PERCURSO LEGAL PARA A IMPLANTAÇÃO DA CLASSE HOSPITALAR NO BRASIL

Documentos relacionados
PEDAGOGIA HOSPITALAR E SUA CONTRIBUIÇÃO COM A QUALIDADE DE VIDA

Psicopedagogia: Teoria e Prática. Elizabeth Araújo Barbosa Enfermeira, Pedagoga e Psicopedagogia

ÍNDICE 1 - REGIMENTOS E LEGISLAÇÃO DE ENSINO

Avenida: Antonio Carlos Magalhães S/N. Centro São José da Vitória-BA. CEP: Tel.: (73) Ementa:

EDUCAÇÃO INFANTIL: DOS MARCOS REGULATÓRIOS À POLÍTICA PÚBLICA DE FORMAÇÃO DOCENTE

PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAISO

EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Julho de 2018

ÍNDICE GERAL 5 - LEGISLAÇÃO POR ASSUNTO - RESOL CONSUP

2º CAMPANHA DE INCENTIVO À ESCOLARIZAÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS EM CONTÍNUO TRATAMENTO DE SAÚDE EM HOSPITAIS, AMBULATÓRIOS E DOMICÍLIOS.

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA ESCOLARIZAÇÃO HOSPITALAR E DOMICILLIAR

OTÁVIO CALILE LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LDB

REFLEXÕES SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DO (A) PEDAGOGO (A) DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPB

Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Itaberaí-Goiás. Fabiana dos Santos Santana Flávia Cristina da Silva

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

LEI Nº DE 30 DE DEZEMBRO DE 2009 TÍTULO I PRINCIPAIS BASES DE ORDEM LEGAL TÍTULO II CONCEITUAÇÃO E ÓRGÃOS DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO

AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NOS PROFOP - PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA DE MUDANÇA CURRICULAR.

PROGRAMA DE DISCIPLINA

VIII CONFERENCIA MUNICIPAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇA E ADOLESCENTE

PROJETO DE LEI N.º DE DE DE 2016

SME-SP. Coordenador Pedagógico - Ensino Superior VOLUME 1. Publicações Institucionais. (Secretaria Municipal de Educação de São Paulo)

DECRETO 7611/2011 Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências

Contribuição das Apaes na defesa e garantia da Educação para as pessoas com deficiência intelectual

NORMAL MÉDIO. Parte Diversificada. Tópicos Educacionais

A Organização Escolar: a Escola, Planejamento, Organização e Gestão

PLANEJAMENTO ADMINISTRATIVO E PEDAGÓGICO PLANEJAMENTO. Diretrizes Legais 2019

POLÍTICAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: UMA ANÁLISE DO PROGRAMA INCLUIR EM MATO GROSSO DO SUL Cleudimara Sanches Sartori Silva UCDB

CAPÍTULO II NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS. Maristela Rossato

Serviço Público Federal Ministério da Educação Universidade Federal Fluminense

A PROPOSTA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL DE MATO GROSSO E SUAS CONVERGÊNCIAS COM AS BASES LEGAIS

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO EDUCACIONAL EM AMBIENTES HOSPITALARES. GT7. Educação e direitos humanos, diversidade cultural e inclusão social

RESOLUÇÃO Nº 02/ 2017 CEB/CMEPI-AL.

COMUNICADO 04/2018 Edital 118/2018

A ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL CONGÊNITA E ADQUIRIDA ATRAVÉS DE JOGOS PEDAGÓGICOS.

Limites e possibilidades da Provinha Bagé: uma análise do desempenho e aprendizagem do aluno para redimensionar a prática das alfabetizadoras

Conselho Municipal de Educação

CRIANÇA E ADOLESCENTE FORA DA ESCOLA NÃO PODE (EVASAO ESCOLA)

DATA CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS Aula/data Ficha-Resumo % Questões Revisão Prefeitura de Limeira - Prova 02/07/2017

Plano de Curso. 12 horas. Monitor no Transporte Escolar. Carga Horária. Ocupação. Classificação. Regulamentação

Tema - EDUCAÇÃO BRASILEIRA: Perspectivas e Desafios à Luz da BNCC

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA. Abril/2016

PREFEITURA MUNICIPAL DE MERIDIANO

LDB-LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Política de Acessibilidade aos Produtos do Cebraspe

Oficina para Comunicação Assistiva em Deficiência Auditiva

POSICIONAMENTO POLÍTICO DO MIEIB

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL CENTRO DE ORIENTAÇÃO E SUPERVISÃO DO ENSINO ASSISTENCIAL COLÉGIO MILITAR DOM PEDRO II

TDAH E A LEI DA INCLUSÃO 1 ADHD AND THE INCLUSION LAW. Isabela Albarello Dahmer 2

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

PORTARIA INTERMINISTERIAL MS/SEDH/SEPM 1.426/2004 SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES

NOTA TÉCNICA Nº 006/2009

Lei de Diretrizes e Bases

ATENDIMENTO PEDAGÓGICO AO ESCOLAR HOSPITALIZADO OU EM TRATAMENTO DE SAÚDE APEHTS EM CURITIBA APRESENTAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA PARTICULAR: VISÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA.

MANUAL DE PROJETOS DE SANEAMENTO MPS MÓDULO 09.1 DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE SANEAMENTO ACESSIBILIDADE

FACULDADE EDUCACIONAL ARAUCÁRIA CURSO DE PEDAGOGIA. PORTARIA NORMATIVA 3, de 18 de fevereiro de 2010.

Prefeitura Municipal de Cardeal da Silva publica:

CAPACIDADE À LUZ DO ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

ESTUDO SOBRE O PLANO DE CARGOS, CARREIRA, REMUNERAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS EM EDUCAÇÃO DA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE SOSSEGO PB

(CESGRANRIO)Segundo a LDB, o regime de progressão continuada nas escolas é: A) ( ) obrigatório em todas as redes de ensino. B) ( ) obrigatório na

Ações decorrentes dos processos de auto avaliação e de avaliações externas Profa. Maria Helena Krüger

SECRETARIA /2008 DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO SECADI COORDERNAÇÃO GERAL DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO

REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA CAPITULO I - DA NATUREZA E DOS OBJETIVOS

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

PREFEITURA MUNICIPAL DE ESPIRITO SANTO DO PINHAL-SP CONCURSO PÚBLICO EDITAL 001/2016

PARECER CONSULTA N 6/2017

DIRETORIA ACADÊMICA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA COORDENAÇÃO DE ENFERMAGEM REGULAMENTO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DO CURSO DE ENFERMAGEM

A partir da década de 1990, no Brasil e no mundo, o paradigma tende a ser deslocado da integração para a inclusão. A Educação Inclusiva surgiu, e vem

O direito à Educação das pessoas com deficiência intelectual SAMIRA ANDRAOS MARQUEZIN FONSECA

A INCLUSÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA: PERSPECTIVAS DA UNIDADE ESCOLAR E O PAPEL DO CUIDADOR

Censo Demográfico 2010

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e

O Currículo Paulista e a revisão do PPP: compreender para intervir. Prof.ª Maria Regina dos Passos Pereira

A FORMAÇÃO INICIAL DO PEDAGOGO PARA ATUAR NO AMBIENTE HOSPITALAR: LIMITES E PERSPECTIVAS

FICHA ENS. FUND. II - 01 DIRETRIZ ESTRATÉGIAS

PORTARIA Nº 01 DE 02 DE JANEIRO DE 2018

Palavras-chaves: Hospital. Atendimento Escolar. Formação.

A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 2007 A 2013

LEI N /1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PEDAGOGIA HOSPITALAR: A PRÁTICA EDUCATIVA ALIADA À ASSISTÊNCIA A SAÚDE

FORMULÁRIO DE REGISTRO DE CURSOS E EVENTOS DE EXTENSÃO. Modalidade Curso Evento

Caderno 2 de Prova AE02. Educação Especial. Auxiliar de Ensino de. Prefeitura Municipal de Florianópolis Secretaria Municipal de Educação

Texto referência para a audiência pública sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Relações Internacionais

CURSOS DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ATIVIDADES COMPLEMENTATES

PRÁTICA PROFISSIONAL E DASAFIOS DO COTIDIANO NO CREAS CRIANÇA E ADOLESCENTES (SENTINELA) NO MUNICIPIO DE PONTA GROSSA

A TECNOLOGIA NAS DIRETRIZES CURRICULARES DA PEDAGOGIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS RESOLUÇÕES DE 2006 E

03/04/2017. Departamento de Psicologia Psicologia da Aprendizagem aplicada à área escolar Profª Ms. Carolina Cardoso de Souza

LEI / 2003: NOVAS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO DA CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA.

32 São Paulo, 126 (61) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I sábado, 2 de abril de 2016

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei n.º, de 2017 (Do Sr. Aureo)

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 14. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

PORTARIA Nº 3.090, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2011(*)

Ler uma, duas ou três vezes: as desventuras de um jovem com dislexia no Ensino Superior. Por Ana Luiza Navas

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

OFERTA DA EDUCAÇÃO EM CACHOEIRA DO SUL: UM OLHAR SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS

Estado do Rio Grande do Sul Conselho Municipal de Educação - CME Venâncio Aires

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Estrutura e Funcionamento da Educação Básica I. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 3º

Referencial Curricular do Paraná: Princípios, Direitos e Orientações

DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) Paulo Sérgio Lauretto titular da DEPCA Campo Grande/MS

Transcrição:

1 PERCURSO LEGAL PARA A IMPLANTAÇÃO DA CLASSE HOSPITALAR NO BRASIL O objetivo deste estudo é apresentar um panorama histórico do processo de implantação de Classes Hospitalares em hospitais da rede pública do Brasil, através do levantamento e análise dos documentos legais sobre o tema, no sentido de contribuir para a compreensão dos profissionais envolvidos com a educação e em instituições de saúde sobre a existência de recursos legais para a implantação de Casses Hospitalares. Trata-se de uma pesquisa documental bibliográfica por conta da leitura de obras que articulam o conceito de Classe Hospitalar à estruturação legal de tal atividade no âmbito hospitalar público em nosso país. Como base documental realizou-se a leitura de documentos oficiais que abordem a relevância do direito à educação como Direitos da criança e do adolescente hospitalizado 1, a Política Nacional de Educação Especial 2, Classe Hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações 3, publicado pela Secretaria de Educação Espacial em 2002, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4. No âmbito do que propõe o presente estudo, cabe compreender a Classe Hospitalar como uma modalidade inserida na Pedagogia Hospitalar e que se justifica no meio educacional como processo de ensino e aprendizagem fora do ambiente escolar, adotando o espaço intra-hospitalar como de construção do saber. A Classe Hospitalar deve, portanto, ser considerada como a ponte entre a escola e o aluno (paciente) oferecendo subsídios facilitadores para o desenvolvimento escolar da criança e adolescente, de forma a estimular o desempenho escolar e o prosseguimento do aluno nos anos subsequentes da educação básica. Esta continuidade é de suma importância para a formação da identidade crítica do cidadão, além do suporte à autoestima dos pacientes envolvidos no processo, contribuindo para que não se sintam excluídos do grupo escolar 5. Focando o embasamento legal como suporte para a Classe Hospitalar, historicamente, no Brasil, o reconhecimento da necessidade de atendimento educacional nos meios hospitalares só se deu em 1989, por meio do artigo 2º, inciso I, alínea d, de 24 de outubro de 1989 que estabelece que O oferecimento obrigatório de programas de Educação especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo igual ou superior a um ano, educandos portadores de deficiência 6.

2 No entanto, tal modalidade educacional se restringiu a uma faixa etária específica (pré-escola). Foi com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que o suporte legal à criança e adolescente tomou relevância no sentido de que, na Lei n. 8.069, no seu artigo 3º, ficou assegurado que, A criança e o adolescente gozam de todos os direitos inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade 7. Com o mesmo objetivo do ECA, de seguridade e assistencialismo legal à criança e adolescente, surgiram outras iniciativas de proteção ao menor como o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), o Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (PRONAICA), o Conselho da Comunidade Solidária e os Conselhos Tutelares. Por meio do CONANDA, fundado em 1995, foi possível a elaboração e aprovação da resolução nº 41, de outubro de 1995, item 9 (nove), quando se percebeu a legalidade da promoção da Pedagogia Hospitalar, tendo em vista que se estabelece à criança e adolescente o Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar. No ano seguinte, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no artigo 5º, vem reforçar o já estabelecido na resolução nº 41/95, quando determina que O atendimento educacional será efetivado em escolas, classes ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular 8. Em 2001, no sentido de especificar o atendimento educacional no ambiente hospitalar, o Conselho Nacional de Educação, juntamente com a Câmara de Educação Básica, cria a resolução nº 2, artigo 13, parágrafos 1º e 2º, a qual esclarece que, Os sistemas de ensino, mediante ação integrada com os sistemas de saúde, devem organizar o atendimento educacional especializado a alunos impossibilitados de frequentar as aulas em razão de tratamento de saúde que implique internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou permanência prolongada em domicílio 9. No entanto, mesmo com tais legislações, ainda não havia sido dado o real suporte para o estabelecimento de diretrizes de atuação na área, o que só ocorreu em 2002, quando o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação, elaborou documento sobre

3 as estratégias e orientações para atendimento nas classes hospitalares. Dessa maneira, o atendimento escolar em ambulatórios de atenção integral à saúde ou em domicílio passou a ser uma exigência legal no país, ressaltando a necessidade da existência de um ambiente que deve ser projetado com o propósito de favorecer o desenvolvimento e a construção dos conhecimentos para crianças, jovens e adultos, no âmbito da educação básica, respeitando suas capacidades e necessidades educacionais especiais individuais (Brasil, 2002, p. 15-16). Reforçando essa compreensão, no dia 16 de agosto de 2017, o Ministério da Educação retomou a discussão sobre o atendimento pedagógico em ambiente hospitalar e domiciliar, determinando que as diretrizes para esse tipo de atendimento sejam definidas por um comitê e enviadas ao Conselho Nacional de Educação (CNE) para apreciação. Também foi orientado que seja criado um programa de formação de professores para atuarem nos ambientes hospitalares e domiciliares. A partir de então, o Ministério da Educação apontou que cabe à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) e a Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC a responsabilidade por elaborar a proposta de orientações normativas a serem enviadas ao Conselho Nacional de Educação para apreciação e regulamentação. Este estudo, ao abordar a Classe Hospitalar do ponto de vista legal, deixando claro que o tema em questão vem sendo abordado há 29 anos em nosso país, esclarece a importância da implantação da pedagogia hospitalar (classe hospitalar) no âmbito das instituições públicas de saúde, bem como o investimento das IES na formatação da sua grade curricular para tratar do atendimento educacional aos pacientes em ambiente hospitalar e, principalmente, criar programas para a formação de professores que atuam nessa modalidade de ensino. Mesmo assim, identifica-se a carência de engajamento e de iniciativas de atuação conjuntas dos governos Federal, Estaduais e Municipais, para a formação de professores especializados, com resultados de impacto na garantia do direito à educação de crianças e adolescentes em condições de tratamento hospitalar. REFERÊNCIAS 1. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Manole; 2018.

4 2. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução nº. 41,13 de Outubro de 1995. Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Diário Oficial de Brasília, 17 Out. 1995. (1), 319-320. 3. Revista da Educação Especial / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. (1) 1 (out. 2005). Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2005. 343. [Acesso em 10 dez 2017]. Disponível em: http://www.mec.gov.br. 4. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais: orientações gerais e marcos legais / Organização: Ricardo Lovatto Blattes. Brasília : MEC, SEESP; 2006. [Acesso em 10 dez 2017]. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf. Acesso em: 10 de dezembro de 2017. 5. Matos ELM; Mugiatti, MMT. Pedagogia Hospitalar. 7 ed. Petrópolis: Vozes; 2017. 6. Brasil. Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Presidência da República. Casa Civil. [Acesso em 10 dez 2017]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7853.htm. 7. Brasil. Estatuto da Criança e do Adolescente. Presidência da República. Casa Civil. Brasília, DF: 2017. [Acesso em 10 dez 2017]. Disponível em: http://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/wpcontent/uploads/2017/06/livroeca_2017_v05_internet.pdf. 8. Brasil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB, Lei nº 9394/96 e legislação congênere. 2 ed. Vitória; 2014. [Acesso em 10 dez 2017]. Disponível em: https://www.mpes.mp.br/arquivos/anexos/03fe25bf-f2c9-459a-bee2- f00c1b0b2a0e.pdf. 9. Xavier T. Araujo Y. Reichert A. Collet N. Classe hospitalar: produção do conhecimento em saúde e educação. [online]. Rev. bras. educ. espec. 2013, (19) 4, 611-622. Autores: Karine de Alcântara Figueiredo Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociência. E-mail: karine-af@hotmail.com Tânia Cristina de Oliveira Valente Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Biociência. Líder do Grupo de Pesquisa do Laboratório Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Antropologia da Saúde. LIEPAS - Diretório dos Grupos de Pesquisa CNPq. E-mail: valenteunirio@gmail.com Como citar este post (Vancouver adaptado): Figueiredo KA. Valente TCO. O percurso legal para a implantação da classe hospitalar no Brasil.[internet]. Rio de Janeiro (BR); 2018. [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: https://journaldedados.wordpress.com.br (completar com dados do site).

5