SEQUÊNCIA LABORATORIAL PARA A CONFECÇÃO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL PARTE I: DO MODELO DE ESTUDO À INCLUSÃO DA ESCULTURA



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SEQUÊNCIA LABORATORIAL PARA A CONFECÇÃO DE PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL PARTE I: DO MODELO DE ESTUDO À INCLUSÃO DA ESCULTURA Guide for making Removable Partial Denture Part I: from study model to sculpture inclusion Beatriz Gualdiano HIDALGO 1 Davi de Souza NASCIMENTO 1 Marcos Franzoni Barbosa SANCHES 1 Paulo Eugênio dos Santos ROCHA 1 Rosalina Rodrigues dos SANTOS 1 Marcela Filié HADDAD 2 RESUMO Apesar do número crescente de reabilitações orais com implantes osseointegrados, a Prótese Parcial Removível (PPR) ainda representa um meio de reabilitação estética e funcional satisfatória para a realidade brasileira. Dentre outros fatores, ela ainda é uma opção viável por ser mais barata que a reabilitação com próteses implantossuportadas e por não necessitar de uma etapa cirúrgica. Para que a terapia com PPR tenha sucesso é necessário que exista conhecimento da técnica de confecção por parte do cirurgião dentista e do técnico em prótese dentária e que haja comunicação entre estes dois profissionais. Assim, o objetivo desta primeira parte do trabalho é apresentar a técnica de confecção de PPR, desde a obtenção do modelo de estudo até a inclusão para obtenção do molde para fundição, procurando orientar o técnico e visando alcançar sucesso com o tratamento reabilitador. Esta sequência laboratorial compreende os seguintes passos: Obtenção e análise do modelo de estudo; Modelo de trabalho; Delineamento; Planejamento; Alívio ou bloqueio dos ângulos mortos; Duplicação do modelo de trabalho em modelo de revestimento; Tratamento da superfície do modelo de revestimento; Escultura da estrutura metálica e Inclusão para obtenção do molde para fundição. INTRODUÇÃO UNITERMOS: Prótese Dentária; Técnicos em Prótese Dentária; Prótese Parcial; Prótese Parcial Removível. A Prótese Parcial Removível (PPR) é um aparelho protético que substitui os dentes naturais perdidos em arcadas nas quais ainda permanecem alguns dentes naturais, portanto com a perda parcial dos dentes 10. O termo PPR é adotado porque apresenta a seguinte definição: Prótese: porque cuida da reposição de tecidos faltantes por elementos artificiais; Parcial: porque substitui um ou mais dentes e estruturas associadas, visto que o suporto paciente seja parcialmente desdentado; Removível: porque a prótese pode e dev e ser remov ida para sua higienização adequada e a dos dentes 12. As PPRs estão indicadas para casos de extremidades livres uni ou bilaterais (ausência de suporte posterior); espaços protéticos múltiplos ou grandes espaços protéticos; prótese anterior com reabsorção óssea extensa; como próteses temporárias e orientadores nas reabilitações complexas; como meio de contenção de dentes com mobilidade (durante e após o tratamento periodontal); como auxiliar nas contenções de fraturas maxilares; em paciente com fissura palatina; pacientes com higienização adequada 2. Estes aparelhos estão contra-indicados para casos de pacientes com problemas motores e pacientes com debilidade mental; pacientes com pobre higiene bucal 11. As funções das PPRs são restaurar a eficiência mastigatória; restaurar a fonética; restabelecer a estética; proporcionar conforto ao paciente; integrarse ao sistema estomatognático de modo a evitar danos ao mesm o; preserv ar os teci dos remanescentes, dentre outras 2,3. Para que estes objetivos sejam atingidos, é necessário um planejamento adequado do caso e uma 1- Técnico em Prótese Dentária, Instituto Educacional TENO, na Associação Brasileira de Odontologia ABO, Araçatuba, São Paulo, Brasil. 2- Cirurgiã-Dentista, Mestre em Prótese Dentária, Doutora em Prótese Dentária, professora de Prótese Parcial Removível da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL MG), Alfenas, Minas Gerais, Brasil. Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.2, p. 45-49, Julho/Dezembro, 2013 45

correta execução das etapas laboratoriais para a construção da prótese. OBJETIVO Sabendo que muit os prof issionais desconhecem as etapas laboratoriais da confecção de uma Prótese Parcial Removível (PPR), elaborouse este trabalho com o intuito de divulgar o passo a passo da construção e demonstrar a sequência laboratorial correta para a confecção de tal aparelho. SEQUÊNCIA LABORATORIAL A sequência laboratorial necessária para obtenção de uma PPR compreende os seguintes passos: obtenção e análise do modelo de estudo; modelo de trabalho; delineamento; planejamento; alívio ou bloqueio dos ângulos mortos; duplicação do modelo de trabalho em modelo de revestimento; tratamento da superfície do modelo de revestimento; escultura da estrutura metálica; inclusão para obtenção do molde para fundição; fundição; injeção do metal no molde de revestimento; desinclusão da estrutura metálica; acabamento e polimento; adaptação no modelo; plano de orientação; montagem dos dentes; inclusão e acrilização e acabamento e polimento da PPR 10. Nesta primeira parte, serão descritas as etapas compreendidas entre a obtenção do modelo de estudo e inclusão para obtenção do molde para fundição. 1. Obtenção e análise do modelo de estudo: Inicialmente, o laboratório recebe um modelo de estudo, obtido a partir de moldagem com hidrocolóide irreversível do arco parcialmente desdentado (Figura 1). Este modelo tem as funções de representar uma cópia fiel da boca do paciente tanto em relação as suas dimensões e abrangência quanto aos pormenores relativos aos dentes remanescentes e aos acidentes anatômicos existentes no arco dental, processo alveolar e rebordo residual e permitir o estudo do caso e o planejamento inicial, representando um meio eficaz de orientar o profissional para preparar a boca do paciente 10,11. É necessário que o gesso usado na obtenção desses model os seja de boa qualidade, especialmente nas áreas correspondentes às superfícies oclusais dos dentes remanescentes, onde é aconselhável vazar-se um gesso pedra melhorado, prevenindo-se assim o risco de quebra ou de desgaste em regiões importantes dos modelos e ser rico em detalhes 6. 2. Modelo de trabalho: O modelo de trabalho é obtido a partir de um molde realizado após o preparo final da boca do paciente; e tem a finalidade de orientar o protético na construção do futuro aparelho 11. Para que seja corretamente delineado, deverá conter uma perfeita definição dos dentes e tecidos moles, de modo a possibilitar a avaliação da inclinação dos dentes e da capacidade retentiva dos futuros grampos 7. 3. Delineamento: É o procedimento utilizado para estudar e avaliar o paralelismo ou sua falta entre as superfícies dentais entre si e os entre os dentes e o rebordo ósseo a ser utilizado como suporte 5. Consiste no ato de definir previamente as etapas para a realização de um processo 1. Para fazer esta avaliação utiliza-se um delineador, que é um instrumento usado para determinar o paralelismo relativo de duas ou mais superfícies de dentes ou outras partes do modelo de uma arcada dentária. É uma peça fundamental para se obter sucesso na construção da prótese parcial removível 7,11. O delineador permite que um braço vertical estabeleça contato com os dentes e as cristas do rebordo do modelo dentário, de forma que se possam identificar as superfícies paralelas e os pontos de contorno máximo, denominados linhas equatoriais 11. Para a correta execução do delineamento, os seguintes passos devem ser seguidos: definir a trajetória de inserção paralela ao plano oclusal; fixar a mesa e registrar a posição selecionada; posicionar o grafite na bainha e fixar o conjunto no mandril; movimentar a mesa e o grafite, acompanhando a gengiva marginal; demarcar os equadores protéticos dos dentes remanescentes que servirão de pilares; fazer a análise dos efeitos protéticos dos retentores e desenho preliminar da prótese parcial removível e calibrar os modelos. No conjunto de pontas do delineador, podem ser encontrados calibradores de 0, 255, 0,5 e 0,75mm de diâmetro. A seleção do calibrador a ser utilizado dependerá do tipo de liga com a qual a estrutura metálica será fundida e da retenção desejada. Quanto mais maleável for a liga, maior diâmetro deverá ter o calibrador 10. A partir da determinação do equador protético é possível estabelecer a zona retentiva do dente. Área esta que deverá receber a ponta retentiva do grampo 11. 4. Planejamento: Planejamento é definido como procedimento de coleta de dados precisos e abrangentes, visando informar o estado de saúde bucal dos pacientes. Através de informações obtidas, torna-se possível diagnosticar os problemas e elaborar o plano de tratamento a fim de se obter um melhor prognóstico 10. Assim, no modelo de trabalho deverá haver uma representação gráf ica da estrutura metálica Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.2, p. 45-49, Julho/Dezembro, 2013 46

mentalmente planejada, com todos os elementos constituintes da PPR; apoios; grampos; conectores maiores; selas e conectores menores (Figura 2) 11. A representação gráf ica ou desenho é inseparável da classificação e do diagnóstico. Ele é praticamente um plano de saúde e, por esta razão, deve ser planejado pelo dentista. Este, e não o protético, conhece o diagnóstico e para este fim foi treinado nas ciências fundamentais 10,12. 5. Alívio ou bloqueio dos ângulos mortos: Alívios são definidos como a eliminação das áreas retentivas através do preenchimento das mesmas com cera rosa número sete (Figura 3). Todas as estruturas abaixo do equador protético devem ser aliviadas: ameias, ângulos cervicais dos dentes e interferências dos rebordos alveolares; bem como a região que será recoberta por resina acrílica. Se deixar de fazer o alívio ou fazê-lo de maneira deficiente, estará se introduzindo um fator de interferência que certamente irá dificultar o assentamento da prótese na boca, de acordo com a v i a de inserção preestabelecida pelo prof i ssional durant e o planejamento 3. O primeiro passo do trabalho a ser realizado no laboratório será repetir sobre o modelo de trabalho o desenho que lhe foi enviado pelo profissional, com todo rigor e detalhes, inclusive traçando linhas equatoriais e calibrando a retenção 10. 6. Duplicação do modelo de trabalho em modelo de revestimento: Consiste na reprodução do modelo de trabalho confeccionado com gesso pedra, já com os alívios, em modelo de revestimento, sobre o qual será confeccionado um padrão em cera obedecendo minuciosamente à representação gráfica outrora planejada 4. O revestimento é um material utilizado na confecção de moldes para fundir ligas metálicas e algumas cerâmicas, tem que ser constituído de materiais que suportam altas temperaturas sem sofrer alterações dimensionais e nem se decompor. O gesso sem modificadores em sua composição não se presta para esta finalidade. O revestimento deve ser capaz de reproduzir a forma, o tamanho, e os detalhes contidos no padrão de cera 4,6. Devido à existência de varias ligas nacionais e importadas para a confecção da armação metálica tendo cada uma diferentes temperaturas de fusão e coeficientes de contração, o revestimento utilizado pelo técnico deve ser um composto que se adeque às propriedades físicas da liga a ser utilizada na fundição da armação 3. O material de revestimento pode ser aglutinado por gesso, por sílica ou por fosfato. A indicação de cada um destes materiais está relacionada com a temperatura necessária para fundição, eliminação da cera do molde de revestimento e compensação das alterações dimensionais sofridas pela liga e pelo molde 6. Os revestimentos fosfatados apresentam maior precisão, maior resistência, menor porosidade e uma superfície mais lisa, sendo, portanto os mais recomendados. O tempo de presa dos fosfatados é de aproximadamente 20 minutos. O modelo de trabalho, obtido pelo profissional, denunciará os erros porventura ocorridos com o próprio técnico, impondo necessidade de repetição do trabalho 4,9,10,11. 7. Tratamento da superfície do modelo de revestimento: Também conhecido como banho de cera (Figura 4) o tratamento da superfície do revestimento é dado nos modelos para aumentar sua resistência e dar melhor fixação a futura ceroplastia. O método mais utilizado para o tratamento da superfície do modelo de revestimento é com cera de abelha. A composição do banho é de: 100g de cera virgem, 100g de parafina, 20g de carnaúba, 20g de breu 5. O procedimento consiste em desidratar o modelo de revestimento no forno, por 40 min. a 300 C; preparar o banho nas proporções corretas; imergir o modelo de revestimento durante 5 segundos no banho a 80 C; aguardar que esfrie e seque em temperatura ambiente 8. 8. Escultura da estrutura metálica: Após o banho de cera, o modelo de revestimento está pronto para ser encerado. De posse do modelo de estudo desenhado e com as informações enviadas pelo profissional, o técnico passará pelo modelo de revestimento, com o auxílio de um lápis, copia todas as principais informações, tais como: distância da gengiva marginal e largura do conector maior, apoios desenho dos grampos por ação de ponta, localização e forma da sela. O desenho deverá, então, ser recoberto por cera. A escultura completa da armação deverá ser unida bilateralmente por sprues de cera, fazendo assim a canalização para a entrada do metal 4. 9. Inclusão para obtenção do molde para fundição: Após o retorno do modelo ao laboratório e com a autorização do profissional, os condutos de alimentação serão colocados sobre o enceramento. O número e a disposição dos canais de alimentação dependem da complexidade da estrutura metálica a ser fundida. A colocação da câmara de compensação e o cone para a entrada do metal devem ser sempre cui dadosament e localizados. Os canais de alimentação têm a finalidade de dirigir o metal Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.2, p. 45-49, Julho/Dezembro, 2013 47

liquefeito do cadinho até o molde3. O conjunto pode ser incluído em um anel de cartolina proporcional ao tamanho do conjunto de modelo de revestimento e os condutos de alimentação podem ser substituídos por tiras de papelão, que circundam o conjunto (Figura 5)4. Cabe sempre observar as instruções dos fabricantes do revestimento, do metal e do forno. Nova porção de revestimento é preparada e vazada sob vibração para que não haja a inclusão de bolhas. Aguarda-se a presa para retirar a tira de papelão3. Figura 3: Alívio do modelo de estudo com cera rosa número sete. Figura 1: Modelo de estudo obtido a partir de moldagem com hidrocolóide irreversível. Figura 4: Tratamento da superfície do modelo de revestimento (banho de cera). Figura 2: Desenho do planejamento da estrutura metálica a ser confeccionada. Figura 5: Modelo de revestimento com ceroplastia da estrutura metálica e canais de alimentação fixado à base e circundado com anel de papel para inclusão em revestimento. Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.2, p. 45-49, Julho/Dezembro, 2013 48

CONSIDERAÇÕES FINAIS A correta execução dos seguintes passos: obtenção e análise dos modelos de estudo e de trabalho; delineamento; planejamento; alívio dos ângulos mortos; duplicação do modelo de trabalho em modelo de revestimento; tratamento da superfície do modelo de revestimento; escultura da estrutura metálica e inclusão para obtenção do molde para fundição fornece características ideais para fundição de estruturas metálicas para PPRs, visando êxito no tratamento reabilitador. ABSTRACT Despite the growing number of oral rehabilitation with osseointegrated implants, the Removable Partial Denture (RPD) still represents a mean of satisfying aesthetic and functional rehabilitation for the Brazilian reality. Among other factors, it is still a viable option because it is aheaper than rehabilitation with implant supported prosthesis and not requires a surgical step. For therapy to be successful, it is necessary that the dentist and the dental technician have technical knowledge and communication. The purpose of this paper is to present the technique to make RPD, tryng to guide the technician to get rehabilitation treatment success. The laboratorial steps are: collect and analysis of the study model; working model; design; planning; model duplication in a coating model, surface treatment, steel structure sculpture and inclusion for obtaining mold for casting. 8. Semedo, CV. Apostila de prótese parcial removível. www.profchistianosemedo.files.wordpress.com; 2009. 9. Silva JO. Atlas de prótese parcial removível. 1 ed. São Paulo: Ed. Santos; 1995. 10. Souza MM. Manual de prótese parcial removível. 1 ed. São Paulo; 2009. 11. Todescan R, Silva EEB, Silva O. Atlas de prótese parcial removível. 3 ed. São Paulo: Ed. Santos; 1998. 12. Todescan, R. Por que fracassam os aparelhos parciais removíveis? Rev Assoc Paul Cir. Dent. 25(1): 213-22, 1971. ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: MARCELA FILIÉ HADDAD Universidade Federal de Alfenas, Faculdade de Odontologia, Departamento de Odontologia restauradora. Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714, Alfenas - MG - CEP 37.130-000 Telefone: (35) 3299-1000 Fax (35) 3299-1083 amarcelahaddad@bol.com.br UNITERMS: Dental Prosthesis; Dental Technicians; Parcial Denture; Removable Partial Denture. REFERÊNCIAS 1. Caldeira H. Dicionário popular. 1 ed. Rio de Janeiro: Record; 2007. 2. Kaiser F. PPR no Laboratório. 1 ed. Curitiba: Maio; 2002. 3. Kliemann C, Oliveira W. Manual de Prótese parcial removível. 1 ed. São Paulo: Ed. Santos; 1999. 4. McCabe JF, Walls AWG. Materiais dentários diretos: princípios básicos à aplicação clínica. 8 ed. São Paulo: Ed. Santos; 2006. 5. Oliveira W. Manual de Prótese parcial removível. 1 ed. São Paulo: Ed. Santos; 1999. 6. Phillips RW, Koogan ED. Materiais dentários. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara; 1998. 7. Reis JP, Reis LR. Prótese parcial removível. 1 ed. São Paulo: SENAC; 1995. Revista Odontológica de Araçatuba, v.34, n.2, p. 45-49, Julho/Dezembro, 2013 49