A EVASÃO NA LICENCIATURA, O QUE CONSIDERAR? ANÁLISES SOBRE A PERMANÊNCIA DO ALUNO EM UM CURSO EAD

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Edição Número 137 Páginas 26/27 Data: 19/07/2005 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR

Transcrição:

A EVASÃO NA LICENCIATURA, O QUE CONSIDERAR? ANÁLISES SOBRE A PERMANÊNCIA DO ALUNO EM UM CURSO EAD Luana Priscila Wunsch Dinamara P. Machado Luciano Cleoson Stodulny O processo educacional mediado pelas tecnologias digitais e pela Educação a Distância (EAD) passa a adquirir dimensões que, se não são totalmente novas, podem ser exploradas, considerando as relações de forma mais multidirecionadas e dinâmicas, possibilitando a todos os envolvidos fazer parte do processo educacional. Sob tal cenário, surge a sociedade em rede (CASTELLS, 2004), a qual na realidade brasileira intensificou-se e chegou na educação, ao longo dos últimos 20 anos, com advento da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) nº 9394/96 (BRASIL, 1996), vislumbrando uma mudança que há muito era desejada no cenário nacional. Isso porque no mundo atual os processos de transformação são simultâneos, conectados uns aos outros, contínuos e relacionais. O volume de informações é imenso e instantâneo, o que exige que qualquer pessoa em idade escolar necessite aprender a interpretálas, concatená-las e sintetizá-las. Afinal de contas, esse é o processo atual que exige novas competências e técnicas, em vista da geração continuada de conhecimentos, segundo a UNESCO (2012), mesmo considerando o aumento significativo de IES e de matrículas, foi a partir da LDB/1996 que a taxa de escolarização líquida da população de 18 a 24 anos continua muito baixa (13,6%). Em 2012 quando o documento foi lançado, a análise era do Plano Nacional de Educação (PNE) 2001-2010, o que agora ainda se tem mais significância com o novo Plano 2014-2024 (BRASIL, 2014). Quando se discute as politicas educacionais, neste contexto, passa-se a compreender que com a democratização da utilização da internet de maneira pessoal, ocorreu o aumento na oferta no ensino superior, surgindo a necessidade de regulamentação especifica sobre a modalidade EAD, a qual destacou a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, 1

utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (BRASIL, 1998), havendo um incremento de matrículas em universidades do setor privado. Assim, sob tal panorama, com a intensa demanda de matrículas em cursos na Educação Superior (ES) nas modalidades a distância no Brasil nos últimos anos, principalmente em instituições privadas, é fator fundamental pensar nos fatores internos e externos que garantam a permanência dos matriculados em seus cursos de origem. Sobre o Censo da Educação Superior (INEP, 2015), constata-se que apenas 30% do número de matriculados terminam os cursos de graduação. Gráfico 1: Evolução do número de matriculados e graduados Fonte: INEP (2015) As causas atribuídas pela maioria das instituições de Educação a Distância, descritas em relatório da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED, 2015) para a evasão nos cursos regulamentados totalmente a distância são: a falta de tempo para estudo e participação nos cursos, a falta de adaptação à metodologia e o acúmulo de atividades do trabalho. Na modalidade EAD, mesmos com atrativos de tempo e flexibilidade, tem cada vez mais expressivas taxas de evasão. Segundo a ABED (2015), o índice médio de evasão é de até 25%, sendo as causas atribuídas pela maioria das instituições: a falta de tempo para estudo e participação nos cursos, a falta de adaptação à metodologia e o acúmulo de atividades do trabalho. Ao observar os dados referentes à evasão no tocante aos indicadores, analisa-se que existe uma grande lacuna na questão pedagógica. Assim, durante a presente revisão bibliográfica e análise documental, a partir de tantos conceitos similares e tantos outros controversos entre si, surgiu a necessidade de análise dos pontos em comum sobre tal temática. 2

Neste sentido, para se pensar na abordagem metodológica mais motivadora na EAD, é preciso saber mais sobre as razões para tal comportamento, para conhecê-los melhor, encontrar os seus interesses e tentar relacionar o material da formação aos seus interesses e objetivos, envolvendo-os em trabalho em equipe, demonstrando que o formador está comprometido com a sua aprendizagem. DESIGN METODOLÓGICO DO ESTUDO E ANÁLISE O presente estudo foi estruturado em duas fases: (I) Revisão de bibliográfica e documental, realizada em literatura especializada e reports estatísticos sobre a temática pesquisada. (II) Verificação prática, a partir dos itens encontrados fase I, foi realizada uma pesquisa empírica em um Centro Universitário, o qual possui as modalidades presencial e EAD (totalmente a distância e semipresencial), com mais de quarenta mil alunos de graduação e pós-graduação lato e sctricto sensu. O estudo foi focado no Curso de Pedagogia. A escolha do curso deve-se por dois fatores: - A maioria dos matriculados no ensino superior a distância (40,4%) cursa licenciatura (INEP, 2014) e da relevância de se pensar em ações para este público. No final de 2014, início de 2015, houve uma alteração no desenho dos cursos da Escola Superior de Educação da IES em questão, no qual a interação entre alunos e professores dos cursos das Licenciaturas foi prezada, desde a nova formulação das disciplinas, a qual considerou pontos como os encontrados na revisão bibliográfica de fundamental importância para a permanência dos alunos na EAD (tempo, metodologia e relação entre professor e aluno mais contextualizados). Sendo, assim, fazer uma análise qualitativa sobre a efetividade em se pensar nestas questões perante a evasão do aluno na EAD evidenciou-se como pertinente, em especial no curso de Pedagogia, que representa 80% das matrículas. Sob tal descritivo, a fase II esteve organizada sob a análise do desenho da evolução do número de matriculados e graduados no curso entre os anos de 2014 e 2016. Assim, percebeu-se que (re) estruturar a entrada dos novos alunos pode ser uma forma de diminuir a evasão, pois as disciplinas estarão organizadas de maneira otimizadora do tempo do aluno em cada área. Sob tal perspectiva, a entrada de novos alunos na Instituição acontece quatro vezes ao ano, sempre nas disciplinas que estão sendo ofertadas naquele momento. A matriz curricular é constituída de disciplinas sem pré-requisitos. Este modelo de matriz é chamado de entrada circular e possibilita a IES, a realização de vários processos seletivos, a fim de aumentar sua base de alunos. A seguir, é apresentada, na Figura 1, o modelo de matriz adotado pela instituição pesquisada. 3

Figura 1: Representação gráfica do modelo de entrada de novos alunos A e Z D e R B e W C e T Fonte: Direção da IES pesquisada Este modelo comercial e pedagógico rompe com o paradigma que já foi considerado essencial no processo educacional, com a constituição de disciplinas como pré-requisitos para matrículas nos momentos subsequentes, que possibilitavam embasamento teórico para construção da aprendizagem. O modelo de matriz curricular com pré-requisitos sempre foi utilizado na perspectiva de possibilitar uma sequência aos conteúdos dos programas das disciplinas curriculares, visando melhor aproveitamento acadêmico, e sendo entendido como um benefício para o aluno. A hipótese foi que com o aluno inserido neste modelo, o mesmo desenvolve a autonomia. Ficou evidente que esse modelo de oferta e organização da matriz curricular cedeu aos anseios econômicos e capitalistas da sociedade moderna, o que restou aos gestores e coordenadores de curso foi, dentro da competência teórica, redesenhar novos caminhos para o processo de aprendizagem do aluno adulto. Pode-se chamar esse fato de precarização pedagógica, mas não podemos nos furtar também de evidenciar que as tipologias e as tendências educacionais podem ser utilizadas para suportar o modelo de matriz curricular sem pré-requisito, caso contrário, a instituição de ensino pesquisada, e todas as outras que atuam na modalidade à distância que utilizam esse modelo, conseguiriam aprovar seus cursos no Ministério da Educação nos processos regulatórios. Fato este comprovado pela diminuição da taxa de evasão no curso em questão pós nova proposta de entradas, conforme pode-se analisar na tabela 1: 4

Tabela 1: Desenho da entrada X evasão 2014-2016 Entrada Total de matrículas Evasão 2014/02 4286 1475 2015/02 4536 1446 2016/02 5351 456 Fonte: Direção da IES pesquisada Percebeu-se durante a pesquisa que a tomada de decisão pelo aluno fez com que a construção do conhecimento, num contexto formativo, dependesse, entre outros fatores, do clima estabelecido pela IES, pelo refletir e discutir o nível de compreensão dos mesmos e da criação das pontes entre o seu conhecimento prévio e o dos alunos e necessidades dos alunos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Desse modo, viu-se que pensar até no desenho das entradas dos alunos no curso pode e deve ser um diferencial motivacional para combater a evasão, sendo até imperativo estabelecer um novo cenário no qual se estabelece: relação com o universo do conhecimento; pontos e questões de interesse; participação com responsabilidades no processo de aprendizagem; mapeamento do conhecimento; modificações no comportamento de ambos. Outro ponto a ser considerado, é a consciência que os ares de mudança na IES e, principalmente, a pressão pela qualidade estão levando o corpo docente a revisar seus enfoques e suas estratégias de atuação (ZABALZA, 2004, p.30). Viu-se, assim, que todos estes aspectos têm importantes repercussões essencialmente na permanência do aluno em seu curso. Dentre os aspectos pedagógicos, administrativos, avaliativos e institucionais que envolvem a formação, destaca-se neste estudo a relação entre os intervenientes da ação, seja pela seleção de conteúdos, seja pela organização e sistematização didática. 5

REFERÊNCIAS ABED. Censo EAD.BR: Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2014. Curitiba: Ibpex, 2015 BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília, 1996. BRASIL. Senado Federal. Plano Nacional de Educação 2014-2024: Lei nº 13.005. Brasília, 2014. CASTELLS, M. The power of identity. Malden, Mass: Blackwell Pub, 2004. INEP. Censo da Educação Superior 2014. Ministério da Educação: Brasília, 2015. UNESCO. Desafios e perspectivas da educação superior brasileira para a próxima década 2011-2020. 2012. Brasília : UNESCO, CNE, MEC, 2012 ZABALZA, M. O ensino universitário: seu cenário e seus protagonistas. Porto Alegre: Artmed, 2004. 6