,8 35,4 36,5 3,0 75,5 75,4 35,2 36,0 4,5 75,3 75,6 35,9 36,3 6,0 75,3 76,2 35,9 36,4 * ns valores não diferem significativamente entre si, para cada espaçamento entre árvores pelo teste t (5%) CONCLUSÃO Os teores de FDN e FDA não apresentaram diferenças significativas entre os espaçamentos e distâncias de coleta. O sombreamento não interferiu na qualidade da forragem pelo menos a partir de 2,5 m das árvores AGRADECIMENTOS A CNPq, pela bolsa concedida REFERÊNCIAS ARAÚJO, R. P. Produção e composição química da Brachiaria decumbens e características dendrométricas do Eucalyptus urophylla, em sistema silvipastoril sob diferentes espaçamentos, p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro RJ. CASTRO, C.R.T. de; GARCIA, R.; CARVALHO, M.M.; COUTO, L. Produção forrageira de gramíneas cultivadas sob luminosidade reduzida. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 28, p , CASTRO, C. R. T. de; CARVALHO, M. M.; GARCIA, R.; COUTO, L. Efeito do sombreamento artificial sobre o valor nutritivo de seis gramíneas forrageiras. In: CONGRESSO BRASILEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS: NO CONTEXTO DA
6 QUALIDADE AMBIENTAL E COMPETITIVIDADE, 2., 1998, Belém, PA. Resumos Expandidos... Belém: Embrapa-CPATU, p COELHO, Joysiene Sanguinete.Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Fevereiro p. Ecofisiologia e composição bromatológica de brachiaria decumbens em sistemas silvipastoris com diferentes arranjos espaciais. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C. R.; MAGALHÃES, J. A.; PEREIRA, R. G. de A. Avaliação agronômica de gramíneas forrageiras sob sombreamento de seringal adulto. In: CONGRESSO BRASILEIRO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS: NO CONTEXTO DA QUALIDADE AMBIENTAL E COMPETITIVIDADE, 2., 1998, Belém, PA. Resumos Expandidos... Belém: Embrapa-CPATU, p DANIEL, O., BITTENCOURT, D., GELAIN, E.. Avaliação de um sistema agroflorestal eucalipto-milho no Mato Grosso do Sul. Agrossilvicultura (Viçosa), v.1, n.1, p.15-28, GARCIA, R., COUTO, L. Sistemas silvipastoris: tecnologia emergente de sustentabilidade. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO, 1997, Viçosa-MG. Anais... Viçosa: DZO/UFV, p MACEDO, M. C. M.; KICHEL, A. N.; ZIMMER, A. H. Degradação e alternativas de recuperação e renovação de pastagens. Campo Grande: EMBRAPACNPGC, p. (Comunicado Técnico, 62). OLIVEIRA, T. K, de; MACEDO, L. G.; SANTOS, I. P. A. dos; HIGASHIKAWA, E. M.; VENTURIN, N. Produtividade de Brachiaria brizantha (Hochst. Ex A. Rich.) Stapf cv. Marandu sob diferentes arranjos estruturais de sistema agrossilvipastoril com eucalipto. Ciência e Agrotecnologia, v. 31, n. 3, p , PACIULLO, D. S. C.; CARVALHO, C. A. B. DE; AROEIRA, L. J. M.; MORENZ, M. J. F.; LOPES, F. C. F.; ROSSIELLO, R. O. P. Morfofisiologia e valor nutritivo do capimbraquiária sob sombreamento natural e a sol pleno. Pesquisa agropecuária Brasileira, Brasília, v. 42, n. 4, p
Palavra-chave: densidade de árvores, Eucalyptus urophylla, sistemas agroflorestais
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