VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUANDO DA OCORRÊNCIA DA ALIENAÇÃO PARENTAL NECESSIDADE DE UMA VIDA SAUDÁVEL PARA OS INFANTOS

Documentos relacionados
MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 17

LEI DE 26 DE AGOSTO DE 2010

GEORGIOS ALEXANDRIDIS

ALIENAÇÃO PARENTAL. parental;

LEI Nº , DE 26 DE AGOSTO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/11/2018. Alienação parental.

A Alienação Parental foi positivada em 2010 por meio da Lei prevendo:

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL X A NECESSIDADE DE GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA SAUDÁVEL DA CRIANÇA

24/04/2018 O DIREITO DE FAMÍLIA NO SISTEMA BRASILEIRO E SUAS REPERCUSSÕES LEGAIS UNIÃO ESTÁVEL CASAMENTO NO BRASIL

SENADOR RUI PALMEIRA (AL) : NÍVEL SUPERIOR CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS

OLIVENÇA (AL) NÍVEL SUPERIOR CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS

ALIENAÇÃO PARENTAL. 1 Introdução: 2 Alienação Parental: 28/09/2014. Psicanálise (1987 Richard A Gardner) Direito (Br Lei n. 12.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM I RELATÓRIO

O Direito é envolvente e acalora corações que se voltam a ele. Impossível ser indiferente às questões postas pela ordenação.

STJ EDUARDO DE OLIVEIRA LEITE. Alienação. Parental. Do mito à realidade THOMSON REUTERS REVISTA DOS TRIBUNAIS'"

Alienação parental abordagem critica sobre a alienação parental - o que é, causas, consequências e prevenção

Núcleo de Pesquisa e Extensão do Curso de Direito NUPEDIR VII MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (MIC) 25 de novembro de 2014

Elsa de Mattos Psicóloga e Professora de Psicologia da UFBA 4º Seminário da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica ESA Agosto 2016

ALIENAÇÃO PARENTAL I Diálogos sobre Direito de Família e Sucessões: aspectos materiais e processuais Brasília 23/05/2018

ALIENAÇÃO PARENTAL RESUMO. Cyndel Rocha Pereira Sarah Corrêa Emygdio

FACULDADE MULTIVIX CARIACICA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO A GUARDA COMPARTILHADA COMO SOLUÇÃO PARA A ALIENAÇÃO PARENTAL

A Importância Da Guarda Compartilhada No Direito de Família

ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI DECLARAÇÃO DECLARO QUE O ARTIGO CIENTÍFICO ESTÁ APTO PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA.

DISPUTA DE GUARDA E ALIENAÇÃO PARENTAL. PALAVRAS-CHAVE: Alienação parental, Disputa de guarda, Família, Criança e adolescente, Violência psicológica.

Mostra de Iniciação Científica EFEITOS NA SUBJETIVIDADE DAS CRIANÇAS DE PAIS SEPARADOS EM RELAÇÃO À ALIENAÇÃO PARENTAL

ALIENAÇÃO PARENTAL: UM PONTO DE VISTA JURÍDICO

Alienação Parental no Brasil: Criminalizar ou Conscientizar?

Alienação Pa rental?

GUARDA COMPARTILHADA GERALDO, M. L.

ALIENAÇÃO PARENTAL: órfãos de pais vivos RESUMO

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A FAMÍLIA: alienação parental e as relações familiares no ordenamento brasileiro

ISSN / Nº 3 / Ano 2018 / p. 1-15

A Síndrome da Alienação Parental no Ordenamento Jurídico Brasileiro

A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS PUNIBILIDADES

A RESPONSABILIDADE CIVIL DOS GENITORES PELO ABANDONO AFETIVO DOS FILHOS MENORES

PSICOLOGIA JURÍDICA: RELAÇÃO COM O DIREITO DE FAMÍLIA

ALIENAÇÃO PARENTAL SOB O OLHAR DO ADVOGADO CRIMINAL MURILLO ANDRADE ADVOGADO CRIMINAL

Mediação Familiar na Alienação Parental

Alienação Parental. VI Congresso Nacional & IV Congresso Internacional Alienação Parental ABCF

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

GUARDA COMPARTILHADA. Comissão de Direito. de Família e Sucessões

Introdução ao Direito de Família Casamento e União Estável Formalidades Preliminares. Habilitação para o Casamento

Órfãos de pais vivos: uma revisão bibliográfica sobre a alienação parental

ALIENAÇÃO PARENTAL 1. Bianca Strücker 2, Fabiana Marion Spengler 3.

Palavras-chave: Prática Profissional, Varas de Família, Alienação Parental

Direito Penal. Lei nº /2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 4. Prof.ª Maria Cristina

ALIENAÇÃO PARENTAL NA GUARDA UNILATERAL

A possibilidade de admissão de prova ilícita nos casos de alienação parental, considerando o Princípio da Dignidade Humana e o da Proporcionalidade

Titulo IV Natureza Contratual dos Planos de Saúde Capitulo I Do Contrato Individual e Familiar

UNIÃO POLIAFETIVA: APLICAÇÃO DA TEORIA DO POLIAMOR E SUA POSSIBILIDADE JURÍDICA.

A ALIENAÇÃO PARENTAL

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 542, DE 2018

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 05

A CONFIGURAÇAO DA ALIENAÇAO PARENTAL. Verônica Scarpellini Duarte Leite.1. Rogério Mendes Fernandes.2 RESUMO

Alienação Parental: Da Teoria à Práxis Forense

LIBERDADE SINDICAL E REPRESENTATIVIDADE

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PLANO DE ENSINO

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 14/11/2018. Guarda dos filhos menores.

ALIENAÇÃO PARENTAL: uma expressa violação do direito de crianças e adolescentes à convivência familiar

Introdução Capítulo LXXXII A Família... 21

Associação Brasileira Criança Feliz.

Conteúdos/ Matéria. Categorias/ Questões. Textos, filmes e outros materiais. Habilidades e Competências. Tipo de aula. Semana

Sumário. Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos Apresentação da Segunda Edição Apresentação... 19

A IMPLICAÇÃO DA AUSÊNCIA DE DIÁLOGO ENTRE OS PAIS NO EXERCÍCIO DA GUARDA COMPARTILHADA

Modificações no Estatuto das Famílias

1.0 DO CONCEITO DE ALIENAÇÃO PARENTAL

BRUNA MARIA DE LIMA VERZA ASPECTOS RELEVANTES DA ALIENAÇÃO PARENTAL LEI /10 ASSIS/SP

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRICILA GONÇALVES DOS SANTOS A ALIENAÇÃO PARENTAL E OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS E PSICOLÓGICOS

ASSOCIAÇÃO CARUARUENSE DE ENSINO SUPERIOR E TÉCNICO- FACULDADE ASCES BACHARELADO EM DIREITO

Efetividade da lei de alienação parental 1

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

PARÂMETROS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DO ABANDONO AFETIVO

GUARDA COMPARTILHADA: UMA RELAÇÃO EQUILIBRADA PARA A SAÚDE PSICOLÓGICA E SOCIAL DOS FILHOS

Núcleo de Pesquisa e Extensão do Curso de Direito NUPEDIR IX MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (MIC-DIR) 9 de novembro de 2016

Categorias/ Questões. Conteúdos/ Matéria. Textos, filmes e outros materiais. Habilidades e Competências. Tipo de aula. Semana 1 UNIDADE I -

Acção de (in)formação sobre Parentalidade Positiva, Alienação Parental e Igualdade Parental 16 de Março, Montijo

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

SERTÂNIA (PE) - NÍVEL SUPERIOR (TARDE) CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS ASSISTENTE SOCIAL

MEDIAÇÃO E GUARDA COMPARTILHADA CONQUISTAS PARA A FAMíLIA

A alienação parental: complexidade para sua identificação pelo operador do Direito.

1. IDENTIFICAÇÃO PERÍODO: 7º CRÉDITO: 04 NOME DA DISCIPLINA: DIREITO CIVIL V NOME DO CURSO: DIREITO

PRINCIPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA NA GUARDA COMPARTILHADA Autores: Gagstetter, G.

CURSO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ DATA 01/09/2016 DISCIPLINA DIREITOS HUMANOS PROFESSOR ELISA MOREIRA MONITOR LUCIANA FREITAS

CURSO: DIREITO NOTURNO - CAMPO BELO SEMESTRE: 1 ANO: 2016 C/H: 33 AULAS: 40 PLANO DE ENSINO

XXII EXAME DE ORDEM ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROF.ª MAÍRA ZAPATER

Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

A IMPORTÂNCIA DOS AVÓS NAS AÇÕES DE GUARDA: UMA ANÁLISE EM CASOS CONCRETOS FRENTE À ATUAÇÃO DO NEDDIJ

RELAÇÕES CONSUMERISTAS ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR RESPONSABILIDADE PELO SUCESSO PROFISSIONAL DO ACADÊMICO

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

O PROCESSO DE GUARDA COMPARTILHADA: UMA ABORDAGEM SOBRE A ALIENAÇÃO PARENTAL

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 01

Universidade Salgado de Oliveira. Alienação Parental. Alice Ferreira Cavalcante de Araújo 1. Marlizete Alves Oliveira 2. Matheus Araújo Amorim 3

TÍTULO: A ALIENAÇÃO PARENTAL E A MEDIAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE SOLUÇÃO DE CONFLITO

A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL: UM FANTASMA VIVENCIADO PELOS FILHOS

A nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais

A Hermenêutica do Artigo 50, 13, Inciso III, do ECA, Frente à Equidade e aos Princípios Constitucionais da Proteção Integral e da Prioridade Absoluta

Estatuto da Criança e do Adolescente

Direito da Criança e do Adolescente

TÍTULO: PRINCIPAIS CLÁUSULAS DA CONVENÇÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

Transcrição:

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUANDO DA OCORRÊNCIA DA ALIENAÇÃO PARENTAL NECESSIDADE DE UMA VIDA SAUDÁVEL PARA OS INFANTOS Kelly Vannessa 1 kelly@dbsassociados.com.br Antônio Leonardo Amorim 2 Amorimdireito.sete@hotmail.com Héverton Schorro 3 heverton@dbsassociados.com.br Resumo: Neste trabalho será abordada a violação dos Direitos Humanos da criança e do adolescente quando da ocorrência da alienação parental, tendo em vista a necessidade de uma vida saudável dos infantos. Por vezes, aos genitores se valendo da condição e poder afetivo sobre o filho incorre na alienação parental, fazendo com que o menor tenha repulsa do outro genitor, e essa ação viola literalmente os Direitos Humanos garantidos às crianças e aos adolescentes pelo Pacto de San José da Costa Rica. No plano nacional temos a Lei que preceitua sobre a Alienação Parental (Lei n.º 12.318/2010) a qual considera que as ações que resultam na Alienação Parental interferem na formação psicológica da criança e do adolescente. Dessa forma, o processo de Alienação Parental que é imposto à criança e ao adolescente vai de encontro a todas as legislações e normatizações que regem o direito da criança à convivência familiar e comunitária. Palavras-chave: Violação, Direitos Humanos, Criança, Adolescente, Alienação Parental. Grupo de Trabalho: Políticas Públicas e Direitos Humanos. Problema da pesquisa: Os casos de Alienação Parental não são problemas somente dos genitores separados, mas sim também é um problema social, que, silenciosamente, traz consequências devastadoras para as gerações futuras. Dessa forma, a presente pesquisa será desenvolvida a partir dos métodos indutivo e dedutivo, objetiva, por meio de material bibliográfico e documental, demonstrar quais os Direitos Humanos violados da criança e do adolescente quando da ocorrência da alienação parental. Objetivos: O objetivo é identificar os direitos humanos das crianças e dos adolescentes em razão da ocorrência da alienação parental. Referência teórico-metodológica: A alienação parental comumente ocorre quando um dos genitores, quase em sua totalidade o responsável pela criança por meio de sua ação causa abalos psicológicos na formação do infanto. 1 Discente do Curso de Direito da Ahanguera. 2 Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 3 Orientador - Docente do Curso de Direito da Ahanguera.

Vejamos: Priscila Fonseca traz uma conceituação do que é alienação parental (2010, p. 09). A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, via de regra, o titular da custódia. A síndrome da alienação parental, por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere-se à conduta do filho que se recusa terminante e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores, que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. A espera pela regulamentação que se deu apenas com a Lei n.º 12.318/2010 era algo esperado pela doutrina, visto que apenas tínhamos conceitos preexistentes sobre o tema, porém, desprovido de regulamentação específica. Disciplina o art. 2, da Lei n.º 12.318/2010 como ocorre a alienação parental. Vejamos: Art. 2 o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. A lei trouxe formas que se adequam a síndrome de alienação parental, como forma de de tentativa de punição dos cometedores dessas situações emblemáticas, e reconheceu a possibilidade da ocorrência de alienação parental não apenas para os genitores, mas para outros familiares como os avós (GONÇALVES, 2014, p. 675,7/1723 EPUB). Ocorre à alienação parental com a ruptura de uma relação conjugal entre os cônjuges, assim, nasce uma gama de situações que precisam ser resolvidas, como por exemplo, a guarda

dos filhos, afinal o casal rompeu laços afetivos entre si e não com a sua prole e é justamente nesse momento que nasce os conflitos mais severos no que tange os términos não consensuais. Pois, normalmente os pais travam uma guerra em relação aos menores para decidir quem ficará com a guarda e normalmente o impasse precisa ser levada a esfera jurídica. Sobre a dificuldade que alguns cônjuges possuem em aceitar as dissoluções das relações conjugais, Maria Berenice Dias leciona (2011, p. 462-463): Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, se um dos cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, o sentimento de rejeição ou a raiva pela traição, surge um desejo de vingança que desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. Nada mais do que uma lavagem cerebral feita pelo guardião, de modo a comprometer a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram ou não aconteceram conforme a descrição feita pelo alienador. Essa missão que o ex-cônjuge revoltado se propõe a cumprir para afastar o outro nada mais é do que uma alienação e nesse caso parental. E com o ato constante da alienação parental surge a Síndrome da Alienação Parental ou apenas SAP. Reconhece o art. 3, da Lei n.º 12.318/2010 como sendo um direito fundamental da criança e do adolescente se ver livre da ocorrência da alienação parental. Textualmente: Art. 3 o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda. A Constituição Federal de 1988, prima pela condição de vida digna para todos os brasileiros, sendo eles natos ou naturalizados, o que está em arrimo com o Pacto de San José da Costa Rica, o qual estabelece que em seus considerandos que os Estados devem realizar suas condutas com a afirmação do ideal do ser humano livre. Lado outro, para, os direitos humanos são faculdades que se atribuem as pessoas e a grupos sociais, os quais dizem respeito às necessidades relativas à vida, liberdade, igualdade, participação política, ou social, bem como com relação a qualquer aspecto fundamental que possa garantir que todos sejam homens livres (PECES-BARBA, 1987, p. 14-15). A ocorrência de alienação parental faz com que as crianças e os adolescentes tenham violados seus direitos individuais, os quais devem ser respeitados e garantidos, como se extrai do mandamento de observância que é a proteção pelos direitos humanos. Assim, temos o que dispõe André de Carvalho Ramos (2012, p. 46,3/676 Epub). Textualmente:

A nossa Constituição é um retrato acabado de tal situação. De fato, o artigo 4 o, inciso II, faz referência a direitos humanos. Por outro lado, o título II intitula-se direitos e garantias fundamentais. Já o artigo 5 o, inciso XLI, menciona os direitos e liberdades fundamentais e o seu inciso LXXI adota o termo direitos e liberdades constitucionais. Ora, o artigo 5 o, parágrafo primeiro, também desse título, utiliza a expressão direitos e garantias fundamentais. Já o artigo 17 adota a expressão direitos fundamentais da pessoa humana. O artigo 34, ao disciplinar a intervenção federal, faz referência aos direitos da pessoa humana (artigo 34, VII, b). Quando trata das cláusulas pétreas, a Constituição ainda faz menção à expressão direitos e garantias individuais (artigo 60, parágrafo quarto). No artigo 7 o do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, há o uso, novamente, do termo direitos humanos. Nos dizeres de COMPARATO (2000, p. 45-46) O pleonasmo da expressão direitos humanos, ou direitos do homem, é assim justificado, porque se trata de exigências de comportamento fundadas essencialmente na participação de todos os indivíduos do gênero humano, sem atenção às diferenças concretas de ordem individual ou social, inerentes a cada homem. Pois bem, é nesse arrimo que se prima a melhor condição para as crianças e para os adolescentes, como se extraí do art. 1º, da Lei n.º 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o qual traz que a lei disporá sobre a proteção integral da criança e do adolescente. A regulamentação dada pela Lei n.º 12.318/2010 é marco imprescindível e necessário como forma de garantia de condições dignas de vida as crianças e aos adolescentes, visto que por tratar do tema de alienação parental ainda consegue trazer uma forma de punição ao agente instigador da situação, como se depreende do art. 6º, VII, podendo chegar a casos extremos que é o de suspensão do poder familiar. Assim, denota-se que a regulamentação dada pela Lei n.º 12.318/2010 é forma de garantia a condições dignas de vida a criança e aos adolescentes, a qual obedece aos ditames constitucionais e internacionais, bem como resguardam direitos humanos das crianças e dos adolescentes. Resultados alcançados: Após estudo com base na doutrina sobre o que é alienação parental e como ela ocorre, podemos concluir que a sua regulamentação e tratativa pela Lei n.º 12.318/2010 é forma capaz de garantir as crianças e aos adolescentes condições dignas de vida e de desenvolvimento saudável. A observância dada pela Lei n.º 12.818/2010 está em arrimo com os princípios norteadores do Estatuto da Criança e do Adolescente, com a Constituição Federal, bem como com as normas internacionais (Pacto de San José da Costa Rica), os quais em suma primam pela melhor garantia na condição de vida humana das crianças e dos adolescentes. Desse modo, concluímos que a ocorrência da alienação parental viola os direitos humanos da criança e do adolescente, tendo em vista que por meio de sua ocorrência afeta

negativamente a condição humana desses, o que vai de encontro com as normas mencionadas e com a doutrina. Bibliografia: COMPARATO, Fábio Konder. Fundamentos dos direitos humanos, Revista Consulex, v. 48, dez. 2000, p. 52-61. DIAS. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 462-463. GONÇALVES. Carlos Roberto. Curso de Direito Civil. Vol. 6, Direito de Família. Rio de Janeiro: Saraiva, 2012. FONSECA. Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome da Alienação Parental. Disponível em: <http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/1174.pdf>. Acesso em: 12 set. 2010. PECES-BARBA MARTÍNEZ, Gregorio et al. Derecho positivo de los derechos humanos. Madrid: Debate, 1987, p. 14-15. RAMOS. André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. Rio de Janeiro: Saraiva, 2012.