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Transcrição:

ANÁLISE ENTRE FROTA PRÓPRIA E TRANSPORTE SUBCONTRATADO NO MODAL RODOVIÁRIO DE CARGAS Bruno Henrique Pereira Luchetta¹, Luis Fernando Nicolosi Bravin² ¹Graduando em Logística na Fatec Botucatu, Bhpl_btu@hotmail.com ²Doutor e docente na Fatec Botucatu, Lbravin@fatecbt.edu.br 1 INTRODUÇÃO As empresas do ramo de transporte do estado de São Paulo estão atuando em um mercado repleto de incertezas sobre a economia e com um grande número de concorrentes no segmento, o que torna obrigatório buscar o controle de seus custos e investimentos da melhor maneira possível e criar alternativas que possibilitem maior sucesso para se manterem ativas no mercado. Nesse cenário, muitas têm questionado a viabilidade de ter ou não uma frota própria para atender seus clientes. Esta difícil decisão tem ligação direta nos custos, na rentabilidade da empresa e também na satisfação do cliente. Segundo Nazário (In Fleury et al, 2000, p. 127), um dos principais pilares da logística moderna é o conceito de logística integrada, fazendo com que as atividades e funções logísticas deixem de ser isoladas e passem a ser percebidas como um componente operacional da estratégia de marketing. É de extrema importância o levantamento de dados de custos, gerenciamento de riscos, prazo de entrega e satisfação do cliente, com o transporte sendo realizado por veículo de propriedade da transportadora e por veículo de propriedade de terceiros, sendo pessoa física ou jurídica. De acordo com Erhart e Palmeira (2006, p. 3) há vários anos o transporte de cargas brasileiro vem apresentando sintomas que apontam para graves problemas de deterioração, decorrentes da falta de investimentos, pelo menos nas duas últimas décadas. O objetivo do trabalho é evidenciar os dados apresentados e realizar uma análise comparativa de uma empresa no transporte no modal rodoviário de cargas em uma transportadora com matriz na cidade de Botucatu, realizar um estudo de caso de uma empresa com dados reais e buscar propor alternativas para redução de custos e criação de estratégia operacional para satisfazer a demanda dos clientes de acordo com o fluxo de carregamento e ampliação do faturamento e margem de lucro.

2 MATERIAL E MÉTODOS Para execução do trabalho, utilizaram-se da transportadora Expresso Luchetta com matriz na cidade de Botucatu/SP, que atua no setor de transportes rodoviários desde o ano de 2013. Para o estudo de caso, foi utilizado um exemplo de carregamento na empresa Madeireira Itália, onde a coleta de dados e demais informações foram obtidas pelo sistema integrado da empresa, dados de programação de carregamento, planilha de cálculo de frete do Microsoft Excel, dados da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), e artigos científicos. Comentado [MD1]: Transportadora que sou sócio e trabalho. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A operação de transporte pode variar de acordo com o segmento, tipo de material a ser transportado, peso, volume e outros diversos fatores. Neste caso, foi realizado um estudo de acordo com os procedimentos reais da transportadora. Segundo Keedi (2001, p. 33), o modal rodoviário é o único modal capaz de realizar o transporte porta a porta, operando absoluto sozinho, sem a necessidade de outros modais. Figura 1 - Solicitação de coleta Conforme Figura 1, tratou-se de uma carga de chapas de MDP com carregamento na cidade de Botucatu/SP para uma empresa de grande porte do ramo madeireiro com entrega na cidade de São Paulo/SP com distância de aproximadamente 240 km. O veículo solicitado para a coleta foi um conjunto composto por um cavalo mecânico e uma carreta grade baixa. Para que o carregamento do material fosse realizado e para que a operação fosse segura e tenha confiabilidade garantida o transportador deve primeiramente contratar os serviços de uma gerenciadora de riscos responsável pela análise do perfil do profissional, visando maior segurança no transporte da mercadoria.

3.1 CÁLCULO DO FRETE TRANSPORTE SUBCONTRATADO Foi feito um cálculo de frete considerando o peso da carga a ser transportada, o valor do frete por tonelada, o ICMS, impostos federais e valor do pedágio partindo da origem ao destino. O valor do frete pago ao terceiro conforme Figura 2 foi de R$ 1.700,00 e constatou-se que o lucro líquido final da empresa foi de R$ 107,31. Figura 2 - Cálculo do frete - Transporte subcontratado

3.2 CÁLCULO DO FRETE, CUSTOS E RESULTADOS FROTA PRÓPRIA De acordo com Bowersox e Closs (2001), para poder tomar decisões eficazes é preciso conhecer os aspectos econômicos que envolvem a atividade de transporte. Para isto é necessário sabermos quais são os fatores mais importantes que se deve levar em consideração no levantamento dos custos, pois são estes que influenciam diretamente os preços. O veículo da frota utilizado foi um Mercedes Benz LS 1634 ano 2008 e uma carreta Facchini ano 2012, com as informações gerais coletadas expostas na Figura 4. Após realização do transporte e retorno do motorista ao local de origem, foi realizado um fechamento de contas com para calcular o lucro bruto final da viagem, que é um procedimento da transportadora conforme Figura 3. Figura 3 - Custos com veículo próprio na operação

Figura 4 - Custo mensal veículo próprio Constatou-se que a margem de lucro bruto imediato é maior com veículo próprio, porém em contrapartida há custos fixos e variáveis adicionais além dos custos da viagem, como por exemplo, salário do motorista mais encargos, 13º, férias, custos com o veículo como a depreciação, pneus, recauchutagem, manutenções, licenciamento, IPVA, seguro, entre outros conforme evidenciado na planilha de custos da Figura 4. No exemplo utilizado no estudo de caso, o lucro bruto será de R$ 850,82, isto sem calcular os custos fixos e variáveis que a empresa terá com o veículo ao longo do mês. O custo total no mês será de R$ 29.489,51. Para a empresa lucrar com o veículo,

necessitará realizar no mínimo 05 carregamentos por semana para obter lucro de aproximadamente R$ 4.254,10 por semana e R$ 17.016,40 por mês com o veículo indo e retornando vazio. A opção mais viável para o caso será recorrer a fretes de retorno para que o veículo retorne carregado e aumente a margem de lucro consideravelmente. 4 CONCLUSÕES Após análise dos custos e perante a interpretação dos resultados obtidos pode-se concluir que ao realizar transporte com veículo próprio, o lucro imediato é mais alto e tem retorno imediato, porém a empresa terá uma série de custos fixos e variáveis extras, já na contratação de terceiros não. Porém é necessário ter uma frota própria para ter disponibilidade de veículos para atender a demanda mensal do cliente. O lucro obtido com os terceiros é menor, porém manter agregados é de extrema importância para garantir o atendimento completo do fluxo de carregamento do cliente. A conclusão geral obtida de acordo com todas as informações e resultados é que a empresa deve manter a frota própria para atender fases de fechamento de mês em que há maior fluxo de cargas e também contar com parcerias de agregados que atuarão juntamente com os demais veículos, agindo estrategicamente e suprindo todas as necessidades do cliente. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processamento de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. ERHART, Sabrina; PALMEIRA, Eduardo Mauch. Revista Acadêmica de Economia. Análise do Setor de Transportes. Disponível em: http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/06/semp.pdf. Acesso em: 02 outubro 2017, 17:19:31. FLEURY, P.F., FIGUEIREDO, K., WANKE, P. (org.). Logística Empresarial: A Perspectivas Brasileira. Coleção COPPEAD de Administração. São Paulo: Atlas, 2000. FLEURY, Paulo Fernando; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber Fossati. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento do fluxo de produtos e dos recursos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 483 p. KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2004. p. 171.