ASPECTOS POSITIVOS DA CINTILOGRAFIA RENAL EM ANIMAIS DOMÉSTICOS Jéssica Leite Fogaça 1, Sergio Augusto Lopes de Souza 2, Michel de Campos Vettorato 3, Marco Antônio Rodrigues Fernandes 4, Vânia Maria Vasconcelos Machado 5 Maria Cristina Reis Castiglioni 6 1 Aluno de Pós-gradução da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Campus de Botucatu (UNESP), Distrito de Rubião Junior. Email: jesicaleite@hotmail.com 2 Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Email: sergiosouza@gmail.com 3 Aluno de Pós-gradução da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Campus de Botucatu (UNESP), Distrito de Rubião Junior. Email: m_vettorato@hotmail.com 4 Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia Campus de Botucatu (UNESP) e Faculdade de Medicina Botucatu (UNESP), Distrito de Rubião Junior. Email: marco@cetea.com.br 5 Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Campus de Botucatu (UNESP), Distrito de Rubião Junior. Email: vania@fmvz.unesp.br 6 Aluno de Pós-gradução da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Campus de Botucatu (UNESP), Distrito de Rubião Junior. Email: maria.castiglioni@hotmail.com 1 INTRODUÇÃO A medicina nuclear é uma prática médica que permite analisar o estado fisiológico ou fisiopatológico do sistema em estudo por meio da administração de um radiofármaco cuja composição é dada por um material radioativo (radionuclídeo) combinado com moléculas químicas (fármacos) que podem se ligar a órgãos e tecidos de interesse (DIAS, 2009; HECHT et al., 2010; ZIESSMAN et al., 2015). O radiofármaco é administrado no paciente por via intravenosa, oral ou inalatória, ou subcutânea tornando o paciente uma fonte emissora de radiação ionizante (GOGGIN et al., 1999; JARRETTA; BOMBONATO; MARTIN, 2010; SCHMIDT et al., 2012). A cintilografia renal permite estudar a função e as formas dos rins por dois estudos cintilográficos: cintilografia renal quantitativa e cintilografia renal dinâmica. Na cintilografia quantitativa o paciente é posicionado em decúbito dorsal na mesa do equipamento gama-câmara e as imagens são adquiridas três horas após a administração do radiofármaco. A cintilografia renal dinâmica o posicionamento é o mesmo, o que difere é que administração do radiofármaco é realizada com o paciente posicionado na mesa do equipamento gama-câmara e as imagens são adquiridas desde o momento em que o radiofármaco é injetado até o momento da produção da urina e sua eliminação (DÄHNERT, 2001; HECHT et al., 2010; NETO, 2012). A cintilografia renal é um dos estudos que são realizados na medicina veterinária (BALOGH, 1999; MARTINS et al., 2001; MICHIELS et al., 2001; KAMPA et al., 2002; KUBA, 2008; DEBRUYN et al., 2012). Os radiofármacos utilizados para esse
procedimento são: Ácido Dietilenotriaminopentacético (DTPA-99mTc), Ácido Dimercaptossuccínico- Tecnécio-99m (DMSA- 99m Tc) e Ácido Glucoheptonato de Sódio (GHA- 99m Tc), no qual, esse último é pouco utilizado atualmente (DONDI et al., 1991; TAYLOR; NALLY, 1995; PIEPSZ et al., 1999; BERDICHEVSKI et al., 2013; ZIESSMAN et al., 2015). Os procedimentos de cintilografia renal na medicina veterinária são semelhantes aos métodos realizados na medicina humana (BOLOGH, 1999; MICHIELS et al., 2001;KAMPA et al., 2002; SCHMIDT et al., 2012). Entretanto existem algumas diferenças que são praticadas na medicina veterinária, o que torna imperativo um estudo detalhado. Devido a isso, esse trabalho propôs apresentar os aspectos positivos da cintilografia renal em animais domésticos (cães, gatos e equinos). 2 DESENVOLVIMENTO DO ASSUNTO A gama-câmara foi desenvolvida para detecção da radiação gama oriunda do órgão de interesse, o qual codificará a radiação captada posteriormente em imagens, proporcionando dessa forma, imagens estática, dinâmica ou tomográfica, sendo está última por tomografia computadorizada de fóton único (SPECT) ou por tomografia por emissão de pósitron (PET) (HUAIJANTUG, 2015). Os radiofármacos são administrados nas doses de 1 a 5 mci (37 a 185 MBq) em cães e gatos (BOLOGH, 1999; MICHIELS et al., 2001;KAMPA et al., 2002; HECHT et al., 2010) e de 3 a 8 mci em equinos (MATTHEWS; TOAL, 1996; WOODS et al., 2000). Os radiofármacos citados são concentrados nos rins, as imagens são feitas em diferentes tempos após a administração. O radiofármaco DTPA- 99m Tc permite adquirir imagens nos primeiros 25 a 30 minutos, concede informação adicional sobre o fluxo plasmático renal, filtração glomerular, da função dinâmica e da patenticidade do sistema coletor. O figado serve de rota alternativa de excreção, podendo ocorrer preenchimento da vesícula biliar, com excessão de equinos, os quais não possuem vesícula biliar (DANIEL et al., 1999; MICHIELS et al., 2001; HECHT et al., 2008; ZIESSMAN et al., 2015). O DMSA- 99m Tc possue retenção estável e prolongada nos rins, permitindo adquirir imagens tardias, entre o período de 4 a 6 horas, devido ao pico de captação do córtex renal ocorrer 3 horas após administração. Esse radiofarmaco permite obtenção de
excelentes imagens funcionais do parenquima cortical, seja em imagem estática ou SPECT, dependendo do equipamento. A imagem cortical é utilizada para diagnosticar cicatrizes renais em pacientes com histórico de refluxo vesico-ureteral e infecção do trato urinária recorrente e para diferenciar infecção do trato superior do inferior (ZIESSMAN et al., 2015). Em cães e gatos, a insuficiência renal é relativamente frequente e as doenças que podem afetar os rins são numerosas, contudo, a cintilografia renal vem demostrando ser uma técnica eficaz e prática para o diagnóstico das enfermidades, além de ser muito utilizado para o acompanhamento do tratamento (BALOGH, 1999; KAMPA et al., 2002; KRZEMIŃSKI et al., 2004; SCHMIDT et al., 2012; HECHT et al., 2010; ZIESSMAN et al., 2015). A cintilografia renal quantitativa permite avaliar principalmente a anatomia cortical, cicatriz renal recorrente do refluxo vésico-uretal e infecção do trato urinário, além de anomalias renais e a avaliação da funcionabilidade renal. Já a cintilografia renal dinâmica é indicada especialmente em estudos de obstruções, hidronefrose, cálculos renais e cistos (KRZEMIŃSKI et al., 2004; HECHT et al., 2010; ZIESSMAN et al., 2015). A medicina nuclear veterinária se distinta da medicina humana por isolar os animais em gaiolas, salas ou tendas individuais, durante horas ou dias, após a realização do exame cintilográfico, além da dose ser cálcula de forma empírico (MICHIELS et al., 2001;KAMPA et al., 2002; KRZEMIŃSKI et al., 2004; BALOGH et al., 2005; DANIEL et al., 2014). Entretanto a cintilografia renal tem crescente realização em animais domésticos, principalmente em pequenos animais, devido a sua eficácia e facilidade realização dos exames cintilográficos (BOLOGH, 1999; MICHIELS et al., 2001;KAMPA et al., 2002; HECHT et al., 2010).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A cintilografia renal em animais domésticos é realizada de forma segura, indolor e não invasivo. A cintilografia renal é eficiente para o diagnóstico principalmente de cicatriz renal recorrente do refluxo vésico-uretal, infecção do trato urinário, anomalias renais, avaliação da funcionabilidade renal, obstruções, hidronefrose, cálculos renais e cistos, além de ser um método relevante para o acompanhamento de tratamentos renais. 4 REFERÊNCIAS BALOGH, L. et al. Veterinary nuclear medicine again-commentary and remarks on: Krzeminski M et al. Veterinari nuclear medicine-a review. NMR 2004; 7: 177-182. Veterinari nuclear medicine-a review. v. 8, n. 1, p. 50 52, 2005. BALOGH, L. Veterinary nuclear medicine scintigraphical examinations A Review. Journal Acta Veterinaria Brno. n. 68, p. 231 239, 1999. BERDICHEVSKI, E. H. et al. Prevalência de pielonefrite aguda e incidência de cicatriz renal em crianças menores de dois anos de idade com infecção do trato urinário avaliadas por cintilografia renal com 99mTc-DMSA: a experiência de um hospital universitário. Radiologia Brasileira. v. 46, n. 1, p. 30-34, 2013. DANIEL, G. B. et al. Renal nuclear medicine: A Review. Veterinary Radiology & Ultrasond. v. 40, n. 1, p. 572 587, 1999. DANIEL. G. B. Guest Editoria: Veterinary nuclear medicine.seminars Nuclear Medicine. v. 44, n.1, 2014. DEBRUYN, K. et al. Effect of background region of interest and time-interval selection on glomerular filtration ratio estimation by percentage dose uptake of 99mTc-DTPA in comparison with 51Cr-EDTA clearance in healthy cats. Journal of Feline Medicine and Surgery. v. 15, n. 8, p. 698 705, 2012. DÄHNERT W. Radiologia manual de revisão. 3ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, 2001. DIAS, A. L. Aplicação de nanopartículas magnéticas como meio de contraste computadorizada. 2009. 70p. Dissertação (Mestrado em Nanociências) Universidade Francisco de Santa Maria, 2009. DONDI, M. et al. Use of technetium-99m-mag3 for renal scintigraphy after angiotensin-converting enzyme inhibition. Journal of Nuclear Medicine. v. 32, n. 3, p. 424-248, 1991. GOGGIN, J. M. et al. Comparison of gastric emptying timesim healthy cats simultaneously evaluated with radiopaque markers and nuclear scintigraphy.veterinary Radiology & Ultrasound. v. 40, n. 1, p. 89 95, 1999.
HECHT, S. et al. 99mTc-DTPA diuretic renal scintigraphy in dogs with nephroureterolithiasis. Canadian Veterinary Journal. v. 51, n. 12, p. 1360 1366, 2010. HECHT, S. et al. Diuretic renal scintigraphy in normal cats. Veterinary Radiology & Ultrasound. v. 49, n. 6, p. 589 594, 2008. HUAYANTUG, S. Nuclear scintigraphic examination in veterinary medicine. Journal of Apllied Animal Science. v. 8, n. 1, p. 9 16, 2015. JARRETA; G. B; BOMBONATO; P. P; MARTIN; B. W. Estudo do tempo de excreção renal pela cintilografia em gatos domésticos. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. São Paulo, v.47, n.1, p. 13-22, 2010. KAMPA, N. et al. Effect of region of interest selection and uptake measurement of glomerular filtration rate measured By Tc DTPA scintigraphy in dogs. Veterinary Radiology & Ultrasound. v. 43, n. 4, p. 383 391, 2002. KRZEMINSKI, M. et al. Veterinary nuclear medicine. Nuclear Medicine Review. v. 4, n. 2, p. 177 182, 2004. KUBA. S. Instrumentação em medicina nuclear. 2008. 67p. Dissertação (Relatório Apresentado ao Instituto de Biociências de Botucatu) Universidade Julio de Mesquita Filho (Obtenção do Titulo de Bacharel em Ciências Biológicas) Modalidade Médica. 2008. MARTINS, F. P. P. et al. Correlação do esquema de imunossupressão com complicações pós-operatórias em transplantes renais através do uso da cintilografia renal dinâmica. Radiologia Brasileira. v. 34, n. 5, p. 267-272, 2001. MATTHEWS, H. K. TOAL, R. L. A review of equine renal imaging techniques. Radiology Radiology & Ultrasound. v. 37, n. 3, p. 163 173, 1996. MICHIELS, M. L. et al. Quantitative and qualitative scintigraphic measurement of renal function in dogs explosed to toxic doses of gentumicin. Veterinary Radiology & Ultrasound. v. 42, n. 6, p. 553 561, 2001. NETO, J. A. S. Fator de correção de dose individual em grupos ocupacionais obtidos por monitoração individual externa em serviço de medicina nuclear. 2012. 65p. Dissertação (Pós Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares do Departamento de Energia Nuclear) Universidade Federal de Pernambuco para Obtenção do Titulo de Mestre. PIEPSZ, A. et al. Consensus on renal cortical scintigraphy in children with urinary tract infection. Seminars in Nuclear Medicine. v. 29, n. 2, p. 160-174, 1999.
SCHMIDT, D. M. Comparison of glomerular filtration rate determined by use of singleslice dynamic computed tomography and scintigraphy in cats. American Veterinary Medical Association. v. 73, n. 4, 2012. TAYLOR, A. J. NALLY, J. V. Clinical applications of renal scintigraphy. American Journal of Roentgenology. v. 164, n. 31, p. 31-41, 1995. WOODS, P. R. et al. Use of 99m Tc-mercaptoacetyltriglycinteo evaluate renal function in horses. Veterinary Radiology & Ultrasound. v. 41, n. 1, p. 85-88, 2000. ZIESSMAN, H. A. et al. Medicina Nuclear. 4 edição. Saunders Elsevier: Rio de Janeiro, 2015. 464p.