ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI DECLARAÇÃO DECLARO QUE O ARTIGO CIENTÍFICO ESTÁ APTO PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA.

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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI DECLARAÇÃO DECLARO QUE O ARTIGO CIENTÍFICO ESTÁ APTO PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA. ITAJAÍ (SC), MAIO de Professor Orientador: Msc. Ana Lúcia Pedroni UNIVALI Campus Itajaí-SC

2 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA NPJ SETOR DE MONOGRAFIAS E ARTIGOS CIENTÍFICOS ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI Artigo Científico submetido à Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professora Msc. Ana Lúcia Pedroni Itajaí (SC), maio de 2011.

3 2 ALIENAÇÃO PARENTAL Bruna Carolina Pinotti 1 Ana Lúcia Pedroni 2 SUMÁRIO Introdução; 1 Origem histórica; 2 Conceito de alienação parental; 2.1 Formas de alienação parental; 2.2 Alienador e alienado; 3 O direito a convivência familiar saudável; 3.1 Conseqüências judiciais do ato de alienação parental; Conclusão; Referencias das fontes citadas. RESUMO: O presente artigo tem por objetivo principal abordar o tema alienação parental, com um breve relato da origem histórica. A presente pesquisa apresentará o conceito e as formas de alienação parental, trará quem pode ser alienador, alienado e vítima. Aludirá considerações acerca do direito fundamental da criança e do adolescente de convivência familiar saudável. Citará as conseqüências judiciais do ato de alienação parental. Observar-se-á que no relatar os resultados da pesquisa que apesar de ser um tema só agora tipificado em texto legal é uma prática que se torna cada vez mais comum, e que a guarda compartilhada pode ser um meio de evitar ou diminuir os efeitos de tal ato. O trabalho utilizar-se-á da técnica da pesquisa bibliográfica para instrumentalizar o presente artigo científico, utilizando-se da base lógica indutiva 3 para relatar os resultados do trabalho. Nas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa Bibliográfica. PALAVRAS-CHAVE: Alienação parental. Convivência familiar. Guarda. Criança. Adolescente. INTRODUÇÃO Este artigo tem como objetivo principal analisar o tema alienação parental, na estrutura do trabalho, parte-se, inicialmente, de um breve histórico sobre o tema, 1 Acadêmica do 9º período do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. 2 Mestre em Ciência Jurídica, Professora no Curso de Direito Campus de Itajaí - UNIVALI, Advogada. 3 Pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter percepção ou conclusão geral. (PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 6.ed. Florianópolis: OAB, p.85).

4 3 em seguida, apresenta-se o conceito, as formas de alienação parental e quem pode ser o alienador, o alienado e a vítima. Abordar-se-á, também sobre o direito fundamental da criança e do adolescente de convivência familiar saudável, e as conseqüências judiciais do ato de alienação parental, finalizando com a guarda compartilhada como forma de prevenção ou de se diminuir os efeitos destes atos. Procurou-se trazer a doutrina e os respectivos artigos de lei que tratam do tema, a fim de analisar os pontos mais importantes da Lei de 26 de agosto de O trabalho foi concebido segundo a técnica da pesquisa bibliográfica, utilizando-se da base lógica indutiva. Nas diferentes fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente, da Categoria, e do Conceito Operacional. 1 Origem histórica O termo Síndrome da Alienação Parental foi criado na década de 80 pelo psiquiatra americano Dr. Richard Gardner, e este tornou-se um acontecimento comum nas famílias. O tema apesar de ser novo, já é muito comum, podendo ser observado durante as separações judiciais de casais com filhos, e mais claramente ainda na disputa da guarda, onde um dos cônjuges implanta falsas memórias na criança sem justificativas. Neste sentido leciona Dias 4 : Quem lida com conflitos familiares certamente já se deparou com um fenômeno que não é novo, mas que vem sendo identificado por mais de um nome: alienação parental ou implantação de falsas memórias. Esse tema começa a despertar a atenção, apesar de ser utilizada de forma recorrente e irresponsável desde sempre.(...) Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, se um do cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação e o sentimento de rejeição, ou a raiva pela traição, surge um desejo de vingança que desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. Nada mais do que uma lavagem cerebral feita pelo guardião, de modo a comprometer a imagem do outro genitor(...). O psiquiatra Gardner 5 ressalta que: 4 DIAS, Maria Berenice, Manual de direito das famílias, 7. ed, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 451/452.

5 4 É importante notar que a doutrinação de uma criança através da SAP é uma forma de abuso abuso emocional - porque pode razoavelmente conduzir ao enfraquecimento progressivo da ligação psicológica entre a criança e um genitor amoroso. Em muitos casos pode conduzir à destruição total dessa ligação, com alienação por toda a vida. Em alguns casos, então, pode ser mesmo pior do que outras formas de abuso - por exemplo: abusos físicos, abusos sexuais e negligência. Um genitor que demonstre tal comportamento repreensível tem uma disfuncionalidade parental séria, contudo suas alegações são a de que é um genitor exemplar. Do mesmo modo, Gardner acredita que a alienação parental é uma síndrome, pois possuem sintomas que ocorrem juntos e que caracterizam uma doença específica, que necessita ser diagnosticada e ainda ser incluída no manual DSM/IV, que é O Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais publicado no American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª edição conhecida pela designação DSM-IV. Segundo Gardner 6 dentre estes sintomas estão: 1. Uma campanha denegritória contra o genitor alienado. 2. Racionalizações fracas, absurdas ou frívolas para a depreciação. 3. Falta de ambivalência. 4. O fenômeno do pensador independente. 5. Apoio automático ao genitor alienador no conflito parental. 6. Ausência de culpa sobre a crueldade a e/ou a exploração contra o genitor alienado. 7. A presença de encenações encomendadas. 8. Propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do genitor alienado. Assim, visando proteger a criança e o adolescente desta prática, por um dos pais, no dia 26 de agosto de 2010 foi regulamentado o ato de alienação parental através da Lei /2010, que traz o conceito do tema, os atos que a caracterizam e suas conseqüências. 5 GARNDER, Richard Alan. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?. SAP Sindrome da Alienação Parental. Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de GARDNER, Richard. Alan. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?. SAP Sindrome da Alienação Parental.

6 5 2 Conceito de Alienação Parental A Lei de 26 de agosto de 2010 traz em seu artigo 2º o conceito do tema, considerando-o uma interferência na formação psicológica da criança ou adolescente: Art. 2 o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Dias 8 ensina que: Trata-se de verdadeira campanha de desmoralização. A criança é induzida a afastar-se de quem ama e de quem também a ama. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. Restando órfão do genitor alienado, acaba se identificando com o genitor patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo o que lhe é informado. Nesse sentido também leciona Podevyn 9 que conceitua alienação de forma objetiva: programar uma criança para que odeie um de seus genitores, enfatizando que, depois de instalada, poderá contar com a colaboração desta na desmoralização do genitor. Gardner 10 traz uma definição de modo voltado para a psiquiatria e medicina e define alienação parental como sendo um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Diante do exposto, tem-se que alienação parental decorre da separação conjugal, no qual um dos genitores utiliza-se de artifícios para que a criança ou 7 BRASIL. Lei nº de 26 de agosto de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 26 ago Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de Artigo 2º. 8 DIAS, Mairia Berenice, Manual de direito das famílias, 4. ed, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 409/ PODEVYN, François. Sindrome de alienação parental. Disponível em: < em: 26 de abril de GARDNER, Richard Alan. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?. SAP Sindrome da Alienação Parental.

7 6 adolescente repudie o genitor, visando o afastamento entre os dois de maneira cruel, deixando-as órfãs de pais vivos. Vale ainda ressaltar que é evidente a necessidade da interdisciplinaridade entre o direito e a psiquiatria, eis que o conjunto de sintomas da alienação parental torna-se um diagnóstico médico que merece ser sanado no mundo jurídico e psicológico. 2.1 Formas de alienação parental O parágrafo único do artigo 2º da Lei / seguintes o rol das formas exemplificativas de alienação parental: traz nos incisos I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. A lei em apreço deixou claro o que caracteriza a alienação parental transcrevendo uma série de condutas que se enquadram na referida síndrome, sem, todavia, considerar taxativo o rol apresentado 12. A mais praticada das formas é a campanha de desqualificação do genitor, já que agride com acusações infundadas e maliciosas visando sempre denegrir a imagem que o filho tem do pai ou mãe. 11 BRASIL. Lei nº de 26 de agosto de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Artigo 2º. 12 GONÇAVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 8.ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, V.6: direito de família. p.306

8 7 Os incisos II, III, IV trazem as dificuldades que o genitor enfrenta, especialmente quando este não possui a guarda do filho, sendo afastado da criança por motivos fúteis. Outra forma de alienar é omitindo informações relevantes ao genitor sobre a educação, saúde e residência da criança, essa omissão pode causar uma negligência por parte do genitor que é forçado a se afastar do filho. Apresentar falsa denúncia contra o genitor também é tipificada como forma de alienar, ressaltando-se os diversos graves casos de falsas denúncias de abuso sexual contra o genitor. Por fim, a mudança de domicílio sem qualquer motivo para local distante, dificultando a convivência familiar da criança. 2.2 Alienador, alienado e vítima O alienador é aquele que prática os atos que caracterizam a alienação parental, é o genitor, pai ou mãe, avós, tutor ou representante da criança ou adolescente que detenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância. Noutro norte, está o alienado que é aquele afetado pela prática de alienação parental, do mesmo lado está à vítima que será sempre criança ou adolescente que terá sua formação psicológica afetada. Segundo Gardner 13, o genitor alienador parece orientar todo o seu ser para a destruição da relação do filho com o outro genitor, fazendo tudo para corroê-la e para que os filhos deixem de ver o outro como um membro-chave da família. Com a alienação parental a relação entre os afetados por este mal é difícil, a reaproximação é algo que faz com que tudo o que foi dito pelo alienador para a vítima torna-se mentira, o que já o era, mas a criança confiou que fosse a verdade fazendo uma verdadeira confusão na cabeça da criança ou adolescente. A reconstrução do vínculo afetivo nunca será tarefa fácil como demonstra Brazil 14 : 13 PAULO, Beatrice Marinho. Alienação parental: identificação, tratamento e prevenção. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Porto Alegre; Belo Horizonte. Ano XII. N.19. dezjan p BRAZIL. Glicia Barbosa de Mattos. A reconstrução dos vínculos afetivos pelo Judiciário. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Magister: Belo Horizonte. V. 13. Dez-jan P.47-59

9 8 Reaproximar pais e filhos vítimas da alienação parental é um dos maiores desafios do Judiciário na atualidade, e que, embora não haja um a resposta fácil e nem mesmo comum entre todas as histórias, sendo necessário haver muita reflexão e sensibilidade por parte dos profissionais envolvidos, o certo é que todos na Justiça reconhecem a importância de manter o vínculo afetivo, ainda que não saibam com fazê-lo, e sabem que o tempo é inimigo do afeto. Logo, torna-se necessário um acompanhamento psicológico de todos, alienador, alienado e em especial da vítima, impedindo que os danos causados pela alienação parental tornem-se irreversíveis. Sem ajuda provavelmente não há como a criança voltar a ter a relação que tinha com o genitor alienado, já que lhe foi causado um dano psicológico pelo genitor alienador. Do mesmo modo de nada adianta terapias e mais terapias se o alienador continuar a praticar os atos, é necessário neutralizar a alienação parental. 3 O direito a convivência familiar saudável Todas as crianças e adolescentes tem direito a convivência familiar saudável, dispositivo previsto no artigo 227 da Constituição da Republica Federativa do Brasil 15, no artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente 16 e no artigo 3º da Lei / , que dispõe: Art. 3 o A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda. 15 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, Disponível em: < constitui%c3%a7ao.htm>. Acesso em: 26 de abril de Artigo BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069 de 13 de julho de Brasília, DF, Senado, 13 jul Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de Artigo BRASIL. Lei nº de 26 de agosto de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Artigo 3º.

10 9 A convivência familiar saudável é um direito fundamental que não é derivado do vínculo sanguíneo, já que além de ser dever da família, é também dever da Sociedade e do Estado, sendo nesse mesmo contexto o pensamento de Dias 18 : Em face da garantia à convivência familiar, há toda uma tendência de buscar o fortalecimento dos vínculos familiares e a manutenção de crianças no seio da família natural. Porém, às vezes, melhor atende aos interesses do infante a destituição do poder familiar e sua entrega à adoção.(...) O direito a convivência familiar não está ligado à origem biológica da família. Não é um dado, é uma relação construída no afeto, não derivando dos laços de sangue. A alienação parental é uma forma de ferir o direito fundamental da criança ou adolescente de convivência familiar saudável, eis que prejudica a realização do afeto nas relações com o genitor e com o grupo familiar. 19 Como elucidado anteriormente essa relação de afeto é situação delicada de ser reatada, no mais vale ressaltar que ambos os genitores tem poder familiar, logo ambos devem proteger os filhos e fazer sobrevir seus direitos e deveres. Nesse sentido, Carvalho 20 defende sua tese de que o poder familiar: Passando a ser exercido por ambos os pais visando primordialmente à proteção e à satisfação dos interesses dos filhos, em especial quanto a indispensável convívio familiar, base angular do direito à efetividade, estreitamente relacionado à solidariedade, À dignidade humana e à integridade psíquica da prole. Destarte, a alienação parental fere direito constitucional da criança e do adolescente a convivência familiar saudável e ainda o direito ao respeito que consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral. 21 A integridade psíquica da criança deve ser mantida por seus genitores, a fim de proporcionar uma formação saudável, e ainda tornar a criança útil à sociedade. 18 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, p PAULO, Beatrice Marinho. Alienação parental: identificação, tratamento e prevenção. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. p CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito civil: questões fundamentais e controvérsias na parte geral, no direito de família e no direito de sucessões. 4.ed. Rio de Janeiro: Impetus, P DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 22.ed. rev. e atual. de acordo com a reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, V.5. p.632

11 Conseqüências Judiciais do ato de alienação parental A Lei /2010 trouxe uma inovação, em razão da extrema gravidade dos atos de alienação parental, não sendo necessária demonstração robusta de sua ocorrência, bastando indícios, o juiz irá de ofício ou a requerimento, ouvido o Ministério Público, determinar medidas provisórias necessárias para a preservação da integridade psicológica da vítima. Caso seja necessário o Juiz poderá determinar perícia psicológica ou biopsicossocial, realizada por equipe multidisciplinar ou perito, ressaltando-se que os processos desta natureza são de caráter urgente. O artigo 6º da referida lei 22 traz as medidas que o juiz poderá adotar para o melhor interesse da criança ou adolescente: Art. 6 o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III - estipular multa ao alienador; IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII - declarar a suspensão da autoridade parental. A referida lei deu amplo poder ao magistrado que pode aplicar desde uma simples advertência até mesmo suspender a autoridade parental, ou poder familiar. Segundo entendimento de Gonçalves 23 a lei tem caráter educativo, no sentido de conscientizar os pais, uma vez que o Judiciário já vinha tomando providências para proteger o menor, quando detectado um caso da aludida síndrome. 22 BRASIL. Lei nº de 26 de agosto de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Artigo 6º. 23 GONÇAVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. p.307.

12 11 Em especial atenção ao inciso V do referido artigo, a guarda compartilha pode ser um meio de prevenir ou diminuir os efeitos da alienação já que a criança passará o mesmo tempo com ambos os genitores. Vale trazer o entendimento de Silva 24 sobre guarda compartilhada: Requer uma corresponsabilização de ambos os genitores acerca de todos os eventos e decisões referentes aos filhos; os pais conhecem, discutem, decidem e participam em igualdade de condições exatamente da mesma maneira como faziam quando estavam unidos conjugalmente, de forma que nenhum deles ficará relegado a um papel secundário, como mero provedor de pensão ou limitado a visitas de fim de semana. É claro que, por ser a modalidade mais evoluída de guarda, exige um elevado grau de responsabilidade de ambos os pais para deixarem seus ressentimentos pessoais de lado e buscarem o genuíno interesse dos filhos - não há espaço para egoísmos ou narcisismos, nem para animosidades freqüentes mas de pequena monta, que só prejudicam o entendimento e fomentam a discórdia". No mesmo sentido, acerca das conseqüências do deferimento da guarda compartilhada e sua caracterização, elucida Alves 25 : A guarda compartilhada implica exercício conjunto, simultâneo e pleno do poder familiar, afastando-se, portando, a dicotomia entre a guarda exclusiva, de um lado, e direito de visita, do outro. A partir dessa medida, fixa-se o domicílio do menor na residência preferencial de um dos genitores, mas ao outro é atribuído o dever de continuar cumprindo intensamente o poder familiar, através da participação cotidiana nas questões fundamentais da vida do seu filho, tais como estudo, saúde, esporte e lazer, o que vem a descaracterizar a figura do" pai/mãe de fim de semana ". Não obstante, ela visa essencialmente ampliar os horizontes da responsabilidade dos pais, fomentando, em verdade, uma corresponsabilidade, uma pluralidade de responsabilidades na educação do filho, enfim, uma colaboração igualitária na condução dos destinos do menor. 24 SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda compartilhada e síndrome da alienação parental. Editora Autores Associados Ltda. São Paulo: p ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Temas atuais de direito de família. Editora Lumen Juris: 2010, p. 171.

13 12 Assim sendo, na esperança de se evitar os efeitos ou até mesmo prevenir os atos de alienação parental, a guarda compartilha torna-se um instrumento que o magistrado pode utilizar para garantir que o vínculo afetivo entre pais e filhos. CONCLUSÃO Demonstrou-se neste breve estudo que alienação parental decorre da ruptura da vida em comum dos pais, em que a criança ou adolescente é usado em um ato desesperado do genitor alienador de afastar o filho do alienado como forma de vingança. As formas exemplificativas de alienação parental estão dispostas na Lei /2010, e sua prática fere direito constitucional da criança ou adolescente de convivência familiar saudável. Existindo indícios da alienação parental o juiz a requerimento ou de ofício deve, com caráter de urgência, proporcionar a criança ou adolescente as devidas medidas provisórias visando sempre o melhor interesse deste e a preservação de sua integridade psicológica. Os efeitos psicológicos da alienação parental necessitam de tratamento com profissionais devidamente habilitados, para que os danos sejam devidamente tratados e superados, pelo alienador, pelo alienado e obviamente pela vítima. A guarda compartilhada pode ser um meio de prevenir ou de se diminuir os efeitos da alienação parental, já que aos pais estarão exercendo juntos os poderes familiares de forma igual, e ainda proporcionando a criança uma melhor convivência com ambos os pais.. REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Temas atuais de direito de família. Editora Lumen Juris: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, Disponível em: < ccivil_03/constituicao/constitui%c3%a7ao.htm>. Acesso em: 26 de abril de 2011.

14 13 BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069 de 13 de julho de Brasília, DF, Senado, 13 jul Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de BRASIL. Lei nº de 26 de agosto de Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 26 ago Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de BRAZIL. Glicia Barbosa de Mattos. A reconstrução dos vínculos afetivos pelo Judiciário. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Magister: Belo Horizonte. V. 13. Dez-jan CARVALHO, Luiz Paulo Vieira de. Direito civil: questões fundamentais e controvérsias na parte geral, no direito de família e no direito de sucessões. 4.ed. Rio de Janeiro: Impetus, DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias, 4. ed, São Paulo: Revista dos Tribunais, DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias, 7. ed, São Paulo: Revista dos Tribunais, DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 22.ed. rev. e atual. de acordo com a reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, V.5. GARDNER, Richard Alan. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?. SAP Sindrome da Alienação Parental. Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de 2011.

15 14 GONÇAVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 8.ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, V.6: direito de família. PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito. 6.ed. Florianópolis: OAB, PAULO, Beatrice Marinho. Alienação parental: identificação, tratamento e prevenção. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões. Porto Alegre; Belo Horizonte Ano XII. N.19. dez-jan PODEVYN, François. Sindrome de alienação parental. Disponível em: < Acesso em: 26 de abril de SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda compartilhada e síndrome da alienação parental. Editora Autores Associados Ltda. São Paulo: 2010.