*2CFC623836* Discurso pronunciado pelo Deputado NILTON CAPIXABA (PTB/RO), na sessão plenária do dia 18 de janeiro de 2006.



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Transcrição:

Discurso pronunciado pelo Deputado NILTON CAPIXABA (PTB/RO), na sessão plenária do dia 18 de janeiro de 2006. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Norman Borlaug, Prêmio Nobel de Agricultura de 1970, disse:...os famintos não fazem revolução. Os famintos morrem de fome. Este é um alerta que faço aos governantes, à classe política, e à sociedade do Estado de Rondônia. Na PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 1990, do IBGE, foi levantada a existência de 31.679.095 pessoas indigentes, no Brasil. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, efetivada em 2004, pelo IBGE em colaboração com o IPEA, para uma população brasileira de 178.604.552 habitantes existiam 20,3 milhões de indigentes. A maior fração da indigência estava no meio urbano com 13 milhões, que se somava aos 7,3 milhões de indigentes do meio rural. O ano de 2004 trouxe o menor número e a menor taxa de indigência da década: houve uma queda de quase 5 milhões no número de indigentes.

A pessoa indigente é aquela cuja renda familiar corresponde, no máximo, ao valor de aquisição de uma cesta básica de alimentos que atenda os requisitos nutricionais recomendados pela OMS Organização Mundial da Saúde e pela FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, para uma família como um todo. A população indigente no Brasil, em 1990, era equivalente à população da Argentina, 32 milhões de habitantes. Analisando a produção de grãos alimentares arroz, feijão e milho nos anos 1975, 1995 e 2005/06, o que se pode constatar é uma produção em ascensão no período 1975 a 1995, e decrescente, no período 1995 a 2005/06. No ano de 1975 a produção de arroz foi de 130 mil toneladas; a produção de feijão foi de 16 mil toneladas; a produção de milho foi de 39 mil toneladas, o que totalizou 185 mil toneladas de grãos. A produção de raízes de mandioca, atingiu 86 mil toneladas de raízes, o que correspondeu a 28 mil toneladas de farinha de mandioca. Vinte anos depois, em 1995, a produção dos mesmos itens alimentares, cresceu de forma vigorosa. O arroz alcançou uma produção de 262 mil toneladas; o feijão ficou com 81 mil toneladas, e o milho chegou a 370 mil toneladas. A soma dos três produtos ficou na casa das 713 mil toneladas. O aumento comprovado foi da ordem de quatro vezes mais (713 : 185 = 3,8 vezes). A produção de raízes de raízes de mandioca, foi de 708 mil toneladas, o que correspondeu a um crescimento de oito vezes, quando comparado com a produção de 1975. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, 2

O crescimento da produção de grãos alimentares, no período 1975 a 1995, se deveu à rápida ocupação territorial do Estado, desenvolvida pelo Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, com a implantação de Projetos Integrados de Colonização PICs tais como Ouro Preto, em Ouro Preto do Oeste; Padre Adolpho Rohl, em Jaru, e Gy Paraná, em Cacoal; e os Projetos de Assentamento Dirigido, como o PAD Burareiro, em Ariquemes. Os assentamentos deram a Rondônia, uma configuração de ocupação dos vazios demográficos do interior do Estado e, atendeu aos objetivos do desenvolvimento regional, promovendo a fixação do homem à terra, a criação de empregos diretos e permanentes e, o aumento da oferta de alimentos. No período analisado 1975 a 1995 - a crescente produção das chamadas lavouras brancas - arroz, feijão, milho e mandioca, foi a marca da geopolítica do Integrar para não Entregar, do período militar. No ano agrícola 2005/06 a produção dos grãos alimentares sofreu uma acentuada diminuição. O arroz alcançou uma produção de 213.998 toneladas; a produção de feijão foi de 33.088 toneladas e a produção de milho foi de 245.197 toneladas. A produção de arroz, feijão e milho, somadas, caiu para o patamar de 492.283 toneladas. A produção de mandioca, em 2005/06, ficou com 488.493 toneladas de raízes. Lembrando que a transformação de raízes de mandioca em farinha, obedece uma relação de para cada 3 toneladas de raízes se obtém uma tonelada de farinha, a produção de farinha atinge 160 mil toneladas. 3

Analisando de forma clara e objetiva, concluímos que o suprimento de alimentos para os últimos anos tem sido menor que há dez anos atrás. Rondônia que já chegou a ser exportador de alimentos para os estados vizinhos (Amazonas e Acre), poderá, logo mais, estar sendo incapaz de produzir a sua própria alimentação. Se considerarmos o crescimento demográfico do Estado, que subiu de uma população de 111.064 habitantes, no ano de 1970, para uma população de 1.377.790, no Censo Demográfico de 2000, e que atualmente a população de Rondônia deve ter ultrapassado os 1.500.000 habitantes, se pode vislumbrar a ameaça de falta de alimentos. Da análise dessas estatísticas, se pode chegar à comprovação da existência de uma população indigente em Rondônia. Lembrar que segundo a OMS Organização Mundial da Saúde,... a pessoa indigente é aquela cuja renda familiar corresponde, no máximo, ao valor de aquisição da cesta básica de alimentos que atenda os requisitos nutricionais. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, As informações globais da produção de arroz, feijão, milho, estão disponíveis a nas estatísticas do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. De forma a não tornar cansativa a discussão de cada um dos produtos, foram elaborados quadros-resumo para cada cultivo, com as informações de área colhida, produção e produtividade para os dez municípios maiores produtores. 4

a) Arroz, produzido em Rondônia, é o arroz sequeiro, cultivado em terra firme e sem irrigação. A distribuição do cultivo do arroz alcança praticamente todos os municípios de Rondônia. O calendário agrícola para o cultivo do arroz, de acordo com a Emater, propõe que nos meses de agosto/setembro/outubro se faça o preparo da área; nos meses de outubro/novembro, se faça o plantio das áreas; em dezembro/janeiro se proceda a execução dos tratos culturais, para fazer-se a colheita nos meses de fevereiro/março. Na safra do ano 1995, foi colhida uma área de 148.545 hectares, com uma produção colhida de 262.437 toneladas de arroz e uma produtividade de 1.750 quilos por hectare. Na safra 2005/06 em uma área plantada de 95.046 hectares foi colhida uma produção de 213.998 toneladas de arroz, com uma produtividade de 2.252 quilos por hectare. Município Área Colhida Produção Produtividade (Hectares) (Toneladas) (Quilos/hect.) Cabixi 9.000 27.000 3.300 Vilhena 7.000 23.100 3.300 Cerejeiras 4.500 14.850 3.300 Castanheiras 6.000 13.680 2.400 Corumbiara 2.714 8.142 3.000 Ariquemes 3.250 8.125 2.500 Pimenteiras do Oeste 2.500 7.500 3.000 São Felipe do Oeste 2.591 6.996 2.700 Novo Horizonte 2.859 6.004 2.100 Sub-Total 44.300 124.723 2.800 Outros Municípios 50.746 89.275 1.760 Rondônia 95.046 213.998 2.250 5

A produção dos Dez Municípios Maiores Produtores de Arroz, na safra 2005/06, foi de 124.723 toneladas, colhidas em uma área de 44.300 hectares, com uma produtividade de 2.800 quilos/hectares; isso correspondeu a 58 por cento da produção de todo o Estado. É de destacar que dentre os dez municípios, a região do Cone Sul, contribuiu com cinco municípios: Cabixi, Vilhena, Cerejeiras, Corumbiara e Pimenteiras do Oeste, que somam uma produção de 80.592 toneladas cerca de 65 por cento, da produção dos Dez Municípios Maiores Produtores de arroz. Uma outra observação, é a de que os municípios do Cone Sul destacaram-se na produção de arroz, fato que na safra 1995, pertencia ao municípios da área central do estado: Jaru, Ji-Paraná, Presidente Médici, São Miguel do Guaporé e Seringueiras. Uma importante contribuição que a minha assessoria recebeu da Embrapa Rondônia, foi a da pesquisadora Marley Utumi, do núcleo de Vilhena; uma análise do estado de artes da pesquisa científica voltada para o cultura do arroz. Rondônia produziu arroz no sistema de sequeiro ou sequeiro favorecido, usando variedades que hoje são chamadas de tradicionais. Estas variedades são grãos da classe longo, bastante perfilhadoras, rústicas e menos produtivas. A Embrapa Rondônia participou do melhoramento do arroz, desde o tempo de UEPAT Unidade Experimental de Pesquisa de Âmbito Territorial, instalada no ano de 1975, sucedida pela UEPAE Unidade Experimental de âmbito Estadual criada em 19 de fevereiro de 1982 6

e, depois sucedida pelo CPAF RO, Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia, em 10 de março de 1991. No ano de 1996, houve o lançamento da variedade BRS Maravilha, cujos grãos são da classe longo-fino; a planta é baixa, além de muito produtiva, especialmente na região da mata, Rolim de Moura, por exemplo. Em 1997, é lançada a BRS Primavera, também de grãos longo-fino, para a região do cerrado. A classe do grão permitia preços 30 por cento superiores, na época. Todo o programa de melhoramento atual prevê grãos de alta qualidade, pois o mercado é exigente. Assim, grãos longo-fino, de excelente aspecto e cocção, associado com características agronômicas (resistentes à acamamento e doenças, e de alta produção), e industriais (rendimento de benefício e proporção de grãos inteiros) adequados. Atualmente, a última variedade resultante do programa é a variedade BRSMG Curinga. Também tem ampla adaptação nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Roraima, Maranhão, Piauí, Tocantins e Goiás. A Embrapa Rondônia continua na rede de melhoramento nacional de arroz, com foco na produção e qualidade, integrando projeto de melhoramento de arroz, sendo um local excepcional para avaliação de doenças, em germoplasma da Embrapa e de outras instituições. 7

Iniciou novos projetos, como o de Coleta, caracterização e uso dos recursos genéticos para a ampliação da base genética de linhagens e cultivares brasileiras de arroz. Trata-se de uma pequena amostra de 550 integrantes, escolhidos entre quase 10 mil acessos de arroz armazenados no Banco de Germoplasma de Arroz, da Embrapa. Nesta coleção estão presentes 308 variedades tradicionais, 94 linhagens/cultivares do melhoramento brasileiro e 143 linhagens/cultivares estrangeiros. A maior parte das variedades tradicionais do Banco de Germoplasma foi obtida em 18 expedições de coleta, no território de 14 unidades da federação, no período 1979 a 2002, coordenadas pela Embrapa Arroz e Feijão, coletando 2.338 amostras, Em Rondônia, a maioria das coletas foi nos municípios ao longo da BR 364, e após catalogação e desinfecção, foram armazenadas na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (temperatura de 18 negativos) e na Embrapa Arroz e Feijão (14 C). As amostras rondonienses que retornam neste ensaio são de coletas feitas nos municípios da região sul (Vilhena), e central (Ji-Paraná) e norte (Porto Velho).No ensaio de campo serão avaliados caracteres agronômicos, como a altura da planta, ciclo da cultura, incidência de acamamento e doenças e produtividade. Além de Vilhena, em Rondônia, a parte de campo deste projeto envolve outros diversos locais no Brasil: Boa Vista (RR, Formoso do Araguaia (TO), Sinop (MT), Teresina (PI), Goiânia (GO) e Pelotas e Alegrete (RS). 8

Em Santo Antonio de Goiás (GO), será feita avaliação de qualidade de grão, que envolve formato, coloração e rendimento industrial. Também será realizada a análise de DNA, usando uma metodologia chamada SSR (simple sequence repeats), a qual permitirá estabelecer um perfil molecular de cada acesso, determinar o grau de relacionamento genético entre eles e detectar duplicatas. O conjunto de informações obtido com a caracterização dos acessos será fundamental para auxiliar no processo de escolha para adicionar novos acessos na Coleção Nuclear que realmente acrescentem variabilidade genética, e orientar os pesquisadores no processo de escolha de novos parentais para o programa de melhoramento genético de arroz. Espera-se maior e melhor utilização da diversidade do arroz, aumento da base genética das cultivares brasileiras e menor vulnerabilidade genética, se assim apoiar a sustentabilidade da produção de arroz. b) Feijão, a produção deste importante componente alimentar, proteína de origem vegetal, tem uma distribuição por todas as Microrregiões Homogêneas de Rondônia, mas adquire um forte grau de especialização, posto que está fortemente concentrada em uns poucos municípios. A produção de feijão na safra 2005/06 foi uma das menores em Rondônia; alcançou em uma área colhida de 63.032 hectares uma produção de apenas 33.088 toneladas. Comparativamente, no ano 9

agrícola de 1995/96 Rondônia produziu 81 mil toneladas de feijão, ou seja, duas vezes e meia a mais que na safra 2005/06.. Os Dez Municípios Maiores Produtores de Feijão, contribuiram com 23.021 toneladas de feijão, em uma área colhida de 35.002 hectares. A produção dos Dez Municípios Maiores Produtores de Feijão, em Rondônia, representou dois terços da produção, 23.021 toneladas, ficando os outros 42 municípios com apenas 10.067 toneladas (cerca de 1/3 da produção). Os municípios de Alta Floresta e Alto Alegre dos Parecis, destacaram-se como os maiores produtores de feijão, com 6.840 e 6.720 toneladas, respectivamente. Quando se analisa a produtividade do feijão no quadro dos Dez Municípios Maiores Produtores, constata-se uma produtividade maior nos municípios de Alta Floresta e Alto Alegre dos Parecis, com 720 e 840 quilos por hectare. A produtividade média nos Dez Municípios Maiores Produtores alcançou 664 quilos por hectare, que é quase que o dobro da produtividade registrada para os demais 42 municípios., com 355 quilos por hectare. Municípios Área Colhida Produção Produtividade (Hectare) (Tonelada) (Quilos/Hectare) Alta Floresta 9.500 6.840 720 Alto Alegre 8.000 6.720 840 Santa Luzia 2.750 2.063 750 São Felipe 2.080 1.373 660 Novo Horizonte 2.621 1.258 480 Mirante da Serra 2.862 1.202 420 Cacoal 2.602 1.093 420 São Francisco Guaporé 1.540 924 600 Ji-Paraná 1.422 768 540 10

Rolim de Moura 1.220 732 600 Sub-Total 34.597 22.973 664 Outros Municípios 28.435 10.115 355 Rondônia 63.032 33.088 526 O calendário agrícola para o cultivo do feijoeiro, em Rondônia, divulgado pela Emater RO, ensina que o preparo da área se faz nos meses de fevereiro/março; o plantio deve ser feito no mês de abril; em maio, faz-se o controle das pragas e doenças (o mela sobretudo). A colheita é feita no mês de junho, já fora do período chuvoso. O cultivo do feijoeiro é feito principalmente por pequenos e médios agricultores, os quais tem nessa cultura uma notável fonte de alimento e renda. Entretanto, há poucas variedades indicadas para o plantio comercial para Rondônia.Trabalhos de pesquisa estão sendo conduzidos pela Embrapa Rondônia, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, no sentido de avaliar genótipos de feijão comum de diferentes grupos comerciais com o propósito de identificar materiais promissores para o cultivo em Rondônia. Atualmente estão sendo avaliados 75 genótipos, sendo 16 do grupo carioca, 14 do grupo preto, 13 do grupo mulatinho, 9 do grupo cores e 23 genótipos de um grupo misto composto de variedades comerciais. Milho, encontra-se cultivado em quase todos os municípios componentes das microrregiões do Estado. O Estado de Rondônia, no ano 2005/06, colheu em uma área de 122.050 hectares uma 11

produção de 245.197 toneladas, com uma produtividade média de 2.008 quilos/hectare. Os Dez Municípios Maiores Produtores de Milho, produziram em uma área colhida de 50.517 hectares, 121.942 toneladas, com uma produtividade de 2.413 quilos/hectare. O município de Vilhena, localizado no Cone Sul, obteve a maior produção do grão, com 41.600 toneladas, colhidas em uma área de 13.000 hectares.o que correspondeu a 17 por cento do total produzido em Rondônia. Dentre os Dez Municípios Maiores Produtores de Milho, figuram o já citado Vilhena (41.600 toneladas), Chupinguaia (12.000 toneladas), Corumbiara (10.806 toneladas) Colorado (8.640 toneladas) e Cerejeiras (7.500 toneladas), todos localizados no Cone Sul, com uma produção total de 80.541 toneladas o que corresponde a 1/3 da produção estadual. O calendário agrícola proposto pela Emater RO, ensina que nos meses de agosto/setembro/outubro faz-se o preparo da terra para o plantio; nos meses de outubro/novembro, faz-se o plantio, nos meses de dezembro/janeiro, procedem-se os tratos culturais. A colheita é feita em fevereiro/março. A Embrapa Rondônia, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo e outras entidades conduz pesquisas com o propósito de buscar novos híbridos de milho que apresentem uma boa adaptabilidade e estabilidade produtiva. Estes trabalhos de pesquisa abrangem as regiões dos 12

cerrados pré-amazônicos e floresta de Rondônia, campos cerrados do sudoeste do Amazonas, cerrados do noroeste do Mato Grosso. Do ano agrícola de 1999 a 2002, 646 híbridos comerciais e em fase de avaliação (pré-comerciais elite e experimentais), foram avaliados em 48 ensaios de competição nacional, estadual e também de caracterização de cultivares, conduzidos em diferentes ambientes (diferentes locais e épocas de semeadura antecipada, normal, tardia, extremamente tardia e em safrinha ). Com o agrupamento e análise dos resultados obtidos nos experimentos dos últimos cinco anos (1997/2002), identificou-se 27 híbridos superiores de diversos empresas melhoristas. Estas pesquisas além de trazerem beneficios diretos para os produtores dos três estados, subsidiará com informações agronômicas, os vários elos da cadeia regional do agronegócio do milho técnicas, agências de fomento e extensão rural, agentes financeiros, prefeituras municipais. Como principal atividade de difusão de tecnologia, destaca-se os resultados obtidos na Campanha Estadual de Produção de Sementes de Arroz e Milho em Comunidades Rurais, ano agrícola 2000/2001, implementada pela Embrapa Rondônia em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo. Foram disponibilizados 1.810 quilos (181 kits de 10 quilos) de sementes de milho para a agricultura familiar (126 comunidades agrícolas), abrangendo 88 organizações rurais em 18 municípios do Estado de Rondônia. 13

As variedades de milho utilizadas foram: BR 106, Saracura, BRS Sol-da- Manhã, BR 473 QPM, BR 5103 e BR 5109. Houve a imprescindivel colaboração da Emater RO, CEPLAC, FUNAI, INCRA/Projeto Lumiar. Com base nos relatórios de acompanhamento de campo, foram produzidas aproximadamente, 156 toneladas de sementes de milho variedade. Municípios Área Colhida Produção Produtividade (Hectare) (Tonelada) (Quilos/Hectare) Vilhena 13.000 41.600 3.200 Alta Floresta 8.100 12.150 1.500 Chupinguaia 4.000 12.000 3.000 Corumbiar 3.602 10.806 3.000 Alto Alegre Parecis 4.800 10.560 2.200 Colorado 3.600 8.640 2.400 Cerejeiras 2.500 7.500 3.000 Buritis 4.547 6.366 1.400 Novo Horizonte 3.510 6.318 1.800 Jaru 2.858 6.002 2.100 Sub-Total 50.517 121.942 2.413 Outros Municípios 71.533 123.255 1.723 Rondônia 122.050 245.197 2.009 Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Considerando o enfoque que procurei dar aos meus discursos, que discorrem sobre o agronegócio de Rondônia, no que toca a contribuição de cada produto, ao PIB Produto Interno Bruto, faço um comentário sobre a particularidade da produção de arroz, feijão e milho; ela é resultado da dedicação de milhares de produtores da agricultura familiar. 14

O pequeno produtor não tem a organização que deveria ter, seja como participante de associações de produtores, seja como cooperativados, para auferir um melhor preço para os seus produtos, arrancados da terra após ingente luta. Feitos comentários que faço, não poderia deixar de tecer, objetivamente, exercícios de índole estimativa. Assim, alinho os resultados que a minha assessoria agronômica e econômica logrou produzir. A estatística da produção de arroz na safra 2005/06, conforme dados do IBGE/LPSA, informa para o arroz, uma área colhida de 95.046 hectares na qual se obteve uma produção de 214 mil toneladas de arroz em casca. Uma saca de arroz em casca de 60 quilos, equivale a 40 quilos de arroz beneficiado (bica corrida). A produção de 214 mil toneladas corresponde a 2.377.778 sacas de arroz beneficiado, que comercializado ao preço de R$ 21,31 por saca, resulta em R$ 50.670.450,00. A produção de feijão, na safra de 2005/06, 33.083 toneladas, colhidas em uma área de 63.032 hectares. A Emater Rondônia, através da Pesquisa Semanal de Preços, de janeiro de 2006, informou o preço de R$ 80,75 por saca de 60 quilos. As 33.083 toneladas de feijão correspondem a 551.455 sacas de 60 quilos que comercializadas ao preço de R$ 80,75 resultam em R$ 44.530.879,00. A produção de milho, em uma área colhida de 122.050 hectares correspondeu a uma produção de 245.197 toneladas, equivalentes a 4.086;611 sacas de 60 quilos, que vendidas ao preço de R$ 15,08 por saca resultaram em R$ 64.568.454,00. Os resultados obtidos para a 15

comercialização de arroz, feijão e milho, foram de R$ 159.769.783,00 (soma de R$ 50.670.450,00 + R$ 44.530.879,00 + R$ 64.568.454,00). Não posso deixar de externar, Senhor Presidente, meus agradecimentos à Embrapa Rondônia, que na pessôa do Chefe Geral, Dr.Victor Ferreira de Souza, e sua competente equipe de pesquisadores que enriqueceram o meu discurso com informações à respeito do estado de artes das pesquisas na produção de grãos alimentares, em Rondônia. MUITO OBRIGADO! Deputado NILTON CAPIXABA 16