RELAÇÕES CONSUMERISTAS ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR RESPONSABILIDADE PELO SUCESSO PROFISSIONAL DO ACADÊMICO
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- Geovane Custódio Covalski
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1 RELAÇÕES CONSUMERISTAS ENTRE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR RESPONSABILIDADE PELO SUCESSO PROFISSIONAL DO ACADÊMICO Ana Paula Martins 1 anapmartins1698@gmail.com Antônio Leonardo Amorim 2 Amorimdireito.sete@hotmail.com Resumo: Neste artigo será abordada qual a relação da instituição de ensino superior com o aluno, qual a responsabilidade da mesma para com o sucesso profissional do estudante, quais as situações em que o aluno pode pedir indenização e os problemas que impedem este de alcançar mais plenamente o sucesso profissional. Palavras-chave: Relações Consumeristas; Ensino Superior; Responsabilidade; Sucesso; Profissional. Problema da pesquisa: As instituições de ensino superior em larga escala vêm adotando meios de massificação do ensino superior, sem muito controle e pensando apenas no lucro a ser obtido com o ingresso do aluno na instituição, assim, indaga-se se há responsabilidade da instituição de ensino superior pelo sucesso profissional do acadêmico? Essa resposta será dada com base na doutrina. Objetivos: Verificar se há na relação consumerista entre a instituição de ensino superior particular a responsabilidade pelo sucesso profissional do acadêmico, pós-formatura. Referência teórico-metodológica: Numa sociedade onde o consumismo está cada vez mais exacerbado, as instituições de ensino superior vem sendo alvo de um mercado com objetivos que não vão além do lucro. Atualmente, essa relação é até mesmo regida pelo Código de Defesa do Consumidor. O consumidor paga pela prestação de serviço, onde se inicia uma relação de consumo. Essa relação de consumo pode ser definida como a relação entre o adquirente de um produto/serviço, e o fornecedor desse produto/serviço. No caso das instituições de ensino superior, não existe um produto, mas sim um contrato de prestação de serviço. O aluno é considerado consumidor por equiparação, de acordo com o artigo 29, do CDC. 1 Discente do curso de direito da UFMS, unidade de Campo Grande/MS. 2 Orientador Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
2 De acordo com a constituição, o acesso à educação é dever do Estado, mas é concedido ás iniciativas privadas a possibilidade de oferecer esse ensino, desde que sejam cumpridas as condições previstas no artigo 209, da Constituição Federal. O problema de se ver a instituição de ensino superior apenas como máquina para gerar lucro reside no fato de que a educação, nesses casos, não está ajudando a construir a dignidade humana ou a cidadania, as quais pertencem aos princípios previstos no artigo 205, da Constituição Federal, que assim dispõe: visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. A educação sempre teve função social. É principalmente através desta que se torna possível a futura formação profissional, que gerará o sustento financeiro, trazendo a dignidade citada no artigo. Quando essa relação de ensino passa a ser comercializada com essa intensidade e com a intenção de lucro, os objetivos reais, citados no artigo 205, da Constituição Federal, são deixados de lado, prejudicando a todos os que consomem do produto. Este é um motivo para que essa relação seja regida pelo código do consumidor. É uma forma de proteger quem consome do produto educação. Quando o mesmo não corresponder ao contrato, ou se houver caso de propagadas enganosas, é possível que o consumidor peça algum tipo de indenização. Essa indenização é caracterizada pela responsabilidade civil, que é o dever de reparar danos quando os mesmos forem causados por atividade ilícita de outrem. No caso das relações entre aluno e instituição de ensino do ensino superior, o contrato de prestação de serviço geralmente oferece ao aluno/consumidor as bases para uma formação acadêmica e futuramente profissional, que é a finalidade da formação acadêmica. Uma das situações em que o aluno/consumidor pode reclamar seus direitos convocando o código do consumidor é quando existe vicio na prestação do serviço. Um dos casos em que existe essa proteção é no caso da instituição que fecha devido ao número reduzido de alunos. Quando se contrata o serviço de educação espera-se que o mesmo seja cumprido inteiramente na instituição escolhida, mesmo que existam cláusulas contratuais que salvem esse direito. O que pode acontecer, sem a indenização, é a não abertura de novas turmas, mas as que já estão em andamento devem concluir o curso como esperado quando o contrato foi firmado.
3 Uma segunda situação é a de cursos sem o reconhecimento do MEC. A instituição oferece o curso e entrega o diploma mesmo sem esse requisito. É possível dizer que a entrega de diploma sem o reconhecimento do MEC é uma violação do artigo 20, do CDC, pois o valor do mesmo é diminuído, considerando, de acordo com o artigo 1º 2 da lei 9394/96 (LDB) que a finalidade da educação é o mundo do trabalho, e que a maioria das vagas de trabalho exigem reconhecimento, conclui-se o vício na prestação de serviço. Nesses casos, o aluno/consumidor pode escolher entre a reexecução do serviço ou a restituição imediata da quantia paga. No tocante a responsabilidade civil a doutrina de Pablo Stolze (2012, p. 78,0/1071 EPUB) é enfática em dizer que é cabível tanto com relação a violação de lei ou de contrato. Vejamos: De tudo o que se disse até aqui, conclui-se que a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a atividade danosa de alguém que, atuando a priori ilicitamente, viola uma norma jurídica preexistente (legal ou contratual), subordinando-se, dessa forma, às consequências do seu ato (obrigação de reparar). Trazendo esse conceito para o âmbito do Direito Privado, e seguindo essa mesma linha de raciocínio, diríamos que a responsabilidade civil deriva da agressão a um interesse eminentemente particular, sujeitando, assim, o infrator, ao pagamento de uma compensação pecuniária à vítima, caso não possa repor in natura o estado anterior de coisas. Ao assinar um contrato de ingresso em uma universidade o acadêmico e sua família passam a criar expectativa em um possível sucesso a ser obtido no decorrer do curso que pretende frequentar, já que muitas pessoas na história de suas famílias não tiveram nenhum familiar com nível superior concluído. Para que se caracterize a responsabilidade civil pela ocorrência de uma ação ou omissão Pablo Stolze (2012, p. 78,0/1071 EPUB) traz os elementos necessários para a sua concretização. Textualmente: Decompõe-se, pois, nos seguintes elementos, que serão estudados no decorrer desta obra: a) conduta (positiva ou negativa); b) dano; c) nexo de causalidade.
4 Nos casos em que a universidade preocupada apenas com o lucro exacerbado e pouco se importando com a formação dos acadêmicos a ela vinculados tem a conduta na forma omissiva, o dano se verifica na formação obtida pelo acadêmico durante a graduação, e o nexo de causalidade da ação (omissão) com o resultado (dano). Nos casos vistos acima, há a possibilidade de imputar a responsabilidade civil somente através da interpretação dos códigos. Existe, no entanto, uma responsabilidade que pode ser considerada da instituição, mas que é subjetiva: o sucesso profissional do aluno. Pode-se tomar como exemplo o curso de Direito no Brasil. De acordo com dados da própria OAB, no ano de 2016, do total de inscritos, apenas 24,52% foram aprovados. Isso prova que não basta somente o cumprimento dos requisitos legais do MEC. É muito comum por exemplo faculdades que formam por ano/curso uma média de 243 bacharéis em Direito por dia². É impossível que se mantenha a qualidade com uma quantidade tão grande. Um fator muito importante a se considerar é o modelo educacional como um todo no Brasil. O modelo que se segue é o mesmo desde o século 19, na qual existe um professor, que detém o conhecimento, e os alunos, que possuem apenas o dever de digerir as informações que lhe são passadas, sem incitar essencialmente o pensamento crítico ou noção de mundo. Esse método ultrapassado já não acompanha as necessidades de formação do século 21, e os alunos não obtém da instituição o que precisam para se preparar para a vida profissional, se mostrando necessária uma reforma de base educacional. Nas palavras de Viviane Senna, especialista na área educacional (2015) não dá para continuar com um sistema em que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno um arquivo em que esse conteúdo deve ser "depositado" - basicamente, o modelo do século 19. Precisamos levar o século 21 para a escola. O que significa criar sistemas que deem aos alunos oportunidade e capacidade de acessar esse arsenal de novidades produzido de forma constante em diversas disciplinas. Portanto, é possível dizer que a universidade é sim responsável pelo sucesso do aluno, mas somente em alguns casos essa responsabilidade é contratual com possibilidade de indenizações, grande parte da responsabilidade é devida a fatores subjetivos, que deveriam ser observados não somente nas instituições de ensino superior, mas em todo o complexo educacional brasileiro.
5 Resultados alcançados: Conclui-se que em alguns casos é possível imputar a universidade pela prestação de serviço defeituosa, quando o defeito for previsto em lei, cabendo indenização ou reexecução do mesmo, a depender do caso e da vontade do aluno/consumidor. O aprender, no entanto é subjetivo, e não há como responsabilizar a instituição por isso. Vê-se que o problema é mais grave que apenas a grande quantidade de cursos superior sem qualidade, mas que deveria existir uma reforma completa no modelo educacional existente no Brasil, considerando que o mesmo está ultrapassado e não atende as necessidades de formação atuais. Bibliografia: COSTAS. Ruth. Modelo de Escola Atual parou no Século 19. Disponível em: < Acesso em 10 de jul GAGLIANO. Pablo Stolze. FILHO. Rodolfo Pamplona. Novo Curso de Direito Civil. Contratos: Teoria Geral. São Paulo: Saraiva, GIESELER. Maurício. Brasil Forma 10 bacharéis em Direito por hora, 243 por dia, por ano. Disponível em: < bachareis-em-direito-por-hora-243-por-dia por-ano/>. Acesso em 10 de jul SILVA. Daniel Cavalcante. A Pedagogia em Consumo. Disponível em: < Acesso em 10 de jul
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