SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL X A NECESSIDADE DE GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA SAUDÁVEL DA CRIANÇA
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- William Figueiroa Prada
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1 SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL X A NECESSIDADE DE GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA SAUDÁVEL DA CRIANÇA Kelly Vannessa 1 kelly@dbsassociados.com.br Antônio Leonardo Amorim 2 Amorimdireito.sete@hotmail.cm Resumo: Neste trabalho será abordada a síndrome da alienação parental e seu descompasso com a garantia de direito fundamental a uma vida saudável da criança. O psiquiatra norteamericano Richard A. Gardner, chefe do departamento de Psiquiatria Infantil da faculdade de medicina e cirurgia da Universidade de Columbia, Nova York, Estados Unidos da América foi quem apresentou a Síndrome da Alienação Parental - SAP em 1985 conceituou como uma espécie de pressão psicológica submetida a uma criança por parte de um dos genitores com a intenção de ver prejudicado o relacionamento entre pai/mãe e filho ou até mesmo com o intuito de fazer com que a criança veja de forma repressiva o outro genitor, desencadeando a diminuição dos laços afetivos ou até mesmo a extinção dos mesmos. Geralmente isso com tendência vingativa e acaba induzindo a criança/adolescente a nutrir esse mesmo sentimento. Palavras-chave: Síndrome, Alienação Parental, Direito Fundamental, Vida Saudável. Grupo de Trabalho: Direitos Fundamentais, Democracia e Desenvolvimento Sustentável. Problema da pesquisa: É sabido que hodiernamente existem diversas situações envolvendo conflitos familiares, seja na formação de uma família ou na extinção da mesma, sendo a segunda opção o grande estopim para tais conflitos. Existem inúmeros casos de relacionamentos que não deram certo e que na maioria das vezes resultaram em filhos, filhos esses que em casos isolados sofrem uma espécie de alienação por parte do cônjuge que não aceita o fim do relacionamento. Objetivos: O objetivo é identificar a conformidade da alienação parental com o direito fundamental de uma vida saudável da criança. Referência teórico-metodológica: A família é uma sociedade como qualquer outra, porém o que a torna diferente é a sua composição, ou seja, ela é uma sociedade restrita e natural, sendo formada por pessoas físicas ligadas por laços, podendo estes ser sanguíneos ou por afinidade (ROQUE, 2015). Sob tais aspectos, é possível se ater aos vários fatores que propiciam o desenvolvimento da referida Síndrome, tendo como elementos mais comuns a dissolução da união conjugal gerando sentimentos negativos por parte de um dos cônjuges, tais como: rejeição, raiva, a não concordância com a separação, entre outros. Esses sentimentos normalmente vêm acompanhados de um desejo de vingança, onde a principal vitima é a criança ou o adolescente que é utilizado como instrumento de punição pelo cônjuge alienante, trazendo como principal objetivo a rejeição do filho em relação ao cônjuge alienado. A SAP traz inúmeras consequências, não só psicológicas para a criança ou o adolescente e para o cônjuge alienado, como também jurídicas para o alienante. 1 Discente do Curso de Direito da Ahanguera. 2 Orientador Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
2 Como o ato de alienação parental é praticado gradativamente e por um longo período, o desenvolvimento da SAP e suas consequências também ocorrem aos poucos, gerando muitas vezes traumas que irão influenciar diretamente na formação do caráter da criança ou do adolescente, necessitando de acompanhamento psicológico para o menor e para os pais envolvidos. Por outro lado, nem sempre quem pratica a alienação parental são os pais, pois qualquer indivíduo que possua autoridade sobre a criança ou o adolescente pode alienar, por exemplo: avô, tio e outros familiares mais próximos. É preciso discussão e conscientização sobre o que realmente a alienação parental pode causar não só no âmbito familiar como na sociedade em geral. Há diversos princípios constitucionais que permeia a sociedade familiar, a doutrina reconhece essa pluralidade e divide os princípios considerando-os gerais, fundamentais e especiais. O Estatuto da Criança e do Adolescente, surgiu para dispor especificamente sobre a proteção integral à criança ou adolescente, garantindo a estes o zelo pelos seus direitos. Em seu art. 4º, o Estatuto explicita que compete à família, à comunidade, à sociedade em geral e ao poder público o dever de assegurar, com total prioridade, a efetivação dos direitos mencionados anteriormente, além de outros. Coibindo assim, prejuízos para o desenvolvimento físico, moral, social e espiritual da criança ou adolescente. Dessa forma, tanto a CF/88 quanto o ECA se atentaram para a redação de seus artigos com o intuito expresso de colocar a criança ou adolescente a salvo de toda e qualquer forma de negligência (DANTAS, 2011). Há ainda o principio da convivência familiar, que é de suma importância, pois, conforme prevê o Estatuto em seu art. 19, a criança ou adolescente possui o direito de ser criado e educado no seio da sua família, portanto, quando um dos pais tenta afastar o outro do convívio com seu filho fere todos os direitos dessa criança ou adolescente, quando na verdade as famílias têm por obrigação cuidar, amar e proteger seus filhos e não usa-los como instrumentos para atingir aqueles que não corresponderam de alguma forma suas expectativas. Essa pluralidade de princípios advém da cautela que há em proteger todos os interesses das famílias, tendo em vista a constante evolução da sociedade brasileira. Em outra esteira, temos que o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente vem enunciado no art. 227, caput, da CF/1988, instituindo que deverá a família, sociedade e Estado assegurar à criança e ao adolescente, com prioridade absoluta, o direito à vida, a saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, entre outras garantias, além de mante-los a
3 salvo de toda forma de negligência, descriminação, exploração e qualquer outro tipo de violência. No sentido de zelar incansavelmente pelos direitos da criança e do adolescente, o Estado ao perceber que a guarda unilateral não era eficiente e acabava por afastar ao invés de manter a convivência com genitor não guardião, determinou a guarda compartilhada como regra, por considera-la benéfica e menos traumática para o menor, deixando o outro modelo somente para casos excepcionais, entretanto esse tema referente aos tipos de guardas e suas peculiaridades serão tratados posteriormente no presente trabalho. Essa intervenção se faz necessária para garantir o bem estar e o desenvolvimento saudável da criança ou adolescente, principalmente no que tange à guarda, pois a prole ainda em formação tem como exemplo a família que acabara por se dissolver, nascendo assim uma fase difícil e independente dos motivos que levaram a ruptura do casamento ou da união estável, a fixação da guarda deverá ser baseada no melhor interesse para a prole (FIGUEIREDO, 2014). Não se questiona, portanto, qual cônjuge deu causa à dissolução do casamento e qual cônjuge é inocente, o que realmente importa é averiguar qual dos cônjuges possui melhores condições para o exercício da guarda, preservando sempre os interesses dos filhos menores (GONÇALVES, 2012). A proposta é manter os laços de afetividade, minorando os efeitos que a separação sempre acarreta aos filhos, conferindo aos pais o exercício da função parental de forma igualitária. Todavia, é sabido que quando há a ruptura de uma relação conjugal nasce uma gama de situações que precisam ser resolvidas, como por exemplo, a guarda dos filhos, afinal o casal rompeu laços afetivos entre si e não com a sua prole e é justamente nesse momento que nasce os conflitos mais severos no que tange os términos não consensuais, pois normalmente os pais travam uma guerra em relação aos menores para decidir quem ficará com a guarda e normalmente o impasse precisa ser levado a esfera jurídica. Em 1985, o professor de psiquiatria clínica no Departamento de Psiquiatria Infantil da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos da América, denominado Richard Gardner, apresentou pela primeira vez uma definição sobre a Síndrome de Alienação Parental (MADALENO, 2013). Através de seus estudos Richard sugere a seguinte definição para a SAP: A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua
4 manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a lavagem cerebral, programação, doutrinação ) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. A nomenclatura Síndrome de Alienação Parental é recente e advém da constante alienação parental sofrida, porém esse fenômeno é constante nas separações, no que tange às visitas, alimentos e guarda dos filhos e está atrelado às mudanças ocorridas no âmbito familiar nas últimas décadas, o ato de alienar também pode ser denominado implantação de falsas memórias (SILVA, 2011) 3 Ainda que a situação mais comum de desencadeamento da SAP esteja relacionada com as dissoluções conjugais, é possível reconhecer indícios de comportamento alienante no cônjuge alienador ainda na constância da união, ou seja, durante o período em que conviviam como família, porém o fator desencadeante para esses atos alienadores é justamente o quesito separação. Normalmente a criança não consegue entender que está sendo manipulada e essa alienação pode durar anos, deixando profundas sequelas. Para os estudiosos a síndrome é um abuso emocional que deve ser detectada e tratada logo, para que a criança não sofra os traumas gravíssimos que poderão vir a interferir na formação de sua personalidade. Cumpre ressaltar, que a síndrome de alienação parental não se confunde com a alienação parental, ou seja, esta é o afastamento do filho de um dos genitores e aquela seria às sequelas emocionais de tal afastamento. Sendo assim, a síndrome é a conduta do filho que se rejeita a conviver com o outro genitor, e a alienação é um processo realizado pelo genitor alienante, manipulando a criança para o afastamento do genitor alienado. Resultados alcançados: Pelas razões expostas, temos que a SAP resulta em um perigo para a sociedade em geral, pela qual os menores estão sendo vitimados e disputados como se fossem objetos por pais psicologicamente abalados, podendo-se resultar em danos extensos aos menores. Assim, aguarda-se com anseio que o Estado se empenhe verdadeiramente no combate e na divulgação do que vem a ser a alienação parental e a SAP, haja vista que a sociedade precisa entender a real extensão de atos perpetrados contra crianças e adolescentes, ainda que de forma indireta. Bibliografia:
5 BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em 10 de jul DANTAS, Stephanie de Oliveira. Síndrome da Alineação Parental. Monografia. Curso de Direito. Instituto de Ciências Jurídicas, Universidade Paulista. São Paulo, Disponível em: < Sindromedaalienacaoparental-VERSOLIMPA 2_.pdf>. Acesso em 10 jun FIGUEIREDO, Fábio Vieira; ALEXANDRIDIS, Georgios. Alienação Parental. 2. ed. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. São Paulo: Ed. Saraiva, MADALENO, Ana Carolina Carpes; MADALENO, Rolf. Síndrome da Alienação Parental: Importância da detecção, aspectos legais e processuais. Rio de Janeiro: Editora Forense, ROQUE, Sebastião José. Direito de Família. São Paulo: Ícone, p. 15. SILVA, Denise Maria Perissini da. 2 ed. Campinas, SP: Armazém do Ipê, p.
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